Continuando…
Bia contou a verdade para o Luiz e o aconselhou sobre o futuro. Nascia ali, uma grande amizade entre os dois. Seria Bia, a pessoa certa para ocupar o lugar vago para uma nova amizade no coração machucado do Luiz? Uma nova amizade verdadeira, talvez ajudasse a cicatrizar a decepção com Flávio, o falso amigo. Angel, ainda lutando contra os seus demônios e após saber da preocupação do Luiz com ela, se sentiu forte outra vez para lutar por sua vida. Júlio e Tina tiveram uma noite quente de romance. Após tantos problemas e decisões difíceis, Júlio merecia essa pausa. Tina lhe deu um pouco de paz de espírito e carinho. A semente de um sentimento belo e puro germinava no coração dos dois.
Júlio abriu os olhos e o cheiro de café fresco invadiu as suas narinas. Olhou para o lado e viu que Tina já havia se levantado. Foi até o banheiro, escovou os dentes com uma escova nova que ainda estava na embalagem e lavou o rosto. Deitou de novo, curtindo as lembranças da noite anterior.
De repente, ele ouviu um barulho de louça caindo ao chão e se quebrando no corredor. Ele saiu da cama em um pulo e correu para ver o que acontecia. Tina sorria para ele e aos pés dela, o café da manhã, preparado com tanto cuidado e que era para ser levado até a cama, espalhado por todo o chão. Ela, ainda com aquele lindo sorriso no rosto, disse:
- Ops! Desculpa. Sou desastrada mesmo.
Júlio também sorriu. Nada no mundo poderia quebrar o encanto que tinha por ela. Ele se abaixou e começou a juntar os cacos de louça, dizendo:
- Não foi nada! São só xícaras e pratos. Relaxa!
Tina também se abaixou e começou a ajudar. Os dois iam catando os cacos e se esfregando. Até que Júlio não aguentou e agarrou Tina para um beijo delicioso de bom dia.
Os dois foram se pegando em um amasso gostoso por todo o caminho até a cozinha. Tina serviu a Júlio uma nova xícara de café, que ele bebia enquanto era devorado pelos olhos dela. Só então, Júlio se deu conta de que ainda estava nu. Tina o abraçou e ficou punhetando levemente o seu pau. Ela disse:
- Ai, meu Deus! Como eu vou conseguir ir para a faculdade com você aqui?
Júlio falou baixinho em seu ouvido:
- Uma rapidinha para começar bem o dia?
Tina não perdeu tempo, se livrou do shortinho apertado de cetim, sentou na bancada da ilha da cozinha e já foi puxando o Júlio. Júlio perguntou:
- Onde tem camisinha?
Tina correu até a sua bolsa que estava em uma outra bancada, encontrou uma lá dentro e entregou a ele. Júlio, que também não queria perder tempo, encapou rápido a rola, pegou Tina no colo e a colocou de volta na bancada da ilha.
Enquanto se beijavam, Júlio começou a penetrá-la. Ele adorava o jeito que ela rebolava o quadril aumentando a profundidade da penetração. Ela sentia muito mais prazer quando ele chupava os seus seios junto com as estocadas fortes em sua xoxota. Não tinha jeito, estavam gostando muito de estar juntos. Os dois sentiam que não era só sexo. Ali havia mais coisa.
Júlio bombava forte e Tina se agarrava ao pescoço dele cada vez mais apertado. Quanto mais Júlio metia, mais Tina se apertava a ele. Gozaram gostoso, quase ao mesmo tempo. Foi uma rapidinha deliciosa. Estavam prontos para começar o dia.
Tomaram um banho juntos e conversaram sobre muitas coisas, Angel principalmente. Júlio contou a ela que Luiz estaria de volta a noite. Tina ainda não sabia o porquê da separação dos dois. Ela sabia que algo muito grave aconteceu para a irmã tomar uma atitude tão extrema. Júlio prometeu que contaria tudo a ela em breve. Pediu que ela entendesse que era uma decisão da Angel e do Luiz falar sobre isso. Tina aceitou, pois tinha a certeza que Júlio era fiel aos amigos. E também, porque não queria começar a ter nenhum tipo de desentendimento com ele. Estava muito feliz por tudo que estava vivendo e esperava que ele falaria quando achasse que era hora.
Saíram juntos e Júlio a deixou na faculdade. Se despediram com um beijo quase pornográfico, tamanho era o desejo dos dois. As amigas da Tina, que a esperavam em frente ao portão principal, ficaram abismadas ao vê-la saindo daquele carrão importado dirigido por um homem tão bonito. Uma delas disse:
- Tá fazendo programa para pagar a faculdade?
Tina deu risada. Sabia que a amiga estava só brincando. Essa era uma piada interna da faculdade. Muitas meninas hoje em dia, fazem esse tipo de coisa para conseguir pagar os estudos, já que são de família pobre.
Trinta minutos depois, Júlio já chegava em seu escritório. Deu uma olhada em sua agenda, abriu a lateral do celular e retirou o pequeno cartão de memória. Pegou o telefone e ligou no ramal da área de criação. Ele disse:
- Peça ao Fernando para vir até a minha sala.
Júlio desligou o telefone e ficou esperando, enquanto girava o pequeno cartão de memória na mão.
Fernando era o funcionário preferido do Luiz. O único que ele tinha confiança para dividir as ideias para suas invenções. Sem Fernando e sua habilidade de programação, Luiz seria bem menos genial. Tudo o que Luiz inventava, era Fernando que programava. Os dois, formavam um time sem igual.
Dez minutos depois, Fernando era anunciado pela secretaria e Júlio fazia sinal para ele se sentar. Júlio disse:
- O que eu tenho aqui, é extremamente confidencial. Sei da relação entre você e o Luiz e é por ele que estamos fazendo isso.
Fernando olhava atento para o pequeno cartão de memória que Júlio mostrava. Júlio continuou:
- Eu preciso saber se tem mais coisa aqui, do que os três vídeos que aparecem. Mas, preste atenção! Só eu e você sabemos da existência desse cartão. Se qualquer informação vazar, será muito prejudicial a sua carreira.
Fernando entendeu a seriedade do assunto e disse:
- Luiz é o meu mentor. E se ele precisa da minha ajuda, o senhor pode contar com a minha total discrição.
Júlio ficou feliz por ouvir aquilo. Mas Júlio, não era um administrador competente porque confiava na palavra das pessoas, e sim porque era cuidadoso. Abriu um arquivo no computador e modificou um contrato de confidencialidade para Fernando assinar. Se ele pisasse na bola, as consequências seriam graves.
Júlio entregou o cartão a Fernando e disse:
- Você vai trabalhar aqui mesmo na minha sala. Nenhuma informação pode sair dessas quatro paredes.
Fernando disse que só precisava buscar o seu notebook, que ele tinha as ferramentas necessárias para o serviço solicitado pelo patrão. Fernando foi rápido e em menos de dez minutos já estava de volta. Sentou na mesa de Júlio e começou a trabalhar. Júlio sentou no pequeno sofá em frente a ele e enquanto aguardava, analisava alguns documentos normais da sua rotina. Agora, era só uma questão de tempo.
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Há dezessete quilômetros dali, no hospital psiquiátrico, Angel começava a tentar exorcizar os seus demônios. O Dr. Jânio, profissional competente e especialista na sua área, precisava primeiro entender os motivos da atitude extrema da sua paciente. Ele pediu:
- Vamos começar do início. Me diga o motivo da sua separação do seu marido?
Angel de cabeça baixa, disse:
- Eu o traí.
Começava assim, um intenso questionário: da falta de atenção do Luiz, da infiltração da Natália ao lado do marido, das investidas do Flávio, do dia que ela cedeu, do flagra pelo marido no dia do aniversário de casamento, até a conversa com Júlio, na última vez que ela esteve com Luiz. Passando pela doença venérea também. Angel contou tudo, sem omitir nenhum detalhe ou mentir. O Dr. Jânio agora, ciente do fato ocorrido, precisava ir mais fundo. Ele pediu:
- Me fale sobre os dias de solidão. Quando foi que você começou a pensar em tirar a própria vida? O que te motivou a tomar tal atitude?
Angel pensou bastante antes de começar a contar, mas sabia que precisava ser honesta. Se o médico sentisse que ela estava enrolando, talvez o tão esperado encontro com Luiz, ficasse cada dia mais distante. Ela contou tudo:
- Nos três primeiros dias, eu sentia somente culpa e desespero. Toda vez que eu lembrava da expressão no rosto do Luiz ao nos flagrar, eu me sentia suja, asquerosa… no quarto dia, eu tentei falar com ele. Mandei mensagens, tentei ligar e nada.
O médico ouvia com atenção e ia tomando notas dos relatos dela. Ela continuou:
- Flávio tentou falar comigo, mas eu não queria mais contato com ele. Por maldade, ele me deixou uma mensagem: "Luiz e Natália estão juntos curtindo a vida. Eu te avisei que ele não prestava."
Angel começou a chorar, pois essa era a pior parte para ela. Mesmo que tenha traído o marido primeiro, saber que ele já estava com outra, a destruiu por dentro. E para piorar, outra que ela mesmo colocou ao lado dele. Foi nesse momento que ela entendeu todo o mal que tinha feito ao Luiz e teve a certeza que ele não voltaria mais.
O médico deixou que ela chorasse e colocasse toda a dor para fora. Ele esperou pacientemente até que Angel estivesse em condições de falar outra vez.
Com muito custo, Angel conseguiu continuar:
- Continuei mandando mensagens para o Luiz e ele continuou não respondendo. Comecei a ficar muito mal, sem vontade de comer, sem vontade de sair da cama… Tina, minha irmã, praticamente me obrigava a comer e a tomar banho.
Angel fez uma pausa, sentiu a garganta seca. O Dr. Jânio deixou que ela bebesse água e esperou com paciência. Angel ajeitou o corpo na cadeira e voltou a falar:
- Então, doutor! Aconteceram duas situações em sequência que fizeram eu me entregar de vez aos pensamentos ruins que já vinha tendo: a primeira foi descobrir que eu estava com uma doença venérea e poderia ter destruído a minha vida e a do Luiz por causa disso. Se eu já me sentia suja pela traição, saber que eu realmente estava suja de verdade por dentro, foi devastador. Os pensamentos desesperados tomaram conta de vez da minha cabeça. Se eu ainda tinha alguma chance de recuperar o meu marido, isso destruiria de vez as minhas pretensões.
Angel tomou mais um gole de água, olhou para o médico com os olhos marejados, mas conseguiu segurar o choro. Ela voltou a falar:
- A segunda coisa, foi ligar para Natália e saber que Luiz resolveu ir viajar. E ainda ouvir da boca dela que eu não merecia o marido que eu tinha, que Luiz não merecia o que eu fiz para ele. E ela tinha total razão. Nesse mesmo dia, recebi outra mensagem maldosa do Flávio me dizendo que ele tinha ido para Cancún. Eu sempre pedia a ele que me levasse para conhecer.
Angel voltou a chorar outra vez. A dor de ouvir da própria boca todos os seus erros, pelo menos tiraram um peso enorme do seu coração. O Dr. Jânio pediu:
- Agora o mais importante, porque tentar acabar com a sua própria vida?
Angel respirou fundo e disse:
- Eu estava perdendo a vontade um pouco mais a cada dia. Quanto mais eu pensava, mais eu sentia falta do Luiz. E quanto mais eu sentia falta dele, menos vontade eu tinha de seguir em frente. Depois de tudo que eu fiz e das mensagens maldosas do Flávio que não paravam e após entender as verdades que Natália tinha esfregado na minha cara, eu pirei. Entrei numa espiral de sofrimento e auto destruição. Foram três dias de agonia e desespero sem fim. Minha cabeça estava tomada pela escuridão.
Angel olhou para o médico, buscando algum tipo de apoio e ele fez sinal para que ela colocasse tudo aquilo para fora de vez. Ela entendeu e continuou:
- No quarto dia presa nesse abismo sem fim, eu desisti de procurar uma saída. Aproveitei um descuido da minha irmã, e tomei três cartelas inteiras de medicamentos variados que achei revirando a casa. Acordei aqui alguns dias depois.
O Dr. Jânio conseguiu o seu primeiro objetivo: fez Angel confessar o sofrimento e externá-lo. Ele precisava agora saber se ela entendia tudo e se estava pronta para voltar a conviver com todos. Sem os amigos, a família e o marido, a chance de cura era zero. Angel precisava se sentir amada para poder sair daquela zona de depreciação. Ele disse:
Se eu deixar você receber visitas. Acha que vai dar conta? Não vai se sentir suja e asquerosa na frente deles.
Angel sorriu pela primeira vez. Se dando conta da falta que sentia de todos.
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De volta ao escritório, Júlio ainda aguardava Fernando terminar a análise do cartão. Ele aproveitou para atender ao pedido de Luiz. Pegou o seu celular e ligou na administração do prédio em que morava. Júlio era dono de quase metade do condomínio. Investimento feito junto com um outro parceiro comercial. Júlio era esperto, espalhou o seu patrimônio em dezenas de negócios. Ao ser atendido ele disse:
- Temos algum imóvel mobiliado vazio?
O administrador respondeu:
- Temos duas unidades, senhor!
Júlio pediu:
- Separe uma delas e tire da locação. Vou precisar do imóvel. Deixe as chaves na portaria. Eu pego a noite.
Ao desligar, viu que Fernando tinha acabado de analisar todo o conteúdo do cartão. Fernando disse:
- O senhor tinha razão. Tem muito conteúdo aqui. Pelo menos mais seis vídeos, fora outros tipos de arquivos.
Júlio pediu:
- Não abra nada. Passe tudo para o meu computador, me devolva o cartão e pode ir.
Fernando fez o que lhe foi pedido e quando ia saindo, Júlio lhe deu uma advertência:
- Lembre-se, bico fechado. Para o seu próprio bem.
Assim que Fernando se foi, Júlio começou a analisar tudo o que o funcionário tinha encontrado. Ficou completamente surpreso por ver até onde iriam os planos do Flávio. Por mais de três horas, Júlio analisou os documentos e deixou os vídeos para o final.
Júlio encontrou recibos de desvios na empresa feitos por Flávio com a ajuda de algumas funcionárias. "Devem ter sido seduzidas por ele." Júlio pensou. Não eram grandes quantias, na verdade era até irrisórias. Flávio era esperto e dava os seus desfalques no dinheiro das despesas gerais, aquelas que qualquer nota fria passa despercebida.
Havia também, prints de mensagens enviadas para Angel após o flagrante de Júlio. Ela não o respondeu mais depois do fatídico dia. Eram mensagens de deboche, para tripudiar em cima do sofrimento dela.
Passou o olho rápido pelos vídeos e ficou completamente entristecido com o que viu. Não tinha mais jeito, precisa ter uma conversa séria e definitiva com o Luiz. Precisava mostrar ao amigo tudo o que havia descoberto, e revelar a ele as armações do Flávio. Júlio teve a certeza que acertou ao ouvir o conselho do homem que contratou. Flávio mereceu o seu destino.
Continua…