As consequências de ter uma esposa infiel (parte 10)

Um conto erótico de Lael
Categoria: Heterossexual
Contém 2375 palavras
Data: 30/03/2022 14:02:46

Quando ouvi a ideia estapafúrdia do secretário Rocha em sua imensa sala, acompanhado por três nomes importantes da polícia e política, me assustei:

-Secretário, com todo respeito, sou um policial de rua tentando agora passar em um concurso para delegado, eu não teria o menor preparo para lidar com um cargo desse porte.

Com voz firme de quem não gosta de ser contrariado, Rocha respondeu:

-E daí? Acha que seria o primeiro a se tornar um secretário e não ter a menor ideia do que fazer? Em todo governo seja federal ou estadual, o que tem de ministro, secretário, aspone (assessor de porra nenhuma) que não sabe bulhufas, mas ficam ali por arranjos políticos, contando por trás com uma parte técnica que resolve os pepinos, com você será a mesma coisa.

Um importante delegado que era deputado estadual e estava presente também passou a me convencer.

Rocha era um sujeito duro, lembrava muito o ator Paulo César Pereio quando esse era mais novo, as histórias sobre o seu passado eram arrepiantes. Dizem que nos anos 70, ele fez parte do DOPS e na época, com seus 30 e poucos anos era tão sádico e doentio que enquanto pessoas eram torturadas, ele se masturbava até duas vezes seguidas olhando por uma porta com uma janela de vidro e depois de se saciar com imagens de espancamento, pau de arara, choques nas partes íntimas e até mortes, ainda ia para casa brincar de carrinho com o filho no tapete da sala e beijar a esposa na testa. Mesmo os policiais mais duros que não davam boi para bandido de verdade, não gostavam dele por ser um grande covarde, canalha e corrupto. Ele disse:

-Não pense que estou te escolhendo num rompante de loucura, além dessa sua popularidade por causa do sequestro, mandei passar um pente fino na sua carreira e sabe o que encontrei? Nada!! Nadaaaa !! Sua ficha é tão limpa que até parece uma virgem chegando ao altar para se casar, toda pura. Entretanto, no meio do caminho, falando mais diretamente, no meio da sua vida pessoal, apareceu um pecadinho, nada demais, mas que precisa resolvido.

-Qual o problema com a minha vida pessoal?

-Ah, rapaz, rapaz, quem é que nunca tem uma coisinha aqui e ali para passar o tempo? Eu já tive e tenho várias. Você está tendo um caso com uma moça que, digamos, não é bem recomendada.

Na hora saquei que Rocha tinha sido informado do meu envolvimento com Rúbia.

-Secretário, novamente, com todo respeito, eu não tenho nenhum caso, estou morando com uma pessoa, já me separei de minha esposa e não vejo problema algum nisso.

-O problema é que essa pessoa parece que fez coisas de arrepiar peruca de defunto. Dançarina de cabaré e atriz pornô, não é verdade?

-Sim, mas há meses não faz mais.

-Pois é, mas não se apaga o passado e em política isso é arrasador. O brasileiro é um hipócrita e um canalha por natureza, todo ano assiste aos desfiles de carnaval ou a filminhos de sacanagem com a mulherada toda pelada, toca uma punheta e depois diz como se fosse um cidadão respeitável: “Que vergonha! Isso tinha que ser proibido!”. É por isso que temos que dar um jeito nesse seu caso com a moça.

-Jeito? Que jeito? Eu estou e vou continuar com ela.

-Claro! Se você gosta da moça, vá em frente, mas temos que fazer certos arranjos. Durante a minha campanha que irá até novembro, vocês não se verão um dia sequer! Assim se a imprensa quiser levantar algo sobre mim ou sobre você, não terá nada, depois que passar a eleição, podem ficar juntos, ou se quiser ter várias amantes, tenha, mas agora preciso que esconda esse rabo de foguete.

Aquilo fez meu sangue ferver:

-Olha, secretário...Doutor Rocha, agradeço muito seu convite, mas além de meu despreparo para o cargo, não vou largar minha companheira por causa de campanha política de ninguém.

Rocha chegou a ranger os dentes de raiva. Ele era conhecido por não aceitar um não e decidiu sacar as armas:

-Você não está entendendo, jovem, eu não estou pedindo, estou mandando!! Você vai fazer essa campanha para mim, dizer para os quatro cantos que me apoia e que será meu secretário, se depois que eu ganhar, você arregar e não quiser o cargo, foda-se, já estarei eleito mesmo, mas uma coisa é certa, essa moça e você se afastarão por uns meses.

-O senhor não pode me obrigar.

Rocha ficou vermelho e os presentes me olharam incrédulos, imaginando que viria merda.

-Ah, a juventude! Sempre querendo questionar quem manda. Não queria chegar a isso, sério mesmo, meus tempos, digamos, mais duros, fazendo jus ao meu sobrenome Rocha, ficaram no passado, mas estou desesperado, meu caro. Como te falei, apesar de hoje bancar o liberal, o moderado, muita gente no meu partido me olha de canto, enquanto meu concorrente só vai ganhando terreno. Por isso, preciso de você e se não aceitar, terei que te ameaçar, algo que eu não queria, juro.

-Ameaçar? O senhor acabou de dizer que minha ficha é limpa!

-Limpa, mas alguém pode sujá-la, entende? Joga um pozinho branco aqui e puff, o herói vira bandido e é exonerado.

-Eu não vou aceitar isso. –Disse me levantando e já lhe dando as costas.

-Nem pelo seu filho?

Virei-me para trás, agora Rocha tinha ido longe demais.

-O que tem o meu filho?

-Sua esposa, como é mesmo o nome dela (ele procurou um papel na mesa e aumentou o tom de voz). Fernanda! Ela procurou, há poucos dias, a corregedoria para perguntar se havia uma forma de impedir você de ver o seu filho por causa do teu caso com a tal puta de cabaré. Ela queria te foder mesmo, que danada. Claro que não podiam fazer nada, mas alguém de lá me passou essa queixa, digamos assim, e vi nisso um bom trunfo. Na verdade, se a sua esposa ou ex, sei lá, não tivesse ido abrir o bico, eu nem saberia do teu caso com a dançarina de cabaré, pois sua ficha era limpa, mas ela resolveu bancar a vingativa, deve estar com dor de corno porque o marido a trocou por outra, mas aí eu pergunto: será que vale a pena ser privado de ver o seu filho e ser exonerado da polícia por causa de uma putinha? Com alguns telefonemas e consigo o que a Fernanda quer. Pensa bem, rapaz, estamos em abril, em novembro isso acaba, se quiser arrumamos um apartamento para a moça ficar, tudo pago, com a condição de que você não me dê as caras por lá.

Tive que me sentar no sofá da grande sala. Jamais imaginei que Fernanda pudesse ir ainda mais baixo e tentar me prejudicar de tal forma, sim, ela tinha me corneado, mas querer impedir de eu ver meu filho e mais, talvez até me prejudicar no meu trabalho, o que consequentemente, prejudicaria também ao nosso filho, essa traição me fez enxergar que minha ex-mulher não tinha limites.

Eu sabia que Rocha não iria blefar, cheguei a aceitar já desesperado de fazer a campanha pelo estado inteiro com ele, me acabar dia e noite até novembro, mas sem ter que me separar de Rúbia. Ele falou alto e com desprezo:

-De que me adiantaria um homem que abandonou mulher e filho para viver com uma atriz de filmes de sexo explícito? Só se fosse para eu queimar, quer dizer, queimar não, cremar minha carreira política! Aceite logo, rapaz! Explica para a moça, ela vai entender ou então recuse, perca o filho, o emprego e talvez até a dançarina de cabaré.

Minha vontade era arrebentar Rocha e seus puxa-sacos que balançavam a cabeça concordando com tudo, mas certo de que estaria fodido se não concordasse, aceitei e saí da sala arrasado. Rocha ainda me disse:

-Lamento deveras ter que ter chegado a tais termos, mas daqui uns dias, você estará mais calmo e aí voltaremos a conversar sobre a minha campanha. Acredito que seremos grandes amigos ainda.

Eu nem imaginava como iria contar aquilo a Rúbia, sabia que mesmo eu sendo vítima de uma chantagem ardilosa, ter que me afastar dela por uns tempos, seria algo que a magoaria profundamente e daria razão aos seus medos do nosso começo de relacionamento de que eu a abandonaria. Nós já estávamos juntos há alguns meses, porém morando sob mesmo teto, há apenas um mês, e ela estava numa alegria tremenda comprando coisas para enfeitar mais o apartamento.

Mas antes de encará-la, decidi ter uma conversa com a vagabunda, mil vezes vagabunda da Fernanda. Mandei Pedro para a casa do vizinho e disse:

-Você conseguiu foder a minha vida, mas uma coisa eu te digo, essa guerra está longe de acabar, eu vou me vingar.

-Tá falando do quê? – Ela desconversou de maneira cínica.

-Sua filha da puta! Você foi até a corregedoria para tentar me prejudicar, queria me impedir de ver meu filho?

-Queria impedir você de deixar aquela puta que fez até filme pornô perto do nosso filho, como mãe tenho que zelar por ele sim.

-Fernanda, você tá puxando demais a corda, não pense que me conhece totalmente, você atirou em uma coisa e acertou em outra, mas vai ter volta.

-O que é que você tá falando? Já admiti que fui à corregedoria sim, mas disseram que não poderiam me ajudar porque é um problema familiar e me mandaram tentar na Justiça.

-Só que por causa dessa merda que você fez, estou sendo chantageado por ninguém menos que o secretário de segurança que quer que eu o apoie para governador e caso vença, eu serei o novo secretário, só que para isso terei que me afastar de Rúbia até as eleições passarem.

Fernanda não conseguiu esconder um sorriso sádico, seus olhos brilharam com aquela notícia, acredito que nem no dia que a confrontei por causa da descoberta de seu caso, tive tanta vontade de arrebentar-lhe a cara, acabar com aquele riso que não respeitava o sofrimento pelo qual eu estava passando. Tive que me segurar. Ela disse:

-Pois eu acho essa notícia muito boa porque agora...

-Cala a boca! Você ajudou a ferrar a minha vida, mas tem uma coisa, ainda nesta semana, virá o contra-ataque e pode ter certeza, será duro, duro mesmo e será só o começo. Você acha que me conhece totalmente, Fernanda, mas tem coisas que eu já fiz que a deixariam traumatizada pelo resto da vida.

-Pode me ameaçar, acha que tenho medo?

-Eu não vou ameaçar, ainda esta semana, vai cair uma bomba na tua cabeça. Quanto à minha separação temporária da Rúbia, pode ter certeza que estou me sentindo como se tivessem arrancado minhas duas pernas, mas o que é teu tá guardado.

-Seja mais claro!

-Sabe uma coisa que eu vou ser claro? Quando um homem é ruim de cama, algumas mulheres jogam na cara deles, mas saiba que existe mulher ruim de cama também, outras medianas e outras que são fodásticas, e isso não tem apenas a ver com o homem ser bom, a mulher criativa e com atitude na cama, faz o sexo ficar ainda mais quente, e nesse quesito, você é uma nota seis perto da Rúbia que é uma nota mil, percebeu a diferença? Com ou sem Rúbia, mesmo que você fosse a única alternativa para trepar, acho que meu pau nem levantaria pelo seu caráter imundo e porque você é fraca na cama.

-Vai se foder! Também sendo uma puta tem que saber se boa de cama.

-Puta para mim é uma mulher casada que deixa o filho na casa da vizinha, enquanto o marido pode estar trocando tiros com bandido e até morrer, e vai dar para um cara casado. Você foi muito mais baixa do que qualquer filme ou peça pornô que a Rúbia fez.

Bati a porta e saí decidido de que a guerra com Fernanda estava decretada. O mais difícil agora era contar para Rúbia.

Cheguei à frente do nosso prédio e não tive coragem de subir, fui à padaria na esquina e tomei três doses de conhaque. Quando finalmente fui para o meu apartamento, vejo-a alegríssima em cima de uma escada, colocando um conjunto novo de cortinas na sala, tive vontade de chorar e voltar para trás. Ela disse:

-Olha, decidi comprar essas cortinas quando saí do trabalho, o que você acha, não são lindas?

Quando Rúbia me olhou, imediatamente percebeu que havia algo errado.

-Raul, o que foi? Alguma coisa com o Lao?

-Senta aí- Pedi quase sem voz.

Contei exatamente tudo o que foi dito no gabinete do secretário, mas não tinha coragem de olhar nos olhos de Rúbia. Quando terminei, finalmente, suspirei e a olhei.

Seu olhar, que no passado tantas vezes me irritou e até me deixou receoso, agora me mostrava uma infinita tristeza e uma grande decepção com lágrimas prontas para desabar. Seu lábio inferior estava levemente saltado como criança quando faz bico prestes a choras. Rúbia correu para o quarto e trancou a porta para em seguida cair no choro.

Esperei muito tempo, depois pedi que abrisse e insisti na tese que sabia que era difícil, mas seriam apenas alguns meses.

-Rúbia, já te contei dos meus planos, terminada essa merda que o Rocha inventou, mesmo que ele ganhe, não vou aceitar o cargo, quero passar num concurso de delegado para irmos para uma cidade menor, seja no interior ou na praia. Me dê esse tempo, por favor.

-Isso não vai acabar nunca! Esses homens da política, a Fernanda ou outra coisa sempre vão aparecer para esfregar que sou uma pessoa suja que não pode estar com você e aí arrumarão outro jeito de te manipular e nos afastar.

Foram horas tentando convencê-la a aceitar, até que fomos dormir, mas nenhum dos dois conseguiu pregar os olhos. No outro dia, falei com ela que à noite conversaríamos com mais calma. Rúbia se trocou para ir para o trabalho e eu também saí, pois desde que me formei, meus plantões eram na parte da manhã.

No final do dia, após visitar Lao, voltei para o nosso apartamento e vi na mesinha de centro da sala uma carta de Rúbia, gelei, pois já sabia o que deveria ser.

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Foto de perfil de Lael Lael Contos: 250Seguidores: 750Seguindo: 11Mensagem Devido a correria, não tenho conseguido escrever na mesma frequência. Peço desculpas aos que acompanham meus contos.

Comentários

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Filha da puta da Fernanda sem caráter traidora

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Lael...vc mata a gente desse jeito, cara que conto é esse, top demais, a Fernanda não merece nada menos doque a sarjeta... que fdp, fudeu com a via DELE A TRAIDORA

NOTA 10000

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Esse capítulo está mais policial que porno, mas foi ótimo.

Agora esperar pela vingança contra a traidora. Promete ser emocionante.

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Eita que o negócio escalou de um jeito astronômico!

Nessas horas, eu lembro do Cap. Nascimento, já na Secretaria de Segurança, dando uma surra épica no próprio Secretário de Segurança porque o filho tinha sido baleado.

Fiquei imaginando o Raul quebrando os braços desse maluco.

Espero que o Rocha tenha um final à altura. Se o "escritor" apanhou feio, o que será do Rocha?

Eu tinha lá no início uma esperança de consequências pra Fernanda, mas agora, o nível já desceu demais pra ela. Zero redenção aqui.

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Cada vez melhor, rapaz! Começou como uma cronicazinha de jornal, e já está melhor do que muito romance policialesco. Continue... Que baita história!

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Porra, cara! Não tem limite isso, não? A cada episódio, fica mais surpreendente. Onde vamos parar assim? Haja coração. Ainda mais com essas paradas... Agora que o Raul vai precisar de e dar todo apoio à Rúbia, ainda que às escondidas. Eu creio que eles deveriam, de alguma forma, se entender e continuar se vendo. Se elas se afastarem agora pode significar o fim de algo muito bom para eles... É só a minha humilde opinião...

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Foi horrível? Foi... Mas agora finalmente ele pode dar o troco na Fernanda... Aceita isso, creio que a Rúbia mesmo irá tira o time de campo e depois, neste cargo, ele pode tornar a vida da ex um inferno... Ele reverte o jogo para ele. Pode ser que Rúbia não o queira mais, mas é aquela história, isso não será ruim para ele, quem ama entende a questão profissional do parceiro e tem que estar ali dando apoio... Acredito que a iminente saída de cena dela nessa carta seja justamente isso... Depois cabe ao policial reconquistar ela quando a coisa esfriar

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Poxa fiquei com pena de vcs, coitada da Rúbia,a pobre estava feliz ao seu lado,e agora ficou sem chão, agora sua ex foi uma tremenda filha da puta,deu arma p este bosta do rocha, querido vingança e um prato que se come frio,eu sei que vc vai fuder o pastor 171 e sua ex,mais cuidado, proteja seu garoto ,bjs

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Lael cara numa boa tu é demais prende a nossa tensão e atenção de uma jeito amigo surreal parabéns gostaria que solta-se todas as partes hoje mais gostoso disso tudo e prender nossa atenção e demais amigo, como se diz paciência e a melhor coisa kkkkk nota mil parceiro.

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Valeu, Almafer, legal que gostou.

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É bom quando o texto e/ou personagens causam impacto em que lê.

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