O caminhoneiro fodedor
Eu gostava daquelas tardes secas de outono no Oregon quando a paisagem estava repleta de tons terrosos nas folhas das árvores, e nosso corpo não chegava a uma conclusão se estava quente ou frio, pois a temperatura parecia oscilar com o vento. Sabia que ia sentir saudades, mas tornara-se impossível continuar vivendo ali.
Havia uns vinte minutos que estávamos em silêncio, aquele silêncio pesado igual ao que se forma antes de uma grande tempestade. Será que seria isso que eu teria que enfrentar? Era nisso que estava pensando, afora o medo que sentia crescendo dentro do meu peito. Não sei exatamente porque a Krysta se calou, era raro ver aquela garota com a boca fechada, ela parecia ter assunto aos milhares para cada situação. Talvez estivesse muda em solidariedade a mim ou, talvez, estivesse se conscientizando da ruptura que minha partida significava para nossa amizade. De um lado da Interestadual 84 corria o Rio Columbia com suas águas mansas e profundas, do outro a ferrovia, onde longos comboios carregados de containers também vinham de Portland e seguiam rumo ao leste. Havia um movimento intenso na rodovia por ser sexta-feira, tanto de caminhões quanto de vans e motorhomes que seguiam com famílias saindo para o final de semana. A primeira placa de sinalização indicando Hood River apareceu na margem da estrada e fez meu coração acelerar. A hora estava chegando, não havia mais volta.
- Continuo achando isso tudo uma loucura. Você deveria pensar noutra solução. – disse a Krysta, quebrando o silêncio.
- Não há outra solução! Quantas vezes vou ter de te explicar que não há outra maneira de resolver essa situação? – retruquei um pouco zangado, pois ela conhecia muito bem todos os meus argumentos.
- Sempre há outra solução! Só não existe uma para a morte, já para as demais, é uma questão de pesquisar. – devolveu ela.
- Pois então me diga qual é? Faz meses que estou te falando que esse foi o caminho que encontrei para resolver meus problemas, por que não me deu uma alternativa? – eu continuava bravo, não com ela, mas comigo mesmo.
- Bem, eu não sei. Mas, a gente ia encontrar uma solução, tenho certeza. – insistiu
- Pois bem, já que você não sabe, me deixe seguir minha cabeça. – retruquei
- Temo que esteja se enfiando numa enrascada bem maior do que a que se encontra. Você há de convir que o que está fazendo é uma loucura, e disso não pode sair boa coisa. – sentenciou
- Preciso correr o risco! Do jeito que está não dá mais, você bem viu. Você é testemunha que eu aguentei tudo, mas chegou a hora de colocar um ponto final nisso, ou mais pessoas vão sair feridas. – respondi.
- Você diz, sua mãe?
- Claro! Quem mais podia ser?
- Eu ainda acho que você devia contar tudo para ela. Ela é adulta, vai saber como lidar com a situação.
- Não vou causar esse desgosto a ela! Ela pode ter sido uma mãe ocupada com seu trabalho e sua vida, e ter se esquecido um pouco de mim, mas isso não me dá o direito de estragar a vida dela. – argumentei
- Esquecido? Eu dou outro nome a esse esquecimento, eu o chamo de relapsa. – retrucou ela.
- Diminua a velocidade, acho que o posto é aquele. – avisei, pois ela continuava com o pé no fundo do acelerador.
- Isso é mais outra loucura! Por que não tentou arranjar uma carona no próprio terminal de cargas de Portland, tenho certeza de que teria sido muito mais fácil. – criticou ela.
- Porque ao contrário de você acha, eu pensei em tudo. O terminal de cargas está cheio de câmeras e assim que começarem a me procurar, a polícia vai investigar tudo na cidade e, em poucas horas, a minha cara seria reconhecida e estampada em todos os noticiários. – respondi
- Não tinha pensado nisso!
- Pois é, eu sei. Você não é de pensar muito.
- Grosso! – exclamou ela, antes de estacionar diante do posto de combustíveis que, junto com a loja de conveniência, uma lanchonete e um borracheiro, formavam uma área de suporte aos caminhoneiros. – Não vejo tantos caminhões parados, vai ser difícil encontrar alguém para te dar carona. Você devia ter esperado até amanhã de manhã, há mais chances de algum caminhoneiro vir abastecer e você pedir a carona. Fora que esse lugar me parece meio decadente. – emendou ela.
- O que você esperava, um resort cinco estrelas? É justamente por estar assim que estarei mais seguro. Saindo hoje ganho algumas horas, quando derem por mim no domingo à noite, já estarei longe. Eles pensam que eu fui passar o final de semana na casa do Harry. – respondi. – E você, trate de voltar imediatamente para casa, vai anoitecer em poucas horas e não é bom você estar na estrada.
- Do Harry? Ora quem você foi envolver nessa história, distraído como aquele panaca é, não me espantaria se ele ligasse hoje mesmo para a sua casa perguntando por você. – sentenciou indignada. – Vou sentir sua falta, Luke! – exclamou ela, de repente, vindo me abraçar aos prantos.
- Ele não é tão maluco assim! Você só desdenha dele por que morre de amores por ele, e não tente desmentir. – afirmei, sabendo da queda que um tinha pelo outro. – Eu também Krysta, eu também! Obrigado por tudo. Não sei o que seria de mim sem a sua ajuda. – eu não queria que ela me visse chorando e disfarcei os olhos marejados.
- Não precisa se fazer de durão. Ainda é tempo de desistir e voltar comigo. – tentou ela, mais uma vez.
- Eu vou em frente! Eu preciso, você sabe disso.
- Andei gastando muito esse mês, mas quero que fique com esses trezentos dólares, pode precisar. – ela não era minha melhor amiga à toa. Havia anos que nossa amizade vinha nos unindo.
- Não precisa! Eu tenho alguma coisa comigo, vou me virar com o que tenho. – eu não queria aumentar ainda mais a minha dívida de gratidão com ela.
- Tá, e quanto você tem? Se conseguir as caronas no tempo certo e para os lugares certos, vai levar mais de uma semana para você chegar à Boston. E eu duvido que você esteja preparado para isso. Vamos, me mostre quanto você tem aí. – quando dava para empacar, ela era destemida.
- Duzentos e cinquenta! – respondi acanhado.
- Você pirou, Luke? Onde acha que vai com essa grana? Até a próxima cidade? – indagou esbravejando. – Está tentando bancar o herói, é, seu imbecil?
- Foi o que conseguir pegar na última hora na carteira da minha mãe. O que você queria, que eu zerasse a conta dela?
- Leve isso, sei que não é o suficiente, mas se precisar mais me liga que eu dou um jeito de te mandar mais alguma grana. Doido varrido! Maluco dos infernos! Babaca!
- É eu também te amo! Obrigado, mil vezes obrigado! Eu te devolvo quando chegar na casa dos meus avós, juro! – exclamei, apertando-a mais uma vez em meus braços, enquanto ela chorava.
- Tonto!
Só fui sentir o nó crescendo na minha garganta quando o carro que ela dirigia deixou o pátio do posto de combustíveis e entrou na rodovia desaparecendo ao completar a curva atrás de um paredão rochoso. Eu estava só, como nunca antes. Tinha que engolir meus medos e seguir adiante, pois não havia para onde voltar.
Comecei a achar que a Krysta estava certa quando a noite caiu, a lanchonete estava quase às moscas, à exceção de uma meia dúzia de desocupados que haviam encostado as panças no balcão e se distraiam com a entrada e saída dos clientes enquanto iam esvaziando canecas de cerveja. No telão o videoclipe de Jason Aldean e Carry Underwood cantando If I didn’t love you enchia o ambiente, superando o falatório dos clientes. Eu não era chegado em música country e, para mim, os dois eram completos desconhecidos, como qualquer um ali dentro. Com o cair da noite iniciou-se o turno de um segurança. O sujeito era corpulento, nem propriamente atlético, nem gordo, oscilava entre esses extremos; mas tinha aquela cara de quem gosta de uma encrenca na qual pudesse usar os punhos para esmurrar quem o olhasse enviesado. Parecia ter orgulho do uniforme precário, como se ele lhe desse a dignidade que sua pessoa não tinha. Encarou-me de esguelha tão logo assumiu o posto junto à entrada, de onde acompanhava o entra e sai de clientes que mal se davam conta de sua presença, apesar do corpanzil e do uniforme chamativo.
Por volta das dez horas da noite estacionaram alguns carros e deles saiu uma galera de adolescentes tardios fazendo muita algazarra. Deviam morar nos vilarejos do entorno e a lanchonete com suas duas mesas de bilhar e o som alto pareciam ser o que de mais atrativo havia em termos de diversão noturna por aquelas bandas. As garotas se penduravam nos troncos dos caras que estavam prestes a virar homens, mas ainda tinham os traços e a mente da adolescência. Elas riam e se insinuavam em suas roupas curtas, enquanto os carinhas as abraçavam e, de vez em quando, passavam descaradamente as mãos em suas coxas e bundas, o que as fazia ficarem ainda mais assanhadas e faladoras. O lugar parecia estar revivendo, as garçonetes corriam de mesa em mesa, o sujeito que cuidava do caixa aumentou o som do telão e dançava atrás da caixa registradora como se fosse um DJ orquestrando uma balada. Os desocupados que passaram a tarde encostados no balcão começaram lentamente a deixar o estabelecimento, à medida que a baderna aumentava. Três velhotes não arredaram pé e, enquanto iam engolindo as canecas de cerveja, ficavam com os olhares fixos nas garotas, talvez sonhando com uma época que, para eles, tinha findado há algum tempo, ou apenas desfrutando da visão de corpos esguios que já não faziam mais parte de seu cardápio de possibilidades. As mesas de bilhar ficaram ocupadas até o início da madrugada, quando casalzinho por casalzinho ia deixando a lanchonete e voltando para os carros onde provavelmente terminariam a noite trepando e gastando os hormônios que corriam em suas veias.
Nesse período todo, apenas três carretas entraram no pátio do posto de combustíveis. Pouco após a chegada, os motoristas desceram e fizeram uma refeição rápida, suas necessidades fisiológicas e voltaram para as boleias para passar a noite. Aproveitei para abordar todos eles, mas nenhum estava seguindo para a direção que eu precisava. Vi que meu plano, apesar de ter me custado horas e dias de planejamento, tinha uma porção de furos não previstos. A ideia de pegar uma carona naquele lugar começava a se apresentar como uma possibilidade distante.
Com a partida dos jovens e da maioria dos clientes, as luzes do salão foram desligadas pela metade, deixando o ambiente num lusco-fusco. Também o telão foi desligado pelo rapaz que veio assumir o caixa ao render o colega do turno do dia, o que meus ouvidos agradeceram; pois minha cota de música country tinha se esgotado pelos próximos dez anos. Apesar do movimento fraco, duas garçonetes também vieram substituir as que haviam atuado durante o dia. Elas já chegaram com as caras sonolentas o que só contribuía para que o ambiente ficasse ainda mais sorumbático. Àquelas alturas, eu já estava exausto de tanto esperar, de tão aflito para sair dali. O frio outonal havia se intensificado e eu me enrolei o quanto pude na jaqueta que trazia na mochila. Como não havia consumido nada além de um refrigerante e um hamburger, e isso há um bom tempo, as garçonetes começaram a me encarar como quem diz – vai ficar aí empatando a mesa ou vai contribuir para as minhas gorjetas? – resolvi dar um tempo nos bancos que ficavam do lado de fora, sob uma marquise junto à entrada. O frio ali, impulsionado pelo vento, penetrava a alma. Meus olhos pareciam estar cheios de areia e as pálpebras teimavam em não ficar abertas. Fui me reclinando sobre o banco até estar completamente deitado e agarrado à minha mochila, uma vez que ela constituía todo meu patrimônio. Repentinamente, acordei assustado, em meio aos sonhos agitados que ocupavam meu sono, senti uma coisa dura sendo enfiada no meio das minhas pernas, bem próximo à minha bunda, e uma voz grossa exclamando palavrões. Atordoado, me virei na direção da voz esfregando os olhos para ter certeza de que estava acordado.
- Aqui não é lugar de vagabundo! Trate de dar o fora, filho da puta! Se não quiser levar uma pica no cu vá dando o fora! – era o segurança, com um cassetete na mão que ele cutucava com força na minha bunda.
- Ei, ei, ei! O que pensa que está fazendo? Eu sou um cliente, não pode me tratar dessa maneira! Vá aprender a ter modos, sua anta! – esbravejei quando o reconheci.
- Do que foi que você me chamou, seu moleque? – questionou ele, me agarrando pelo colarinho e me dando umas chacoalhadas que me fizeram despertar de vez. Ele parecia ter encontrado o saco de pancadas que estava procurando. – clientes ficam lá dentro, consumindo e não refestelados aqui fora empatando a entrada. – emendou o cara.
- Você sabe muito bem que eu estava lá dentro, teve horas para comprovar isso. – devolvi enfurecido.
- Mas não está mais! Cai fora daqui se não quiser que eu te arrebente a fuça. – ameaçou.
- John, deixe o garoto em paz! – ouvi uma voz feminina exigindo atrás de mim. Ao me virar vi que era uma das garçonetes que me chamou para entrar, alegando que estava frio demais para ficar ali fora. O segurança me fuzilou com o olhar quando passei por ele, fazendo cara de desprezo.
- Obrigado! Esse sujeito é um verdadeiro asno, um caçador de confusão. – afirmei, quando voltei a ocupar a mesma mesa onde estivera antes.
- Ele só está cumprindo ordens! – retrucou a garçonete que, só então, notei, por detrás da maquiagem carregada, já ser uma quarentona.
- Um pouco de educação e respeito com os clientes não lhe fariam mal. – respondi. – Pode me trazer um café? Talvez assim o cretino se convença que não sou um vagabundo. – afirmei.
- O que faz sozinho perdido por aqui a essa hora? Vejo que não veio em nenhum dos caminhões estacionados lá fora. – quis saber a mulher quando me trouxe uma xícara de café fumegando e dois donuts não solicitados, sentando-se à minha frente enquanto dizia que os donuts eram por conta da casa.
- Obrigado! Estou tentando conseguir uma carona, mas parece que escolhi o lugar errado. – respondi.
- Amanhã pela manhã costuma haver mais movimento de caminhoneiros, indo ou voltando para suas cidades, talvez consiga alguma coisa. Para onde está indo? – perguntou ela, como forma de se distrair pelas horas infindáveis que ainda tinha pela frente antes do final de seu turno.
- Assim espero! Vou para o leste, consegui um emprego por lá. – respondi mentindo, pois não queria que ninguém fosse capaz de me reconhecer, caso a polícia viesse ao meu encalço.
Assim que o dia começou a raiar uma meia dúzia de carretas começou a encostar na frente da lanchonete, e eu, a abordar motorista por motorista, para ver se conseguia enfim sair dali. Uns não iam na direção que eu precisava, outros se recusaram sem mais justificativa a me levar com eles. Apenas um deles, um sujeito parrudo com aspecto desleixado na casa dos quarenta e tantos anos, com uma barriga peluda aparecendo acima do cós da calça que parecia estar caindo do que outrora fora sua cintura, foi o único a me dar ouvidos. Ele me disse que estava indo para Creston no Wyoming, o que me deixou entusiasmado, uma vez que assim eu avançava dois Estados na direção pretendida. Minha alegria durou pouco. Ele havia se proposto a me pagar o café da manhã quando voltou do banheiro e veio se sentar à minha mesa. Em menos de quinze minutos de conversa, percebi que tinha ficado mais interessado na minha bunda, da qual não desviou os olhos quando fui lavar o rosto, enquanto ele mijava ruidosamente à curta distância, fazendo questão de chamar minha atenção ao ficar balançando a casseta pequena e muito grossa junto com um sacão peludo.
- Quantos anos tem? – perguntou ele, em determinado momento, só para garantir que não estaria cometendo nenhum crime me levando consigo para uma orgia na boleia.
- Dezessete! – respondi mentindo a idade, ao sacar onde ele pretendia chegar com essa pergunta e, querendo convencê-lo com isso de que estaria cometendo um crime se transe comigo.
- Você é bem desenvolvidinho para sua idade e muito lindo também. – elogiou, tentando pegar na minha mão apoiada sobre a mesa.
- É, acho que puxei meu pai que é um cara alto e corpulento de ossos largos. – devolvi corando, pois outros clientes já estavam sacando que o cara estava a fim de transar comigo.
- É uma pena que seja tão novinho! Seria uma bela distração durante as horas solitárias que vou passar dirigindo. Acabo de me lembrar que a empresa para a qual trabalho não permite que os motoristas deem carona. Alegam questões de segurança, sabe como é. – sentenciou ele, ao perceber que havia testemunhas demais acompanhando seu assédio.
- Entendo! Obrigado de qualquer forma, e obrigado pelo café. Tenha uma boa viagem! – desejei, quando ele se levantou para partir. No guardanapo sobre o qual ele ficou rabiscando com uma caneta enquanto tomávamos o café, ele havia desenhado uma pica gotejando porra e uma boca que lambia o esperma. Junto à pica estava escrito David e, junto à boca, Adam, o nome que inventei para me identificar.
Vendo aquele sujeito entrar no caminhão fui me dando conta dos riscos daquela empreitada, eles também não constavam da minha planilha de planejamento. A Krysta estava certa, eu era um maluco.
No começo da tarde de sábado minhas esperanças estavam reduzidas a quase nada. Eu continuava sentado no banco sob a marquise da lanchonete esperando uma alma bondosa me dar uma carona, o que começava a se afigurar como pouco provável. Ia completar 24 horas que estava perambulando pelo posto de combustíveis com aquela mochila imensa da qual não desgrudava os olhos. Era mais uma daquelas tardes lindas, o céu estava limpo, o que permitia ver as montanhas ao longe, o ir e vir na rodovia trazia o ronco constante dos caminhões passando em alta velocidade e, sob o sol fraco, o calor trazia certo aconchego. Minha cabeça estava a mil e um sufoco crescente ia preenchendo meu peito.
A carreta imensa entrou no posto emitindo o som estridente da liberação da pressão dos freios sendo acionados. Era puxada por um cavalo mecânico Freightliner Cascadia 126BBC 72RR praticamente novo, num tom de azul diamantado. O motorista estacionou sob a sombra das árvores, enquanto eu me animava para ir ter com ele e ver se me dava uma carona. Passou-se bem um quarto de hora antes que alguém descesse da boleia. Do lado do motorista desceu um cara bonitão que, certamente ainda não havia chegado aos trinta anos, usando uma camiseta preta que se amoldava como uma segunda pele sobre um tronco largo e braços musculosos e, um jeans de lavagem clara, um pouco surrado onde as duas coxas grossas apertavam o tecido. Despertou minha atenção a ereção incontestável que deixava seu contorno bem nítido entre as pernas do sujeito. Do lado do passageiro desceu uma garota loira de cabelos longos que talvez não fossem os dela, usando um short preto e um top com estampa de oncinha que mal cobria os peitos turbinados. Um sapato de salto muito alto e fino na cor verde cintilava em seus pés e uma bolsa pouco discreta dourada estava pendurada no ombro dela, dificultando sua descida do cavalo. Logo compreendi o motivo daquele pinto ainda estar rijo no meio das pernas do motorista. Ambos vieram na direção da entrada da lanchonete e, vendo-os caminharem, fui perdendo as esperanças de conseguir uma carona, mais uma vez.
Fiquei observando os dois por pura falta de ter o que fazer. Eles tomaram uma Coca, ambos diretamente da boca da garrafa. Ela pediu um lanche à garçonete que demorou para vir, enquanto eles conversavam. Assim que o prato com o lanche enorme chegou, o homem se levantou e com um sorriso sem emoção se despediu dela, que apenas acenou com uma mão, mais preocupada em enfiar o lanche na boca. Ele seguiu em direção aos banheiros, demorando-se o suficiente para ter dado uma mijada. Quando voltou, sem parar na mesa onde a moça comia, a ereção havia desaparecido, mas um prodigioso volume ainda preenchia o jeans. Deixei-o chegar até próximo do caminhão quando corri atrás dele.
- Oi! Pode me dar uma carona? – fiquei um pouco sem-graça quando ele me encarou com aquele par de olhos castanhos emoldurados no rosto másculo que a barba por fazer deixava ainda mais sexy. Ele me avaliou da cabeça aos pés, e estava demorando para responder, o que me fez sentir as mãos suadas.
- Para onde está indo? – perguntou com uma voz um pouco rouca.
- Para o leste! – respondi abobalhado.
- Bem, o leste tem inúmeras possibilidades, para onde exatamente está indo? – voltou a questionar.
- Boston! – respondi, engolindo as sílabas. – Mas, qualquer lugar nessa direção já me serve. – acrescentei ligeiro, antes de ele se negar a me ajudar.
- O que vai fazer por lá?
- Trabalhar. Consegui um emprego.
- Que tipo de emprego?
- De ... de ... Não é bem um emprego, é um estágio, um estágio num escritório de arquitetura. – para que aquele interrogatório todo, era só dizer sim ou não, pronto, tudo estaria resolvido.
- Qual o nome do escritório? – caralho, que cara mais chato. Eu não fazia a menor ideia de escritório algum de arquitetura.
- Hanson & Parker! – respondi, pois eram os sobrenomes do Harry e da Krysta.
- Nunca ouvi falar! – devolveu ele, medindo-me mais uma vez da cabeça aos pés, o que fez acreditar que estava duvidando de mim.
- Não esperava mesmo que um motorista de caminhão conhecesse escritórios de arquitetura. – revidei, já meio disposto a desistir do pedido.
- Por que? Acha que não têm cultura suficiente para conhecerem empresas de arquitetura? – as perguntas tinham um tom arrogante.
- Não! Não foi isso que eu quis dizer. É que acho pouco provável que um motorista de caminhão se interesse por arquitetos e essa coisa toda. – respondi.
- Hã! – ele cogitava com seus botões se ia me ajudar ou não, a dúvida estava estampada na cara dele.
- Posso ser seu ajudante se preciso. – afirmei, tentando ganhar a confiança dele.
- Não preciso de um ajudante. A carga que estou levando é descarregada por guindastes. Depois, você não tem cara de que já tenha posto a mão na massa em trabalho algum. – o cara devia estar tirando uma com a minha cara.
- É, mas não sou nenhum inútil! – respondi
- Vou deixar essa carga em Kearney no Nebrasca, até lá pode vir comigo! – disse ele, finalmente, o que me fez sorrir mais esperançoso.
- Obrigado! Muito obrigado! Já vai ser uma grande ajuda. Prazer, sou o Nathan! – devolvi entusiasmado, inventado mais um nome fictício, uma vez que não estava disposto a deixar rastros que pudessem me identificar pelo caminho.
- Andrew! Drew, para os amigos. – retrucou, apertando minha mão com força quando se encaixou na dele. – Mas, vou logo avisando! Nada de muito falatório que não tenho paciência para papo-furado, nada drogas no meu caminhão, se tiver qualquer coisa nessa mochila que possa me comprometer com a polícia pode jogando tudo fora. – sentenciou.
- Ok! Não uso drogas e não tenho nada a esconder da polícia, pode ficar tranquilo, Drew. – afirmei.
A boleia ainda estava impregnada com o cheiro doce e enjoativo de perfume barato da prostituta que se misturava ao cheiro de suor e de sexo recém comungado. Ele percebeu meu asco quando abri o vidro assim que me sentei na poltrona. Ficou um pouco constrangido e também abriu o dele ligando o ar-condicionado da cabine, ao pôr a carreta em movimento.
- Coisa de macho, sabe como é, tem horas que não dá para segurar. – disse ele, notando que meu olhar estava julgando seu comportamento. Eu não respondi nada. Não fazia ideia que necessidades de macho eram essas, uma vez que, sendo gay, não tinha o menor interesse em mulheres e com machos eu não tinha, até o momento, nenhuma familiaridade. Achei que seria bom ele não descobrir minha homossexualidade antes de me deixar ao descarregar o que transportava.
Havíamos feito pouco menos de 400 quilômetros no que restou daquela tarde de sábado, devido ao trânsito intenso e um engavetamento que nos reteve num mesmo ponto durante mais de uma hora. Era noite quando encostamos numa parada para caminhoneiros pouco depois da cidade de Pendleton, ainda no Oregon, onde pernoitaríamos. Eu estava ansioso por um banho e meu estômago roncava quando me enfiei debaixo de uma das quatro duchas quentes perfiladas numa parede azulejada. Embora tivesse me apressado para me adiantar ao Drew e não ter que passar pelo vexame de ele me ver nu, não consegui ser rápido o suficiente. Tinha terminado de lavar o xampu dos cabelos quando ao abrir os olhos o vi na extremidade oposta abrindo o registro da ducha e entrando com aquele corpão escultural e cheio de músculos debaixo da água. O que era aquele troço pendurado no meio das pernas dele? Eu nem imaginava que um cacete pudesse chegar àquelas dimensões, era simplesmente escandaloso. Parecia um tronco de tão grosso e aquela saliência arroxeada que formava a glande semelhante a um gigantesco cogumelo era a coisa mais acintosa que eu já tinha visto. Óbvio que um cara do tamanho do Drew não ia ter um cacete discreto, mas aquilo era colossal. Ao se ensaboar, ele pegava naquela coisa de um jeito que me desconcertou, fazendo o sacão não menos aberrante e a pica sacolejarem de um lado para o outro. Embora fingisse não estar olhando, de esguelha, meus olhos não perdiam um único movimento dele. Não sei se ele notou alguma coisa, se notou, disfarçou muito bem ou até aproveitou para se exibir, pois a maneira como manipulava a rola era puro exibicionismo. No entanto, o que mais me perturbou, foi o jeito que ele olhava para a minha bunda, especialmente enquanto massageava aquele troço. Não me bastasse o olhar lupino e voraz do Drew, um caminhoneiro típico se juntou a nós nas duchas. Ele veio direto para a que ficava do meu lado, deu um sorrisinho que devia ser um cumprimento e imediatamente fixou um olhar predador sobre meu corpo. Eu não estava acostumado a ficar nu diante de estranhos, à exceção do vestiário do colégio após as aulas de ginástica, onde rolavam umas brincadeiras típicas de adolescentes, mas que não se comparavam aos olhares dos dois homens que tinha perto de mim. O caminhoneiro era um quarentão bem rodado, barrigudo como quase todos que vi nessas últimas horas, tinha um bigode espesso e mal aparado como o restante de uma barba por fazer, seus braços cobertos de pelos negros eram musculosos como suas coxas também bastante peludas. Tinha um pinto mais grosso do que longo que se apoiava sobre um sacão comprido onde as bolas pareciam dois pêndulos. O desgraçado não parava de me secar, me encarando com aquele risinho enigmático e lascivo de um perfeito tarado. Esqueci-me por alguns minutos da presença do Drew, pois aquele homem me dava calafrios. Fui deixar as roupas sujas e a toalha no caminhão antecipando-me ao Drew. Rearranjei as coisas na minha mochila e, enquanto trabalhava nisso, vi a bagagem do Drew esparramada pela boleia. Era uma daquelas sacolas de viagem impermeáveis com um zíper que estava todo aberto deixando visível o conteúdo. De um lado havia umas roupas ainda dobradas e limpas e, do outro, uma maçaroca de peças simplesmente atochadas num bolo único. Duas cuecas estavam bem no topo desse amontoado e, num arroubo inexplicável, tirei-as da sacola e as levei ao rosto aspirando o cheiro almiscarado impregnado nelas. Senti um arrepio percorrendo minha coluna quando o cheiro viril do Drew invadiu minhas narinas, era um perfume delicioso e sedutor. Bem onde havia uma rodela amarelada que engomava o tecido de uma das cuecas eu enfiei o nariz aspirando profundamente seu aroma, enquanto aninhava meu rosto no tecido. De tão embevecido com aquele transe, eu não percebi a aproximação do Drew. Quase tive uma síncope quando notei que estava parado bem atrás de mim e, imediatamente, enfiei a cueca no bolso antes de ele descobrir o que eu estava fazendo. Ele notou apenas o susto, pois me virei tão abruptamente soltando uma exclamação sem nexo.
- Calma! Desse jeito você acaba enfartando. É sempre tão assustado assim? – perguntou ele, felizmente não desconfiando do motivo desse susto.
- Não! Não. Só estava muito distraído. – respondi apressado.
Ao regressarmos para o estabelecimento para pedir o jantar, demos de cara com o caminhoneiro que estivera debaixo das duchas há pouco. Ele voltou a me encarar com aquele olhar libidinoso, o que me fez pedir ao Drew que fossemos nos sentar numa mesa mal posicionada dentro do salão, uma vez que era das poucas ainda disponíveis.
- Esse lugar é horrível! Por que escolheu essa mesa? – questionou ele, inconformado com o lugar. – Não quero ficar aqui, venha, vamos nos sentar naquela próxima ao telão, tem uma partida com o Brooklyn Nets e o Sacramento Kings essa noite. O lugar me deixava exatamente de frente para o caminhoneiro quarentão.
Por cima dos ombros do Drew, ele ficava me sorrindo, fazendo trejeitos com a boca como se estivesse beijando uma boca, lambendo os beiços como se estivesse deliciando com uma fruta suculenta, o que não me deixava concentrar na conversa do Drew.
- O que está acontecendo com você, parece distraído? – indagou ele, quando ficou um tempão esperando por uma resposta a uma pergunta.
- Nada, nada não! Estava pensando na viagem, só isso. – respondi. Como percebeu que eu estava mentindo, virou-se para trás e viu que eu estava perturbado com o caminhoneiro.
- Tem alguma coisa rolando aí que eu deveria saber? – perguntou
- Como assim? Rolando o que?
- É isso que estou te perguntando!
- Não, está tudo bem, só estou distraído mesmo, desculpe. O que foi mesmo que me perguntou?
- Você não está dando bola para aquele sujeito aí atrás, está?
- Que ideia! De onde tirou isso? Que absurdo! – revidei abismado. Ele apenas franziu o cenho.
Sem o menor interesse pelo jogo, fui ao caixa pagar meu jantar, enquanto o Drew continuava atento aos lances da partida. A encoxada que o caminhoneiro me deu contra o balcão me fez sentir sua ereção resvalando nas minhas nádegas. Indignado, me virei pronto para soltar uns palavrões, quando ele aproximou o rosto do meu ouvido e me sussurrou um convite obsceno para chupar a pica dele na cabine de sua carreta. Fiquei tão chocado que travei. Fiquei imaginando um escândalo naquele salão lotado, todos assistindo eu acusar o cara e ele negando, pois a cara safada dele me dizia que tinha experiência no assunto, enquanto eu não passava de um inocente sem argumentos. Desisti. Era melhor dar o fora dali o quanto antes. Levei mais duas encoxadas e uma mão potente agarrou minha bunda com força quase me tirando do chão. Eu estava tão petrificado que não sabia o que fazer, enquanto o maldito do caixa lerdo se atrapalhava todo tentando arrumar o troco para dois caminhoneiros que estavam na minha frente na fila. Olhei em direção ao telão, intervalo de jogo, inserção de um breve noticiário local, a cara da Krysta ocupando cada polegada do telão e o apresentador relatando o desaparecimento da filha do empresário do ramo de lojas de material de construção espalhadas pela costa do Pacífico. Que porra é essa agora, perguntei a mim mesmo? O narrador começava a dar os detalhes do desaparecimento, há mais de 24 horas, da garota que tinha sido flagrada, pela última vez, pelas câmeras de um pedágio na saída de Portland na interestadual 84 em companhia do enteado do também empresário do ramo imobiliário Josh Sachs Goossen, Luke Parsons Spencer, o principal suspeito pelo desaparecimento da garota. E, de que a polícia estadual já havia emitido um mandado de busca do jovem companheiro da garota para os Estados vizinhos e alertado as polícias locais e rodoviárias desses Estados, na tentativa de descobrir o paradeiro da garota.
O mundo parecia estar desabando sobre a minha cabeça. Eu só pensava na Krysta. O que poderia ter acontecido com ela depois que nos despedimos? Se fosse um acidente na rodovia não estariam procurando por ela. Eu precisava ligar para ela, mas do meu celular não podia ser, iam me rastrear. Pensando em rastrear, tenho que me livrar desse chip, ou vão estar no meu encalço em poucas horas. Aflito, e me esquecendo completamente daquela mão pérfida que continuava bolinando minha bunda, eu procurei por um telefone público. Havia um, logo na entrada do restaurante e me lembrei de ter visto outro do lado de fora do posto de combustíveis ao lado, onde o Drew tinha abastecido o tanque da carreta. Saí correndo da fila do caixa e fui até o telefone junto à parede da porta de entrada. O celular da Krysta caía na caixa postal. Ligar para o Harry? Seria arriscado, do jeito que ele era tarado por ela, a essas alturas devia estar achando que eu tinha mesmo alguma coisa com o desaparecimento dela. Ligar para a minha casa ou para a da Krysta seria o mesmo que me entregar. Não, eu não podia fazer nada. Estava atado e só podia pensar em salvar o próprio pescoço. O Drew, pelo amor de Deus, o Drew. Se ele ficar olhando mais um pouco para essa porra desse telão vai ver que sou eu quem está nas câmeras do pedágio ao lado da suposta vítima e, adeus carona, adeus fuga, adeus à solução dos meus problemas.
Como o telefone que eu estava usando ficava encaixado num vão entre duas colunas e, portanto, um pouco afastado dos olhares de quem estava no salão, o caminhoneiro me seguiu e estava me agarrando e tentando enfiar a mão na minha calça, enquanto chupava tresloucado a minha nuca, despejando uma série de sacanagens sussurradas no meu ouvido. Eu me debatia, tentando me safar, mas ele era bem mais forte do que eu, e estava tentando me arrastar para os sanitários que ficavam no final do corredor que se iniciava ali onde estávamos. A partida havia reiniciado e ninguém mais prestava atenção no que acontecia ao redor, só no telão. Com a adrenalina me anestesiando dos golpes que o caminhoneiro me deu para conseguir me arrastar até a primeira cabine do banheiro, eu lutava para evitar o estupro iminente. Com a pica de fora e enrijecendo à medida que ele a esfregava nas minhas nádegas também nuas, após minha calça ter sido arrancada rompendo o botão do cós e o zíper, eu usava das minhas últimas forças para impedir a consumação do coito.
- Filho da puta, desgraçado! – berrou alguém atrás de mim, no mesmo instante em que o caminhoneiro levava um soco no meio da cara e despencava pesadamente sobre o vaso sanitário, todo atordoado. Um segundo soco o atingiu e fez sua cabeça bater contra a parede, deixando inconsciente.
- Drew! Ai Drew, me ajude! – balbuciei, quando vi quem era o autor dos socos.
- Está tudo bem com você, Nathan? Cara, quem é esse sujeito? Por que ele estava tentando te pegar à força? Faz um tempão que você sumiu, cara! – enquanto ele me enchia de perguntas, eu puxava minha calça para cima e só pensava em sair dali.
- É um louco, é um louco! – repeti, cambaleando até a saída.
No caminho até o estacionamento, eu fui me explicando confusamente, sem deixar o Drew satisfeito com as minhas respostas, uma vez que eu simplesmente não tinha cabeça para pensar naquilo enquanto me acusavam de ter sumido com a minha melhor amiga e, sem saber se ela estava bem.
Na cabine e com uma garoa fina começando a cair do céu nublado, eu me vi diante de mais um problema, dormir com o Drew na mesma boleia. Nada da porra do meu planejamento estava saindo como eu tinha imaginado. A cabine era bem espaçosa e confortável, acomodava perfeitamente duas pessoas no espaço que formava uma cama, mas eu não sabia se ele estava disposto a dividir aquele espaço com um sujeito que acabara de conhecer poucas horas antes e que já tinha se envolvido numa confusão que o obrigara a usar de violência, sem uma explicação convincente. E isso, sem mencionar que ele ainda não tinha se dado conta de que era eu quem tinha aparecido no telejornal local suspeito do sequestro de uma garota.
Acanhado, pensei em dormir vestido como estava, porém, não tinha trazido tantas roupas assim, a ponto de me dar ao luxo de trocá-las a todo momento; portanto, despi-me e coloquei uma bermuda, uma vez que a cabine estava aquecida e aquele corpanzil esbanjando energia estaria a centímetros do meu. Apesar de não ter dormido na noite anterior, tive dificuldade em conciliar o sono com tudo o que estava acontecendo. O Drew tirou a roupa, vestiu uma cueca, pois não usava nenhuma debaixo do jeans, me desejou boa noite e começou a ronronar feito um gato instalado em sua cama ao lado de uma lareira. Que cara estranho, pensei comigo mesmo, fala pouco, não tem o perfil de um caminhoneiro típico, mas parece entender do assunto o bastante para se parecer com um. Repentinamente, lembrei-me de que não o tinha agradecido por ter me ajudado a me livrar do quarentão tarado, e coloquei essa observação nas primeiras coisas que tinha a fazer ao amanhecer. Tive pesadelos com a Krysta sempre vitimada em todos eles. Cheguei a vê-la morta o que me impediu definitivamente de continuar dormindo.
- Cara, você está com fogo no rabo? – murmurou o Drew. Foi quando percebi que estava me agitando demais para encontrar uma posição confortável que me induzisse ao sono.
- Desculpa! Acho melhor eu me acomodar no banco, não quero perturbar seu sono. – devolvi
- Tem lugar suficiente aqui, é só aquietar o facho e dormir! – retrucou, caindo novamente no sono em menos de cinco minutos.
Não sei exatamente quando comecei a dormir, passadas algumas horas. Não era propriamente dormir, mas cochilos intermitentes que me faziam despertar assustado. Num deles, o motivo foi o de eu estar sentindo algo cutucando minha bunda. Era o Drew. Ele estava com uma baita de uma ereção saindo da cueca, tinha passado o braço por cima do meu tronco e estava encaixado nas minhas costas, me fazendo sentir os pelos do peito dele roçando minha pele. Senti uma onda de calor se apossando de mim, e ela não vinha somente do corpão quente dele, brotava nas minhas entranhas. Quanto mais eu escorregava para longe, mais ele se afincava em mim, até que desisti, mesmo porque não havia mais espaço para onde escorregar. Agora era ele quem começava a se mexer, embora ainda estivesse ronronando e talvez tendo um sonho erótico, pois comecei a sentir o cheiro almiscarado dele e algo umedecendo minha coxa. Depois de alguns minutos, senti a mão dele abaixando cautelosamente minha bermuda. Ele já não dormia mais, estava muito bem desperto, eu nem precisava comprovar me virando na direção dele. Permaneci imóvel, fingindo estar alheio à abordagem dele. Pela maneira como a pica dele deslizava ao longo do meu rego, eu soube que ele a havia tirado da cueca. O esfrega-esfrega durou uns inusitados minutos e, junto com a comoção que me agitava eu o senti tentando enfiar o caralhão no meu cuzinho. Na terceira tentativa a cabeçorra conseguiu se alojar entre as minhas pregas, e eu grunhi mordendo a camiseta que ele havia deixado pendurada sobre o encosto do banco. Mesmo estando de lado, ele começou a montar em mim, o que fez a pica escapulir do meu rabo, obrigando-o a começar tudo de novo. Ao primeiro toque da rola na portinha do meu cu eu travei mecanicamente. Ele forçou novamente e meteu, não só a cabeçorra, como parte da caceta grossa que dilacerou minhas preguinhas imaculadas. Eu gritei.
- Dói? – sussurrou ele no meu ouvido.
- Um pouco! – respondi, mordendo os lábios
- Quer que eu tire? – a mordida úmida que ele estava dando na minha orelha definiu minha resposta.
- Não!
- Me avise se estiver te machucando. – foi a última coisa que ouvi, antes de ele começar a socar aquele cacetão continua e cadenciadamente no meu cuzinho, penetrando-o tão fundo que parecia estar prestes a aflorar na minha boca.
Eu gemia licenciosamente deixando aquele homem me possuir com toda sua sanha de macho. A dor era tão escancaradamente boa que meu corpo se revolvia num tesão incontrolável. O Drew arfava e usufruía de cada espasmo que minha musculatura anal dava, apreendendo sua pica na maciez tépida da minha mucosa. Quase sem perceber, me esporrei todo, como resultado das contrações que abalavam minha pelve. Subitamente, o Drew estocou o cacetão com força, senti-o inchar e, junto com um gemido forte dele, senti meu cuzinho se enchendo de porra; ele continuava montado em cima de mim, duro feito pedra, arfando e me prendendo com tamanha força em seus braços que pensei que ia me esmagar. Ao mesmo tempo em que a rola ia amolecendo no meu rabo, o Drew voltava a dormir, enquanto eu esperava ansioso pelo amanhecer, sentindo a umidade máscula dele formigando no meu cu.
O Drew ainda estava dentro de mim, duro e pulsátil, quando acordei sonolento na manhã seguinte, todo machucado e com o cu ardendo. Junto com o bom dia veio uma estocada branda, seguida de outras mais exigentes e rápidas. Minutos depois, eu senti os jatos de porra sendo despejados no meu cu, sem nem mesmo saber se tudo aquilo ainda não fazia parte de algum sonho ou pesadelo.
- Obrigado! – balbuciei, quando tive a certeza de que estava acordado.
- Gostou? – devolveu ele, com um sorriso ladino, enquanto esfregava o rosto amarfanhado.
- Obrigado por ontem, por ter me livrado daquele sujeito. – esclareci. – Fiquei tão atordoado que me esqueci de agradecer. – emendei.
- Vamos tomar um café e nos pôr a caminho, depois você vai me contar essa história que até agora não entendi direito. – sentenciou, tirando o falo à meia bomba pingando do meu cu e o ajeitando no jeans.
O Drew me puxou de volta quando estávamos prestes a sair da cabine em direção ao restaurante de cujas chaminés, no telhado ainda molhado da garoa da noite anterior, se espalhavam os aromas de comida sendo produzida na cozinha e, se lançou sobre mim na cama, prendendo meu rosto em suas mãos enquanto me encarava antes de me beijar impulsivamente, enfiando sua língua na minha garganta.
- Você é um perigo de tão delicioso, Nathan! Um perigo! – balbuciou ele com o mais lindo sorriso que já tinha visto.
Era cedo e os motoristas de muitas das carretas estacionadas no pátio ainda não haviam acordado, de modo que o salão do restaurante estava quase vazio. Ocupamos uma mesa junto à janela para poder apreciar o sol ganhando força e iluminando a manhã fria. Demorei-me mais do que o Drew no banheiro com a intenção de sair pelos fundos quando ele regressasse ao salão e alcançar aquele telefone do posto de combustíveis. Eu não pensava noutra coisa que não obter notícias da Krysta.
Mais uma vez, o celular dela caiu na caixa postal. Não, eu não podia deixar nenhum recado, a ligação seria rastreada e a polícia me pegaria em pouco tempo. Ligar para mais alguém resultaria no mesmo, pois eu era um foragido. Continuaria tentando a cada parada, ou acabaria louco de tanta aflição.
- Você demorou, está tudo bem? – perguntou o Drew quando voltei a me juntar a ele.
- Sim, está! Está tudo bem. – respondi.
- Não parece! Seja sincero comigo, Nathan, eu te machuquei? – havia uma real preocupação no rosto inquisitivo dele.
- Um pouco, mas nada que deva te preocupar. – respondi.
- Por que não me disse, eu teria parado. Juro que teria parado!
- Justamente por isso. – devolvi, o que o fez sorrir feito um garotinho abobalhado.
Assim que mais pessoas começaram a entrar no restaurante e o ritmo frenético das garçonetes correndo de mesa em mesa para atender os pedidos aumentaram, alguém ligou o telão no telejornal matutino que era de interesse dos caminhoneiros por trazer informações sobre as condições das estradas e as meteorológicas. O Drew e eu estávamos finalizando nosso café quando o narrador dava as manchetes do dia. Havia previsão de queda abrupta da temperatura no final da tarde com formação de nevoeiros e de geada durante a madrugada. Luke Parsons Spencer, suspeito pelo sequestro da jovem Krysta, filha dos empresários Melissa Larson e John Watson, donos da cadeia de lojas L&W Supply continua foragido e a polícia estadual segue seus rastros para tentar descobrir o paradeiro da garota. Eu afundei a cara na caneca de café quando ouvi meu nome e nem me atrevi a olhar para o telão onde uma fotografia minha dos tempos de calouro aprecia em destaque. O Drew que até então se dividia entre o que aparecia na tela e suas últimas garfadas na omelete, me reconheceu de imediato.
- É você Nathan! – exclamou ele, num tom mais alto do que eu gostaria. – Você é esse Luke, Luke sei lá o que, é você Nathan, ou seja lá como se chama! Envolvido num sequestro! – ele ia soltando as frases em meio a estupefação que tomava conta dele.
- Não, Drew! Eu posso explicar, não é nada disso. Me ouça, por favor, Drew. – comecei a implorar quando ele se levantou furioso.
- Explicar o quê? Que é um criminoso e está fugindo com a minha ajuda? – ele ficava cada vez mais possesso, arrancou-me da mesa e foi me arrastando para fora do restaurante. – Pegue suas coisas e suma da minha frente. – berrava ele, quando abriu a porta da cabine e jogava minha mochila no chão.
- Não é nada disso, Drew! Eu juro! Eu posso explicar. – eu estava mais preocupado com o que ele pensava de mim, com a reação dele do que comigo mesmo.
- Não me explique nada! Você é o Nathan que na verdade nunca teve esse nome. Sobre o que mais mentiu? Quero você longe de mim, longe, está entendendo? Eu avisei que não quero nada com a polícia, e você está me usando para fugir dela. – ele não me ouvia, não me deixava tocar nele, estava tão furioso que nada do que eu fosse dizer ia ser assimilado.
Ele deu a volta no cavalo mecânico enquanto eu recolhia meus pertences, caídos da mochila, no chão do estacionamento quando ouvi o grito dele. Um grito exprimindo dor que me deixou ainda mais abalado. Em seguida, um segundo. Não era por minha causa que ele gritava. Havia alguém com ele do outro lado da carreta, e esse alguém estava lutando com o Drew. Dei a volta correndo no cavalo mecânico e imediatamente reconheci o homem corpulento e quarentão que tinha um taco de beisebol na mão e o desferia no joelho do Drew derrubando-o. Era o caminhoneiro que tentara me enrabar na cabine de sanitários na noite anterior. Ele estava se vingando dos socos que o Drew lhe deu. Saltei sobre as costas do sujeito e enfiei meus dedos nos olhos dele. Ele rodopiou comigo montado nas costas dele até conseguir me atirar longe. Foi o tempo que o Drew precisou para levantar e partir para cima dele. Para proteger os olhos o homem havia deixado cair o taco e, tão logo me recuperei do baque que minha cabeça deu contra um dos pneus da carreta me deixando zonzo, apossei-me dele e o desferi nas costas do sujeito. Usando golpes de Muay Thai, o Drew deu duas Sawk, dois Dteh e um Khao no caminhoneiro que o levaram atordoado ao chão, depois arrancou o bastão de beisebol da minha mão e o desferiu na cabeça do sujeito deixando-o inconsciente, e fazendo surgir uma poça de sangue no asfalto do estacionamento onde a cabeça do caminhoneiro caiu. O corpo do homem estrebuchava, os olhos miravam fixos numa direção, mas percebia-se que não estavam enxergando nada, o traumatismo craniano evoluía a olhos vistos.
- Sei que vou me arrepender do que estou fazendo, mas entre logo aí, anda! – berrou comigo, me empurrando para dentro da cabine da carreta e partindo feito um louco.
Deixei que a adrenalina baixasse e tanto ele quanto eu voltássemos a sentir um certo equilíbrio e clareza de pensamentos. Ele continuava com o olhar fixo a sua frente e com o pé no acelerador, usando o máximo de velocidade que a rodovia permitia.
- Eu só queria esclarecer que .... – comecei, depois de um silêncio que já durava mais de três quartos de hora.
- Cala a boca! – berrou ele. – Cala a boca! Não quero ouvir mais nenhuma mentira sua. Cala a boca! – a raiva ainda não o havia deixado, melhor não insistir. Até porque, eu estava no lucro, continuava avançando rumo ao meu destino e, não tinha sido deixado para trás onde a essa hora estaria me explicando com a polícia.
Cerca de duas depois, tive um ataque de riso, um riso nervoso, um riso de ironia, por toda aquela situação.
- Qual a piada? – perguntou o Drew exasperado.
- Para quem não queria nada com a polícia, rachar a cabeça daquele sujeito não foi boa coisa. – respondi. – Agora somos dois foragidos, não é hilário?
- Não sou nenhum bandido! Foram as circunstâncias. – retrucou ele.
- Também não sou bandido! Embora ainda não saiba em que circunstâncias me tornei um. – revidei.
O Drew dirigiu por seis horas seguidas, não me atrevi a solicitar uma parada para mijar, pois temia que sua fúria voltasse. Foram pouco mais de seiscentos quilômetros até alcançarmos Burley em Idaho no meio da tarde. Algo me dizia que eu havia chegado ao ponto final daquela carona, ele ia se livrar de mim e seguir seu destino. A parada estava cheia de carretas, por ser domingo de tarde, algumas que se destinavam a locais próximos, não podiam circular nas rodovias até determinado horário e eram obrigadas a esperar. Apesar de toda a tecnologia embarcada no Freightliner Cascadia, percebi que o Drew teve dificuldade de manobrar numa vaga entre outras duas carretas. Eu saltei assim que ele desligou o motor e já esperava ele me jogar a mochila na cara, quando, para minha surpresa, ele debruçou os braços cruzados e a cabeça sobre o volante. Dei a volta e abri a porta dele. Ele quase não conseguiu sair da cabine, o joelho direito estava tão inchado que parecia uma bola dentro do jeans e, ao tentar ajuda-lo a descer, ele soltou um grito quanto toquei no ombro esquerdo dele.
- O que está sentindo? – Você está bem? Havia escoriações no rosto dele e o sangue fazia tempo havia coagulado sobre elas deixando-o com um aspecto assustador. – perguntei
- Não consigo firmar a perna direita e meu ombro esquerdo, ai meu ombro, não sinto meu braço; quer dizer, sinto, sinto ele meio anestesiado. – respondeu com uma expressão de dor.
- Foi aquele desgraçado! – exclamei raivoso. – Deixe-me ver esse ombro.
- Ai, caralho! Eu não disse que está doendo? Você por acaso é médico? Tira a mão daí! – protestou ele, quando tentei tirar a camiseta dele para verificar o que estava acontecendo.
- Você é maluco, sabia? Se estava todo arrebentado, por que continuou dirigindo por tanto tempo? Olha no que deu! – devolvi.
- Quem vai te arrebentar sou eu! Se não fosse você, eu não estaria nessa enrascada. – revidou
- Eu sei disso, Drew, me desculpe! Me diz o que posso fazer para te ajudar. – supliquei, enquanto passava a mão no rosto abatido dele.
- Sumir! – rosnou ele.
- Eu vou sumir, não se preocupe. Mas, antes precisamos fazer alguma coisa, você não pode ficar assim. Eu vou te levar até um hospital, você precisa de um médico. – afirmei, disposto a ir contra a birra dele.
Após chamar um táxi, levei-o até a emergência do Cassia Regional Hospital em Burley, onde radiografias constataram uma fratura de patela sem gravidade no joelho direito e uma fratura na clavícula esquerda, cujo prognóstico de ambas era bom, mas dependia de imobilizações por, no mínimo, quatro semanas. Feitas as imobilizações, ele teve alta e recomendações para voltar em quinze dias para uma reavaliação.
- O que quer fazer? – perguntei, quando o táxi chegou. – Quer que eu avise alguém da sua família? Que dia você precisa entregar a carga que está transportando no Nebraska, como é mesmo o nome da cidade?
- Kearney, é Kearney! A sorte é que não tenho uma data limite para entregar a carga. Estou fazendo um favor para um amigo, qualquer dia está bem para ele. Só preciso avisá-lo do atraso. – explicou ele. – Ficarmos parados aqui é que não resolve nada! – acrescentou, como se estivesse me dando uma bronca.
- Bem, então me diga onde quer que eu te leve! Sei que não podemos ficar aqui na frente do hospital. – devolvi exasperado e, dirigindo-me ao motorista do táxi, pedi que nos deixasse num motel próximo da estrada.
- O Budget Motel é o que fica mais próximo da I-84, senhor. – respondeu o taxista. Foi para onde nos levou.
Fiz todos os trâmites para a hospedagem do Drew, ajudei-o a se instalar no quarto amplo e iluminado próximo à piscina e pedi o jantar num fastfood próximo. Jantei com ele e me preparei para partir.
- Já conversei com o recepcionista, ele vai te ajudar caso precise de alguma coisa. As medicações estão todas aqui, com os horários em que deve tomá-las. Também falei com o taxista, ele vem te buscar para o retorno ao hospital dentro de duas semanas. Precisa de mais alguma coisa antes de eu partir? Com relação à carreta, talvez, não sei?
- E você vai para onde?
- Voltar para a rodovia, preciso conseguir outra carona.
- E vai me abandonar nessas condições?
- Não estou te abandonando, o que mais posso fazer por você? Eu não sei dirigir aquela coisa, senão te levaria até Kearney e te deixaria com seu amigo. Também não tenho grana para ficar num lugar desses e, mesmo que tivesse, o que eu poderia fazer, você só precisa desse tempo para que as fraturas consolidem; depois disso, estará novinho em folha. – afirmei.
- Deixar um quase moribundo ao deus dará é o quê, senão abandono? – questionou exagerado. Eu precisei rir.
- Você não é nenhum moribundo, deixa de falar besteira!
- Quero que fique comigo! – ele balbuciou a frase à meia voz, como se não quisesse dar o braço a torcer.
- Há algumas horas estava me mandando sumir da sua vida! – devolvi
- Não posso mudar de ideia?
- Pode, pode sim. Mas eu não tenho como pagar por um quarto nesse lugar, eu tenho que chegar em Boston o quanto antes. – esclareci
- Fique nesse aqui, é para um casal! E já está pago! Quando começa o seu estágio no escritório de arquitetura? – retrucou ele
Vendo-o largado ali sobre a cama, depois do que tivemos na boleia do caminhão na noite anterior, era a coisa mais tentadora com que jamais havia sonhado. O olhar dele brilhava quando me fez a proposta e eu decidi que não ia mais mentir para ele.
- Não tem nenhum escritório de arquitetura em Boston me esperando, meus avós paternos moram lá e, por isso estou me mudando para ficar com eles. Me perdoe por ter mentido para você, mas eu precisava sair de Portland sem deixar rastros, foi por isso que inventei um nome falso, uma estória fictícia e tudo o que você já sabe. – sentenciei penitenciado.
- Eu queria conhecer a história toda. Você vai ter quatro semanas para me contar tudo. – retrucou ele. – E, para começar, seria bom se você me ajudasse a tomar um banho, estou fedendo mais que um gambá. – emendou.
- É, está mesmo! – exclamei, abrindo um sorriso para aquele macho que começava a mexer com alguma coisa bem profunda arraigada dentro de mim.
Apoiado em mim, o Drew foi saltando em um pé até o banheiro. Entre ais e uis ajudei-o a se despir e a deixar aquela profusão de músculos me atabalhoar os pensamentos. Àquela pouca distância, praticamente nos tocando, tudo nele era exageradamente grande. Ajudá-lo a entrar na banheira foi outro dilema, ele me despejava seu receio de que eu não desse conta de segurá-lo caso escorregasse, e fez disso um drama.
- Cara, você é bem manhoso! Não acha que para um homem do seu tamanho é muita lamuria para pouca coisa? – questionei.
- Não é você quem está todo estropiado, fica fácil falar! – devolveu insolente. – Ontem à noite você não reclamou do meu tamanho! – acrescentou, despudorado, deixando-se afagar pelas minhas mãos ensaboadas percorrendo seu corpo com um sorriso disfarçado; inclusive enquanto lavava seus genitais imensos, fazendo-o gemer baixinho.
Terminei de enxugar sua cabeleira no quarto com ele nu e refestelado contra a cabeceira da cama, reclamando de dor aqui e acolá a cada pequeno movimento. O danado estava conseguindo me seduzir pela vitimização, com aquela carinha de cachorro carente cheio de manhas. Eu, que tinha uma inclinação natural para me dedicar a todo ser desamparado, ia experimentando uma sensação nova e maravilhosa ao ter aquele macho sob meus cuidados, embora me sentisse profundamente responsável pela desgraça dele.
- Me desculpe, Drew! Espero que um dia consiga me perdoar. Você está todo arrebentado por minha causa, nunca teria te acontecido nada se não fosse minha culpa. – penitenciei-me
- Não foi culpa sua, foi aquele cara que me atacou.
- Mas, ele fez isso depois que você me defendeu. Não devia ter se metido nisso.
- E o que você queria, que ele te estuprasse naquele banheiro? Pelo que eu sei, era isso que ia acontecer se eu não aparecesse no momento certo.
- Se fosse para não te ver assim todo quebrado, eu não me importaria! Dói mais ver você nesse estado do que ter deixado aquele miserável arregaçar meu cu. – afirmei, com os olhos marejados, vertendo lágrimas que ele tentava secar com o polegar.
- Não diga bobagens! Eu jamais me omitiria diante da barbárie daquele sujeito. – retrucou ele.
Eu o beijei com um toque sutil e carinhoso na testa, mas ele logo usou sua força do braço sadio para me trazer pelo cangote para junto de sua boca, e tivemos um beijo longo e devasso, no qual nossas línguas se entrelaçavam sem pressa. O beijo não só me instigou, mas me deu a coragem de começar a acariciar o tórax dele, resvalando as pontas dos dedos entre os pelos do peito dele, descendo pelo ventre trincado e mergulhando-as nos pentelhos profusos de sua virilha. Ele me observava em silêncio, quando muito, soltava um suspiro rouco produzido pelo tesão que se apoderava dele, e se refletia na movimentação involuntária do caralhão que até então repousava flácido e pesado sobre sua coxa. Assim que notei os primeiros abalos naquela verga colossal, envolvi-a na minha mão. Ela pulsava firme e endurecia ao meu toque fazendo o prepúcio recuar e terminar de expor a glande arroxeada e úmida. Eu a lambia, circundando-a com a minha língua em toques suaves.
- Não precisa fazer isso! – exclamou ele, excitado e surpreso com minha ousadia.
- Mesmo eu querendo muito, quer que eu pare? – questionei.
- Não quero que se sinta obrigado a nada. Eu já disse que nada do que aconteceu foi culpa sua. Você não me deve nada! – respondeu ele.
- Não estou fazendo isso por obrigação. Estou fazendo porque me sinto atraído por você, porque gosto de você e, porque isso aqui está delicioso. – asseverei.
- Não me provoque, Nathan! Não, Luke! Vê o que está fazendo comigo, está conseguindo dar um nó na minha cabeça.
- Pretendo fazer bem mais do que isso, se você quiser! – exclamei, voltando a colocar a cabeçorra na boca e chupando-a com a gula inspirada no tesão que sentia por aquele macho.
Chupei-o por um bom tempo, dividindo minha dedicação entre a pica e o prodigioso e lindo sacão. Era gostoso pegar nas bolas, fazê-las deslizar sob a pele enrugada revestida de grossos pentelhos. Nem nos meus mais delirantes sonhos eróticos eu me imaginei brincando com genitais tão avantajados e, muito menos, pertencendo a um cara másculo como o Drew. Ele tentava à custo manter o autocontrole, contudo, seus grunhidos graves cada vez mais sonoros e o contorcionismo que o deixava inquieto, denunciavam o prazer, o tesão e o gozo que já não conseguia mais retardar. Subitamente, minha boca se encheu de sêmen, ao mesmo tempo em que ele liberava um bramido longo e cavernoso. Fitei seu olhar maravilhado enquanto engolia a profusão de jatos que ele ejaculava tentando não me engasgar com toda aquela porra saborosa e espessa. Quando terminei de limpar a pica lambuzada dele, sorri de tanta felicidade que havia no meu peito. Eu tinha conseguido fazer um homem gozar com a minha devoção, aquilo não tinha preço para um gay como eu que, até há poucos dias, se julgava incapaz de dar prazer a outro homem.
- Espero que não tenha sido tão ruim, para uma primeira vez. – sentenciei.
- Foi sua primeira vez?
- Foi!
- E aquilo na boleia do caminhão, também foi a primeira vez?
- Sim!
- Gostei! Gostei de saber disso, e gostei das duas coisas! Como eu disse, você é um perigo, um perigo! – ele sorria quando me disse isso.
Assistimos um pouco de televisão interessados em saber se a polícia ainda nos procurava e constatamos que sim. À minha história iam sendo acrescentados depoimentos de colegas da faculdade, de parentes que se recusavam a atender os jornalistas, de pessoas que nunca me viram e afirmavam serem amigos de amigos meus, todos relatando episódios que ora me faziam de inocente, ora me desenhavam como um cara excêntrico e problemático. Mas, da Krysta, agora pintada como vítima de um amigo desequilibrado, acrescentavam poucas informações relevantes. Ela continuava desaparecida. Quanto ao Drew, a mídia o apresentava como o homem violento e insensível que provocou um traumatismo craniano num devotado pai de família, e caminhoneiro trabalhador, que passava dias longe da família para lhes garantir o sustento rodando pelas perigosas rodovias do país, e que agora agonizava numa UTI lutando bravamente pela vida. Mas, a polícia se mantinha nas investigações e, os oficiais responsáveis garantiam à população que os criminosos seriam encontrados e levados à justiça, promovendo-se às custas da miséria alheia.
- Somos dois assassinos! – exclamei irônico, quando o Drew, cansado daquela baboseira caluniosa, desligou a TV.
- Dois criminosos, altamente perigosos! – ironizou ele. Ambos rimos.
- Sabe o que não entendo, como a polícia ainda não chegou até nós? O pátio de estacionamento daquela parada estava cheio de câmeras, nós e a carreta fomos certamente capturados nas imagens; no entanto, passamos por dois pedágios e ninguém nos parou. Não acha estranho? – indaguei
- Também havia pensado nisso, mas vendo as imagens que aparecem nos telejornais e que foram capturadas por aquelas câmeras, não dá para ver nem o cavalo mecânico, nem a placa da carreta. No primeiro caso, eu me lembro de que ao sair da rodovia e entrar no estacionamento tive que parar para deixar uma sair, o que bloqueou a vista do cavalo, à exceção do aerofólio, enquanto a outra manobrava para sair da vaga e também impedia a nossa identificação e, no caso da placa, pode notar, se você acessar o conteúdo das mídias no seu celular, que na posição em que estacionei a carreta na vaga, há um galho de uma bétula com suas folhas amarronzadas bem diante da câmera, e ela só filmava a parte superior do baú, e não a placa. – revelou ele.
- Puxa! Você é bem observador. Então, acha que não vão nos encontrar?
- Acho que não! Eu tinha pensado nisso e até em como dar um jeito de esconder a carreta separando-a do cavalo mecânico e camuflando as duas partes em locais diferentes, mas creio que não será necessário.
- Fico mais tranquilo! Não conseguiria ver você nesse estado preso numa espelunca qualquer sem ter como se cuidar. – confessei. – Está ficando tarde, vou tomar uma ducha e ver se consigo dormir, foi um dia e tanto, não foi? – disse, enquanto tirava a roupa antes de seguir na direção do banheiro.
- Fiu, fiu! – assobiou ele quando caminhei para o banheiro.
- E a cueca. Tira a cueca! – exclamou lascivo. – Deixa eu ver essa bundinha tesuda, deixa! – depois de censurá-lo, tive que rir. O danado devia mesmo ter gostado de se esbaldar no meu cuzinho, o que me deixou feliz.
Quando voltei ao quarto enrolado com a toalha na cintura, o Drew fazia girar uma cueca no dedo indicador e tinha uma expressão libidinosa e debochada na cara sorridente. Não levei mais do que alguns segundos para identificar a peça, era aquela cueca dele que eu tirei de sua sacola, cheirei e precisei enfiar rapidamente no bolso quando ele me flagrou.
- Quando você jogou sua calça sobre a cama, veja o que encontrei saindo de um dos bolsos. – afirmou ele
- Eu posso explicar! – exclamei exaltado e corando. – É que .... foi quando ... é que ... – eu parecia um toca-discos emperrado de tão avexado, enquanto ele só fazia rir da minha cara.
- Então explique! Estou curioso para saber o que uma das minhas cuecas usadas, manchada de porra, está fazendo no bolso da sua calça. – tripudiou.
- Ora, é que ...., Ah Drew! É que você largou a sua sacola toda aberta e eu vi aquela maçaroca de roupas enfiadas de qualquer jeito dentro dela e quis arrumar para você, só que você apareceu e eu fiquei com receio que fosse brigar comigo por estar mexendo nas tuas coisas sem autorização. Foi isso, foi! – eu só consegui inspirar outra vez depois de ter despejado tudo, mas ainda me sentia sobressaltado, especialmente, porque ele continuava caçoando de mim com aquele risinho sarcástico.
- E também aproveitou para dar uma cheiradinha nela!
- Foi! – eu queria evaporar no ar, nunca havia me sentido tão envergonhado.
- Gostou?
- Gostei!
- Você está me deixando maluco, Luke! Primeiro, ficou me seduzindo com esse corpo escultural e esse tesão de bunda enquanto tomávamos uma ducha a poucos metros de distância, depois ficou me atentando na boleia, e deixou eu entrar no seu cuzinho enquanto gemia feito uma gazela nos meus braços, há algumas horas me fez o melhor boquete que já me fizeram, mamando minha porra até a última gota e, agora há pouco, me obriga a ver suas nádegas se movendo sensualmente sem que eu pudesse tocá-las. O que aquele cara não conseguiu fazer, você está se encarregando de terminar, que é dar cabo de mim. – sentenciou, enquanto com o dedo indicador que estivera rodopiando a cueca no ar, ele me chamava para junto de si.
- Se queria me ver envergonhado, conseguiu. Nem sei como te encarar. – balbuciei, sentindo o rubor das faces queimando. – Bem, eu sou gay como deu para notar, e você é o protótipo de homem que nenhum gay desperdiçaria. Pronto, confessei! – emendei, quando já estava sentado no colo dele, onde ele tinha apontado para eu me sentar. Ele beijou suavemente meu ombro e manipulava um dos meus mamilos, cujo biquinho ficava cada vez mais rijo e saliente.
- Você é um tesão, Luke! Um tesão!
Eu tomei o rosto dele nas mãos e o beijei com toda a intensidade daquilo que sentia em meu peito. Ele retribuía, mordendo meus lábios e enfiando a língua na minha garganta a cada beijo mais e mais veemente.
- Pena eu estar nesse estado deplorável, sem poder de dar o que você merece. – disse ele, quando seus beijos vinham cada vez mais carregados de uma libertinagem assumida, e seu polegar masturbava as preguinhas do meu cu com um afinco libidinoso. – Por que, ontem à noite, me deixou te machucar tanto assim, sem reclamar? É uma judiação tuas pregas estarem assim todas dilaceradas. – questionou ele, carinhoso, apesar da maneira enérgica com a qual bolinava meu cuzinho.
- Porque foi a coisa mais maravilhosa que senti na vida! – respondi.
Enquanto o beijava, fui empurrando seu tronco contra o colchão até ele ficar deitado, tirei a toalha que me cobria e montei sobre a virilha dele, onde o caralhão duro sobressaia empinado feito um tronco brotando do chão. Ele se rendeu e, lentamente, após ele apontar a cabeçorra sobre a minha fenda anal, eu fui me sentando, gemendo e parando quando a dor se tornava insuportável. Inspirações profundas voltavam a me dar coragem, eu rebolava para manter a verga atiçada e ia deixando o peso da minha bunda descer suavemente, até ela estar toda atolada no meu rabo. O Drew me segurava pela cintura, tinha um sorriso doce e apaixonado no rosto, que eu cobri de beijos enquanto meu cu mastigava sua pica colossal com toda a devoção.
- É isso que você chama de estado deplorável? Eu não poderia querer um homem mais vigoroso que você, Drew! – revelei, pouco antes de ele encher meu cuzinho com seu sêmen cremoso.
- Se continuar cuidando tão bem assim de mim, vou estar tinindo de saudável muito antes da previsão dos médicos. – eu ri, o beijei e disse que faria todo o possível para isso. Foi quando ele sorriu externando sua felicidade.
- Mas agora, que você me parece mais amistoso por ter aliviado esses colhões, e talvez não vá se zangar tanto comigo, eu vou te contar por que menti para você para conseguir uma carona.
- Está me saindo mais danado do que eu pensava. Sou todo ouvidos!
- Como já deu para perceber, sou gay. Quando isso ficou bem esclarecido na minha cabeça, eu fiquei na minha, não queria que ninguém descobrisse porque não sabia como lidar com isso socialmente e, principalmente, tinha medo, medo do que as pessoas pudessem fazer comigo se soubessem. A única pessoa para quem eu contei foi a Krysta, a que estão me acusando de ter sequestrado. Mas, há cerca de dois anos, meu padrasto descobriu e desde então, vem dando em cima de mim. Começou com ele passando as mãos no meu corpo, invadindo meu quarto quando eu estava no banho, tentando ficar sozinho comigo em casa e por aí vai. Como eu não cedia, ele começou a me ameaçar dizendo que ia fazer com que toda universidade soubesse que eu era gay, que contaria para a minha mãe que eu estava dando em cima dele e coisas do tipo. Um dia, numa discussão mais acalorada, ele me bateu e sugeriu que minha mãe parasse de me dar a mesada, uma vez que foi ela quem sempre me sustentou, pois não depende dele para meu sustento e do dela próprio, os pais dela são ricos e ela ganha muito bem com o escritório de advocacia que dirige. Nunca pude contar muito com ela desde criança, é uma mulher prática voltada para a carreira e não para a casa, filhos e coisas do tipo. Contudo, eu nunca a quis magoar e, com meu padrasto querendo me enrabar a qualquer custo, ela ia acabar descobrindo e achando que era eu quem estava seduzindo aquele crápula por ser gay. Chegou um momento em que tudo ficou insustentável, eu precisava sair de casa, ficar longe dele, e foi o que eu fiz, com a ajuda da Krysta que me tirou da cidade, enquanto eles achavam que eu tinha ido na casa do Harry, um amigo meu. Só que eu não faço a menor ideia do que possa ter acontecido com a Krysta depois que nos separamos naquela tarde em Pendleton, pois ela ia voltar para casa e meus pais só descobririam meu sumiço no domingo à noite quando eu deveria estar de volta da casa do Harry. Só que eu planejava já estar longe quando isso fosse acontecer. A notícia do desaparecimento da Krysta aparecendo em todos os telejornais me denunciou, e eu me vi perdido, só tentando ir para Boston, para procurar pelos meus avós paternos.
- E seu pai, por que não pediu a ajuda dele?
- Meus pais se separaram quando eu tinha cinco anos, por que meu pai estava passando por um período de instabilidade emocional quando regressou do Afeganistão, onde atuou como médico do exército no front, o que minou o casamento deles. Minha mãe conseguiu minha guarda na justiça, com a ajuda da família endinheirada e influente. Eu nunca mais tive contato com meu pai, não sei como ele está e o que faz da vida. Mas, meus avós me ligavam de vez em quando nos aniversários, Natal e coisas assim. E eles moram em Boston, por isso resolvi pedir ajuda a eles e, meu avô disse que eu seria bem-vindo na casa dele, e que podia contar com a ajuda dele para o que fosse preciso. Foi assim que você apareceu e me deu a carona que eu tanto precisava. – revelei.
- Pelo visto tem um bocado de macho correndo atrás dessa bunda!
- Não fale assim, Drew, por favor, você não! Está me fazendo parecer uma puta. Eu nunca corri atrás de homem algum, e nem deixei que uns colegas mais atrevidos do colégio fizessem nada comigo.
- Desculpe, não tive a intenção de te ofender! É que, de repente, senti ciúmes, por saber que não sou o único interessado em você. – redimiu-se
- Interessado na minha bunda, você quer dizer, em me foder. – afirmei
- Acha que só a sua bunda e seu corpo despertam o interesse nas pessoas?
- Não, claro que não! Mas em caras como você, sim.
- O que quer dizer com isso?
- Não me pressione, Drew. Você é um cara muito do macho que pega putas de beira de estrada de tão tarado que é. Até um gay caindo na sua boleia você não perdoa, mete esse troço enorme que você tem no rabo do viado e parte para a próxima. Não estou te julgando ou recriminando, só dizendo como você é, por mim tudo bem, é seu direito, você conduz sua vida como acha melhor.
- Então é assim que me vê, um pegador de putas e gays?
- Não foi isso que eu disse! Eu disse que você transa com quem aparece pela frente, pois foi isso que eu vi. – reafirmei.
- O que acabamos de fazer foi uma transa com um cara que não consegue manter a pica dentro da calça, no seu entender. – eu não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.
- Eu sabia que você ia se zangar, não falei? Vamos parar por aqui, a última coisa que eu quero é te magoar, Drew, acredite!
- Então me responde, o que foi aquilo que acabamos de fazer?
- Drew, por favor! Foi a coisa mais maravilhosa que eu já fiz com outra pessoa, e foi tão especial porque foi com você.
- Vai acreditar em mim se eu te disser que também foi especial para mim, as nossas duas vezes.
- Vou.
- Então nunca mais repita que eu só me interesso em te enrabar, combinado.
- Combinado!
Aos dezenove anos, eu não tinha certeza de nada. Acreditava em poucas pessoas, dado o histórico da minha vida, e achava que um homem como o Drew nunca se apaixonaria por um gay como eu. Ele era macho, era hétero, era um reprodutor, ia querer uma família, filhos, uma esposa que pudesse lhe dar a prole que eu jamais poderia dar. Como acreditar que um cara assim pudesse sentir algo mais do que tesão por mim e o desejo de uma foda bem prazerosa? Antes de adormecer naquela noite, eu sabia que podia sair bem machucado ao final daquelas semanas que passaria cuidando dele, não onde nesse momento minhas pregas estavam em carne viva, mas no mais fundo de minha alma. Esse era o temor que crescia em mim.
A primeira semana transcorreu mais rápido do que eu esperava. O Drew se queixava de dores, mas dava uma de durão e não queria tomar os analgésicos que lhe haviam prescrito. Elas vinham normalmente à noite, depois de transarmos, algo do que ele não abria mão, mesmo eu o tendo acariciado e chupado a pica dele durante o dia. Propus que não transássemos todos os dias, para lhe poupar as forças, ao que ele se recusou e até ficava algumas horas com a cara amarrada dando uma de ultrajado, e que só passava depois de eu mimá-lo com alguns afagos. Extremamente fogoso, ficar preso naquele quarto de motel praticamente imóvel o deixava impaciente e resmungão, por isso eu cedia e lhe entregava o cuzinho quando a tenacidade de alguma ereção o torturava, embora meus esfíncteres anais estivessem me matando. Eu não podia negar um pouco de afeto àquele homem que tinha arriscado tanto por mim e que estava me bancando. No telejornal noturno do sábado, tive uma ótima notícia que me trouxe um alívio enorme. A Krysta havia sido encontrada no final daquela tarde, depois que investigações sigilosas da polícia, os levaram a uma casa na Freemont Street em Boise, um bairro decrépito de Portland. Ela estava amarrada e deitada sobre colchões velhos no sótão, onde tinha sido instalada pelos sequestradores, dois mexicanos, funcionários de uma das lojas de material de construção do pai dela. Foi durante as negociações pelo resgate que a polícia chegou aos autores do crime. As investigações ocorreram em sigilo para que nada saísse nas mídias e pudesse atrapalhar o trabalho da polícia. Tive uma crise de choro quando a vi sendo retirada do sótão por um policial que a carregava nos braços, magra e abatida, até uma ambulância.
- Ela está viva, é o que importa! Não fique assim. Tudo deu certo no final. – disse o Drew ao vir me abraçar e aconchegar em seu peito.
- Eu te disse que não sou um criminoso! – exclamei, pois eu ainda me lembrava da cena e da fúria dele quando descobriu quem eu era de verdade. O Drew beijou minha testa e eu chorei de felicidade, minha melhor amiga estava sã e, eu ia continuar rezando para que não tenham feito nada de mal com ela, uma vez que era uma garota linda.
Na segunda semana, de nada adiantaram as minhas recomendações de que se resguardasse para que a recuperação se desse mais rápido. O Drew se apoiava em mim saltando sobre o pé sadio e insistia em dar uma volta pelo jardim do motel, ficar exposto ao sol fraco e à brisa fria ao redor da piscina e fazer as refeições no salão que dava vista para o movimento da avenida na qual o motel se situava. Sem aqueles incômodos dolorosos e já mais acostumado à tipoia e à bota que imobilizavam suas fraturas, o sacripanta começou a fazer gracinhas durante os banhos chegando algumas vezes a me puxar para dentro da banheira junto com ele, para apalpar minha bunda e dedar meu cuzinho enquanto me beijava de um jeito que me tirava o fôlego e quase me fazia crer que um dia poderíamos ter uma vida em comum. Ao final daquela semana, retornamos à consulta no hospital. O médico se mostrou otimista com a evolução do quadro das fraturas e remarcou outro retorno para dali a quinze dias, quando afirmou que talvez já se pudesse remover as imobilizações. Animado com a notícia, o Drew não quis voltar diretamente para o motel, e pediu ao motorista do táxi que nos deixasse no Morey’s Steakhouse onde jantamos no pátio aberto com vista para o Rio Snake e nos detivemos até tarde, apesar do frio que aumentou com o cair da noite. Me diverti com a voracidade do Drew ao devorar o suculento filé grelhado na brasa que havia pedido, o apetite leonino parecia fazer parte de sua personalidade. Essa escapadela o deixou eufórico e falante, o que também me deixou muito feliz, pois parecia que ele tinha superado os infortúnios pelos quais o fiz passar. Vendo-o tão animado e expansivo do outro lado da mesa sob o céu estrelado e o reflexo das luzes nas águas ligeiras do rio, eu comecei a temer o momento em que teria de me despedir dele, uma vez que, de alguma forma, ele tinha me conquistado o coração sem o saber. Amei-o tão intensamente naquela noite, quando a verga foi abrindo minhas pregas numa penetração lenta e carinhosa até inchar no meu cu e o inundar de porra, que acabei deixando escapar entre os gemidos um – te amo Drew – que eu devia ter calado.
- Pena que você ainda não esteja livre da acusação de ter agredido aquele homem, talvez continuem procurando por você. Tudo por culpa minha. – voltei a mencionar, após termos visto mais uma vez uma reportagem relembrando a agressão, no dia em que o caminhoneiro havia saído do coma e estava sendo entrevistado ao lado da esposa e dos filhos num quarto de hospital.
- Então desanuvie essa cabecinha!
- Como assim? Por acaso acha que a polícia desistiu de te procurar?
- É muito provável!
- Não sei como chegou a essa conclusão.
- Você prestou atenção na chamada e no discurso do repórter ao iniciar a entrevista, onde ele ressaltou as virtudes de bom pai de família do sujeito e o pintou como vítima de brutal agressão.
- Sim, vi. E daí, por que isso te inocentaria?
- Por que esse sujeito nunca vai dar queixa ou levar o caso adiante. Se ele o fizer, vai ser confrontado com a minha versão. Não apenas a família, mas todos, vão saber que ele só foi agredido por ter molestado um rapaz no banheiro de um posto de combustíveis que estava cheio de câmeras e podem ter captado inúmeras imagens que comprovam a minha versão, mesmo não mostrando o momento exato em que tentou te estuprar. De vítima, ele passará a réu e, se a essa história for revelado que você é gay, o crime passa a ganhar outras proporções. Ele vai ficar bem calado, pode ter certeza. Sujeitos como ele são covardes, só agem quando acham que não serão descobertos. É um desgraçado que eu gostaria de ter deixado aleijado ou, pelo menos, sem nenhuma função no pinto. – argumentou
- Você pode estar certo! Seria ótimo saber que a polícia não te persegue mais. Me sentiria menos culpado. – asseverei.
- Não se sinta! Aliás, esqueça esse assunto, e vem cá me dar um desses seus beijos tesudos.
As últimas duas semanas se assemelhavam a um sonho, eu com um homem incrível e maravilhoso ao meu lado que se dividia entre me distrair e me foder na medida exata das minhas necessidades. O Drew havia insistido para que eu comprasse uma bengala numa das vezes em que saí para comprar alguns itens de higiene pessoal que ambos precisávamos. Com ela, ele se sentiu mais à vontade para caminhar pelas redondezas do motel, sem ter que se pendurar em mim como se fosse um inválido, argumentou. Esses passeios aconteciam normalmente à tarde quando a temperatura estava um pouco mais agradável devido ao sol que brilhava desde a manhã e, na maioria das vezes, nos conduziram às margens do Rio Snake, onde extensos gramados chegavam até à margem e seus espaços eram compartilhados por atletas amadores, crianças pequenas acompanhadas de mães preocupadas e atentas às suas estripulias, e casais de idosos levando seus cães para um passeio antes do jantar. O Drew e eu conversávamos sobre muitas coisas tentando nos conhecer mais a fundo. Ele arrancava as informações de mim mais facilmente do que eu dele. Era nessas horas que seu jeito taciturno me incomodava um pouco, pois tinha a impressão que ele não queria se deixar conhecer por inteiro. Depois de alguns dias, percebi que talvez ele estivesse certo; afinal, estávamos apenas compartilhando alguns dias numa espécie de aventura, pelo menos era assim que eu estava encarando a minha fuga de casa, em cujo final nos despediríamos num adeus definitivo, cada um seguindo seu caminho. Eu procurava incutir em mim essa mesma frieza e distanciamento que parecia ser o jeito dele, para que não sofresse tanto quando chegasse o dia da despedida. O que eu estava sentindo por ele era gigantesco, muito maior do que eu, e aquilo só crescia em meu peito, mais rápido do que as leveduras de uma massa de pão. Eu estava completamente apaixonado por ele, como e quando exatamente tinha acontecido eu não saberia dizer; uma vez que, no começo, até achei que não passava de uma empolgação de um gay por um homem sexy e másculo. Porém, o convívio tão íntimo ao passar dos dias estava me mostrando que eu havia me enganado nesse julgamento. O que sentia por ele era paixão, com toda certeza. Ela nunca havia estado na minha vida antes, seu ineditismo foi o responsável por eu demorar a reconhecê-la. Mas, agora, ao mesmo tempo em que sabia do que se tratava, estava simultaneamente prestes a perdê-la. Era essa convicção que se abatia sobre mim enquanto o sol se punha naquelas tardes deixando reflexos dourados nas águas do rio.
- Parece triste. – começou ele, no caminho de volta para o motel. – Não está curtindo esses passeios? Se não quiser, podemos fazer outra coisa qualquer. Percebo que fica pensativo e distante todas as vezes que caminhamos até aqui.
- Não, não é nada! Gosto de caminhar com você e me distrair observando todas essas pessoas. É que fico imaginando como será a minha vida de agora em diante, como serei recebido na casa dos meus avós, como será conviver com meu pai. Tenho lembranças confusas dele, eu só tinha cinco anos quando minha mãe se separou dele e se mudou para Portland. Ela também nunca me deu as respostas às minhas perguntas em relação a ele, sempre dizia que não foi um bom marido, nem um bom pai, embora nas minhas lembranças eu tenha uma impressão contrária. A família dela também nunca colaborou nesse sentido, sempre se referindo a ele como alguém não merecedor do amor de uma esposa e de um filho. Se isso for verdade, talvez seja impossível conviver com ele, e isso me deixa um pouco apreensivo. – confessei.
- Separações sempre são traumáticas, as partes tendem a pintar um quadro negativo do parceiro para se convencer e dar legitimidade à atitude que estão tomando. Dê tempo ao tempo, você vai poder concluir por si só quem está com a razão. – sugeriu sensato.
- Tem razão, acho que estou me adiantando aos fatos. – concordei. – Mas, voltando a você, que parece estar sempre fugindo das minhas perguntas, de onde vem, como é a sua família, como decidiu ser caminhoneiro, não acha que é uma vida solitária e perigosa? – indaguei, pois ele tinha essa mania de voltar a falar sobre mim quando eu tentava saber mais sobre ele.
- Nasci na Califórnia, mas não moro mais lá, minha família se mudou faz tempo. Tenho um irmão com quem sempre tive algumas diferenças, e uma irmã já casada que vive em Nova Iorque com o marido. Decidi entrar naquele caminhão para saber como é essa vida errante. É isso, nunca fugi de casa, portanto, essa aventura não faz parte do meu passado. – disse rindo, e eu sabia que seria apenas isso que ia contar, embora houvesse claramente muito mais por trás desse breve resumo; se quisesse saber mais, teria que tentar noutra ocasião, talvez aproveitando uma deixa que ele porventura deixasse escapar.
Era à noite, na cama que compartilhávamos, que a magia acontecia, em que ele se transformava. Não que falasse muito, mas era onde sobressaiam suas atitudes que o levavam a juntar seu corpo ao meu, sua boca à minha, suas mãos a percorrer minha pele nua, e sua rola a se aninhar no meu cuzinho. Eu gostava de vê-lo adormecer depois de ter me inseminado com sua porra tépida que sentia formigar nas minhas entranhas, enquanto eu demoradamente acariciava com suavidade a cabecinha da verga dele com as pontas dos dedos. Esses afagos tinham o mesmo poder que o colo de uma mãe pondo o filho a ninar. Era assim que eu me sentia quando via as pálpebras dele pesando e encobrindo lentamente os olhos, enquanto seu rosto ganhava uma expressão de tranquilidade e descontração, envolta em felicidade que o sorriso nos lábios desenhava.
Haviam se passados três dias depois de completar um mês que aquelas imobilizações consolidaram as fraturas do Drew. Elas foram removidas para total alegria dele, e minha, por tê-lo inteiro novamente. Fomos ao Spud Cellar Lounge&Bar comemorar a recuperação do Drew, com chopp e uma deliciosa música ao vivo como fundo, uma vez que na manhã seguinte nos poríamos novamente na estrada.
Depois de recuperarmos a carreta no posto onde ficou estacionada, abastecê-la e conferir outros pequenos detalhes, rumamos em direção ao Nebraska. Seriam aproximadamente uns 1500 quilômetros até Kearney onde o Drew ia entregar a carga ao amigo. Cobrimos o percurso em três dias, pois o médico havia orientado o Drew a não abusar nesses próximos dias, por melhor que estivesse se sentindo. O médico olhou na minha direção quando deu a recomendação, como se tivesse adivinhado que eu era mais do que um simples amigo cuidando de outro. Isso me fez corar, talvez confirmando as suspeitas do médico.
A cada quilômetro percorrido meu coração se apertava, o dia do adeus estava chegando. De vez em quando, eu precisava enxugar uma lágrima antes do Drew perceber quando ficava perdido com meus pensamentos nos longos silêncios.
- O gato comeu sua língua? – ele ria quando me fez a pergunta.
- Hã! O quê? – devolvi, secando os olhos virado para a paisagem que passava ligeira lá fora.
- Perguntei se já voltou a falar com seu avô. Você não disse que ia ligar para ele. – repetiu
- Ainda não! Acho que vou ligar essa noite. – respondi hesitante
- Está tudo bem?
- Está! Está tudo bem. Não se sente cansado? O ombro e o joelho não estão te incomodando? Faz quase três horas que está dirigindo, vamos fazer uma parada para você se esticar. – era tudo o que eu podia fazer para que ele não desconfiasse que estava morrendo de medo de me despedir dele.
- Faremos isso daqui a pouco, vamos encontrar um lugar legal para parar. – naquela noite fizemos amor na boleia, depois de eu ter entrado em contato com meu avô que se mostrou entusiasmado com a minha decisão de morar com eles, tanto que disse que compraria uma passagem de avião para que eu chegasse mais rápido, precisando apenas me apresentar para o check-in da Delta Airlines no Eppley Airfield em Omaha. Depois de beijar o rosto fatigado do Drew, após o coito que ainda se fazia sentir no ardor das minhas pregas anais, eu me virei de lado com os olhos cheios de lágrimas, omitindo a questão da passagem aérea.
No terceiro dia chegamos a Kearney. A descarga da carreta num terminal rodoviário foi rápida e acompanhada pelo amigo do Drew, dono da carga. Por ser tarde, ele nos convidou para o jantar, o que daria ao Drew a oportunidade de rever a esposa dele e o filho que ainda não conhecia. Até todos os assuntos terem sido colocados em dia, passava da meia-noite e acabamos por pernoitar na casa deles. A sós no quarto, esperei o esperma do Drew aderir à mucosa do meu ânus para dizer que pegaria um ônibus para Omaha na manhã seguinte.
- Você não pode fazer isso! – exclamou indignado e surpreso, assim que fiz a revelação.
- Lembro que você me disse naquele posto em que me deu carona, que poderia me levar até Kearney; pois bem, aqui estamos. Portanto, fim da linha para mim. – eu fazia um esforço tremendo para dar firmeza às minhas palavras e para não começar a chorar, embora o nó na minha garganta estivesse me sufocando. Se me atrevesse a olhar diretamente para o Drew ia desabar, por isso, não o encarava.
- Sim, eu disse, mas .... – ele se interrompeu parecendo não encontrar o que dizer, enquanto passava a mão nos cabelos como se estivesse agoniado.
- Eu só tenho a te agradecer, Drew! E, a te pedir mais uma vez, mil desculpas pelo transtorno que te causei. Essas semanas em sua companhia foram os melhores dias da minha vida, acredite! – confessei.
- Até agora você não me disse onde seus avós e seu pai moram, apenas disse que estava indo para o leste quando te dei carona.
- Boston! Eles moram em Boston, é para onde estou indo. – revelei – Quando chegar lá, vou ver se meu avô ou meu pai tem como me emprestar uma grana para que eu possa te pagar pela metade do que gastou comigo me mantendo com você naquele motel por todo esse tempo. Sei que não cobre os danos que te causei, mas é a minha forma de amenizar um pouco tudo pelo que te fiz passar. – acrescentei
- Eu já te disse que nada do que aconteceu foi culpa sua! Caralho, como você é teimoso! – sem saber como agir e o que exatamente falar, ele colocou para fora sua frustração com a minha partida e uma raiva que corroía seu pensamentos, por se sentir impotente diante da situação.
- Não fica bravo comigo, Drew! Está bem, não foi culpa minha, mas faço questão de dividirmos aquela despesa, OK? – ele demorou a responder, desferiu um soco na cama e se virou para o outro lado.
- Não se esqueça de me deixar escrito o endereço do seu avô, caso não me mande o dinheiro, saberei onde procurar. – foi a primeira vez que ele usou um tom tão ríspido para comigo.
- Já fiz isso! O endereço está naquele bloquinho que você mantém no porta-luvas do caminhão, endereço e telefone. Não se preocupe, se eles não puderem me ajudar, eu ligo para a minha mãe e peço o empréstimo a ela. Não vou te dar o calote! – asseverei.
- Lembra dele de cor?
- Sim! Old Colony Road, Wellesley. Só não lembro o número. – respondi. Ele soltou um Hah, sem se virar na minha direção, estava nitidamente zangado.
- Você não conhece Boston, não é?
- Não! Como eu disse, saí de lá muito criança, não me lembro de muita coisa. Por quê?
- Por nada! Por nada! – foram suas últimas palavras para mim naquela noite.
- Boa noite, Drew! – ainda me debrucei sobre ele e coloquei um beijo na bochecha dele. Seria essa a maneira que encontrou para se despedir de mim, tanta frieza, depois de semanas de sexo tórrido?
Fui forte o suficiente para conduzir a despedida sem dar vexame; até porque, o amigo do Drew foi quem me levou até a rodoviária na companhia dele. Quando nos abraçamos, sussurrei um último – muito obrigado – junto ao ouvido dele e – você é o homem mais maravilhoso que já conheci, adorei cada uma das nossas noites juntos – pousando um beijo discreto na borda da mandíbula dele. Mas, todo meu autocontrole se desmanchou como um castelo de areia quando tomei assento na poltrona do ônibus. As lágrimas simplesmente desceram, quentes e doloridas pelo meu rosto que lançava um último sorriso na direção dele acenando da calçada. Quando o reflexo do sol batendo na janela do ônibus se refletiu no rosto dele, eu quase podia jurar que aquele brilho no olhar dele estava úmido.
Tudo o que haviam me contado sobre meu pai e a família dele foram mentiras criadas pela frustração, raiva e quem sabe lá que outros sentimentos que levaram minha mãe e meus avós maternos a incuti-las em mim. Quem me aguardava no aeroporto foi meu pai, segurando uma cartolina onde havia meu nome escrito. Afinal, haviam se passado quinze anos desde a última vez que ele me abraçou no dia em fui embora com a minha mãe. Admirei-me de seu porte, não só o do físico atlético, mas também daquele que lhe dava um ar aristocrático. O cabelo levemente grisalho nas têmporas talvez fosse o motivo disso. Independente da cartolina que segurava nas mãos, a primeira vez que nossos olhares se cruzaram pareceu despertar em ambos a certeza de que éramos pai e filho. Ele me lançou um sorriso, eu sorri e caminhei direto na direção dele.
- Luke? – fiquei tão comovido quando o ouvi pronunciar meu nome que o abracei com todas as minhas forças. – Ah, filhão, como é bom ter você outra vez comigo!
- Senti sua falta, pai! – exclamei com a voz embargada e sincera.
- Eu também, filhão! Eu também! Você se transformou num rapagão lindo, Luke! Sua avó vai ficar encantada.
A afirmação dele se confirmou assim que chegamos à casa deles. Minha avó chorava e não conseguia me soltar, enquanto meu avô esperava sua vez de me abraçar com os olhos marejados de tanta felicidade. Foi ali que percebi o quanto me amaram no passado e o quanto estavam gratos pelo destino ter me trazido de volta para eles. Provavelmente eu nunca iria saber de toda a história, dos detalhes que nos levaram a isso; contudo, uma certeza eu já tinha, minha mãe não foi tão honesta comigo como eu acreditava até então. Havia muito a esclarecer.
A casa branca com seu telhado de ardósia em diversas águas e a fachada com janelões e mansardas no topo de uma elevação na Old Colony Road estava cercada de um frondoso arvoredo indicando que meus avós tinham uma ótima estabilidade financeira, ao contrário do que também sempre me disseram. Internamente, tinha uma decoração luxuosa e sóbria que lhe acrescentava um quê de aconchego. Meu pai não morava com eles, tinha sua própria casa na Spruce Street numa região mais central de Boston, próxima de seu consultório e do hospital onde trabalhava. A única verdade que se confirmou de tudo que minha mãe me contou, foi que ele realmente teve um período difícil quando retornou do Afeganistão, atormentado pelos horrores que presenciou e viveu por lá, o que lhe custou uns três anos de terapia e ajuda psicológica para superar o trauma. Ao qual, diga-se de passagem, a incompreensão da esposa em lidar com a situação, acrescentou o divórcio, aumentando os problemas daquele homem. Em conversa com meu pai, ele não a culpava; reconhecia que foram dias difíceis onde nem ele sabia o que queria da vida. Porém, atualmente, ele havia dado a volta por cima e tinha a vida que desejava, estava feliz com ela, à exceção da falta que sentia de mim.
- Estou aqui agora, pai! E vou estar com você pelo tempo que me deixar ficar. – afirmei, realizado com aquele reencontro.
- Para sempre, filhão! Quero que fique perto de mim para sempre. Vamos recuperar tudo o que deixamos de viver. – asseverou.
No final de semana conheci a Jill, a namorada do meu pai. Eles ainda não moravam juntos, mas tinham intenção de o fazer em breve. Ela era uma mulher bonita e elegante, discreta e de sorriso fácil, a empatia entre nós foi instantânea. Via-se nalguns vincos de seu rosto que também vivenciou dias turbulentos, mas era cedo para eu ficar sabendo deles.
Logo tratei de fazer a transferência da faculdade, o semestre havia começado e eu já tinha perdido muita coisa com essa viagem prolongada, precisava o quanto antes me inteirar da nova faculdade para não me perder nas disciplinas. Apesar de ficar estabelecido na casa dos meus avós, por exigência deles e até porque meu pai passava longos períodos fora de casa por conta do trabalho; eu, no entanto, tinha a possibilidade de ficar na casa dele, onde um quarto também havia sido reformado para me instalar, ficando assim, mais próximo da faculdade. Me senti um privilegiado, sentindo meu amor e minha atenção sendo disputadas tão ferrenhamente. Algo que nunca havia sentido morando com minha mãe e meu padrasto.
Aproximadamente três semanas após a minha chegada a Wellesley, numa terça-feira que antecedia o Dia de Ação de Graças, no início da noite, quando ajudava minha avó a preparar o jantar, pois meu pai e a Jill viriam jantar conosco, a campainha tocou e eu fui atender.
- Deve ser o Mike, vovó, o colega da faculdade que está me repassando os conteúdos das aulas que perdi, deixe que eu atendo. – afirmei, enquanto corria até a entrada e ouvia minha avó dizendo para eu o convidar para o jantar, caso ele quisesse.
- Drew? – quase caí de costas. Diante daqueles ombros largos, não pensei duas vezes, simplesmente me enrosquei neles num abraço apertado e o beijei instintivamente. Mas, logo minha mente foi invadida por um pensamento, ele talvez não estivesse ali por minha causa, e sim, para me cobrar a minha dívida, conforme prometi.
- Oi, Luke! – o sorriso lindo dele deixou minhas pernas bambas e minha cabeça girando.
- Oi, Drew! Que surpresa! Não imaginava que pudesse ser você. Me perdoe por ainda não ter te mandado a grana, é que ainda não tive tempo de conversar direito com meu pai a respeito desse assunto. Fiquei sem jeito de chegar e logo começar a pedir uma grana emprestada, entende? Mas, eu vou te pagar, juro! Falo com ele ainda hoje, prometo! – desatei a falar.
- É só isso que tem para me dizer? É com a porra dessa questão da grana que eu nunca te cobrei que você está preocupado? – questionou ele, tirando o sorriso do rosto e me lançando um olhar recriminatório.
- Desculpe, é que eu pensei que .... É que você disse que queria meu novo endereço caso eu não te pagasse, então eu achei que .... – eu estava tão atordoado com a presença dele ali na minha frente, lindo e viril como quando no dia em que o conheci, e com aquele seu perfume que chegava até mim, como quando se entranhava na minha pele quando fazíamos amor, que eu não sabia o que pensar.
- Não vai me convidar a entrar, está um frio da porra aqui fora?
- Ah, claro! Entre! Te ver me deixou todo atrapalhado. Desculpe!
- Pare de pedir desculpas! Pensei que talvez estivesse sentindo saudades minhas. – ele voltou a esboçar um sorriso, um sorriso safado, o que me fez relaxar.
- Estou tão surpreso que nem sei ..... Veio entrar alguma carga aqui em Boston? – perguntei
- Não! Eu moro aqui! – se eu já estava sem entender a presença dele, depois dessa revelação, fiquei atônito.
- Mora aqui? Como assim? Você nunca me disse nada. Por que não me disse que também estava vindo para cá? – comecei a sentir um pouco de rancor por ele ter me omitido isso.
- Você nunca me perguntou!
- Isso não é verdade, Drew! Você bem sabe o quanto eu fiz perguntas a seu respeito, e você sempre com essa mania de responder com meias palavras e de ser tão reservado nunca me dava as respostas que eu queria. – revidei exasperado.
- É, talvez eu tenha sido mais lacônico do que deveria. – concordou ele, enquanto minha avó entrava na sala com meu avô para ver de quem se tratava a visita.
- Vovó, vovô este é o Drew o ..... – apresentei, ficando subitamente sem palavras para explicar quem era aquele homem.
- Olá! Sou o namorado do seu neto! – exclamou ele sem a menor hesitação, apertando a mão do meu avô e dando um beijo na bochecha da minha avó, ambos pareciam ter levado um choque, estavam embasbacados e se entreolhavam sem atinar com o que estava acontecendo.
- O Drew foi quem me deu carona em seu caminhão até Kearney! – esclareci, embora não fosse essa a informação que meus avós esperavam receber de mim. – Ele gosta de tirar uma com a minha cara! – emendei ligeiro, mas o estrago já estava feito. Mais cedo ou mais tarde eu ia ter que explicar isso tudo em detalhes.
- Olá! – responderam ambos simultaneamente, meio sem jeito.
- Janta conosco? – continuou meu avô. – Se gosta de um assado, vai ter o prazer de comer um dos melhores da sua vida!
- Se não for nenhum incomodo, eu aceito sim! O aroma está ótimo! – respondeu o Drew, após me encarar como se quisesse minha aquiescência, mas respondendo antes de eu sequer fazer menção de abrir a boca.
Eu tremia da cabeça aos pés. Como é que eu ia contar na frente de todo mundo, poucos dias depois da minha chegada, que era gay, que tinha um namorado que até então nem eu mesmo sabia que tinha? Ia ser uma noite cheia de sobressaltos, para dizer o mínimo. Afora a reação do meu pai ao descobrir o tipo de filho que tinha. O Drew pareceu adivinhar o que se passava em mim e pegou minha mão no meio da dele. Minha primeira reação, ao notar que os olhares dos meus avós se fixaram naquele gesto, foi puxá-la de volta, mas o Drew a apertou com mais força e me deu um sorriso doce. Eu ia ter uma conversa séria com esse safado assim que me visse a sós com ele. Ele ia me explicar essa visita inesperada e o que disse para meus avós nem que eu precisasse arrancar a língua dele.
O Mike apareceu minutos depois, aumentando ainda mais a minha angústia. Enquanto meus avós o cumprimentaram efusivamente, o Drew o mediu da cabeça aos pés. Lá vem mais problema, pensei comigo. Uma vez que foi apenas naquele momento que notei como o Mike era um cara bonitão, expansivo, esbanjando energia naquele corpão másculo.
A mesa do jantar estava cheia, ria-se, falava-se da minha vinda, contou-se a minha aventura e a do Drew durante a viagem e, para mais uma cilada minha, o Drew disse ao meu pai que estava a fim de me namorar, isso oficialmente, a partir daquela noite. Eu não sabia bem onde ele pretendia chegar com tudo aquilo, mas estava zangado com ele, bem zangado. Mediante a fala dele, o Mike também ficou sabendo que sou gay e, provavelmente dentro em breve, toda a faculdade.
- Já vou avisando antecipadamente, para que não reste nenhuma dúvida, que o Luke só sai de casa daqui há três anos, quando terminar a faculdade. Antes disso, ele é nosso, passamos todos esses anos sem ele, e agora queremos conviver ao menos um pouco com ele, antes que levante asas sozinho. – afirmou meu pai, pronunciando cada palavra como se fosse um recado bem direcionado ao Drew, o que ele logo percebeu.
- Estarmos juntos é o que importa, não é amor? – perguntou o Drew, tentando com isso afirmar seu domínio sobre mim, num aviso explícito ao Mike.
- É! – respondi vexado.
- O bom de ter um filho gay é que a gente sabe que ele mesmo estando namorando, não vai aparecer com uma gravidez inesperada! – sentenciou meu pai, o que fez todos rirem, e eu querer que o chão se abrisse para eu sumir nele.
Quando levei o Mike até a porta eu não sabia o que dizer de tão constrangido. Em questão de algumas horas eu vi minha vida sendo escancarada e não fazia ideia de como ele interpretou tudo isso. Saber que sou gay talvez estivesse colocando um ponto final naquela amizade que ainda desabrochava.
- Obrigado pelo material que me trouxe, foi muito legal de sua parte se dar a esse trabalho. – comecei constrangido. – Também quero te pedir desculpas por não ter dito que sou gay, e vou entender se não quiser mais ser visto comigo na faculdade. – acrescentei.
- Se estiver afim, podemos revisar juntos esse material das disciplinas. Fiquei com algumas dúvidas e, quem sabe, possamos estudar juntos para as provas. Quanto a você ser gay, não faz nenhuma diferença para mim, a não ser que um sortudo chegou em você antes que eu. – respondeu ele, me deixando abismado. Como foi que eu não percebi que ele estava interessado em mim?
A hora de se despedir do Drew foi bem mais complicada. Após levar o Mike até a porta, me aguardava um olhar inquisitivo do Drew, que conversava descontraidamente com meus avós, meu pai e a Jill como se os conhecesse desde há muito. Durante a minha ausência, ficou meio que combinado que o Drew viria para o jantar do Thanksgiving, dali a dois dias, isso se a família dele não fosse se reunir, o que até aquele momento não tinha sido definido.
- De qualquer forma, o convite está feito! Será um prazer ter a sua companhia, não é Luke? – questionou minha avó que, não sei porque cargas d’água, havia se encantado com ele.
- Prometo que vou dar jeito de aparecer, nem que seja só por um tempinho. – respondeu o Drew, antes de começar a se despedir deles.
Fui prensado pelo corpão dele contra a parede do alpendre assim que ele fechou a porta atrás de nós e, antes que eu pudesse reagir, a língua dele estava na minha garganta. Não era bem assim que eu esperava por esse beijo, tão bruto e selvagem, transmitindo mais raiva do que carinho.
- Bastou menos de um mês longe e você já está se desmanchando sobre esse sujeito! Ele é tão bonzinho e prestativo que até veio trazer pessoalmente seja lá o que for. Sabia que existe uma coisa chamada Internet? Que inventaram outra chamada computador? Que pode-se trocar informações, matérias e o diabo a quatro usando essas ferramentas? Que é perfeitamente dispensável o malhadão vir pessoalmente na sua casa a essa hora? – despejou irado, após o beijo que deixou meus lábios dormentes.
- Você está com ciúmes do Mike?
- Que ciúmes, o quê! Eu estou puto com você por dar mole para esse cara, isso sim!
- Eu nunca dei mole para ninguém, que fique bem claro! E, se dei alguma coisa para alguém, você bem sabe para quem foi! E, tem mais, uma vez você ficou furioso comigo porque alegou que eu menti para você ao descobrir pelo telejornal que eu estava encrencado com a polícia; no entanto, me parece que você também não foi muito honesto comigo, não é? Por que escondeu que estava vindo para Boston, alegando que só podia me dar carona até Kearney, quando eu te disse inúmeras vezes que estava vindo para cá? Ah, já sei! Sua intenção era se livrar a quanto antes de mim, caso me mostrasse um carona enfadonho, só que aí aconteceu tudo aquilo e você achou que seria melhor ter alguém por perto para ajudar no seu restabelecimento. Foi isso, não foi, Drew? – ele não esperava por essa reação minha.
- No começo até pode ter sido isso! Mas, tudo mudou depois daquela primeira noite na boleia. Mete uma coisa na tua cabeça, eu gosto de você!
- Mas mentiu! Como vou saber que Drew é esse por quem estou apaixonado, se não sei nada da vida dele e, o pouco que sei, pode nem ser verdade? – indaguei, ainda zangado
- Está apaixonado por mim? – questionou ele, sem disfarçar a risadinha de satisfação que essa revelação lhe causou.
- Foi só isso que você ouviu?
- Foi só o que me interessou! O resto eu explico depois, e você vai entender tudo. Agora me dá um daqueles seus beijos bem carinhosos, daqueles que você me dava quando eu ainda estava dentro de você depois de gozar. – ele mudara o tom de voz para um balbuciar lascivo e, apesar de continuar zangado com ele, não resisti aos lábios úmidos que esperavam pelos meus.
Depois que ele partiu, entrei em casa afogueado, e não precisei dizer nada para que todos soubessem o que havia acontecido para além da porta.
- Se você gosta de verdade do Drew, filhão, cuidado para não magoá-lo! – aconselhou meu pai. – Esse rapaz te ama mais do que você imagina! Tome cuidado para não ferir os sentimentos dele, são verdadeiros. – pelo visto, ele tinha angariado admiradores em apenas algumas horas.
- É tudo tão novo para mim, papai! Aconteceu de forma tão rápida que eu me sinto meio confuso e perdido. Eu acho que estou apaixonado por ele, embora me pareça meio ridículo afirmar uma coisa dessas, sendo que eu o conheço há pouco mais de um mês. – devolvi.
- Mais uma razão para você agir com cautela! A intensidade e a importância dos sentimentos que nascem entre duas pessoas não dependem do tempo. Elas podem ser tanto instantâneas quanto levar anos para se consolidarem. – afirmou ele
- Amo você, pai! Nunca imaginei que fosse receber uma notícia como a de hoje com tanta naturalidade. Não é todo pai que se conforma ao descobrir que tem um filho gay. – eu o abracei sabendo que tinha nele um porto seguro.
- Eu também te amo, filhão! Só está sendo um pouco difícil de aceitar que, mal você voltou para a minha vida e, já tenho que te dividir com mais alguém. – afirmou rindo. Ali eu compreendi o homem maravilhoso do qual fui privado de conviver por todos esses anos.
No dia seguinte, o Drew me ligou quando estava na faculdade. Fez questão de ser por vídeo chamada, o que me fez rir, pois logo entendi que ele queria saber se o Mike estava ao meu lado.
- Ele não está aqui! – fui logo dizendo
- É bom mesmo! – exclamou, confirmando a minha suspeita. – Vamos nos encontrar na La Saison Bakery após as tuas aulas? Fica na Concord Avenue, sabe como chegar lá? – propôs ele.
- Tudo bem! Saio às 15:30 hs, está bem para você? – respondi, tentando imaginar o motivo aquele encontro.
- Estarei a sua espera! – respondeu, desligando em seguida.
E estava mesmo, ocupando uma mesa de onde se podia ver o movimento da rua, parecia ansioso, mas disfarçou quando me aproximei.
- Um café? Fazem uns doces incríveis aqui, quer experimentar algum? – ele estava querendo ganhar tempo.
- Só o café, um cappuccino. – ele acenou para o rapaz atrás do balcão que não demorou a colocar a xícara com o desenho de uma folha na espuma cremosa que flutuava sobre o café.
- Como foi seu dia?
- Desembucha de uma vez, Drew! Pelo pouco que te conheço, sei que não faz o tipo que fica dando voltas quando tem algo importante para falar. – ele deu uma risadinha por constatar que eu já conhecia algo de sua personalidade.
- Sou tão óbvio assim?
- Não! Eu que sou perspicaz. Veio se desculpar pela cena que fez ontem a noite? Que ideia maluca foi aquela de contar para todo mundo que sou seu namorado? E, principalmente, de revelar que sou gay, sem ter me dado chance de eu mesmo contar isso para eles? – um pouco da minha zanga do dia anterior voltou a me chatear.
- Foi melhor assim, não foi? Tudo de uma vez, tudo às claras.
- Não sei se foi melhor assim. Você me atropelou quando eu ainda estou aprendendo a conhecer meu pai e meus avós. Podia ter sido mais discreto!
- Não fui! Está feito, vai continuar bravo comigo por quanto tempo?
- Não sei!
- Talvez mude de ideia quando formos para onde quero te levar ao sairmos daqui. – aquele olhar libidinoso eu conhecia bem, ele estava a fim de me enrabar. Eu nem ia protestar, pois a saudade que meu cuzinho sentia da rola desse macho já se fazia sentir nas contrações sutis dos meus esfíncteres.
Segui o carro dele por alguns quarteirões até a Garden Street, uma construção arrojada de esquina que misturava Steelframe e concreto com aberturas fechadas com panos de vidro blindado. O interior tinha uma decoração moderna com elementos que remetiam tanto a uma residência, quanto a um espaço comercial.
- É aqui que me escondo! – disse ele, com evidente tom de orgulho.
- É lindo! Você tem bom gosto! E, alguma grana, pelo visto. – devolvi
- Moro e trabalho aqui!
- Como trabalha aqui, você não é caminhoneiro? – eu já não estava entendendo mais nada.
- Estou montando minha própria transportadora. O Freightliner Cascadia no qual você viajou é a minha quarta aquisição. Tinha ido a Portland no Oregon para fechar um contrato com um representante local que me abriu as portas para o transporte logístico na costa oeste. Serão cargas especiais que não seguem por ferrovia por uma série de questões. Fui pessoalmente checar a segurança e a viabilidade da rota, por isso nos encontramos naquele posto de parada. Acabo de contratar um motorista que vai fazer essa rota regularmente. Despacho uma carga na próxima semana para a costa oeste e lá ele carrega outra para cá. – esclareceu ele.
- Legal! Quer dizer que não é você quem vai ficar rodando por essas rodovias em longos períodos de ausência? – eu começava a me alegrar por saber que ele estaria perto de mim.
- Exatamente! Eu serei todo seu, o tempo todo! – respondeu sorrindo. – Isso te deixa feliz?
- Muito! Você não imagina o quanto! – respondi
Talvez você possa me mostrar quanto, lá em cima. – disse apontando para a escada que levava ao andar superior.
Achei que não precisava esperar por um lugar para amar meu homem e, beijei-o ali mesmo ao acariciar seu rosto viril com aquela barba por fazer que pinicava e da qual eu tanto gostava. Ele me puxou com força contra si e logo transformou nossos beijos em uma verdadeira orgia de lábios se roçando, se mordiscando, antes das línguas se entrelaçarem com volúpia desenfreada. Quando chegamos ao andar superior eu já estava praticamente nu, tinha sido prensado contra as paredes por seu corpo vigoroso enquanto nossas bocas não se soltavam. Ele tirou a camiseta ao chegarmos ao quarto, eu, sôfrego, lhe arrancava a calça fazendo saltar dela o cacetão excitado. Esqueci-me de todo o resto quando vi a cabeçorra arroxeada insuflada e, com ambas as mãos, mergulhei na virilha pentelhuda dele, colocando sem perda de tempo, a rola na boca. Em poucos segundos, senti seus fluidos saborosos se mesclando à minha saliva, e mamei a caceta suculenta com devoção e empenho, fazendo o Drew se contorcer e gemer. Depois de se livrar completamente da calça, ele me agarrou pelos cabelos firmando minha cabeça e enfiou o caralhão totalmente rijo na minha garganta fodendo minha boca até eu ficar sem ar e meus olhos começarem a lagrimejar. Eu encarei o olhar de prazer dele e me pus a lamber a verga grossa e reta, da glande até o sacão, onde abocanhei um dos testículos e o massageei com a língua em movimentos circulares. Ele grunhia, deixando escapar o tesão na forma de urros roucos. Sem tirar a boca do caralho em por um segundo, voltei até a glande, de onde pingava abundante o pré-gozo viscoso e perfumado, e voltei a sugar. O Drew pronunciou meu nome em meio ao gemido gutural e ao ver que seu baixo ventre começava a se contrair e a pica inchar na minha boca, percebi que ia gozar. Preparei-me para engolir todo aquele sêmen que jorrou na minha garganta, segurando a respiração e me concentrando na degustação de seu néctar viril.
- Caralho, Luke! Caralho, como isso é gostoso! – balbuciou ele, enquanto eu engolia jato após jato e, em seguida, lambia toda a extensão da rola lambuzada de porra até não restar uma gota sequer.
Ele me puxou para cima e me abraçou com força, chupou meu pescoço, beijou desesperadamente minha boca, lambeu meus mamilos antes de mastigá-los até me ouvir gemer, enfiando simultaneamente um dedo no meu cuzinho que, agoniado, se contorcia de espasmos num desejo avassalador e devasso. Ao me soltar, praticamente me atirou sobre a cama, abriu minhas pernas e enfiou a cara entre as bandas da minha bunda que mantinha apartadas com as mãos. Uma linguada firme e determinada se fez sentir sobre as preguinhas e, de tanto tesão, soltei um gritinho impudico e convidativo. O Drew lambeu minha rosquinha anal, mordeu minhas nádegas cravando seus dentes na carne volumosa e macia como se fosse um leão esfomeado. Sucumbindo à tentação da fendinha rosada exposta no reguinho liso, ele voltou a enfiar um dedo no meu cu. Moveu-o num vaivém que contraiu meus esfíncteres aprisionando aquele intruso libidinoso que estava me levando às nuvens. Meus gemidinhos ecoavam como súplicas para que ele me possuísse e, antes que eu me desse por mim, o dedo foi substituído pela cabeçorra da rola que ele pincelou sobre a fenda gulosa. Com um único e abrupto impulso, ele meteu a pica no meu cu, esgarçando minha carne e dilacerando minhas pregas com aquela verga gigantesca. Meu grito ecoou pelo quarto inundando-o com a libertinagem assanhada dos nossos tesões despertados. Aos poucos, ele foi atolando o cacete em mim, até o talo, quando o sacão ficava prensado entre as minhas nádegas quentes. Agarrei-me aos lençóis quando ele começou a bombar meu cu, ganindo num misto de prazer e dor. Ele, excitado pelos meus gemidos libertinos, socava a pica no meu cuzinho com todo seu vigor másculo, arfando e soltando o ar entre os dentes cerrados. Eu podia sentir a jeba grossa e dura preenchendo minhas entranhas, cutucando meu ventre, socando minha próstata, o que me levou a gozar me esporrando todo e ganindo de felicidade. Exaurido pela devassidão do Drew e pelo gozo, continuei languidamente deitado sob o peso do corpanzil dele, que ainda se movia imprimindo impulsos contínuos de sua virilha contra as minhas nádegas. Eu podia sentir como, lentamente, o caralhão dele começava a inchar, tornando o preenchimento do meu cu ainda mais doloroso, e como seus impulsos haviam perdido aquela cadência de vaivém, se tornando curtos e descoordenados, era o gozo dele se aproximando. Ele me agarrou com mais força, meteu mais uma vez a jeba toda em mim e, junto com um urro, soltou a porra cremosa em jatos contínuos no meu rabo devastado. Levou um bom tempo para meus esfíncteres pararem de se contrair em espasmos involuntários ao redor da verga dele, que também continuava pulsando teimando em não amolecer.
- Eu te amo tanto, Drew, que não sei mais viver sem você. – sussurrei, com o cu encharcado de esperma.
- Nem eu, Luke, nem eu! Foi você quem me ensinou o que é o verdadeiro amor, esse sentimento que eu nunca havia sentido por alguém antes. Esse sempre foi o perigo que você representava para mim. – confessou ele.
Desde então, estamos fazendo planos para quando formos viver juntos na casa da Garden Street. Tínhamos ao menos mais três anos pela frente e, algumas vezes, isso nos pareceu uma eternidade sem fim. Mas, bastava fazermos amor para que a esperança se renovasse. O Drew foi totalmente incorporado à minha família mais cedo do que eu imaginava. Meus avós e meu pai gostavam muito dele, a ponto de, muitas vezes, darem razão a ele quando pequenas desavenças entre nós, geralmente causadas por seu ciúme doentio, especialmente do Mike, o tornavam irascível. Por seu passado familiar, ele era tido como a ovelha negra da família, o desajustado que não seguia regras, o rebelde que não aceitou entrar para os negócios da família, o excêntrico que trouxe para casa outro homem como namorado e não uma mulher. Isso dificultou um pouco que eu fosse aceito pelos familiares dele. Como sempre, o tempo foi nosso aliado mudando as perspectivas pelas quais eles enxergavam nosso relacionamento. Eles viram que não era mais uma das maluquices do filho, que ele progredia com sua transportadora, que já não era o filho rebelde que não aceitava conselhos e opiniões e, principalmente, constataram que ele nunca estivera tão feliz quanto agora. Isso e minha paciência em conquistá-los derrubou todas as barreiras. No meu segundo Natal em Boston, já formávamos uma só família.
Os fogos de artifício da virada do ano já haviam terminado há muitas horas quando o Drew e eu fomos para cama na casa da Garden Street. Depois de toda a agitação que tomou conta das ruas da cidade, o silêncio começava a imperar sob o céu límpido de onde caiam os flocos de neve imaculadamente brancos sobre aquela que já revestia tudo com uma camada levemente acinzentada. Eu já tinha me enfiado debaixo do espesso edredom quando ele terminou de fechar a casa e se despia bem diante dos meus olhos, que não se cansavam de admirar aquele homem musculoso e lindo, tão másculo com aqueles pelos distribuídos de forma tão sensual, tão viril com aqueles genitais imensos, tão doce com aquele seu olhar carinhoso.
- O que foi, por que está me olhando desse jeito? – perguntou ele, quando me viu fitando-o com os pensamentos voando livres e dispersos.
- Só estou admirando o homem maravilhoso com o qual o destino me presenteou! – respondi. Ele riu.
- Está sentindo tesão pelo seu macho, está? – questionou lascivo
- Isso responde a sua pergunta? – indaguei, levando o edredom e lhe exibindo meu corpo nu com uma ereção em andamento.
Ele saltou sobre mim e eu o envolvi em meus braços, um longo beijo começou a unir nossos corpos, sendo complementado, aos poucos, quando ele foi me penetrando e entrando em mim com seu falo insaciável. Nossos corpos engatados iam se transformando numa unidade coesa, cujos corações batiam compassados no mesmo ritmo profundo e sólido do nosso amor.