RENATA UM GRANDE AMOR - 4
Depois de conversar com o Alex, resolvi dar uma volta no shopping. Precisava distrair a cabeça e ver um pouco de movimento. depois de uma hora, mais ou menos, retornei para a empresa.
Quando cheguei, vi a Paula sentada no banco da recepção e não na sua mesa. Estranhei um pouco. Ela estava de cabeça baixa, parecia estar chorando e tinha uma outra funcionária ao seu lado segurando sua mão. Quando me viu, a moça se assustou, soltou a mão da Paula e foi saindo bem rapidinho. A Paula então me olhou e pediu:
- Por favor, deixa eu conversar com você? Estou com muita vergonha e muito arrependida de tudo. Deixa-me tentar me explicar.
Eu não estava com cabeça para mais desculpas. Eu disse:
- Nós vamos conversar, Paula! Mas acho que é melhor não ser hoje. Estou muito nervoso e tudo ainda é muito recente. Posso acabar falando coisas que eu não devo. Eu já entendi que você sabe muito, talvez não de tudo. Mas de muita coisa, com certeza.
Eu falava e ela somente me olhava com os olhos cheios de lágrimas. Eu, realmente, não queria despedi-la, falei tudo aquilo em um momento de raiva e nervosismo. Eu falei:
- Paula, vai para casa! Você está com uma cara horrível. Amanhã quem sabe, a gente conversa. Nada do que você me contar agora, vai fazer diferença em relação a minha decisão sobre a Renata.
Ela disse que preferia ficar ali, porque pelo menos estaria ocupando sua cabeça. Se fosse embora, iria ficar se remoendo mais ainda. Acabei concordando e fui para a minha sala. Antes avisei que iria tentar voltar a rotina, e que dependendo do cliente, ela podia passar as ligações. Pensei que fazendo assim poderia me distrair um pouco e esquecer toda a raiva e o ódio que eu estava sentindo.
Na empresa, eu e meu sócio tínhamos funções diferentes. Ele era o principal programador e desenvolvedor e eu era o técnico de campo e vendedor do nosso sistema. Eu filtrava tudo o que o pessoal pedia e passava para ele desenvolver. Nunca tivemos nenhum problema de ciúmes ou coisa parecida, nossa parceria funcionava muito bem. Como a empresa com os anos foi crescendo, fomos contratando mais pessoas para nos ajudar e eu tinha deixado um pouco de lado a parte de suporte presencial e focava mais nas vendas e nos contatos remotos com os clientes e usuários. Ele agora, supervisionava a área de desenvolvimento. Alguns clientes mais antigos, às vezes reclamavam que eu não aparecia mais, que gostavam de quando eu passava para, pelo menos, tomar um café.
Naquela tarde, resolvi sair um pouco e visitar uns dois ou três clientes. Avisei a Paula que iria sair em campo e pedi a relação de chamados de atendimento. Ela estranhou, pois fazia um bom tempo que eu não saía para a rua. Peguei dois chamados de clinicas relativamente grandes e fui. Meu técnico de campo, achou muito estranho eu voltar assim de repente. Afinal, fui eu que o ensinei e o treinei. Ele estava na recepção e estava de saída também. olhou pra mim e disse que eu com certeza iria estranhar a rua novamente. Dei risada do seu comentário e fui.
Eu precisava daquilo, se não iria ficar louco. Logo que entrei no carro e acelerei, percebi um carro que estava estacionado e logo começou a me seguir. Ele não chegava muito perto, mas estava fazendo o mesmo caminho que eu. Resolvi fazer um teste e comecei a virar em ruas aleatórias, ele se distanciou um pouco mais, mas mesmo assim ainda vinha me seguindo. Comecei a ficar preocupado. Vai saber quem era e o que queria com aquilo? Quando cheguei no primeiro cliente, desci rápido e fui em direção a recepção. O carro que me seguia passou direto, mas com a velocidade reduzida. Fiquei olhando para tentar ver quem era, mas os vidros eram bem escuros e eu não consegui ver nada.
Fiquei uma hora nesse cliente. o pessoal ficou muito satisfeito com a minha presença. Para eles, serem atendidos pelo dono da empresa, era como se fossem clientes vip. Sempre gostei desse contato com o público e com os funcionários das clinicas. Voltar a fazer isso estava sendo muito gratificante. Na hora de sair, eu estava meio receoso de o carro estar lá fora me esperando. Para a minha surpresa, quando eu estava chegando no meu carro, eu o vi estacionado bem perto, do outro lado da rua. O motorista desceu e era o pai da Renata, meu ex sogro. Ele atravessou a rua e pediu se podia conversar um minuto comigo. Ele disse:
- Oi, Paulo! Como você está? Podemos falar um minuto, por favor? Desculpe por seguir você, mas foi a única maneira que encontrei de tentar falar contigo. Me disseram que você está muito chateado e eu achei que não me atenderia se eu ligasse.
Ele não tinha culpa dos meus problemas com a Renata. Eu fui bem cortês dizendo:
- Claro, Sr. Valmir! Se for rápido, podemos falar sim. Ainda tenho mais dois clientes para visitar e não posso me atrasar.
Ele começou:
- Eu gostaria de saber o que está acontecendo entre você e a Renata. Ela foi hoje na minha casa e disse que vocês estavam se separando, que você colocou ela para fora de casa. ela não falou nada com nada. Só disse que precisava de ajuda para poder conversar e tentar se acertar com você. Ela não contou os motivos da briga de vocês, mas eu pensei que se ela tinha sido colocada para fora de casa, com certeza foi muito sério.
Eu refleti por alguns segundos e depois disse:
- Olha, Sr. Valmir! O assunto é muito sério mesmo, mas não temos como conversar aqui no meio da rua. Posso adiantar para o senhor que eu não tenho mais nada pra falar com a Renata. Tudo o que eu tinha para dizer a ela, já falei ontem à noite e hoje pela manhã. Quero realmente que ela deixe a casa e já avisei para ela procurar um advogado.
Ele ficou me olhando meio assustado pelo jeito que falei. Eu continuei
- Eu não vou falar para o senhor aqui no meio da rua o que sua filha aprontou comigo. Me desculpe, mas ela que fez a cagada, é ela que tem que assumir e contar tudo para o senhor e para a dona Regina. Eu gosto muito de vocês, tenho muita consideração, mas infelizmente, tudo o que aconteceu é muito difícil de engolir e impossível de se perdoar e voltar atrás. Minha decisão está tomada. A única coisa eu posso falar é que ela vem aprontado há tempos comigo.
Meu sogro me olhava triste, não acreditando que a filha pudesse ter feito algo tão grave. Ele disse:
- Paulo, respeito sua decisão e prometo não te importunar mais. Eu vou dar um jeito dela vir em casa e sentarmos para conversar. A mãe dela está lá em casa desesperada, querendo entender tudo isso.
Eu agradeci:
- Obrigado Sr. Valmir! Eu gostaria de poder conversar mais com o senhor, mas tenho realmente que ir ou vou me atrasar. O cliente está me aguardando.
Demos um aperto de mão e ele foi para o seu carro bem abatido, percebendo a gravidade das ações de Renata. Que pai que gosta de ver o seu filho ou filha fazer cagada? nenhum.
Fui terminar minhas visitas do dia. Foi um dia muito produtivo e apesar de tudo, percebi que tinha feito a coisa certa em sair para a rua e me distrair. Estava chegando ao fim da tarde, horário de ir embora para casa. Mas, e agora? Para que casa eu iria voltar? Com certeza, Renata não tinha ido embora ainda e poderia estar me esperando. Eu tinha a casa da minha mãe que estava viajando e poderia ficar lá. Eu já tinha conversado com ela pela manhã. Não contei tudo, somente o necessário. Resolvi então, que essa era a melhor coisa a se fazer.
Quando estava chegando, de longe eu já vi o carro da Renata parado na frente da casa. Eu nem parei, passei direto. Mas para sacanear, dei uma buzinada e um tchauzinho e fui embora, acelerei e me distanciei bastante, ela não conseguiu ver pra onde eu tinha ido. Sabendo que na casa da minha mãe eu não teria sossego, resolvi ir para um hotel. Passaria pelo menos aquela noite e no outro dia decidiria o que fazer.
Que noite difícil! Não consegui dormir e a toda hora, as lembranças invadiam minha mente. Lembranças boas e ruins, e não tenho vergonha de falar, chorei muito. A dor que eu estava sentindo era imensa, parecia que ela tinha morrido e eu nunca mais poderia encontrá-la, o que de certa forma era verdade mesmo: ela tinha morrido pra mim. O pior é que eu ainda sentia muito amor por aquela mulher e me perguntava o porquê de tudo aquilo. Eu não conseguia encontrar nenhuma resposta. Eu fiz de um tudo por ela, aceitei coisas que nunca imaginei aceitar. E para piorar, aceitei fazer coisas que no início não concordava, coisas que eu sabia que não eram o certo. Me acostumei a aceitar para não magoar ou correr o risco de perder a minha mulher.
Ali estava eu naquela cama olhando para o teto e as lembranças passando como um filme...
Apesar dos poucos meses, nosso namoro realmente estava ficando sério e eu comecei a acreditar que viveríamos o "felizes para sempre". Minha vida estava indo muito bem, aquele ano estava sendo espetacular. No trabalho estávamos crescendo e eu e meu sócio, desde quando começamos a empresa, em vez de gastarmos nosso lucro em coisas particulares, resolvemos investir na estrutura da empresa. Uma oportunidade de darmos um grande passo, foi com um cliente que tinha algumas salas comerciais em um prédio que estava sendo construído. Ele participava da comissão que administrava as finanças dessa construção. Ele nos ofereceu uma sala muito boa, quase metade do andar. ela era a junção de quatro salas menores. O possível comprador desistiu e estava com um preço muito bom.
Nós tínhamos uma boa quantia para dar entrada no financiamento, mas ainda faltava um pouco. Não queríamos fazer nenhum empréstimo, pois ainda teríamos que arcar com o financiamento mensal. Resolvemos vender nossos carros e algumas economias que cada um tinha pra fins particulares, assim conseguimos completar o valor da entrada. Após os trâmites legais, conseguimos comprar. Foi uma grande vitória para nós, dois jovens que em pouco mais de cinco anos conseguem fazer o que estávamos fazendo, era muito raro.
Quem não gostou muito no começo foi a Renata, que foi contra eu vender meu carro. aquele que fora tão sonhado e o motivo de nos conhecermos. Sua preocupação era ficar quase sem nenhum dinheiro guardado pra alguma emergência, mas eu acreditava que logo poderia comprar outro melhor e repor as minhas economias. Quando mudássemos, iríamos economizar muito com aluguel. Eu a acalmei:
- Eu sei que vou ter que trocar por um carro mais simples e dispor de um valor que estava economizando, mas como já tenho meu apartamento próprio, logo consigo repor e trocar de carro também, vai ser somente por um período.
Ela enfim entendeu minha maneira de ver e fazer as coisas e acabou me dando força no final.
A Renata já estava no último ano na faculdade e assim que terminasse iria fazer uma pós-graduação em marketing e propaganda. Ela falava que gostaria de trabalhar em uma agência de propaganda ou alguma coisa nessa área. Eu dava a maior força, pois assim ela trabalharia em um horário normal e longe da quela vida incerta dos eventos e diárias.
Apesar da Renata ser muito séria no serviço, rechaçando qualquer tipo de gracinhas que faziam com ela, infelizmente me incomodava um pouco o trabalho dela. Normalmente, as promotoras tem que usar roupas insinuantes, ela estava acostumada, mas eu não. Comecei a levá-la e buscá-la nos eventos. Nas primeiras vezes, cheguei a reclamar com ela de algumas roupas, mas ela tinha o argumento de ser seu trabalho, então eu tinha que me calar. Muitas vezes, em eventos de mais de um dia, várias marcas faziam algum tipo de recepção no final do evento. No primeiro fiquei muito puto, iria terminar bem tarde da noite e muitos caras iriam dar em cima dela. Só me restava confiar. Eu pedi:
- Renata, que horas você acha que vai acabar o trabalho de hoje? Vou te buscar, não vou deixar você ir embora sozinha de taxi ou de carona. Faço questão, não importa o horário.
Percebi Renata um pouco contrariada. Ela disse:
- Poxa, amor! Calma! Não tem problema nenhum eu voltar sozinha com minha BIZ, ou de táxi. Pare, por favor, com esses seus ciúmes. E outra, eu não tenho certeza do horário, fica até difícil de te falar.
Eu insisti e ela acabou aceitando. Ela me falou um horário aproximado que iria terminar e pelo menos, meia hora antes eu já estava esperando por ela.
Logo vi duas colegas dela que sempre trabalhavam juntas, saindo em companhia de dois caras. Estavam rindo bastante. Uma delas, eu sabia que era solteira, mas a outra era noiva. Renata caminhava sozinha, alguns passos atrás com cara de cansada. Os dois caras estavam falando alto e um deles disse para ela:
- Que pena que você não poder ir. Seria muito legal vocês três juntas conosco. Iria ser uma festa muito boa.
Ela deu um sorriso amarelo e falou que não poderia mesmo. O outro cara, quase gritando, disse:
- No próximo, eu faço questão que você venha junto para podermos aproveitar bastante a noite. Garanto que você não irá se arrepender. Na próxima, você dá um jeito de enrolar seu namorado. Inventa qualquer desculpa, eu não vou aceitar outro não como resposta.
E ela, não sei se para despistar o cara ou com vontade de realmente acompanhá-los, respondeu:
- Ok, tudo bem! talvez na próxima eu tente ir sim, quem sabe? Com certeza, a festa de vocês hoje vai ser das boas, apesar de eu não gostar muito desse tipo de festa. Mas é que hoje, realmente, eu não posso. Estou muito cansada e meu namorado já deve estar chegando para me buscar.
Nessa hora, eu fiquei muito puto. Eu tinha deixado o volume do rádio baixo e consegui escutar tudo. Os caras não me conheciam e as amigas dela não repararam que eu estava com um carro diferente. Acho que eles nem repararam que tinha gente dentro de um carro próximo. O cara falou isso e não contente, ainda foi em direção a Renata para se despedir com os braços abertos.
Eles estavam bem perto de mim. Na mesma hora, desci do carro e uma das meninas me reconheceu e já gritou com o cara que era pra voltar:
- Ei, Ei, Ei… Volta! Vamos logo, deixa ela encontrar o namorado. Ela já disse que não gosta desse tipo de festa.
Falou isso e ficou me olhando com a maior cara de cínica. A Renata parece que tinha visto um fantasma. Acho que ela se esqueceu do detalhe do carro, pois faziam poucos dias que eu tinha comprado esse. O cara percebeu ela me olhando assustada e eu caminhando de cara fechada em sua direção. Ele parou, me olhou e ainda disse:
- Ow, amigo! É brincadeira. Somos só amigos. Só íamos dar uma carona para ela.
Nem olhei pra ele, foquei meu olhar nela e fiquei esperando. Ela falar alguma coisa, entrou no carro muda, nem me cumprimentou direito, e perguntou:
- Nossa! Faz tempo que você chegou? Não avisou que já estava por aqui.
Respondi bem irritado:
- Não faz muito tempo não. Só o tempo suficiente.
O local onde estávamos, é chamado de “Centro de Eventos”. É bem afastado do centro da cidade, bem isolado mesmo, mas quando tem festas, shows ou eventos de empresas, sempre tem táxi de plantão. Quando estávamos saindo pelo portão principal, ela ainda me falou:
- Você está vendo, amor? Nem precisava se preocupar e vir tão longe de casa para me buscar, tem vários táxis aqui!!!!
Renata falava com um sarcasmo tão grande, que quase me fez explodir. Mas eu segurei a onda, não queria brigar e depois dar o gostinho dela ainda jogar na minha cara que estava ficando doente de ciúmes.
Fiquei quieto e fui andando atrás do carro que os caras estavam, não tinha outro caminho. Somente vários quilômetros a frente, havia uma junção de duas avenidas. Uma ia para o centro do município e a outra para uma rodovia que corta nossa cidade e que tem o motel que fomos quando começamos a namorar, na tarde que pedi ela em namoro. Quando chegamos no entroncamento, eles viraram na direção que leva ao motel. Eu estava um pouco distante, mas vi quando eles viraram e em qual direção estavam indo.
Neste tempo todo, nós dois não trocamos nenhuma palavra. Renata fingia dormir. Eu resolvi na hora fazer uma loucura e virei na mesma direção deles. Ela na mesma hora, se virou pra mim e perguntou:
- Onde você está indo? Essa não é a direção da minha casa.
Eu, também com o maior sarcasmo, respondi:
- Estou indo atrás dos seus amigos que fizeram tanta questão da sua presença na festa. Acho que devemos ir também. Quem sabe, não aproveitamos e nos divertimos bastante? Impossível eles acharem ruim de você levar seu namorado. Afinal, se você tivesse indo junto com eles, iria ficar segurando vela. Como eu não sei onde vai ser a festa, vou ter que acelerar um pouco para podermos chegar junto com eles.
Nessa hora a mulher se transformou. Começou a berrar comigo, que onde já se viu eu fazer uma palhaçada dessa, que ela estava cansada, estava acordada desde às seis da manhã, que trabalhou o dia inteiro de pé, que queria ir embora, que não queria ir em porcaria de festa nenhuma, que era pra eu dar um jeito de dar meia volta e ir para sua casa.
Respondi de forma bem calma que não tinha como retornar ali, que teria que fazer o contorno lá na frente perto dos motéis, e pedi, na maior cara lavada, para ela me contar onde seria a festa deles. De primeira, ela não respondeu. Mas eu insisti, eu queria mostrar a ela que eu não era idiota:
- Fala para mim onde vai ser a festa? Vamos com eles. Parece que são bem legais e animados. Tenho certeza que vamos nos divertir muito.
Renata, irritada, disse:
- Para com isso Paulo! Já falei que não quero ir em festa nenhuma. Quero ir embora. por favor, me leva para casa. Quero descansar e ficar em paz.
Eu continuei a insistir:
- Poxa! Achei que seria legar ir com eles. Você sempre fala que seus amigos são os mais animados. Quero ver como é essa animação toda deles.
Chegando perto do motel, eu insisti mais uma vez, perguntando que tipo de festa era e onde seria. Claro que eu sabia que iriam fazer uma puta de uma suruba, mas queria escutar da boca dela.
Qual desculpa ela inventaria?
Ela então, perdeu de vez a paciência e gritou comigo:
- Eles vão para o motel. Você não está vendo? Eles vão fazer a festa os quatro juntos. Era isso o que você queria ouvir? Então, pronto! Eles vão meter e muito, com certeza. Vão fazer uma baita suruba.
Estacionei o carro bem antes da entrada e fiquei olhando para ela que ainda continuou:
- Eles queriam que eu viesse junto sim, para fazer uma suruba maior ainda. Vai me dizer que você sempre foi um nerd jacu e que nunca fez isso? Nunca transou com mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Que nunca meteu a noite inteira, fazendo de tudo e gozando bem gostoso?
Renata gritava descontrolada. Eu estava incrédulo pela forma dela falar. Respondi falando bem baixo, como se estivesse com vergonha:
- Não! nunca fiz suruba. Sempre fui fiel a minha antiga namorada e agora sou fiel a você. Infelizmente, acho que eu sempre fui um nerd jacu mesmo. Mas pelo visto, você sabe muto bem do que está falando, deve ter realmente aproveitado bastante a vida, antes de me conhecer.
Eu tinha perdido o chão. Não sabia o que falar mais. Sai com o carro em direção a casa da Renata. Ela percebeu a bola fora que tinha dado, começou a chorar e me pedir desculpas.
Eu não queria ter falado dessa forma, amor! Eu estou muito cansada e nem estava raciocinando direito. Só explodi e falei essas bobagens, porque você ficou me provocando.
Fiquei mudo o trajeto inteiro, não olhava nem para os lados. Estacionei na frente do seu prédio e nem desliguei o carro, fiquei parado no meio da rua para ela descer. Ela me olhando, disse:
- Por favor, desliga o carro. vamos subir e conversar. Eu não quis te ofender, só fiquei nervosa. Vamos subir, você pode dormir aqui hoje.
Renata falou isso, passando a mão em meu rosto, me fazendo um carinho. Eu respondi:
- Não, obrigado! vou embora! Hoje eu não tenho mais nada para conversar com você. Amanhã, bem cedo, o nerd jacu precisa ir trabalhar. Afinal, as contas não se pagam sozinhas. Depois conversamos. Não quero falar nada agora, boa noite!
Ela desceu do carro e saiu pisando duro. Assim que fechou a porta, eu nem esperei ela chegar na portaria e já fui acelerando sem nem olhar para trás. Fui embora para casa, ainda sem acreditar na forma que ela falou.
Deitei para tentar dormir, mas não conseguia. Ficava virando de um lado para o outro. O pior, foi ter ouvido a naturalidade com que ela falou da suruba. Me fazia ficar pensando, a todo momento, o que ela já tinha feito. Com quantos homens ela teria transado e de quantas surubas teria participado. Eu nunca fiquei pensando sobre os relacionamentos anteriores dela, afinal como diz o ditado: “cozinha de restaurante e passado da mulher, é melhor não conhecer”.
Seria difícil, a partir de agora, eu não tentar conhecer um pouco do passado de Renata. Não tínhamos falado de namorados dela, somente do pai da sua filha. De outros relacionamentos, eu nunca fiquei perguntando e nem ela para mim. Fiquei muito chateado pela forma que ela tinha falado. Mas o pior, foi ter ouvido ela dizer que na próxima, daria um jeito de inventar uma desculpa para poder sair junto com eles. A dúvida me consumia, será que ela realmente faria aquilo ou foi somente para disfarçar e dispensar os caras? Pode ser que ela iria mesmo, afinal, uma das meninas como era noiva, e era também, a que mais acompanhava a Renata nos trabalhos. Às duas estavam sempre juntas. Depois de bastante tempo, consegui dormir. Já estava quase amanhecendo o dia. Cheguei a perder a hora do trabalho.
Ela me ligou cedinho, pedindo pra almoçar comigo. Ela gostaria muito de conversar e esclarecer, o que para ela, era apenas um mal entendido. Ela disse que me amava demais. Eu respondi:
- Hoje, não posso! Tenho um compromisso familiar. Mas amanhã, talvez eu consiga. Eu te ligo, precisamos mesmo conversar. Temos muitos assuntos a serem esclarecidos, e não tem como ser por telefone.
Respondi meio seco, já cortando qualquer argumento dela, que somente disse:
- Você que sabe! Estou aqui de peito aberto me oferecendo pra conversarmos e tirar qualquer dúvida que você possa ter em relação a mim e ao meu trabalho. Mas se eu desistir de conversar, você não vai poder reclamar. ficar aí inventando desculpa de compromisso familiar é bem tosco.
Eu, já começando a ficar irritado, falei:
- Quer saber? Não tem nenhum compromisso mesmo. Só não estou afim de conversar hoje. Estou nervoso e chateado, se for te encontrar assim, não vai prestar. Só vamos discutir e brigar novamente. É melhor esfriar a cabeça e conversarmos amanhã, quando nós dois estaremos mais calmos.
Ela nem me respondeu, desligou o telefone na minha cara.
Fiquei com a sensação de que iria ter momentos complicados a partir da minha recusa de ir me encontrar com ela. Mas eu tinha meu orgulho também, não podia simplesmente sair correndo atrás quando ela estralasse os dedos. No fundo, achei que havia pego muito pesado. Mas agora, se eu voltasse atrás na minha palavra, ela montaria de vez nas minhas costas.
Fiquei o dia todo correndo de um cliente para o outro. Foi um dia bem puxado. Após o último atendimento, o pessoal da clínica disse que ia tomar uma cerveja e me convidou. Eram cinco funcionárias e somente mais dois homens. Resolvi ir com eles, para me distrair um pouco. Estávamos na terceira rodada e eu já tinha até falado que iria embora, quando a Renata chegou de surpresa. Ficou parada perto da mesa, mas não falou nada. Eu fiquei olhando para ela, que só balançou a cabeça negativamente. Aquela atitude, me deu um frio na barriga, pois eu estava sentado ao lado de uma moça e de um colega, mas distante da mulher, que era a mais velha da turma. Era fácil ver que eu não estava flertando com ninguém. E eu não tinha essa intenção. só queria mesmo tomar uma cerveja e esquecer um pouco da confusão do dia anterior.
Do mesmo jeito que chegou, ela saiu. foi até o bar somente pra ver e ser vista. Pedi licença para o pessoal e fui rapidamente ao seu encontro. Quando consegui alcançá-la, ela já estava dando partida na biz. Eu a segurei pelo braço e pedi para descer e conversarmos. Ela estava chorando e não queria me ouvir. Só disse que mais cedo, tudo o que ela queria era conversar e mostrar o quanto estava arrependida do que tinha acontecido na noite anterior. Mas eu debochei e dispensei ela para estar ali com um monte de mulheres. Eu insisti:
- Renata, por favor! Desça da moto. Eles são clientes e insistiram muito para que eu viesse. Era o meu último atendimento. Você sabe, que às vezes, nós pagamos uma rodada para estreitar o relacionamento. Hoje, foram eles que convidaram. Perceberam que eu estava para baixo e abatido. Então, eu resolvi vir, mas já estava indo embora. Já tinha até, dado o dinheiro da minha parte. Por favor, para com isso! Eu não estava fazendo nada de errado.
Ela estava meio irredutível:
- Eu vi o quanto você estava abatido. Cercado por um monte de mulheres, e dando um monte de risadas. Só parou quando me viu…
Eu tentei mostrar a realidade a ela:
- Renata, calma! Eu estava sentado ao lado da mulher mais velha da mesa e ela deve ter uns cinquenta anos. Se você acha que eu estava dando em cima dela, para com isso! Desce da moto e vamos sentar em uma outra mesa. Vamos pedir alguma coisa e quando você estiver mais calma, nós vamos embora para a minha casa ou para a sua. Vamos ter nossa conversa e resolver logo nossa situação.
Com muito custo ela acabou concordando. Entramos e ela foi direto ao banheiro lavar o rosto. Eu avisei ao pessoal que minha namorada tinha chegado e que nós tínhamos brigado na noite anterior, e iriamos sentar um pouco para conversar. A Sra. que eu estava ao lado, insistiu pra nós dois sentarmos ali com eles, para dar uma relaxada e depois irmos para algum lugar mais calmo. A Renata chegou ao meu lado, cumprimentou o pessoal e minha colega insistiu mais uma vez pra sentarmos com eles, pegou mais cadeira e colocou ao seu lado para Renata se sentar.
Resolvemos ficar um pouco por ali para não ficar chato. O que acabou sendo muito bom, pois Renata percebeu que nada do que ela estava pensando era verdadeiro. A cliente mais velha, ficou elogiando a Renata, falando que ela era muita areia para o meu caminhão. Disse que ela era muito linda e que eu tinha que cuidar muito bem dela. Eu ria e dizia que tentava cuidar o máximo possível e quanto a ser muita areia, eu dava quantas viagens fossem necessárias, que não tinha preguiça não. Todos riram do meu comentário e ficou um clima muito agradável na mesa,
acabamos ficando mais de uma hora e meia por ali.
Quando saímos, resolvemos ir para a casa da Renata. Era a mais próxima de onde estávamos. Chegamos rápido e subimos no elevador, sem praticamente nos falar e nem olhar um para o outro. A amiga que dividia o apto com ela não estava e poderíamos conversar bem mais à vontade.
Sentamos na sua cama um de frente pro outro. Ela ficou segurando a minha mão e começou a falar:
- Paulo, eu tenho que te pedir desculpas por tudo o que falei ontem e explicar o que aconteceu e o que está acontecendo.
Ela falava e lágrimas escorriam pelo seu rosto, mostrando que ela estava tensa. Ela continuou:
- Eu quando te conheci, achei que seria somente um flerte, ou somente uma ficada e mais nada. No início, eu não queria namorar. te achei um ótimo companheiro e ficar junto estava muito bom. Eu, depois do pai da minha filha, não tive nenhum compromisso sério com ninguém. Às vezes, curtia com um cara por uns dois ou três meses no máximo e depois, seguia em frente.
Ela falava, mas não me olhava diretamente. Ficava sempre de cabeça baixa, mostrando que estava com vergonha e muito tensa.
- A gente começou a se envolver e você despertou em mim um sentimento que há muitos anos eu não sentia. Que é gostar realmente de uma pessoa, de sentir falta dela quando não está por perto e fazer muita falta na sua cama à noite. E não somente pelo sexo, mas de deitar abraçado, de fazer carinhos, de me sentir segura nos braços do seu amor. Com você, tudo isso começou a acontecer e nós começamos a namorar. Te confesso que ainda estou me acostumando com isso.
Renata continuava de cabeça baixa e segurando minhas mãos. Ela voltou a falar:
- O sentimento que eu tenho por você é muito grande e às vezes, quando não conseguimos nos ver por um dia, eu já sinto meu peito doer. Sinto muita falta de ficar ao seu lado. Mas também, tem horas que sinto um pouco a falta da liberdade que eu tinha antes.
Nessa hora eu iria interromper e falar alguma coisa, mas ela pediu pra eu deixá-la terminar e que depois eu poderia falar tudo o quisesse. Ela prosseguiu:
- Então, como eu estava falando, eu sentia falta da liberdade, que na verdade, eu não preciso mais. O que eu preciso é de você ao meu lado, que você tenha confiança em mim e eu em você, que possamos, por exemplo sair pra tomar uma cerveja com alguns amigos sem que o outro fiquei neurótico de ciúmes. Não falo somente de você, mas de mim também. Hoje na hora que te vi perto daquele monte de mulheres, fiquei muito puta. Mas quando ficamos ali conversando, percebi que não tinha nada demais, que aquelas mulheres, não representavam nenhum perigo para mim.
Renata dessa vez me olhou séria. Mesmo que eu não tenha entendido no momento, ela estava me manipulando para eventos futuros. Ela continuou:
- Da mesma forma que eu ter amigos homens e conversar e brincar com eles, não quer dizer que eu vá sair com algum deles. Eu sempre tive vários amigos e muitas amigas e eles não estão acostumados a me ver com um namorado. Pode se o que eles falem alguma coisa que você não goste. Eu só te peço que não arrume confusão, que converse comigo, me mostre e fale do que você não está gostando.
Eu falei que ela estava falando isso pelo que eu tinha visto na noite anterior, do cara a chamando para sair junto com eles. Ela interrompeu:
- Não! não é sobre ontem. Eu ainda vou chegar lá. Aguarde.
Ela continuou falando das suas amizades e que por causa do tipo de trabalho que fazia, conhecia muita gente de nossa cidade e de fora também. Que tinha conhecidos e amigos nas mais variadas classes sociais. Depois de um bom tempo, ela deu um grande suspiro, enchendo o peito de ar como se fosse para criar coragem e começou a falar sobre a noite do dia anterior. Nessa hora ela já me olhava nos olhos, um olhar de ternura, mas ainda mostrava uma grande tensão. Ela disse:
- Sobre ontem à noite, vamos por partes. Ontem foi um dia bem complicado, aconteceram algumas coisas erradas na organização e tudo foi bem estressante e cansativo. E eu, por estar a mais tempo, acabo sendo cobrada diferente das outras meninas, mas no final acabou dando tudo certo.
Eu não interrompi. Só olhava, esperando que ela chegasse na parte que eu queria saber. Ela continuou:
- Ontem, haveria uma recepção no final eu realmente não sabia a hora certa que iria acabar e você ficou insistindo em ir me buscar, com a alegação de que a distância era grande. Mas, eu estava achando que era somente por implicância e ciúmes do que eu poderia fazer. Algumas pessoas me abriram os olhos de que você só está querendo cuidar de mim. Que namorado faz isso mesmo: cuida. Para que eu não precisasse pegar carona com algum estranho ou conhecido bêbado. Ou não precisasse gastar com táxi. E eu, idiota, só estava vendo como ciúmes seu. Isso me irritou um pouco, mas acabei concordando em ir com você. Te confesso que foi mais para você parar de me encher o saco.
Eu fiquei chateado por Renata pensar assim. Mas antes que eu pudesse falar, ela pediu para terminar. Então, ela disse:
- Hoje, eu realmente percebi que era somente por cuidado e não para ficar me vigiando. Se fosse para me vigiar, você não estaria dentro do carro me esperando. E sim, dentro do evento me observando. Então, aconteceu das meninas saírem com aqueles dois caras que são representantes da marca em outros estados. Já os conhecíamos de outros eventos. Não gosto muito de um deles, o acho muito arrogante, mas minha amiga é fascinada no cara e resolveu aceitar o convite pra saírem os quatro juntos. Eu falei para ela não ir, que ela é comprometida, mas ela alegou que tinha brigado feio com o noivo e que descobriu uma traição dele e iria pagar na mesma moeda. E o cara que ela sempre achou lindo, nunca tinha falado muito com ela, mas justo aquela noite ele a convidou para sair. No início, ela queria sair somente com ele, mas quando viu que não iria conseguir aceitou ir junto com os outros.
Renata parou um pouco de falar e ficou avaliando as minhas reações. Eu preferi fingir que estava tudo bem. Ela, então, se sentindo encorajada, continuou:
- Eu achei aquilo muito errado, ela trair o noivo dessa forma. Mas não tinha como obrigá-la a mudar de ideia. Tanto que você viu que eu estava vindo bem atrás deles, eu não queria muito contato. Depois, juntou um monte de coisas: eu nervosa, achando que você estava com ciúmes do meu trabalho, várias coisas que deram errado durante o dia e por fim, minha amiga fazendo uma baita de uma cagada. Eu estava pra explodir.
Renata fez mais uma pausa e pegou um pouco de água, pois já estava com a garganta seca de tantas explicações. Deu um gole e logo voltou a falar:
- Eu entrei no carro, depois de você ver os caras brincando comigo. Você estava zangando e eu não tiro a sua razão. Mas você começou a me confrontar, falando e fazendo coisas que eu não concordei, como ir atrás deles para me insultar. Você sabia muito bem onde eles estavam indo. Não tinha a necessidade de fazer daquela forma. Eu acabei explodindo e falando coisas de que me arrependo. Te ofendi e eu não tinha o direito de falar com você daquela forma, afinal você estava ali somente para cuidar de mim.
Renata deu outro gole no copo de água. Mas agora, seu semblante havia mudado. Ela estava muito tensa. Ele avaliou outra vez minhas reações, pensando se deveria ou não continuar. Vendo minha impaciência, ela voltou a falar:
- Agora, eu vou para a parte chata da coisa. Tenho certeza que isso deve ter te deixado muito perturbado, o fato de eu ter falado sobre transar com mais pessoas, de fazer suruba e tudo mais que eu falei. Tenho certeza que você está com vontade de perguntar, mas sei também, que não o fará. Para não me deixar constrangida.
Nessa hora eu confirmei que tinha ficado curioso, mas que realmente, eu nunca iria perguntar, por ser uma coisa íntima dela e de antes de nos conhecermos. Renata continuou:
- Eu não me orgulho do que vou te falar, mas preciso ser honesta com você. Pelo bem da nossa relação e do nosso futuro. Eu já fiz, de verdade. Já saí com outros casais e uma vez, até em três casais e mais duas pessoas solteiras. Essa foi uma verdadeira suruba. E te falo, do fundo do meu coração, não gostei. Na hora, você acaba se deixando levar, acaba se excitando. Mas depois, a ressaca moral é foda. Me arrependi muito de ter participado e nunca mais fiz nada parecido. Já saí, eu, uma amiga e mais um cara. Mas nunca, eu sozinha e dois caras, não tive essa coragem. E não foi por falta de convites e de oportunidades, foi falta de coragem mesmo. Sinceramente, vou te confessar que fiquei com muita vontade e ainda tenho vontade de um dia realizar, mas com a pessoa certa e no momento certo. Eu não me orgulho de ter feito isso, mas já foi, já fiz e faz bastante tempo. A gente vai amadurecendo e vendo o que fez de errado e quais os riscos e consequências que isso pode causar na nossa vida.
Eu olhava para ela incrédulo. Cadê aquela menina meiga e tímida que eu havia me apaixonado? Ela ainda finalizou:
- Enfim, era isso o que eu tinha para te contar. Te falar toda a verdade e falar também, que eu quero que você continue me buscando nos eventos. Isso é muito bom, ter você lá com um sorriso me esperando é a melhor parte. Prometo que vou dar mais valor a tudo o que você faz por mim. Mas eu ainda estou me acostumando a ter um namorado. Peço por favor, só mais um pouquinho de paciência comigo, que logo tudo entrará nos eixos.
Após ouvir todo o seu relato, eu até esqueci do meu discurso pronto e ensaiado. Eu não esperava que ela falasse tudo aquilo. E assumir tudo o que eu tinha imaginado na noite anterior, me deixou em dúvida. Eu não podia recriminar ou condená-la por algo que ela não fez comigo. Ela não me traiu, como sua amiga estava fazendo. Eu lhe dei um beijo e um abraço bem apertado. Ficamos ali um bom tempo abraçados, mas sem falar nada, somente sentindo o calor um do outro. Ficamos realmente em paz e foi muito bom.
À partir desse dia, em todos os trabalhos que terminavam à noite, eu ia buscá-la e levá-la para casa. De todas as suas colegas, o único que fazia isso era eu e por fim, dava carona para algumas das amigas também.
À partir daquela conversa, nosso relacionamento ficou mais leve e ela foi devagar se acostumando com um namorado sempre por perto. Nunca mais ficamos tentando um sufocar o outro e passamos a ter mais confiança um no outro.
Mas também, aquela conversa me ascendeu uma luzinha lá no fundo: a luzinha da curiosidade, de participar de uma suruba com várias pessoas, transar com duas mulheres ao mesmo tempo ou eu mais um cara e uma mulher. Cheguei a sonhar com essas coisas várias vezes. E todas as vezes, claro que a mulher que estava junto comigo era a Renata. Eu ficava com o pau duro de imaginar fazendo tudo aquilo, mas depois ficava mal, me recriminando por aqueles pensamentos e sonhos.
A grande pergunta que eu me fazia era: será que um dia eu teria coragem de contar isso para ela? E mais, eu teria coragem de fazer tudo aquilo junto com ela?
Essa curiosidade estava me consumindo e eu teria que tomar alguma atitude: fazer ou esquecer definitivamente.
Que dilema.
Continua....