ALMIR (I) (Querido Professor Cláudio)

Um conto erótico de Cláudio Newgromont
Categoria: Homossexual
Contém 1015 palavras
Data: 11/05/2022 09:07:36
Assuntos: Gay, Homossexual

Querido Prof. Cláudio

Tudo bem?

Quero, inicialmente, agradecer pela sua atenção para comigo, na última segunda-feira, quando me ofereceu carona, na universidade. Como sou novato, e de outra cidade, não tenho amigos aqui em São Carlos. Eu estava meio perdidão, meio sem saber como voltar para casa, neste primeiro dia de aula. Ter conhecido você foi muito legal.

Agradeço pela ajuda oferecida a um aluno assustado e tímido, retraído, recolhido numa mesa afastada, na praça de alimentação, que estava começando a entrar em pânico, com o avançar da hora. Sua abordagem cordial, sua disposição em sentar ao meu lado e puxar conversa, perguntando o meu curso, de onde eu era e para onde estava indo me identificando como “fera”, tudo isso me tranquilizou imensamente.

Fiquei super de boas em me abrir com você. Identificação imediata, saca? Amei sua atenção ao me ouvir falar que sou da minúscula cidade de Uru, onde meus pais têm uma fazenda pecuária, e concordaram em bancar minha graduação em Agronomia, alugando um apartamento para mim no centro de São Carlos – na verdade, investimento visando ao futuro da propriedade. Falei da minha timidez de filho único, de minha dificuldade em fazer amizade, de nunca ter saído de casa antes e por isso estar meio que apavorado numa cidade tão grande.

O que começou com uma gentileza de um professor interessado em ajudar um aluno solitário, numa primeira noite de aula, foi evoluindo para uma empatia de sua parte, que despertou uma confiança imediata da minha. Eu me abri com você como se já o conhecesse há séculos. Naquela meia hora de conversa, pude sentir sua sinceridade, sua preocupação, sua disponibilidade.

Aí você me ofereceu carona, dizendo que morava num bairro cujo caminho passava exatamente em frente ao condomínio onde moro. Nossa, respirei aliviado. Eu cheguei há pouquíssimo tempo na cidade, e não tive ainda como me familiarizar com o sistema de ônibus nem transportes de aplicativo. Fiquei super feliz com a coincidência de nos encontrarmos naquela praça de alimentação.

No trajeto para o centro, fui me sentindo cada vez mais tranquilo. Você mostrou-se um cara super do bem, inteligente, sensível. Tranquilo, discreto, um papo agradável. Massa demais te conhecer logo no primeiro dia de aula, e quando eu mais precisava encontrar alguém. Pena que você não será meu professor. Mas amigo com certeza será, não é?

Fiquei ainda mais feliz quando você falou que este é o seu caminho de todas as noites, e que, se eu quisesse, poderia me oferecer carona na ida e na volta – pelo menos até que eu me enturmasse.

Nesta primeira semana de idas e vindas, eu me abri completamente com você. Senti-me muito à vontade. Falei abertamente sobre minha vida, meus medos, meus desejos. Você virou meu confidente. E senti também que você falava pra mim suas coisas, seus problemas... Nossa diferença de idade não fazia de você um velho chato a me dar lições de moral, nem de mim um garoto medroso em busca de uma figura paterna. Não. As quatro décadas que nos separam cronologicamente em nada interferem. Somos dois amigos e companheiros.

Depois desta primeira semana, comecei a pensar e a sentir umas coisas inéditas para mim. Do nada, eu me pegava pensando em você. Batia umas vontades loucas de chegar logo a hora da carona, e quando isso acontecia eu ficava tão feliz por dentro, que acho que dei bandeira algumas vezes.

Nossa! O fim de semana aqui na fazenda foi tão longo e sem graça! Nesta noite de domingo, arrumando minha mala para viajar amanhã cedinho, não vejo a hora de te encontrar.

Vou te contar uma coisa que aconteceu no finalzinho desta tarde, que acho que não terei coragem de contar pessoalmente – na verdade, estou catando força para escrever ainda agora.

Mas vamos lá. Quando o sol começou a esfriar, saí para dar uma volta na fazenda, por uns lugares lindos e solitários, que eu sempre curti. Tirei toda a minha roupa, como sempre fiz, desde criança, deitei no alto de um lajedo e fiquei olhando as nuvens passando, e aí sua imagem foi chegando de mansinho na minha lembrança, e era como se você estivesse ali, do meu lado, falando comigo.

Comecei a me lembrar que, nas caronas, eu ficava a maior parte do tempo olhando para você – aproveitando que você tinha que prestar atenção na direção. Eu ficava olhando seu rosto sério, enquanto conversava comigo, de vez em quando enfeitado com um sorriso rápido. Impressão minha ou alguma vez flagrei seu olhar passeando sobre meu corpo? Talvez seja paranoia minha, como também deve ser loucura as várias vezes que me peguei imaginando o gosto de sua boca.

Outras vezes, meus olhos se cravavam no seu pescoço e eu queria estar ali pertinho, sentindo seu cheiro. O movimento de suas pernas, ao dirigir, mostrava-me um volume que me deixou várias e várias vezes excitado, como nunca fiquei antes, por ninguém – muito menos por um homem. E agora eu estava excitado, deitado sobre aquela pedra, sem roupa e com a rola apontando para o alto. Imaginando seu corpo junto ao meu, também nu, e eu sugando seu mastro rígido (que ainda não vi, mas sonho com ele quase sempre), e depois ele me penetrando com a suavidade com que você fala e sorri... até a explosão de prazer inundando meu interior.

Pensando essas coisas, minha mão ganhando autonomia, fez-me também explodir, vulcão de lava sensual sobre a pedra, naquela quase noite.

Cara, eu descobri que estou apaixonado por você. Pronto, falei!

Não importa se você não curte esse lance. Se preferir, podemos nos afastar (já aprendi a pegar o ônibus); ou podemos continuar como amigos, que tenho muito a aprender com você, sem falar nessas coisas de paixão, de atração. Mas se você também estiver a fim, eu te ofereço, além da minha amizade e da minha paixão, também o meu corpo e os meus carinhos, assuntos maravilhosos deste sensual curso de extensão universitária.

Desculpe escrever. Eu jamais teria coragem para dizer tudo isso, desse jeito, ao vivo, olhando para você...

Um grande beijo na boca.

Do seu Almir.

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Comentários

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Acontece mais do que imagina, nós de mais idade sempre atraímos algum novinho . . . já imagino aonde isso vai. . .mando meu 10 e merecidas 3 estrelas.

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