Amigos leitores! Essa é uma parte importante de transição na história. Apesar de uma ou outra citação erótica, o sexo não está presente aqui de forma plena.
Continuando…
Enquanto a Jen e o tio Omar conversavam animados na sala, a Lívia, ao meu lado na cozinha, me deu a ideia de testar as verdadeiras intenções da Jen. Antes que ela saísse, eu pedi:
- Antes da gente começar esse jogo, eu vou tomar um banho. Estou muito suado. Cheguei do serviço e com o almoço que rolava, resolvi ficar por aqui mesmo. Você vai usar esse tempo para encher a cabeça da Jen. Diga para ela que você conversou comigo e eu estou quase aceitando a vontade de vocês. Aproveite e peça ao tio Omar para vir aqui.
Como a minha cozinha era do tipo americana, havia somente uma meia parede na bancada da pia, dando visão para o resto do ambiente, eu pude acompanhar o deslocamento da Lívia. Ela falou com o tio Omar, que logo levantou e caminhou em minha direção. Lívia foi sentar-se ao lado de Jen.
Tio Omar já chegou brincando:
- O que aconteceu? Desaprendeu a fazer caipirinha?
Eu fui direto ao ponto:
- Eu vou testar as intenções da Jen com esse papo de ficar com outras mulheres e preciso novamente de você.
Tio Omar me olhou preocupado. Eu expliquei:
- Você está livre para se soltar. Não se preocupe comigo. Se ela der mole, parta para cima. Preciso acabar logo com essas dúvidas. Ou elas irão acabar comigo.
Tio Omar fez cara de deboche e depois disse:
- Você tem a noção exata do que está me pedindo? Eu não quero ser o responsável se alguma coisa sair errado. Pense bem se vale a pena.
Eu precisava mesmo resolver de uma vez por todas essa situação ou meu relacionamento com a Jen estaria sempre carregando essa sombra da dúvida. Eu pedi:
- Por favor! Eu só tenho você para me ajudar. Se Jen for a mulher certa para mim, ela vai passar com louvor por esse teste. Posso contar com você?
Tio Omar respirou fundo e falou:
- Vou fazer isso por você. Mas, lhe dou um conselho: avalie as intenções. Não é necessário que eu me envolva com ela, se ela falhar no teste. As intenções de uma pessoa, aparecem antes das ações. Fique atento a isso.
Meu tio, preocupado comigo, ainda disse mais:
- Eu acho que você está fazendo a coisa errada. Mas, você não é mais criança e eu preciso começar a deixar que você tome as suas próprias decisões sem que eu interfira. Você já está há um ano aqui e parece que está indo muito bem.
Eu agradeci, lhe entreguei as caipirinhas, pedindo que levasse para as meninas e disse que ia tomar um banho e já voltava. Passando pela sala, avisei a Jen sobre o banho, e pisquei para a Lívia enquanto dava um beijo na Jen.
As últimas palavras do tio Omar me fizeram reavaliar toda a situação. "Será que eu estava criando uma cilada para mim mesmo? Eu já havia conversado com a Jen sobre tudo isso e ela foi muito honesta e esclarecedora. Não seria tudo isso, apenas uma pressão da Lívia para que eu e a Jen nos deixássemos seduzir por ela?" Eu pensava enquanto a água fria refrescava o calor daquele anoitecer que ainda iria esquentar muito.
Putz! Esqueci de pegar a toalha. Quem nunca…
- Jen! Pega uma toalha para mim, por favor! - Gritei do banheiro.
Para a minha enorme surpresa, poucos minutos depois, era Lívia que passava pela porta com a minha toalha nas mãos. Um pouco assustado, eu tentei esconder a minha nudez, mas de repente, me lembrei da noite em que ela e a Jen tomaram banho juntas e resolvi tirar as mãos que escondiam a minha região genital. Lívia chegou a morder levemente os lábios, encarando com aquela cara de safada, a nova descoberta que fazia. Ela disse:
- Nossa! Agora eu entendo toda essa fascinação da Jen por você. Se eu soubesse…
Eu não me fiz de rogado e comecei a provocá-la:
- Você é especialista nisso. Deixa de ser boba! Na sua profissão, já deve ter visto bem maiores.
Lívia parecia hipnotizada pelo meu pau. Mas, não deixou a provocação passar em branco:
- Eu topo, hein! A Jen também. Só falta você para a gente brincar gostoso. Vamos?
Eu provoquei mais um pouco:
- Já pensou a Jen ouvindo a nossa conversa? Ou o tio Omar?
Lívia, com um sorriso sacana nos lábios, acabou com todos os meus argumentos:
- Quem você acha que me pediu para trazer a toalha?
Antes de sair do banheiro, ela ainda deixou no ar uma última indireta:
- Quatro pessoas reunidas e somente uma é careta. Ó céus, ó vida… Que rapazinho ajuizado.
E se foi, me deixando ali com a maior cara de tacho.
Me enxuguei e fiquei fazendo hora no quarto. Coloquei apenas a cueca e uma bermuda de tactel bem fina. Sentei na cama, avaliando os prós e os contras da situação que se apresentava à minha frente.
Se o San dessa época tivesse a experiência do San que conta essa história hoje, a situação seria encarada apenas como uma tarde gostosa de curtição entre os amigos. Mas, esse San apresentado aqui, ainda era um ingênuo moleque com medo de descobrir todo o potencial de uma relação "incomum".
Fui tirado dos meus pensamentos por uma Jen furiosa que entrava no quarto com cara de poucos amigos. Ela disse:
- Acho melhor a gente esquecer todas as conversas que a gente vem tendo.
Jen se sentou ao meu lado na cama, me abraçou forte e continuou falando:
- Acho que eu acabei confiando na pessoa errada. Eu quase te arrastei, junto comigo, para essa barca furada.
Eu tentei acalmá-la:
- Ei! Respira. O que foi que aconteceu?
Jen me apertou ainda mais forte e disse:
- Você me perdoa? Esquece esse negócio de outras mulheres. Prometo que vou parar de pensar nisso e sossegar o meu facho.
Eu não estava entendendo porra nenhuma. Insisti:
- O que foi, amor? Me conta o que aconteceu, estou perdido aqui?
Jen respirou fundo e confessou:
- Desde que contei para a Lívia que eu tinha vontade ainda de estar com outras mulheres, ela começou a se colocar no meio da história. No começo, ela não era direta quando eu a questionava se ela tinha vontade de ficar com você.
Eu interrompi:
- Calma, calma! Que história é essa que você contou para a Lívia? Eu estava aqui achando que era ela que estava forçando a barra.
Jen, irritada, chamou a minha atenção:
- Vai deixar eu falar ou vai ficar me interrompendo? Escuta tudo e depois a gente conversa.
Eu segurei a minha onda e fiz sinal para ela continuar. Ela até se acalmou um pouco e depois prosseguiu:
- Então! Fui eu que contei para ela primeiro. Depois de negar por uns dias, ela acabou confessando que sempre teve vontade de dar para você. Mas veio aquele papo de amizade e que ela não queria perder o que vocês dois tinham…
Eu só olhava, surpreso. Jen continuou:
- Foi aí que eu tive a ideia: Eu tinha algumas amigas mais velhas no Rio, eu não, a Cláudia, que também eram bissexuais. Elas eram casadas e os maridos não ligavam para isso. Até participavam com regularidade. Quem melhor do que a Lívia para isso? É sua amiga, eu e ela estávamos começando uma amizade bem legal… mais aí, agora ela vem com esses papos tortos. Que vontade de dar na cara dela.
Eu já tinha sacado o que aconteceu e estava me sentindo culpado. Nem precisei entrar no jogo para a Jen passar no teste. Mas eu precisava ouvir da boca dela. Eu perguntei:
- E o que ela fez que te deixou tão brava dessa forma?
- A filha da puta ficou botando pilha para a gente transar todos juntos, acredita? Imagina, eu dando para o tio. Você é o único homem da minha vida. E agora ela também vai se foder, pois nem dela eu quero saber mais.
Eu precisava confessar, mesmo que o custo fosse alto. Eu disse:
- Não é culpa da Lívia. Ela só estava fazendo o que eu pedi. Era eu que queria tirar essa dúvida do peito. Me desculpe! Posso ter sido ingênuo, mas sua reação já me deu a resposta que eu esperava.
Jen me olhou decepcionada. Saiu do quarto e foi em direção a sala. Parou em frente a Lívia e disse:
- Me desculpe, amiga! O San confessou lá no quarto. Desculpa, ter sido tão rude com você.
Jen saiu do apartamento sem nem olhar para trás. Eu corri atrás dela no corredor, tentando me desculpar, mas antes que eu dissesse alguma coisa, ela parou, olhou em minha direção e disse com a voz embargada e algumas lágrimas escorrendo:
- Não venha atrás de mim, eu preciso ficar sozinha. Fique tranquilo! Não vou sair do condomínio.
Preferi deixar que ela esfriasse a cabeça. Se havia alguém errado nessa história, era somente eu. O pior é que o meu tio me avisou. Nós, quando jovens, temos a tendência de não dar valor à experiência e à sabedoria dos mais velhos. Só me restava esperar.
Voltei para a sala cabisbaixo. Lívia, a parceria de sempre, resolveu dividir o fardo comigo. Ela disse:
- Pisamos na bola. Vamos dar tempo a ela. Já que ela volta.
Eu, resignado, concordei:
- É o que me resta, né?
Tio Omar nos ouvia calado. Mesmo podendo mostrar que ele tinha razão com o famoso "eu te avisei", ele preferiu mostrar solidariedade. Ele sabia que Lívia e eu estávamos mal com a situação. Ele se levantou dizendo:
- Me esperem aqui. Lá vou eu de novo servir de mensageiro para esses dois. Vou tentar conversar com ela. Mas já aviso aos dois, minha preocupação é com ela. Vocês merecem o que estão sentindo.
Tio Omar desceu atrás da Jen. Lívia e eu ficamos um bom tempo de cabeça baixa, ruminando aquele sentimento de impotência e arrependimento. Até que ela quebrou o silêncio com um comentário idiota e bem típico dela:
- Pensa pelo lado positivo. Agora nós vamos testar o amor da Jen. Quem ama, perdoa. Não é?
Eu só respondi um sonoro e raivoso:
- Vai tomar no cu, Lívia!
Nós nos olhamos por alguns segundos e caímos na risada. Não era engraçado, era um pouco de desespero, na verdade.
Eu temia realmente que aquele fosse o fim. Como disse antes, a inexperiência nos cega para os desafios da vida. Novamente, em vez de confiar no amor da Jen por mim, eu começava a pensar nas coisas que poderiam fazer com que ela continuasse ao meu lado: sua situação ruim no Rio, o emprego novo, a vida mais calma e com mais oportunidades em São Paulo...
Lívia me tirou dos meus pensamentos:
- Nem foi uma coisa tão grave. E outra, ela está brava com você, não comigo. Vou descer atrás deles também.
Eu preferi ficar quieto no meu canto. Eu já tinha feito cagadas demais. Deixei que a Lívia fosse e resolvi esperar.
Eles só retornaram duas horas e meia depois, por volta das vinte e uma horas. Eu já tinha pensado demais, deitado na minha cama, e não tinha chegado a conclusão nenhuma.
Ouvi a porta da sala se abrir e passos pelo corredor. Nenhuma conversa, nenhuma indicação de quem vinha em minha direção. Era Jen que entrava no quarto, ainda com cara de decepção.
Continua…