Essa é uma história de transformação. Um conto sobre como podemos mostrar para as pessoas a forma correta de agir e se relacionar. Sabe aquela pessoa tóxica nos relacionamentos? Talvez, ela não tenha tido o exemplo adequado quando era mais nova.
Este conto será narrado pelo ponto de vista de vários personagens.
Essa é uma história muito sensual e com bastante sexo. Só peço que aguardem um pouco antes das coisas começarem a esquentar. Vai valer a pena. Pois se trata de uma história complexa, onde o sexo tem um lugar de destaque. Mas, dentro do contexto adequado.
Vamos lá:
Eu sou a Jenifer, Jen para os íntimos. Quem acompanha nossos contos, já me conhece. Sou casada com o Hassan, ou San para os leitores e amigos. Como todos sabem, somos um casal apaixonado e liberal. Esse conto vai falar sobre nossa amiga Maria Lúcia. Para simplificar, apenas Malu.
Malu é a típica latina. Pele morena clara, lindos cabelos negros e lisos até o meio das costas. Rosto de boneca e lábios carnudos. Está sempre bem maquiada. Seios médios para grandes, belos e firmes e uma bunda de parar o trânsito. San diz que é nossa "amiga" mais gostosa. E eu concordo.
Eu e Malu temos uma relação muito próxima de amizade e safadeza. Mas ela ainda é daquelas que acreditam em príncipe encantado. Apesar de safadinha, Malu é acima de tudo, uma romântica.
Sempre que está solteira, ela encontra aconchego, carinho e um ménage, lógico, na minha cama e do San. Mas, vira e mexe, Malu está sempre se desiludindo em um relacionamento tóxico e sem futuro.
Muito disso é culpa do seu jeito submisso e dependente. Malu não consegue ser dona do seu próprio destino. Ela se entrega de corpo e alma a qualquer um que lhe ofereça uma migalha de atenção. Foi assim que Jonas entrou em sua vida.
Em uma sexta-feira à noite, San e eu levamos Malu conosco a um barzinho com música ao vivo. A noite estava muito agradável, a cerveja gelada, os petiscos deliciosos e a música muito boa. San se revezava dançando comigo e Malu. Estávamos nos divertindo muito. Como Malu tinha passe livre em nossa cama, San e ela também dançavam bem colados e de forma sensual. Eu reparava no olhar curioso das pessoas ao redor.
Do balcão do bar, um rapaz muito bonito acompanhava nossas brincadeiras e nossa conversa animada. Mostrei ao San e ele reconheceu imediatamente o rapaz. Disse que seu nome era Jonas, e que o conhecia do futebol semanal com os amigos. Vendo que ele estava sozinho, San o chamou para sentar conosco.
A química entre ele e Malu foi instantânea. Melhor para mim, não precisava mais dividir o meu marido. Agora eu tinha a total atenção do meu amado.
Aproveitando que Malu estava se dando bem com Jonas e mal prestava mais a atenção em nós dois e preocupada com seu péssimo histórico para homens. Eu questionei o San:
- Pela cara dela, esse aí já ganhou a noite. Você o conhece. Podemos confiar que ele vai tratá-la bem?
San pensou um pouco, parecia estar vasculhando suas memórias. Depois de uma cuidadosa reflexão, ele disse:
- Todos falam muito bem dele. Mas, apesar disso, ele estava em um relacionamento longo que acabou mal. Dizem que ele foi até noivo. Estava com a moça desde os dezesseis anos. O término foi recente. E logo que acabou, ela voltou para o interior de Minas. Acho que rolou traição. Mas, não sei qual dos dois traiu o outro. A maioria diz que foi ela que o traiu.
Um relacionamento longo, parecia ser um bom indício do caráter do Jonas. E vendo os olhinhos da Malu brilhando, resolvi não interferir e deixar rolar.
Continuamos a nos divertir e não demorou muito para os dois começarem a se beijar. San e eu também aproveitamos a liberdade que a presença do Jonas nos trouxe e ficamos juntinhos, namorando. Não saímos muito e quando o fazemos, é bom aproveitar essa mudança de ambiente.
O clima entre os dois estava esquentando, e conhecendo Malu, não ia demorar para ela se entregar a ele. Chamei-a para irmos ao banheiro. Ela topou um pouco relutante.
Enquanto eu retocava a maquiagem, aproveitei para tentar aconselhá-la:
- De novo vai se jogar de cabeça?
Malu, contrariada, respondeu:
- Ai, amiga! Ele é uma delícia, é todo sarado. Deve ser ótimo na cama.
Eu precisava tentar fazer com que ela se valorizasse. Pois no fim das contas, era eu que a consolava quando tudo ia por água abaixo. Eu disse:
- O bem mais precioso de uma mulher é a sua intimidade. O homem tem que merecer. Não pode ser entregue sem que ele se esforce. Só uma vez na vida, seja inteligente. Tudo o que vem fácil, não é valorizado da forma adequada.
Malu, como sempre, não se dava o devido valor. Minhas palavras devem ter entrado por um ouvido e saído por outro. Bom, eu tentei. Mais do que isso, só se eu a arrastar dali a força.
Voltamos para a mesa e Malu disse alguma coisa no ouvido de Jonas. Segundos depois, ele deixou uma quantia razoável de dinheiro sobre a mesa para pagar sua parte da conta e os dois saíram de mãos dadas. Jonas, pelo menos, antes de sair foi bastante simpático. Agradeceu o convite para se sentar com a gente e deu um abraço caloroso em San. Malu, só me olhou de cara feia, se despediu do San e acompanhou Jonas.
San ficou muito chateado com a atitude dela comigo. Mas, depois que eu contei para ele nossa conversa no banheiro, ele entendeu. Malu achou que eu queria estragar o esquema dela.
Malu sumiu por um tempo. O que era normal de acontecer. Ela arrumava alguém, sumia e um tempo depois voltava destruída para que eu colasse os pedaços. Só que dessa vez, o sumiço já durava o dobro do tempo normal.
Por mais de um ano, ficamos afastadas. Nos primeiros meses, até nos encontrávamos esporadicamente pelo bairro. Mas logo, até esses encontros deixaram de acontecer.
Passando em frente a floricultura do bairro, resolvi entrar e conversar com Maria Rita, irmã de Malu, e tentar conseguir notícias dela. As coisas que ouvi me deixaram preocupada. Maria Rita disse:
- Malu está irreconhecível. Já mora há um ano com aquele rapaz que vocês apresentaram a ela. Largou o trabalho sem motivo algum tempo depois. Nem a mãe vem em casa ver mais. Meus filhos vivem perguntando por ela. Se a gente não ligar, nem notícias temos. E ela sempre inventa uma desculpa para desligar depois de poucos minutos. Já fazem uns nove meses que não a vemos.
Me despedi de Maria Rita e agradeci por ter me dado notícias. Mas quem era essa pessoa de quem ela havia falado? Malu não pode ter mudado tanto assim em tão pouco tempo.
Chegando em casa, contei o que Maria Rita me disse para o San. Ainda levei um esporro dele:
- A garota te tratou muito mal naquele dia que saímos. E você ainda está aí, preocupada com ela. Você não aprende, né?
Eu retruquei:
- Você tem toda a razão. Mas, tem algo muito estranho nessa história. Essa mudança de personalidade não é normal. Malu é submissa, mas sabe a hora de se mandar quando as coisas ficam complicadas.
San, já irritado, respondeu:
- Você está especulando. E se ela estiver feliz? Liga para ela de uma vez. Assim você fica sabendo a verdade e para de me envolver em situações que eu não quero participar.
San tinha razão, eu precisava saber se Malu estava bem. Peguei o celular, busquei seu número nos contatos e comecei a chamar. Primeira tentativa e nada. Segunda, ainda nada. Na terceira, eu desisti. Algo estava muito errado. Apesar da distância, eu sentia dentro de mim, que Malu estava em apuros. Dormi mal aquela noite com esse aperto no peito me incomodando. Por mais duas semanas, eu continuei angustiada e sem notícias da Malu.
Por uma incrível coincidência do destino, minhas aflições se revelaram verdadeiras. Estava conversando com uma paciente no hospital, quando do nada, ela foi a primeira pessoa a me dar notícias reais sobre Malu. Ela, também moradora do nosso bairro e uma fofoqueira conhecida, me disse:
- Menina, você não é amiga daquela mocinha do cabelão?
Eu, estranhando, confirmei:
- Sou sim. A senhora sabe onde ela está morando? Nós perdemos o contato. Queria muito saber como ela está.
Ela, feliz por ter alguém com quem dividir a vida dos outros, me contou:
- Você não está sabendo? Deu até polícia na casa dela esses dias. Acho que ela e o marido brigaram feio. Foram os vizinhos que chamaram a polícia, mas ela não quis prestar queixa. Também, a garota parece uma prisioneira. Não pode fazer nada que o rapaz já implica. Isso não costuma acabar bem.
Eu fiquei muito chateada por ouvir aquilo. Me sentia culpada. Afinal de contas, essa história começou comigo e com o San. Nós éramos os responsáveis pelo encontro dos dois. A cada relacionamento, a vida da Malu só decaia. Era um homem pior que o outro. Antes de sair, pedi gentilmente àquela senhora que me passasse o endereço.
Cheguei em casa e contei para o San tudo que eu fiquei sabendo. Primeiro, ele ficou bravo. Depois tentou argumentar, tentando me fazer desistir da ideia de procurar Malu. Ele disse:
- Ela fez uma escolha. Você não deveria se meter. E se fosse com a gente? Você gostaria da interferência de terceiros? Procure primeiro saber se ela está bem.
Dessa vez, quem ficou irritada, fui eu:
- Você está brincando, não é? Depois de tudo que eu te disse, essa é a sua opinião? Virar as costas para nossa amiga?
San ainda tentou um último argumento:
- Em quase um ano e meio, ela não te procurou nenhuma vez. Você quer mesmo fazer isso? Se você estiver certa, eu mesmo vou lá e trago ela de volta.
Preferi sair e acabar com aquela conversa sem sentido. San me conhece e sabe que mesmo que ela não tivesse a mesma lealdade por mim, eu jamais deixaria ela ser maltratada por quem quer que fosse. Malu ainda era uma pessoa importante para mim. E eu luto com unhas e dentes por aqueles que eu gosto.
Decidi ir até a casa da Malu na manhã seguinte. Não chamei de primeira. Fiquei na esquina observando. Cerca de vinte minutos depois, Jonas saiu. Pelas roupas, deveria estar indo para a academia. Assim que ele virou na esquina oposta, eu me aproximei e bati na porta.
Logo que ela abriu, eu fiquei completamente sem chão. Malu estava bem mais magra, vestia uma roupa horrorosa que cobria todo o seu corpo e ainda por cima, tinha um hematoma recente no olho esquerdo.
- Pega as suas coisas e vem comigo. - Eu falei sem pensar direito. Só queria tirá-la dali o mais rápido possível.
Malu me abraçou forte, chorando. Ficamos ali na porta abraçadas, por uns cinco minutos. Eu logo a trouxe de volta a realidade:
- Venha! Antes que aquele monstro volte.
Malu parecia estar indecisa. Eu insisti:
- O que você está esperando? Ele pode voltar a qualquer momento. Anda logo!
Malu empacou. Será que ela estava mesmo pensando em continuar alí? Eu não conseguia acreditar que ela estava em dúvida. Eu não queria arriscar que Jonas voltasse e eu piorasse ainda mais a situação dela. Tentei uma última vez:
- Vem comigo, por favor! Eu não vou embora com você nesse estado. Se você ficar, eu vou ficar com você.
Malu arregalou os olhos assustada. Por fim, ela falou:
- Amiga, não é o que você está pensando. Pode ficar tranquila. Jonas não encostou a mão em mim. Eu me machuquei sozinha.
Eu não conseguia acreditar no que ouvia. Eu sempre achei que essas desculpas eram coisa de novela. E que na vida real, nenhuma mulher se sujeitava a passar por uma situação dessa calada. Nem no morro onde eu fui criada, essas coisas eram toleradas. Eu disse:
- Porra, Malu! Você só pode estar de brincadeira. Vai usar uma desculpa dessa comigo? Você sabe de onde eu vim. Não é possível que você vai defender o cara que te bateu.
Malu, tentou outra vez me convencer:
- Estou falando sério, amiga! Não foi o Jonas. Minha vida está muito ruim. Mas, isso aqui não foi culpa dele. - Malu apontava para o hematoma no olho.
Só me restava uma atitude desesperada: Entrei e me sentei no sofá. Vendo o terror nos olhos da Malu, eu falei:
- Vou esperar esse babaca. Quero ouvir da boca dele.
Malu parecia sentir um verdadeiro pavor. Ela, voltando a chorar, me pediu:
- Se eu for com você, tem certeza que eu estarei segura? Achei que você não queria mais saber de mim.
Eu a abracei de novo, queria que ela se sentisse segura já nesse momento. Eu disse:
- Foi você que saiu da minha vida. Eu tentei te aconselhar. Se você me ouvisse apenas uma vez, não estaria passando por isso agora. Vem comigo, por favor! Deixa eu te tirar daqui. Eu não vou ter paz sabendo que você está passando por tudo isso sozinha.
Malu pegou o básico e colocou em uma mochila. Eu sem demora, chamei um Uber. Já estava correndo contra o relógio. O carro do aplicativo chegou e Malu entrou primeiro. Eu já me preparava para entrar no carro, quando Jonas dobrou a esquina e me viu. Eu, muito puta, juntei os braços e dei uma banana para ele. Ele me olhava sem entender nada. Entrei no carro e partimos.
Quando entrasse em casa e procurasse por Malu, ele iria entender.
Continua…