Estávamos no Hotel, quando aparentemente ocorreu um terremoto. As pessoas gritavam, houve um tipo de explosão ao longe. Tudo estava tremendo, objetos caindo dos móveis, janelas se estilhaçando.
Eu estava me abaixando para me proteger, quando vi uma bola de luz à minha frente, que foi se tornando um vulto dourado. E ouvi a voz gritando:
- QUEM É ESSA MULHER?
Era Adeline!!! Apressei-me em explicar, afinal ela parecia zangada.
- Calma, querida! Ela foi enviada pela Agência...
- QUEM É ELA?
- ... para fingir que era você e não despertar suspeitas.
- SOU CIBELE, Agente Djinn. Acalme-se. Por favor. Eu já estava de saída.
Adeline estava, aparentemente, em um estado alterado de consciência. Talvez toda aquela Energia a tivesse deixado em algum tipo de êxtase. Ela olhou para Cibele, depois para mim. Olhou ao redor do quarto. Ela segurava o Pomo de Ouro em sua mão direita. Isso quer dizer que ela estava segurando a maçã o tempo todo, lá no Templo de Hefesto.
- Ahn... eu...parece que estou em vários lugares ao mesmo tempo.
Levantei-me rapidamente e a abracei.
- Você está aqui comigo, querida. O que quer que tenha acontecido, acabou.
- Não. Está apenas começando.
Os olhos dela brilhavam, estavam dourados. Cibele estava encolhida, assustada. Tentei acalmá-la.
- Calma, Cibele. A Agente Djinn se teletransportou, através da Tecnomagia.
- Eu...acho melhor pegar minhas malas e tentar ir para o aeroporto.
- Não – disse Adeline. Deve estar um caos lá fora.
- O que aconteceu?
Adeline me encarou e sorriu.
- Alguém provocou a ira de Hefesto.
- Como assim?
Os tremores de terra foram diminuindo. Adeline parecia mais calma.
- O Templo na caverna foi destruído.
- Mas, Adeline... e as pessoas que estavam lá dentro?
- Odysséas havia feito todos saírem. Era algo secreto, apenas ele e Kyriacos estavam comigo.
- Devia ser algum Ritual para transferir a Energia apenas para ele. E ele precisava de Kyriacos para ajudar na cerimônia.
Cibele perguntou:
- E agora, o que fazemos?
- Precisamos sair daqui, mas sem que ninguém veja o quanto vocês duas são parecidas.
- Isso não é problema – falou Cibele. Tenho meus disfarces.
Adeline continuava completamente nua, belíssima e luminosa.
- Querida, você sabe como diminuir esse brilho dourado?
- Aprendi lá no Templo de Afrodite. Desculpe, amor, ainda estou meio elétrica. Foi algo muito intenso.
- Posso entender.
Devagar, o brilho foi diminuindo e ela se tornou a Adeline de sempre, ao menos no exterior. Mas eu também tinha meu nanochip, não dava para dizer que éramos pessoas “normais”.
Ela abriu sua mala, escolheu uma de suas roupas e se vestiu. Cibele já havia colocado uma peruca, lentes de contato coloridas e uma maquiagem que a fazia parecer diferente de minha esposa.
Aproveitamos a confusão no Hotel, colocamos nossas malas em um carrinho e fomos até a recepção fazer o “Check-Out”. Os sistemas do Hotel estavam inoperantes, então fiz questão de dar uma boa quantia em dinheiro ao gerente, que, embora apavorado, foi o mais atencioso possível. Pedi a ele que agradecesse ao Senhor Kyriacos pela estada.
- Desculpe, senhor, mas receio que ele tenha morrido quando o vulcão entrou em erupção.
- VULCÃO??? Que vulcão?
- O Senhor não sabe? O tremor de terra foi devido à erupção.
Enquanto saíamos , olhei para Adeline.
- Você tem algo a ver com esse Vulcão, querida?
Ela apenas me olhou de volta e disse:
- Oops.
A Van do Hotel nos levou até o aeroporto. Infelizmente, todos os vôos haviam sido cancelados, a fumaça proveniente do vulcão não permitia pousos ou decolagens.
- E agora?
Cibele estava tentando entrar em contato com a Agência, mas também não havia sinal de celular. Pedimos para o motorista da Van aguardar um pouco, pagando uma gorjeta adicional.
- Parece que o tremor prejudicou as comunicações.
Então eu falei:
- Mas tremor de terra não afeta satélites.
Ativei meu nanochip, e tentei contato com a Central da Agência. Como era de se esperar, eles tinham um iate perto da Ilha, para alguma eventualidade. Enquanto íamos para o porto com a Van , eles já estavam a caminho.
Quando chegamos lá, já nos aguardavam. Partimos para Santorini, uma belíssima ilha, porém o avião da Agência já nos aguardava. Cibele, no entanto, decidiu permanecer alguns dias por lá.
- Acho que eu mereço. Meu trabalho como “Adeline Substituta” foi bem estressante.
Eu não achei que fosse tanto, afinal ela havia passeado e tido uns bons momentos de sexo. Mas depois fiquei sabendo que ela era lésbica, e trepar com dois homens não havia sido bem a sua ideia de diversão. Quem diria...
Fomos inicialmente para Londres, onde tivemos uma reunião com a Direção da Agência. Lá estavam Pierce, Mr. W e o Mestre Bernard.
- Um Vulcão, Agente Djinn? O que usou, uma tonelada de explosivos?
Eu me apressei em defendê-la:
- Senhor W, isso seria impossível. Como sabem, ela estava pelada, não tinha levado absolutamente nada com ela.
- Estou sendo sarcástico, Agente Möbius. Sei que Djinn fica nua sempre que pode, e mesmo quando não deve.
- Ah, não é bem assim, chefe.
Pierce interferiu:
- O que sabemos é que havia um Círculo Interno dentro da Ordem dos Filhos de Afrodite, que era o “Círculo de Hefesto”, e quando o Agente Möbius contatou o dono do Hotel, Kyriacos, pudemos descobrir as conexões necessárias entre essas Ordens e as organizações criminosas internacionais, bem como a estratégia do posicionamento de membros em postos-chave de grandes corporações.
Mestre Bernard acrescentou:
- De uma maneira oportuna para nós, a erupção do Vulcão, destruindo o Templo dos Filhos de Afrodite e seu Círculo Interno, foi algo que pareceu um acaso, e ninguém deverá suspeitar que a Agência estivesse por trás desse acontecimento. Agora...podem esclarecer como isso foi feito? Sei que tem a ver com a Energia Sexual que estávamos pesquisando no Salão da Tecnomagia. Mas nunca, em toda minha vida, imaginei que fosse possível.
Adeline respondeu:
- Tenho a certeza de que não fiz isso sozinha. Embora essa Energia seja algo imensurável e, posso acrescentar, imprevisível, deve ter havido a intervenção de forças superiores.
- Você quer dizer, Deuses?
- Deusa.
Eu questionei:
- E a estátua de Hefesto?
- Você viu aquilo?
- Vi, e creio que Odysséas, de alguma maneira, ofendeu o deus do fogo e do ferro. Talvez, ao penetrar seu cuzinho, tenha despertado nele as lembranças de quando foi traído por Afrodite.
- Isso explicaria a erupção do Vulcão – disse Bernard.
Minha esposa refletiu um pouco, depois concluiu:
- Tem razão. Eu imaginava que poderia derrubar o Templo com a Energia Sexual daquela cerimônia, mas nunca despertar um Vulcão. Isso é mesmo coisa de Hefesto.
Mister W. interrompeu:
- O que vocês estão dizendo tem implicações muito sérias. Estão sugerindo que os antigos Deuses e Deusas ainda estão tendo influência nos assuntos da Humanidade. Percebem as consequências disso?
- Senhor Diretor – falei – se isso está acontecendo, minha convicção é que tudo começou ali no Salão da Tecnomagia.
- O que você quer dizer, Möbius?
- Quero dizer que agimos como Prometeu, agora estamos lidando com forças que não compreendemos.
- Abrimos a Caixa de Pandora – completou Adeline.
Mestre Bernard tentou nos acalmar.
- Meus caros... jamais iremos realmente compreender o que é a Força Superior. Isto porque , como seres humanos, limitados que somos, podemos apenas perceber a Realidade com nossos cinco sentidos. Sentidos esses que não passam de janelas, através das quais vemos pequenas partes do Todo. E o que concebemos como Deuses, Deusas, Anjos e Santos são interpretações que damos às manifestações dessa Energia que permeia todo o Universo.
Não ousei revelar que Éris, a Deusa da Discórdia, havia falado comigo, e transmutado uma maçã comum em ouro puro, diante de meus olhos.
Nesse momento, ocorreu-me que minha esposa estava segurando a maçã de ouro durante o Ritual, no Templo de Hefesto. Realmente, o deus grego deve ter se revoltado ao ver a cena.
- A Maçã de Ouro – murmurei.
- O que tem a Maçã? – perguntou Adeline.
- Você a segurava na mão durante o Ritual. Por isso, estava com ela quando apareceu no Hotel.
- Sim, e foi você que me deu. Ah, entendi. Afrodite também havia recebido um Pomo de Ouro. Mas isso quer dizer que Hefesto se manifestou mesmo em Kythera.
- E o outro Templo, Agente Djinn?
Mister W. demonstrou estar curioso e preocupado.
- Que outro Templo?
- Aquele onde você esteve antes.
- Não me pergunte, não posso responder.
- Agente Djinn, você não pode ter segredos com sua Agência.
- Não posso responder porque não sei onde fica.
- Como assim? Você foi até lá caminhando!
Resolvi interferir.
- Senhor Diretor, mesmo através do nanochip ou da Projeção Astral eu não pude saber a localização do Templo, mesmo tendo visto algumas imagens. Deduzo que fica em uma Dimensão Paralela. Para chegar lá, provavelmente haja um Portal oculto, que só dá acesso às suas Sacerdotisas.
- Preciso que me dê a sua versão, Djinn.
- Sim, Senhor. Estávamos caminhando , então chegamos a uma clareira. Houve um clarão, e de repente estávamos em outro lugar. Talvez em outro Tempo, em uma Dimensão diferente.
Mestre Bernard interrompeu o que ela estava dizendo.
- Acho melhor não interferirmos mais nos assuntos dos Deuses. Se houver absoluta necessidade, tenho a certeza que eles darão sinal de sua presença.
Pierce se manifestou:
- Bem... Kyriacos e Odysséas estão mortos , agora é questão de tempo para acabarmos com a rede de corrupção ligada a essa Sociedade Secreta.
Adeline olhou para ele e disse:
- Não sei não, esse grego Gordão já escapou antes, quase milagrosamente.
- Você sabe qual a temperatura dentro de um Vulcâo? Impossível sobreviver.
- Então é isso. Mais uma missão cumprida – falei. Acho que agora poderemos descansar alguns dias.
- Descansar fisicamente, sim. Mas, além dos relatórios completos que devem escrever, há o empreendimento em Antikythera. Existe toda uma documentação que deve ser preenchida, para que outros membros da Agência continuem a tarefa, afinal não queremos que pensem que fomos desonestos .
Ele estava com a razão. Tivemos que ficar em Londres ainda por cerca de uma semana. Aproveitamos e , em alguns horários livres, visitamos Museus e Parques, jantamos em bons restaurantes, e tivemos nossos momentos a sós, com sexo gostoso.
Uma dessas noites, no Hotel onde ficamos, estávamos trepando gostoso, e ela começou a brilhar , com aquela luminosidade dourada. Eu estava comendo o cuzinho dela, e a luz foi ficando tão forte que eu tive que fechar os olhos. Mas continuei bombando, dando tapas nas nádegas dela. Ela gozou forte:
- AAAHHHHHHTÔGOZANNNDOOOO!!!
Quando abri os olhos, não estávamos mais no Hotel. Mas Adeline continuava tremendo, em um orgasmo intenso.
Estávamos no gramado de nossa casa. Passado o susto inicial, continuei bombando meu cacete até ejacular dentro do cuzinho de minha esposa. Ela foi relaxando, e aquela luz foi diminuindo. Só então ela se deu conta de onde havíamos chegado.
- Puta que pariu, amor, como viemos parar aqui?
- Querida, acho que você desejava voltar para casa, e durante o orgasmo, nos transportou.
- E agora? Como vamos explicar isso ao Diretor?
- Creio que ele vai entender. E agradecer por termos economizado as passagens.
- Só que nossa bagagem ficou toda por lá.
- Pois é, vamos ter que pedir para despacharem.
EPÍLOGO
Em um grande Hospital na Eslovênia, dois magnatas gregos estão na UTI , sofreram ferimentos graves mas não correm perigo de vida. Como estão em leitos contíguos, conseguem conversar.
- Você lembra do que aconteceu, Kyriacos?
- Tudo aconteceu muito rápido, Artemios. Houve aquele clarão, e depois estávamos no meio do mato.
- Você viu que a estátua de Hefesto se moveu?
- Vi, mas achei que havia sido minha imaginação. E a moça, o que será que aconteceu?
- Ah, Adeline...
- Como assim, Adeline?
- Adeline era o nome dela, belíssima mulher.
- Não pode ser! Adeline era a esposa de um hóspede, estava no Hotel durante nossa cerimônia!
- Não pode ser a mesma !
- Ou será que pode?
FIM
