Faço programa praticamente desde a adolescência. Tenho 25 anos agora, e muita estrada percorrida, muitas camas visitadas, muita história pra contar. Algumas dessas histórias gosto de lembrar, outras prefiro esquecer... Mas, enfim, a vida é assim, não é?
Quando fiz 19 anos, saí da cidadezinha onde eu nasci e morava, porque estava ficando foda foder por lá, cada vez mais complicado trabalhar com sexo onde todos me conheciam e eu a todos. Minha clientela se restringia a turistas. Cheguei numa cidade maior, botando corpo. Eu era um pitelzinho, amado e desejado por todos, homens e mulheres, novinhos e coroas, casais e trisais... E eu nunca fiz cu doce, sempre topei tudo – eu queria fazer meu pé-de-meia, e, além do mais, eu curtia demais aquela vida. Estou falando no passado, porque o tal pé-de-meia eu nunca consegui fazer: o tanto que ganhava era o tanto que gastava, muito fácil e ligeiro. Hoje eu ainda curto esta vida, mas sou bem mais seletivo nos meus programas.
Aos 20 eu não era. Fui convidado, juntamente com um monte de putas da minha turminha, que faziam ponto numa boate sofisticada, point da garotada e dos adultos a fim de loucas emoções, fui convidado para uma festa que um fazendeiro rico da porra, frequentador do lugar, ia dar numa de suas propriedades. Fui mais pela farra, porque eu pensei logo que o público deveria ser mais chegado em mulheres – não iria render nada pra mim.
Só que rolou uma coisa interessante. O dono da fazenda começou a me enquadrar, com gentilezas e sorrisos, o que me fez identifica-lo como potencial cliente. Mas estava estranho, ele era muito sisudo, muito na dele, e, ao mesmo tempo que parecia querer me comer, afastava-se com uma gravidade esquisita, não abria espaço algum. Pelo contrário, afastava-se, chegava para os amigos contando piadas homofóbicas as mais infames. Suas opiniões sobre gays eram escatológicas: “Isso não é gente, é uma aberração da natureza!”
Com relação a mim, ignorava-me solenemente. Um pouco de observação e constatei o motivo: o cara era super-hiper-mega-enrustido, e estava com a família toda ali, mulher e filhos. Então não se arriscava a dirigir-se a mim para além da estrita civilidade. E isso foi me excitando e me provocando o desejo de aperrear aquele caipira metido a besta, para ver até onde ele levaria aquela farsa.
Assim, eu comecei a fixar os olhos nele – era até bem apessoado, o traste! – e a imaginar o vasto bigode roçando nas beiras do meu cu. Quando ele percebia que eu o observava, e disfarçadamente olhava para mim, eu fazia discretas caras e bocas. Ele virava o rosto, passando a mão nos olhos e nariz, findando sobre o queixo. Senti que a presa estava acuada, era uma questão de tempo, paciência e, claro, charme e dengo...
Todo o resto da festa deixou de ser interessante para mim. Eu só tinha olhos e desejo pelo meu fazendeiro “acima de qualquer suspeita”. Passeava pela sala ou varanda, e quando o via numa posição propícia, rumava para lá e passava pertinho, por vezes até roçando de leve o corpo no dele. Teve até uma vez que me esfreguei na sua frente (“dá licença, gente!...”), permitindo-lhe uma encoxada involuntária da parte (ou, no caso, “das partes”) dele...
Foi chegando mais gente, e a animação crescendo, o forró rolava solto... A maioria dos convidados já havia se arranjado com as prostitutas – acho que minhas amigas iam se dar (e dar) bem naquela noite, com aquele monte de cara estribado e doido para foder... Eu só tinha olhos para o mais difícil de todos, que estava ficando cada vez menos difícil e mais acessível.
Depois das tantas, ele já com alguns graus de álcool no quengo (mas ainda mantendo a postura sóbria de dono da casa, esposo e pai de família respeitável), já parara para trocar dois dedos de prosa comigo, perguntando bobagens sobre minha vida, mas sem se demorar muito, para não chamar a atenção; outras vezes, trazia-me uma dose de uma cachacinha que “só eu tenho dessas aqui, tá ouvindo?!”, e brindava comigo, bebia e já virava as costas, para falar com outro convidado.
Em certo momento, eu estava encostado sobre um pequeno moinho de decoração, no terreiro, acompanhando a matutada dançando, quando o avisto, lá no canto da varanda, rindo litros para dois amigos, e em seguida pedindo licença e se afastando. Perdi-o de vista e continuei a admirar a dança, quando o percebo ao meu lado, tirando onda dos casais, dizendo piada com um e outro dançarino. Nesses momentos, e principalmente quando eu estava por perto, ele fazia questão de eriçar a crista, mostrar-se macho convicto, invencível dono do terreiro. Sentia-se (e era mesmo) a alma da festa. Por isso que me surpreendi quando, de repente, senti uma vigorosa dedada no meu cu. Minha rola pinotou, dentro da calça, e por pouco não perdi o controle da situação. Logo após, ele se afastou, porque estavam chegando novos amigos.
E essa frescura foi rolando a noite toda. Já estava sendo uma questão de honra para meu corpo derrubar aquele coroa bruto e pintar bolinha com ele, e minha privilegiada e perversa mente começou a arquitetar um plano para isso se realizar. E não poderia demorar, porque eu já percebera algumas colegas entrando nos carros de luxo e pegando a estrada, para arreganhar-se a algum daqueles ricaços. Eu ficaria sem opção de transporte para voltar...
Num momento em que o dono da casa se servia de mais uma dose, fiz que procurava algo, passei por ele e perguntei onde era o banheiro. Ele apontou o caminho e rumei para lá, não sem antes frescar um agradecimento por entre os lábios.
Que puta banheiro! Minha quitinete inteira cabia ali dentro. Sem falar no luxo... Acreditando no poder da minha provocação e no estado de excitação e nervosismo do velho, deixei a porta destrancada. Eu já enxugava a cabeça da minha rola, quando ouvi o barulho do trinco e a porta se abrindo devagar. Fiz que não percebera e demorava um pouco mais na tarefa de secar as últimas gotas de urina (e isso foi agitando a rola, que começou a endurecer).
Certo de que me surpreenderia, aproximou-se de mim, tão sorrateiramente quanto possível. Senti-o chegar às minhas costas e encostar-se em minha bunda; suas mãos desceram pela frente e recolheram minha pica, agora completamente ereta. “Filho da puta gostoso do caralho! Eu quero foder você!” Sua voz rouca saía entrecortada de sua boca e penetrava pelos meus ouvidos, enquanto ele se esfregava em mim e eu já sentia sua vara também crescendo.
Então ele repentinamente me largou e se afastou, como se tivesse recobrado o decoro abalado, para logo em seguida falar, meio que tropeçando nas palavras: “Eu vou subir, tu dá um tempo e sobe depois. Tô te esperando lá em cima!”
“Caralho! O coroa pirou! Ele vai fazer safadeza na casa dele, na festa dele, com toda a família e amigos por ali?!” O tesão deveria estar a mil, realmente. Não muito diferente do meu.
Ele precipitou-se porta a fora, e eu fiquei dando um tempo, procurando acalmar a rola, que não queria acordo de voltar a se acomodar dentro da calça. Mas eu não poderia sair daquele banheiro e circular na sala com o circo armado. Lavei o rosto, desviei o pensamento para coisas mais puras e em pouco tempo pude sair, sem constrangimento.
Onde aquele fuleiro estaria? Como porra eu iria encontra-lo? Bater em cada porta? Chamá-lo? (eu sequer sabia o nome dele)... Eram pensamentos que vinham à minha mente, enquanto eu subia cada degrau da escada que levava à parte superior da casa, procurando ser o mais discreto possível.
Todas as dúvidas se esvaíram quando, ao despontar no corredor superior, avistei-o meio escondido numa porta, ao fundo, fazendo sinais com a mão, me chamando. Fui até ele, que me puxou pelo braço, fechando rapidamente a porta, passando a chave.
Meu coração estava disparado com aquela situação. Pela ansiedade que demonstrava, denunciada pelo tremor das mãos e gestual desconcertado, imaginei que o dele também estivesse batendo dentro do peito com mais vigor que a zabumba, lá embaixo.
Eu não consegui mais resistir e avancei para cima dele, agarrando-me ao seu pescoço, colando meu corpo no dele e finalmente me apoderando daquele vasto bigode, sentindo-o roçar em meus lábios e forçando, com os meus, a abertura dos seus, penetrando minha língua em sua boca. Ele parecia meio aturdido com tudo aquilo – com certeza era sua primeira vez com um homem – e, meio desengonçadamente, correspondeu ao beijo.
Subitamente, parou, afastou-me dele, recolheu minha mão e foi me puxando para o interior do aposento.
“Vem cá!”