01. Ultravioleta - Como eu morro

Um conto erótico de San Rick
Categoria: Homossexual
Contém 1917 palavras
Data: 27/04/2022 23:52:03

Ultravioleta - Como eu morro.

Minha vida nunca foi fácil, sempre lutei por tudo que precisava. Se ninguém queria saber de mim, eu também não queria saber de ninguém. Levei minha vida nesse lema por muito tempo, um moleque perdido e sem futuro, vagando por ai e esperando o desconhecido, sem família e sem ninguém que se importasse, uma tragédia perfeita pra não acontecer. O que você vai ler aqui não é um conto de fadas, não vai ser um romance e muito menos vai ficar mais fácil em algum momento, pode ser desagradável para uns ou longo demais para outros, mas é a minha história e sinto necessidade de contar. O final feliz é incerto e as minhas lágrimas vão superar minhas risadas, o aviso foi dado, boa sorte.

Me chamo Marco e nunca conheci meus pais, fui deixado em um orfanato ainda quando era uma criança de colo, nunca tive interesse em conhece-los e pouco me importava como estavam. Nesse orfanato eu era quase diariamente ridicularizado pelos outros meninos, eles me chutavam, me agrediam, me xingavam e diversas vezes me humilhavam quando ainda era apenas uma criança sem noção daqueles abusos. Por ser um garoto gordinho, fraco e inocente meus primeiros anos de vida naquele lugar foram insuportáveis e inclusive guardo de recordação algumas cicatrizes daquela época. As cuidadoras eram poucas e menor ainda era o número das que realmente se importavam conosco, eu não era o único menino a sofrer aquelas agressões, mas isso era tão comum que quando fui crescendo e mudando o corpo e a mente os mesmos meninos que faziam bullying comigo agora me inseriam em seus grupinhos para agredir os novos moradores do local.

Com o passar dos anos eu era quem dava as cartas no orfanato, não havia os meninos mais velhos já que ou tinham sido milagrosamente adotados ou completado a idade que os colocava pra fora da instituição. Com 16 anos faltava apenas dois anos para que também fosse despejado, eu sonhava com o dia que ia poder ser livre daquele lugar. Não importava qual era o meu destino longe dali, mas a minha sina naquele lugar finalmente iria ter fim. Sabia que fome não passaria, era forte, esperto, malandro e sempre estive disposto a passar por qualquer limite.

Era baixo, tinha 1.69, magro do tipo bem magrelo mesmo mas ainda assim bastante definido. Sempre me apelidaram de índio, por que com minha pele morena e os cabelos lisos que formavam uma franja lembrava um dos nativos do país. Não me considerava feio, muito pelo contrário, as meninas no orfanato brigavam pelos meus olhares castanhos e lábios carnudos. Quase fui adotado diversas vezes, pelo meu ar "diferente" mas os casais sempre desistiam pelo meu temperamento. E isso só me fez entender que se eu quisesse ser feliz nesse mundo, tinha que ser apenas comigo mesmo.

Minha história muda quando conheci a turma da caixa alta. Um grupo de moleques tinham fama por assaltar os moradores da região em que vivia. Por diversa vezes me encontrei com esses garotos em ocasiões sem importância, mas naquele dia, naquele dia ensolarado e ainda sim congelante eu mal sabia o que aconteceria comigo por me aproximar deles. Então numa manhã onde fomos todos para a Praia lá estavam eles, em bando como animais, eles riam e olhavam para o nosso grupo de orfãos descendo as areias sujas daquele litoral. Eu e meus amigos pegamos alguns lanches da cesta que as tias traziam e sentamos em um local bem afastado das criancinhas. Observamos o mar e fizemos as mesmas piadas bobas durante um tempo, tudo parecia bem, demos um mergulho e ao voltar vimos os garotos da caixa alta vindo em nossa direção. Tomei a liderança e enquanto todos se borravam de medo eu os encarava de cara fechada.

- Marquinhos pivete! Chega ai porra, beleza sacaninha?

Fiquei surpreso a escutar a voz de Gago, um dos moleques que moravam no orfanato na época em que eu era só um pirralho sem eira nem beira. Gago sempre foi um dos únicos a não mexer comigo mesmo não fazendo nada pra impedir os abusos que sofria quando era pequeno. Ele não tinha mudado nada desde que saiu do orfanato, estava mais magro, os cabelos trançados e mais desleixado sem dúvida, porém com exceção disso não tinha mudado nada. Eu mudei um pouco minha feição para algo mais suave e apertei a mão dele. Olhei para trás e fiz um sinal para os meninos ficarem mais tranquilos. Os garotos da caixa alta era muito mais velhos, fortes e malvados do que nós. Gago parecia ser o mais simpático deles.

- Qual foi Gago? - Disse segurando na mão dele.

- Qual foi o que pow, tá com a galera aqui - Ele olhou ao redor - Descola um lanche ai poxa

- Tô com lanche não mané, olha ai po.

- Qual foi Marcola, vai descarar pivete?

Olhei pra trás tentando demonstrar aos meninos que estava tudo bem. Estendi minha mão até um saco atrás de algumas mochilas e entreguei um pacote de biscoito com recheio para eles que sorriram entre si. Os meninos do meu grupo foram lentamente saindo despercebidos um de cada vez e eu resolvi ser o último a me afastar para ter certeza de que ia ficar tudo bem. Enquanto os mais novos voltavam para o grupo maior na areia eu continuava na campainha dos meninos da caixa alta. Eles conversavam sobre milhares de assuntos e eu pude relembrar os dias onde não mandava em nada, eles me intimidavam, faziam parte de uma ossada de confusões que eu não fazia parte e nem queria fazer. Queria só manter o mínimo de contato e voltar para a praia junto com os outros, mas a tarde caia com muita rapidez, muita velocidade e aos poucos minha pose de intimidador era substituída por uma de intimidado. Quando comecei a notar que as cuidadoras se levantavam e já começavam a arrumar as coisas para retornar ao orfanato eu senti um frio tremendo na espinha com a possibilidade de ficar ali, com aqueles garotos que eram sinónimo de problema, mais problema do que eu.

- Porra pivete, acho que vou sair já, as tias ali já tão chamando.

- Marcos, se ligue parceiro - Gago levantou e colocou a mão no meu ombro - A gente vai colar lá no alto pra pegar uma parada, não quer ir com a gente não?

Nesse momento eu percebi que não tinha mais pra onde correr. Eles não iam me deixar sair dali, sei que deve parecer fácil dizer não, mas quando caras como eles pedem uma coisa pra você é melhor você aceitar antes que aconteça muita merda com você. Eu engoli o não nocivo garganta abaixo e respondi com o meu mais fraco "Sim, pode ser". Os outros continuaram sérios, enquanto Gago foi o único a sorrir. Então antes das cuidadoras notarem que tinha sumido eu os meus novos "amigos" saimos escondidos entre a área de encosta.

Caminhamos pela orla da parte mais inabitável até a área onde os playboys passavam as férias. Era visível o quanto todos nos encaravam, eu me sentia cada vez mais intimidade. Eu era um rei no meu mundo criado por mim, ali eu me sentia um peixe fora d'água. Todos aqueles olharem de julgamento, como eu odiava aquela situação. O sol começava a esfriar quando chegamos num condomínio baita do luxuoso, provavelmente todos os riquinhos que vimos na praia morava lá. Os rapazes foram até um pico mais baixo do muro do condomínio e pularam um a um, eu fui o último a pular e admito que tive um certo desequilíbrio. Ao perguntar para Gago onde íamos ele falou que eles iam para uma casa tirar satisfação com um "parceiro". Eu não perguntei muita coisa após isso e fui com eles passando na frente de uma casa maior que a anterior. Paramos então numa verdadeira mansão, observei em silêncio cada menino pular uma cerca de plantas para entrar na gigantesca casa, quando seria minha vez de pular escutei Gago dizer:

- Marquinho, não pula não, fica e fora e grita se aparecer alguém ou der alguma merda

Eu congelei, eles com certeza não iam fazer algo "correto". Aquilo significava que talvez eu fosse um cúmplice de algum crime? O que eu deveria fazer, eu era só um moleque de 16 anos, sem pai e mãe, sem casa e sem nada. Aquele parecia o início de um filme de terror, algo me dizia para correr dali, meu coração parecia estar perto de explodir e ainda sim eu disse "ok". Fiquei paralisado do lado de fora daquela mansão, pronto para correr, preparado para presenciar alguma tragédia. Eu nunca fui religioso, mas admito ter rezado pra Deus me salvar naquele momento.

De repente gritos começaram a sair da casa. A voz de homem bem mais velho que dos outros meninos ecoava pedindo socorro e para que parassem aquilo que faziam. Eu deveria ajudar? Me meter uma briga que não era minha? Eu não sabia o que fazer então continuei no meu posto enquanto escutava gritos horríveis vindo da casa. Eles estavam definitivamente torturando as pessoas que estavam na residência, de um jeito muito cruel eu acredito ter sido. Logo os gritos de uma mulher começaram a se juntar aos do homem e os apelos se tornaram insuportáveis. Tive uma vontade tão grande de entrar para ajudar o casal que engoli o meu medo, escalei algumas arestas deixadas pelos outros rapazes e quando estava prestes a pular para o outro lado eu pude escutar as sirenes da polícia, me assustei e cai de uma altura até baixa. Gritei e provavelmente alertei os meliantes que saiam desesperados cada um para um lado diferente, Gago e eu corremos para o mesmo lado.

- CORRE ÍNDIO! CORRE CARALHO

Acredito nunca ter corrido tanto na minha vida, sons de disparos ecoavam por todo o condomínio e se juntavam a orquestra horripilante que nascia na minha cabeça apavorada. Gago então apontou para um quintal de alguma casa que ficava entre uma cerca e outra de uma determinada passagem. Corremos desesperados para entrar ali a tempo, foi nesse momento que percebi que Gago não estava mais comigo, o vi caído em algum lugar e quando pausei a corrida para ajudar eu posso jurar que vi uma bala passar bem na minha frente. Me virei e continuei correndo, era eu por eu naquele momento, sem escapatória. Corri alguns metros até achar o tão esperado local, tinham duas entradas para dois quintais. Foi pelo que estava a minha esquerda e entrei num quintal até simples para o condomínio, continuei a escutar os policiais quando ouvi um deles dizer.

- Entra pelo quintal e eu vou pelo outro lado

Nesse momento peguei uma pá jogada no quintal e quebrei o cadeado da porta dos fundos, chutei a porta e sem nada para impedir meu desespero invadi a cozinha daquela residência imensa. Era uma casa de respeito e que combinava com minha respiração pesada, meu peito parecia explodir eu tinha certeza que não ia sobreviver, mas então senti algo atrás de mim, todo meu corpo se arrepiou e só tive tempo de observar uma farda do exército jogada numa cadeira da cozinha enquanto um cano de arma vinha de encontro com a minha nuca e me apaga na hora.

E é assim senhoras e senhores, que eu morro.

Espero que tenham gostado, vai ser um conto com muitos possíveis rumos então eu espero que vocês deem sugestões. Obrigado pelo seu tempo e até logo com o capítulo 02.

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