RENATA UM GRANDE AMOR – 12 - conflitos e revelações
Depois do feriado nossa rotina de trabalho e correia voltou ao normal, naquele final do mês e início do mês de março não tinha nenhum evento grande, então ela fiava trabalhando em demonstrações de fim de semana em shoppings da nossa cidade, ela e a Maria não se desgrudavam mais, ela estava ajudando bastante a Maria, levando ela pra trabalhar junto, mas ela ainda precisava de mais experiência, então as demonstrações menores, como em supermercados ela estava passando pra Maria.
A Renata tinha terminado a faculdade, mas infelizmente ficou em dependência em duas matérias, sendo assim só poderia se formar propriamente dito no meio do ano, ela estava bem chateada com isso, mas acabou tirando de letra.
Março estava quase na metade já e com ele estava chegando a data de início da Expo Londrina que naquele ano seria realizada do dia 08 até dia 18, quando falei para ela sobre trabalhar em outro estande que não fosse aquele que ela já tinha acertado, ela disse que não poderia porque o valor que eles pegavam era bem diferenciado, ela estava guardando dinheiro já a algum tempo, para realizar um sonho.
Ela tinha um projeto de abrir uma loja de roupas, em sociedade com sua mãe, o investimento seria meio alto, porque o tipo de roupas que ela tinha a intenção de montar, eram roupas para um público de padrão mais alto, então demandava um valor bem puxado. Segundo o que ela me falou o objetivo já estava quase completo, ela acreditava que com as comissões que poderia receber, ficaria melhor ainda o seu saldo. Sendo assim eu apesar de toda minha insegurança e desconfiança do que poderia acontecer, não tinha como impedir que ela trabalhasse lá, só me restava confiar e tentar ficar o mais atento possível.
Não me lembro o dia corretamente, mas ela e a Maria teriam uma reunião com o pessoal da empresa para definirem horários, terem prova dos uniformes, enfim definirem diversos detalhes do trabalho, eu estava em um dia bem corrido, então eu não poderia levá-la, eu e o Marcelo combinamos de ele levar e eu ir buscar e depois iriamos sair pra jantar todos juntos. No horário combinado cheguei para pegá-las, quando chegaram no carro a Renata estava meio estranha, parecia meio brava comigo, me cumprimentou meio friamente, com um beijo que mal encostou na minha boca, a Maria estava com um olhar meio estranho, senti que tinha acontecido alguma coisa, mas não quis perguntar o que era, quando estava saindo pra ir ao restaurante que tínhamos combinado, a Renata disse que não iria mais jantar que gostaria de ir embora pra sua casa, a Maria disse que se fosse possível que gostaria de eu deixá-la na sua casa, assim que ela desceu eu falei:
- Olha já que estamos aqui bem perto de casa, você poderia dormir por aqui, é bem mais próximo, amanhã cedo quando eu for pro trabalho eu te deixo na sua casa, o que acha?
Ela não estava me olhando direito, mas me respondeu:
- Tudo bem pode se sim, precisamos conversar sobre algumas coisas e ficando sozinhos vai ser melhor.
Fui pra casa, enquanto estávamos no elevador, perguntei o que iriamos jantar se poderia ser lanche ou pizza, ele respondeu que não queria nada que já tinha comido um pouco na reunião e que estava sem fome. Pedi um lanche e fui tomar um banho, depois e me trocar fui até a sala, ela estava com a tv ligada, mas parecia que não assistia nada, estava com um olhar distante. Sentei ao seu lado e já fui falando:
- Pronto, estou aqui, vamos lá, vamos conversar, você está muito estranha, não sei o que está acontecendo, mas deve ser algo que esta te incomodando muito, porque você não está olhando na minha cara e mal me cumprimentou no carro, sinceramente não sei o que pode ter acontecido de tão grave para eu ser tratado dessa forma.
Ela se virou no sofá ficando de frente pra mim e foi me perguntando:
- Tem certeza que não sabe e nem tem ideia do que pode ter acontecido, o que você fez? Infelizmente você está sendo muito cínico já faz vários dias e se eu não descobrisse sem querer devido a um comentário de uma outra pessoa, você nunca falaria nada pra mim.
Nessa hora eu que já estava curioso, fiquei mais ainda, não conseguia entender nada, eu não tinha feito nada, nem implicado mais com a feira eu tinha, então o que eu poderia ter feito de tão grave?
- Olha Renata, não tenho a mínima ideia do que você está falando, não fiz nada de errado, sinceramente não estou entendendo nada, mas me fala o que eu fiz de tão grave?
Ela ficou me olhando com um expressão bem estranha, parecia que estava tentando ler meus pensamentos ou alguma coisa do tipo e resolveu começar a falar.
- Paulo quando nos conhecemos a praticamente um ano atrás você me conheceu devido ao meu trabalho, sempre soube que adoro o que eu faço, mesmo quando é eventos grandes com horário puxado, eu trabalho sem reclamar e com a maior seriedade possível, muitas vezes temos que usar roupas um pouco mais chamativas e sensuais, isso não me agrada, mas eu também sei que muitas vezes é o que chama a atenção para alguns produtos, sempre soube separar muito bem, os assuntos relativos ao produto e quando eram cantadas, muitas vezes sutis e muitas outras descaradas, nunca tive problema com isso, sempre tirei de letra, tanto que quando nos conhecemos, eu fiz de tudo para te mostrar o quanto aquele carro era bom, em nenhum momento precisei usar de sensualidade para te mostrar tudo e te ajudar a comprar o carro, claro que estava ali sendo remunerada pra isso, esse é meu trabalho e eu sei que faço muito bem minha função.
Eu estava mais perdido ainda, não tinha ideia de aonde aquela conversa iria nos levar. Fiquei olhando pra ela mas perdido ainda e ela continuou a falar, ela falava com um tom de voz normal, mas bem sério e as lagrimas desciam pelo seu rosto, não me lembrava de algum vez tê-la visto daquela forma.
- Quando começamos a sair juntos, tivemos alguns desentendimentos, devido a nossa diferença de vermos as coisas, eu senti muito ciúmes de você mas me controlava eu percebia que você nem tinha ideia de quanto chamava atenção de algumas garotas, mas você sempre foi mais ciumento, eu sempre fui mais espontânea, sempre conheci muitas pessoas e com isso tivemos várias discussões devido a nossa diferença de mundos, no início você demorou pra entender como eram meus horários e tivemos outras devido a erros meus, eu reconheço que no início foi um pouco difícil de me acostumar com um namorado, mas eu sempre te respeitei, e depois que conversamos e fomos nos entendendo eu nunca mais pisei na bola com você.
Nessa hora eu resolvi falar:
- Olha Renata não tenho a mínima ideia do que está acontecendo, não me lembro de ter feito nada que pudesse te incomodar tanto.
Nessa hora ela foi me interrompendo e pedindo pra eu esperar ela terminar de falar que logo eu iria entender aonde ela queria chegar. Parei de falar e resolvi terminar de escutar. Ela foi continuando.
- Nos últimos meses a gente foi se soltando mais para várias situações eu me abri com você, fizemos coisas que foram prazerosas para nós dois, nós soubemos aproveitar a nossa cumplicidade que sinceramente eu estava acreditando que nós estávamos tendo muita confiança entre nós dois. No mês passado no trabalho do estande do Marcelo, você viu algo e conheceu dois amigos que a muito tempo eu não via, sei que a forma que o Augusto estava conversando comigo era pra você que estava chegando naquela hora parecia estanha, mas te garanto que não era nada demais, sei também que o Rubens foi bem grosseiro e sem noção com você, sei que ele te provocou um bom tanto e você soube se sair muito bem, fiquei muito orgulhosa, mas hoje eu fiquei sabendo que você não se segurou como eu imaginei, e resolveu agir pelas minhas costas, eu estou tão decepcionada com você, eu não sei mesurar o quão decepcionada eu estou me sentindo, eu estou como a boba da corte a última a saber das coisas.
Nessa hora eu comecei a entende e perceber que com certeza o canalha do Rubens estava agindo para acabar com meu namoro, ele com certeza iria fazer de tudo para acabar com a confiança que ela tinha em mim, fiquei olhando e esperando ela terminar de falar.
- Hoje sem querer o Marcelo comentou que você foi pedir pra ele tentar arrumar algum trabalho em outro estande com algum conhecido dele, que você alegou que nosso horário seria muito puxado no estande dos carros, que assim vocês poderiam ficar em nossa companhia por mais tempo, que naquele estande de carros o assédio em cima da gente seria muito grande, quando ele falou aquilo eu achei muito estranho que você não falar nada pra mim, ele comentou no carro quando a Maria me perguntou sobre os horários, fiquei meio sem graça, porque ele tinha certeza que você teria comentado comigo, mas não! Você não falou nada, ali já fiquei puta com isso, de você interferir no meu trabalho, mas deixei pra lá e iria vir conversar com você a respeito e pronto, mas para minha surpresa, quando chegamos na reunião, um dos gerentes responsáveis pela feira me chamou de lado e perguntou se eu estava bem se tinha me recuperado? Eu perguntei recuperado do que, nessa hora o cara ficou muito sem graça, não queria continuar a falar, mas insisti muito e ele me contou algumas coisas que até agora eu não consegui entender a que ponto o seu ciúmes está chegando. Você só pode estar começando a ficar paranoico não tem outra explicação
Nessa hora meu sangue já estava fervendo, não estava me segurando e já fui perguntado o que o cara falou a ponto dela me falar uma barbaridade dessa, que eu não tinha falado com o Marcelo daquela forma que o meu pedido não foi assim e ela aumentando o tom de voz já quase gritando continuou...
- O gerente me falou que uns cinco dias atrás você entrou em contato com eles, dizendo que eu não estava muito bem de saúde, que ´precisaria ficar afastada da feira, que não iria poder trabalhar esse ano, que eles já estavam providenciando uma outra garota para me substituir, fiquei sem saber o que falar pra ele, pedi muitas desculpas, expliquei que deveria ter acontecido algum mal-entendido, que eu estava super bem e que inclusive estava me preparando para a maratona de horários que em nenhum outro ano eu estava tão empolgada para trabalhar. Ele ficou me olhando e disse que iria ver o que conseguiria com o pessoal porque ele sabia que eu era uma das melhores ajudante de vendas que eles tinham nos últimos anos, que com certeza isso iria contar pontos a meu favor.
- Te confesso que na hora eu dei um jeito e fui até ao banheiro e tive um crise de choro e de raiva de você, a minha vontade era te ligar cheguei pegar o celular, mas eu tremia tanto que não consegui ligar eu iria fazer você ir até lá e terminar tudo com você na frente de todos e falar que você estava ficando doente com seu ciúmes, que nunca na minha vida iria aceitar uma coisa desse tipo, a sorte foi que a Maria percebeu tudo e foi ao meu encontro, ela com jeito foi me acalmando e falando que de nada iria adiantar eu brigar e fazer escândalo ali, que no fundo só iria me prejudicar, ficamos ali um tempinho e quando tinha me acalmado um pouco resolvemos voltar e terminar de provar os uniformes.
Nessa hora eu iria começar a falar mas ela não deixou e praticamente gritando comigo e chorando continuou:
- Eu queria entender e saber em qual parte do nosso namoro, você começou a se fazer de sonso e agir pelas minhas costas, com seu ciúmes você está me prejudicando, você sabe muito bem que os valores desse trabalho são muito importantes pra mim, você não tinha esse direito, nunca na minha vida precisei me curvar a nenhum homem e não vai ser agora que vou começar e com o coração rachado no meio e com muita dor, eu te falo que se você não tiver uma boa explicação para toda essa palhaçada, por mais que eu te ame, nosso namoro termina aqui! Vai me fala agora! Eu quero e preciso dessa explicação.
Depois de ela ter parado de falar, ela estava chorando bastante, tentei dar um abraço mas ela me empurrou bem firmemente me deixando longe. Nessa hora o lanche que eu tinha pedido chegou, ela foi até a cozinha tomou um copo de agua, e se acalmou um pouco.
Me levantei e pedi pra esperar que já voltava, recebi o lanche e depois fui buscar meu celular que estava no quarto, eu estava sem chão, não sabia o que poderia ter acontecido, fiquei tentando raciocinar e única coisa que vinha na minha cabeça era o filho da puta do Rubens tentando acabar com nosso namoro. mas não entendia o que o Marcelo estava ganhando com aquilo de tentar influenciar ela dessa forma, voltei pra sala, e fui mostrar uma carta na Manga que eu tinha, naquele dia no banheiro na hora não pensei que poderia acontecer algo desse tipo de coisa, mas tive uma intuição que aquela conversa poderia me ajudar e muito, parece coisa de novela, mas foi o sentimento que tive na hora e por isso consegui gravar quase toda a conversa que o pai e filho tiveram no banheiro, sim eu com meu celular consegui gravar eles combinando que na feira iriam dar um jeito de saírem com duas. Que elas trabalhando lá eles poderiam conseguir tudo o que queriam.
Ela tinha voltado a chorar muito e não olhava pra mim, me sentei em sua frente peguei uma de suas mãos, eu estava tremendo de tanto nervoso, estava com vontade de chorar também, meu peito doía de tanto nervoso com tanta sacanagem que estavam fazendo conosco. Peguei sua mão e comecei a tentar acalma-la e explicar tudo e mostrar a verdade pra ela.
- Renata, olha já entendi tudo o que está acontecendo, tem gente que não quer o nosso namoro, estão fazendo de tudo pra nos separar, eu nunca faria uma coisa dessa, por mais ciúmes que eu pudesse ter e sou o primeiro a reconhecer que tenho bastante sim, afinal você é uma mulher muito linda, mas eu estou conseguindo me segurar, eu sei da importância que esse trabalho tem pra você.
Nessa hora ela não queria me deixar falar dizendo que eu estava inventando alguma desculpa para justificar tudo o que eu teria feito, que era pra eu parar de inventar que tinham gente querendo o fim do nosso namoro.
Nessa hora fui firme com ela e falei que agora era minha vez de falar e a dela de escutar e só depois ela poderia completar.
- Naquele dia que cheguei no estande da empresa do Marcelo e vi você junto com aquele moleque, ele com a mão em sua perna e falando ao pé de ouvido, eu fiquei puto demais, minha vontade era dar uma porrada na cara dele, mas me segurei de tudo quanto foi jeito, não poderia te prejudicar e tinha também que respeitar o Marcelo, afinal de contas eu era somente um convidado e mais nada, então fiquei na minha, mesmo aquele bacaba tentando me humilhar, e não sei aonde eu consegui reunir forças e me controlar e mesmo depois aqui em casa eu não briguei com você, relevei tudo o que tinha acontecido, mas no outro dia como o Marcelo me convidou para assistir a palestra que seria legal para eu conhecer um pouco mais sobre sementes, eu resolvi ir também e mostrar pro Rubens que agora você estava comigo.
Ela me olhava e continuava a chorar esperando eu terminar de falar.
- Quando eu cheguei, tanto o pai quanto o filho me olhavam muito contrariados e olhando pra mim com desdenho e rindo, eu de longe observava você atendendo a todos com a maior educação, eles dois te chamavam a toda hora mas você agia com a maior descrição, não desfazendo deles mas também não dava atenção exagerada, quando teve o intervalo eu fiquei ali de lado, não tinha com quem conversar, e quando estava faltando pouco tempo para voltarmos do intervalo eu resolvi ir ao banheiro, quando estava no box terminando de usar, escutei dois homens entrando e conversando, logo percebi que era o Rubens e o Augusto.
- O filho estava reclamando com o pai e falou mais ou menos assim “não sei o que esse babaca está fazendo aqui, hoje que eu iria dar um jeito de convencer ela de sair comigo e ir pra uma balada, esse cara me aparece aqui”, quando eu reconheci a voz dos dois não sei porque mas resolvi tentar gravar a conversa do pai e do filho e consegui gravar quase tudo, depois que o filho falou isso o pai falou assim que não era pra ele se preocupar que a exposição estava chegando e ele iria conversar com o amigo dele da concessionária que era pra ele contratar você esse ano novamente e também a Maria, ele disse que durante os dias da feira seria mais fácil deles terem maior contato com vocês duas e assim com certeza eles iria convencer você a saírem com eles e que assim ainda seria possível eles conseguirem irem por motel os quatro e fazer uma festa muito boa.
Ela me olhava meio incrédula, e falava que não era possível deles terem falado aquilo, eu rapidamente coloquei a gravação para ela escutar, o som não era dos melhores, mas era possível escutar e ainda reconhecer a voz dos dois, mostrei a ela a data da gravação e depois continuei a falar.
- Renata eu quando escutei tudo isso, quase que sai dali e parti pra cima dos dois, mas seria pior e o errado de história seria eu e os dois ainda sairiam de coitadinhos, eu até hoje não sei como me controlei e resolvi ficar quieto e fazer de conta que não tinha escutado nada, fiquei vários dias remoendo aquilo tudo, eu não queria te mostrar nada e você achar que eu estava neurótico, achei que poderia tentar conseguir uma outra vaga pra você e pra Maria. Assim eu resolvi conversar com o Marcelo uns dias depois que ele e Maria estavam começando a sair e estava encaminhando pra namoro o lance dos dois e realmente pedi pra ele se ele conhecia alguém que pudesse colocar vocês em outro estande, isso eu realmente fiz, mas você se lembra que falei com você também se não seria legal mudar esse ano e variar um pouco o trabalho, mas fiz isso tentando tirar qualquer contato que vocês poderiam ter com o Rubens e com o filho dele, na hora foi a única coisa que pensei, que vocês assim estariam livres de qualquer pressão que ele pudesse fazer e ficar importunando você, mas eu percebi que eu estava errado, que eu deveria confiar em você, que ele não iria conseguir nada daquilo que ele queria.
Ela tinha parado de chorar e parecia que estava tentando absorver e entender tudo aquilo que estava acontecendo. Agora ela já me olhava e eu podia ver em seus olhos a dúvida se tudo aquilo ali era verdade. Eu fui continuando a falar.
- Eu errei sim, estava com ciúmes? Sim estava com muito ciúmes, só de imaginar aquele cara te tocando e fazendo qualquer coisa com você meu peito doía, mas não tinha o que eu fazer a não ser confiar em você e esperar tudo passar, serão dias de muita angustia e sofrimento, sim vão ser, mas eu tenho que confiar em você!!
- Olha Renata, o que aconteceu na sua vida antes de nós nos conhecermos, não me diz respeito, não tenho direito de querer ficar sabendo se você saiu com fulano ou beltrano, eu sei que infelizmente você teve um envolvimento com o Rubens e talvez até com o Augusto, mas não tenho o direito de ficar te cobrando alguma coisa do que já passou, mas a partir do momento que nós estamos juntos eu também não sou obrigado a aturar eles dois perto de você, ainda mais escutando tudo que escutei, por mais que eu não quero que vocês tenham contato, nunca na minha vida faria uma coisa dessas de ligar e inventar uma doença, para que você não participasse da feira, não ocorreu pra você que se eu tivesse feito isso, você iria descobrir rapidamente, como descobriu hoje? E outra coisa como eu saberia com quem falar, eu poderia falar com o pessoal da agência pra eles te colocarem em outro lugar e nem isso eu fiz, quem poderia falar com empresa em seu nome seria somente o pessoal da agencia, você acha que o gerente iria me atender sem ao menos saber quem eu sou?
- Isso com certeza tem o dedo do Rubens, ele com certeza pediu para o amigo dele fazer tudo isso e inventar essa história toda, assim você iria ficar muito puta comigo e poderíamos terminar, quem mais poderia querer nos prejudicar? Agora o que eu não consigo entender é o porquê do Marcelo resolver falar com você somente agora, no dia que vocês estavam indo para reunião? Na chácara ele veio com um papo de ciúmes e de como que eu conseguia lidar com esse trabalho de vocês que ele ficava muito encanado com as roupas e com o tipo de trabalho que a Maria poderia fazer, eu não sei ao certo o que foi que aconteceu ou que vantagem que ele estava levando nisso, mas eu perdi toda confiança que eu tinha nele, alguma coisa está errada, porque ele insistiu em ir levar vocês e eu ir buscar, que ele tinha algumas coisas pra resolver e que era caminho que assim ficaria melhor pra ele, eu nem desconfiei de nada, mas com certeza ele sabia muito bem o que estava fazendo.
Quando parei de falar ela tinha um olhar de surpresa e de dúvidas, fiquei esperando ela falar alguma coisa, mas ela abaixou a cabeça e começou a chorar mais ainda, chorava de soluçar, eu a abracei e tentava acalma-la, dizendo que tudo seria esclarecido que tudo não passou de uma armação que nosso namoro era forte o suficiente para passar por cima de qualquer dessas coisas.
Quando ela se acalmou um pouco, me pediu perdão por tudo o que ela tinha falado e principalmente por ter duvidado de mim, que infelizmente ficou cega de raiva que achou que eu realmente estava tentando prejudicá-la, que foi a Maria que conseguiu convence-la de conversarmos e ela dar a chance de eu explicar tudo certinho, que a vontade dela era ir embora sem me esperar, mas a Maria com jeitinho foi conversando e ela se acalmou um pouco e completou:
- A Maria, parece que percebeu que alguma coisa estava errada, porque no carro ela ainda falou pro Marcelo que se ele tinha certeza daquilo de você ter falado sobre ciúmes e tudo mais, e depois lá na reunião ela também falou a mesma coisa que você sobre o gerente te atender, que ele somente iria atender o pessoal da agencia e não o namorado de uma das recepcionistas, que aquela história estava muito mal contada.
Por fim ficamos ali na sala um bom tempo sentados e abraçados sem dizer nenhuma palavra, eu tinha até esquecido de comer o lanche que tinha pedido, já estava todo frio e eu depois de tudo o que aconteceu ali nem fome tinha mais, somente vontade de esclarecer tudo, já estava ficando tarde mas mesmo assim ela resolveu ligar pra Maria e contar tudo sobre nossa conversa.
- Amiga eu queria te agradecer muito mesmo por tudo que você fez hoje por mim e pelo Paulo, se não fosse sua ajuda eu teria feito besteira, você não imagina o quanto foi importante as suas palavras em me alertar que tinha alguma coisa errada nessa história toda, por telefone não vou conseguir te mostrar o que eu descobri hoje e o porquê do Paulo ter procurado o Marcelo para tentar arrumar uma outra colocação pra nós duas, amanhã cedo a gente se encontra e podemos conversar sobre tudo, só estou te ligando agora para te deixar mais tranquila, que quase tudo está resolvido, vou dormir aqui hoje.
Depois de toda aquela conversa eu fui tomar um banho, precisava dormir mas não tinha sono nenhum, ela também tomou um banho, ela demorou um pouco e quando saiu falou que precisava conversar mais algumas coisas comigo, pedi pra ela esperar, eu estava comendo somente o recheio do lanche pra não dormir de estomago vazio. Ela se sentou no mesmo lugar que estava antes, fui e fiquei ao seu lado, dessa vez com ela me olhando nos olhos, começou a chorar baixinho, abaixou a cabeça respirou fundo e começou a falar.
- Eu preciso te contar algumas coisas, no banho eu resolvi que devo essa explicação pra você, que você mercê saber coisas a meu respeito que quase ninguém sabe, somente algumas amigas bem próximas sabem e não tenho mais tanto contato assim.
Eu já estava começando a ficar nervoso e aflito com o rumo daquela conversa, mas não queria deixar transparecer meu nervosismo, ela pediu mais uma vez para eu não interromper e deixar ela terminar de falar tudo e que depois eu poderia dar minha opinião a respeito de tudo que ela iria me contar. Ela começou a falar e eu tinha certeza que viria uma baita bomba, mas deixei ela falar até o fim.
- Eu, como você sabe muito bem, engravidei muito cedo, o pai da Luiza, no início não assumiu nada, nem eu e muito menos a filha, somente algum tempo depois que ela nasceu, ele por causa dos país que exigiram dele uma pequena aproximação, que ele foi começar a me ajudar com uma pequena pensão, mas não queria contato com a criança, eu infelizmente levei muita porrada da vida nessa época, era muito nova e iria precisar trabalhar, meus pais no primeiro momento ficaram muito bravos comigo, mas por fim me apoiaram demais, se não fossem eles eu não teria conseguido seguir em frente. Eu queria ter uma certa independência deles, afinal eu fiz a cagada então eu que teria que assumir a responsabilidade, depois que a Luiza nasceu, comecei a procurar emprego, não tinha nenhum experiência, e primeiro trabalho é muito difícil, quase ninguém da oportunidade, quando completei dezoito anos consegui um emprego temporário em um supermercado.
Parou respirou um pouco tomou um gole de água e continuou...
- Lá o horário era bem puxado, mas eu precisava do trabalho, depois de quase três meses que estava trabalhando no caixa, uma pessoa de uma agencia que gerencia demonstradoras ou promotoras de produtos como somos chamadas, veio conversar comigo e me ofereceu uma vaga, dizendo que eu conversava bem era bem bonita, eu teria um horário mais flexível e ainda ganharia um salário melhor e foi assim que comecei a trabalhar naquela agencia, depois de alguns anos eu mudei para uma maior e melhor, mas valeu demais a experiência.
Eu estava muito apreensivo com o rumo de toda aquela história, não estava me aguentando de curiosidade, ela sabia disso e me pediu pra ter calma que precisava descrever um pouco de tudo para chegar até aonde ela queria, não me restava mais nada a não ser esperar e ouvir tudo que ela queria falar, mas no fundo eu estava adorando porque estava conhecendo um pouco de seu passado que eu sabia que teria algo meio nebuloso ou algo do tipo.
- Eu trabalhei bastante, eu aceitava vários trabalhos, as meninas que já tinham um pouco mais de experiência recusavam trabalhos que era no início da semana, porque o valor da diária era menor, mas eu não recusava nada, precisava de dinheiro e pegar experiência, o casal que era dono dessa agencia, gostavam do meu jeito de trabalhar, sempre agilizando as coisas, não conseguia ficar parada, as vezes trabalhava em mais de um mercado no dia, isso estava contando bastante pontos pra mim, estava ganhando um salário legal, mas a correria era grande, a única coisa ruim era aguentar os representantes das empresas que estávamos demonstrando os produtos que achavam que a gente era garota de programa e os gerentes dos mercados também, foi difícil de eu impor respeito e fazer eles entenderem que eu não fazia nada daquilo, mas eu sabia que infelizmente várias meninas faziam e eles acabavam generalizando.
Ela falou isso tudo e fez questão de frisar que não aceitou nenhum desses convites.
- Quando eu estava com dezenove anos uma outra agencia maior e com cliente melhores, me procurou e o valor das diárias eram bem melhores, eles me convidaram e aceitei, lá os eventos eram bem maiores, gente trabalhava em corridas no autódromo, em leilões de gado e em feiras maiores na região, e foi em desses leilões que eu conheci o Rubens, ele era um dos anfitriões do leilão, quando fomos apresentados ele foi muito simpático e me tratou com muito respeito e seriedade, ele era um cara bem mais velho que eu, ele tinha uns quarenta e poucos anos, mas um cara de presença, um coroa muito charmoso, eu que estava tão focada no meu trabalho que nesse período de praticamente dois anos só tinha saído com dois carinhas, mas foi horrível, então eu estava numa seca danada, sinceramente subindo pelas paredes e conhecer aquele coroa me acendeu uma luzinha, mas fiquei na minha. Não podia dar bandeira. Fiquei sabendo que ele era um grande fazendeiro de nossa região e tinha fazendas no mato grosso, enfim um cara bem rico, mas aquilo sinceramente não me interessava.
Pedi pra ela esperar um pouco que eu precisava respirar um pouco, eu sabia que agora era que o a iria pegar em nossa conversa, fui até a cozinha e peguei uma cerveja, tomei quase que inteira num gole só, ofereci uma pra ela que aceitou, levei mais uma pra mim, ela também deu um gole enorme, voltei peguei mais uma pra ela, depois de respirar um pouco e relaxar um pouco com a cerveja ela resolveu continuar...
- Nessa noite que eu conheci ele não rolou nada demais somente alguns olhares meio diferentes, dos dois, mas na semana seguinte ele me contratou para outro leilão era menor que o outro, fomos somente em duas meninas, ele a todo momento vinha conversar comigo, me tratando com carinho respeito, no início eu achei que logo ele iria vir com alguma proposta de sair comigo e saber o valor do cachê, mas não, ele foi muito diferente de todos os outros, por fim quando acabou o leilão ele me convidou para ir jantar e eu acabei aceitando, enfim passamos a noite juntos, não vou mentir pra você, foi uma noite incrível, nunca na minha vida tinha sentido tanto prazer, eu ainda hoje acho que naquela noite eu realmente me tornei mulher, as transas que eu tinha tido até ali não eram nada em comparação ao que aconteceu naquela noite. Nunca em minha vida poderia imaginar que conseguiria gozar tanto, e o meu erro foi que como ele me tratou de uma forma nunca imaginada por mim, fiquei encantada achava que estava apaixonada, mas depois nos outros dias veio a realidade, ele me deu um baita gelo, fiquei desconsolada, mas não poderia cobrar nada né.
Ela me falava aquilo de uma forma que queria me mostrar que era ou tinha sido apaixonada por ele, isso me afligia demais, não consigo até hoje descrever o que senti escutando tudo aquilo, mas deixei ela continuar falando.
-Depois de umas duas semanas ele me ligou e convidou pra sair jantar, eu aceite depois de fazer um charminho, saímos e foi mais uma noite espetacular e assim começamos a os relacionar, não éramos namorados, ele viajava bastante, nos encontrávamos umas duas a três vezes por mês, depois de uns seis meses desse jeito eu resolvi conversar e tentar entender nossa relação, eu estava apaixonada e deslumbrada, nunca na minha vida tinha sido tão bem tratada em todos os sentidos, tanto na cama quanto fora dela, mas estava começando a perceber que tinha algo errado naquilo tudo.
- Ele me pegou em casa e fomos jantar, depois fomos pro seu apto. lá sentamos pra tomar um vinho e eu pedi pra conversar, expliquei que tinha várias dúvidas em relação a nós dois que não sabia se éramos namorados ou algo do tipo, que eu gostaria de saber pra ver que rumo tomar na minha vida e então veio a bomba que já desconfiava, ele era casado e a mulher e os filhos moravam no Mato Grosso, que ele gostava demais de mim, mas que não iria me iludir sobre ficar somente comigo, que ele não iria se separar, que ele gostava demais de mim que eu era muito especial mas a família dele sempre viria em primeiro lugar, me falou que eu tinha sido a primeira menina que ele saia que nunca pediu nada em troca, desde dinheiro ou presentes, que aquilo tinha despertado nele um sentimento por mim, mas a mulher dele sempre iria estar a sua espera, por mais apaixonado que ele estivesse por mim, ele nunca iria se separar ou algo do tipo.
Ela bebeu mais grande gole da cerveja e foi continuando.
- Naquele dia eu percebi o quanto era ingênua, aonde que um cara daquele, rico, bonito e tudo mais, iria querer namorar um menina novinha promotora de eventos, nessa hora me senti uma prostituta, mesmo nunca ter pego nenhum centavo dele, era assim que estava me sentindo, falei isso pra ele e pedi que me levasse embora, ele ainda tentou argumentar, mas a partir daquele dia ficamos uns meses sem nos ver, eu já tinha desencanado, tinha conhecido um menino em uma balada e estávamos nos conhecendo, mas em um evento no autódromo eu acabei encontrado com ele novamente, quando eu vi ele ali na minha frente minhas pernas bambearam, fiquei desconcertada, claro que ele percebeu, e devagar foi se aproximando e no final do dia estávamos no seu apto, metendo de tudo quanto jeito, nesse dia ele jogou a real pra mim, disse que ele poderia montar um apto pra mim e me manter que eu não iria precisar mais trabalhar que ele me daria uma mesada, que minha filha iria poder estudar em boas escolas e tudo mais, nossa nessa hora me sangue ferveu briguei com ele e fui embora na hora e prometi pra mim mesma que não iria mais sair com ele.
Ela parou um pouco e me olhando nos olhos, me perguntou o que eu estava achando do ela estava contando.
- Renata eu estou muito surpreso pela forma que você está contando tudo, mas eu acho que lá no fundo eu já imaginava algo do tipo desde o dia que eu vi ele com você na noite do show, mas como eu já te falei não tenho como e nem posso te cobrar nada do seu passado. A não ser que isso tudo possa vir a prejudicar o nosso relacionamento, como o que aconteceu hoje e no mês passado, pelo que percebi ele se acha seu dono, que você tem que sujeitar as vontades dele e mais nada, que você não tem vida própria.
Quando falei isso ela começou a chorar muito, cheguei a ficar preocupado, a abracei e fiquei tentando acalmá-la, devagar ela foi relaxando e pediu pra continuar que estava quase acabando tudo o que precisava me falar. Peguei mais duas cervejas e ela continuou...
- Ele então se afastou ficamos uns quatro meses sem nos ver, mas comecei a perceber que estava aparecendo trabalhos mais remunerados, nessa época eu resolvi prestar vestibular e consegui a vaga, mas a faculdade tinha uma mensalidade meio alta, meu pai iria me ajudar mais um pouco, um dia o Rubens me ligou e pediu para os encontrar que queria conversar comigo, que estava com muita saudades, eu fui ao seu encontro, ele falou um monte de coisas e me propôs me ajudar com a mensalidade e com um apto pra eu morar, que ele não me daria dinheiro, mas ele queria me ajudar com trabalhos melhores e mais bem remunerados, que ele sabia que eu nunca fui puta, que eu nunca pedi um centavo e não tentei tirar proveito do seu dinheiro, que ele gostava demais de mim e se sentia na obrigação de me ajudar a facilitar um pouco as coisas, e assim foi indo, meus trabalhos nunca pararam, eu sempre fui escalada pros melhores eventos. Na faculdade com sua influência consegui meia bolsa, enfim as coisas ficaram mais fáceis, lá na faculdade conheci uma menina e resolvemos dividir um apto, quando ele soube conseguiu um pra nós ao lado dos meus pais, pagamos o condomínio e um valor bem baixo do aluguel, eu sei que o apto é dele, e sei também que ele faz doção pra uma instituição de caridade com o valor que pagamos.
- Eu querendo ou não acabei me tornando uma “amante” nunca recebi dinheiro, mas por fim tirei bastante vantagens do meu relacionamento com ele, depois de um tempo comecei a sair com o pessoal da faculdade pra várias baladas, ele nunca me cobrou exclusividade, mas sempre que me ligava, aonde eu estivesse tinha que ir ao seu encontro, isso começou e me incomodar bastante, e devagar eu fui começando a cortar um pouco nossos encontros e pôr fim a mulher dele estava muito desconfiada e ele se afastou por um tempo, quando apareceu um dia me chamou pra almoçar e me apresentou o Guto, seu filho mais velho, menino bonito, alto igual ao pai mas bem bobinho ele era bem meninão, estranhei ele me apresentar o filho mas ele me falou que o menino era parceirão, que o menino iria ficar aqui em Londrina por uns três a quatro meses fazendo um curso, que se eu não poderia as vezes sair com ele e mostrar as baladas e coisas do tipo e eu me tornei uma amiga do menino, ele era muito bacana em algumas coisas muito parecido com o pai e para encurtar a história em uma noite saímos, bebemos um monte e acabei indo pra apto dele, somente nós dois eu estava com saudades do seu pai e por fim acabei fazendo uma puta besteira que foi transar com o Guto, depois no outro dia ele foi me contar que era virgem que eu tinha sido a primeira transa dele, que ele nunca poderia imaginar o quanto era bom, estava apaixonado por mim que queria me namorar, nessa hora me arrependi demais de tudo aquilo, não tinha sentimento nenhum pelo menino a não ser um carinho de amigos e mais nada, mas foi difícil de conseguir explicar isso a ele. Mas acabou aceitando e entendendo, nos tornamos grandes amigos.
“Eu já estava preparado para muitas das coisas que Renata estava me contando. Mas apesar disso, não era fácil ouvir o seu desabafo. Mesmo que eu não quisesse vê-la sofrendo, eu ainda tinha algumas perguntas a fazer..."
Continua.....
PESSOAL, EU ESTAVA TERMINAND MAIS UM CAPITULO E ACABOU QUE FICOU GRANDE DEMAIS, ENTÃO RESOLVI DIVIDIR ELE EM DUAS PARTES PARA FACILITAR A LEITURA, A SEGUNDA PARTE VOU POSTAR LOGO
MUITO OBRIGADO
GRANDE ABRAÇO