CAPÍTULO 6 - LIÇÕES SOBRE DEVOÇÃO (PARTE 1)
Alguns dias depois, desci do táxi em uma rua movimentada do centro empresarial da cidade. Segundo professor Renato, Christian e Afonso me explicaram ao fim da nossa tarde de sexo alguns dias atrás, hoje seria de fato o dia da virada da minha vida. Respondi apenas com um sorriso, imaginando como a minha vida já tinha mudado nos últimos dias… Eu perdi minha virgindade não só com um, mas dois homens lindos, grandes e maduros ao mesmo tempo. Homens esses que, por acaso, foram meu professor e diretor na escola, lugar eu sempre pensei ser invisível. Além disso, adicionei mais dois amantes nessa conta, com mais uma dupla de homens deliciosos, comendo três deles de uma vez… O que será que me esperava hoje?
Agora subia no elevador de um prédio de 20 andares de andares e fachada imponente, depois de falar meu nome e dizer que era esperado por Antenor Vermont. Era a sede do maior conglomerado de comunicação do país, responsável por canais de TV, jornais, revistas, editoras de livros, produtoras de cinema e gravadoras de música. Um império que eu conhecia como consumidor. Eu não sabia o que esperava por dentro daquelas paredes. Antenor era uma figura conhecida no mundo empresarial e das comunicações, mas eu só o conhecia por fotos em jornais.
O elevador parou no vigésimo andar. As portas se abriram, revelando um hall gigante e aberto, que parecia não ter fim, inundado pela luz natural que entrava pelas paredes de vidro que davam vista panorâmica para o mar, sem outros prédios para atrapalhar a visão. Aquela vista, praticamente privativa, devia valer milhões.
Antes que eu colocasse meus pés para fora do elevador, duas figuras conhecidas surgiram de um corredor. Eram o professor Renato, diretor Oscar e Afonso, ambos mais bem-vestidos do que nunca - terno, gravata e tudo mais. Eles sorriram para mim. Fiquei feliz em vê-los.
— Pontual, como sempre, grandão — diretor Oscar disse, passando a mão em sua cabeça careca e brilhante, parecendo nervoso e até ansioso com a minha chegada.
— Senti sua falta — Afonso, meu conselheiro, foi mais sem vergonha, me abraçando forte e levemente pressionado a pélvis em mim.
— Senti a falta de vocês — eu disse sincero, sentindo borboletas no estômago e meu pau ganhando vida, só de lembrar do que já havíamos feito juntos.
— Não se preocupe, mataremos essa saudade hoje — professor Renato disse, enganchando seu braço no meu, enquanto andávamos por um corredor.
Me explicaram que Antenor me esperava, que ele estava animado para me conhecer e que seria ele que me capultaria para o futuro brilhante que todos esperavam para mim. Eu sabia que estava prestes a conhecer um homem importante, um homem de negócios. Saber que ele me esperava, que acreditava em mim de alguma forma, era doideira demais para a minha cabeça. Respirei fundo, dei as mãos para meus novos amantes e deixei-me ser puxado pelo corredor de paredes de vidro.
O escritório de Antenor Vermont mantinha a vista deslumbrante da praia. Mas eu só tinha olhos para a visão à minha frente. Diante de mim estava um homem enorme, que com certeza passava de dois 2 metros de altura. Mas ele não era imponente apenas por sua altura, mas também por sua beleza: tudo nele parecia simétrico, harmonioso, impossível de não olhar. De todos os membros do Clube do Homem que eu conheci até então, Antenor era o mais musculoso. Ele usava um terno preto elegante, com camisa branca, paletó e abotoaduras, calça reta bem cortada e sapatos claramente muito caros. Mesmo quase que totalmente coberto, era possível perceber como seus músculos faziam saltar o tecido de suas roupas. Ele tinha a postura de um deus grego, um Adonis negro que impunha respeito, apesar de sorrir com seus dentes brancos enquanto eu entrava em seu escritório.
O mundo parou por um momento. Tive que sair do meu transe quando ele me cumprimentou.
— É um prazer finalmente conhecê-lo, Arthur — ele me disse, com um aperto de mão firme, que correspondi na hora. Queria impor respeito também.
— O prazer é todo meu. Só ouvi coisas maravilhosas de você — eu disse, olhando fundo em seus olhos, que logo percebi que eram verdes.
— Sente-se, por favor. Vamos conversar sobre o seu futuro — ele disse, apontando para um divã de couro preto — Seu professor Renato me contou que percebeu como você é um bom líder em seu último encontro com ele.
Só neste momento me lembrei dos três homens que haviam me recebido na porta do elevador. Renato, Afonso e Oscar estavam tão vidrados quanto eu, mas não em Antenor. Percebi que estavam atentos a mim e a como eu reagia a cada movimento do empresário. Permaneciam em silêncio e de pé em frente à porta do escritório.
Antenor exalava autoridade e seriedade. Me contou sobre o seu trabalho liderando o maior conglomerado de comunicação do país. Sobre como ele sempre sonhara em encontrar, dentre os Escolhidos do Clube do Homem, alguém para acompanhá-lo nesse trabalho e, quem sabe, um dia assumir seu posto.
— Eu quero você nessa cadeira, Arthur — disse Antenor, ainda muito sério, mas algo em sua voz me passava uma sensação de calor, de acolhimento — Um dia. Para isso, você trabalhará ao meu lado. Será meu braço direito.
Eu não sabia o que dizer, nem como reagir. Eu tinha 18 anos, nenhuma perspectiva de futuro, uma família ferrada e alguns traumas para lidar. Assumir uma das maiores empresas do país não estava nos meus planos… E como poderia? Sempre fui um Zé Ninguém.
Antenor pareceu conseguir ler minha expressão (ou meus pensamentos), disse:
— Você vai conseguir, Arthur. Eu sei que você tem todas essas possibilidades dentro de você. Confio no parecer dos seus conselheiros e confio em todo o seu potencial — ao dizer isso, ele repousou suas mãos enormes na minha perna.
— Tenho certeza disso — disse Afonso, quebrando o silêncio dos meus amantes mais recentes.
Voltei meus olhos para os outros homens, sorrindo, agradecido. Logo percebi que mais um engravatado havia se juntado a eles perto da entrada do escritório, sem que eu percebesse. Diferente de todos os outros presentes na sala, ele não era musculoso. Era alto, branco, sem barba mas com um bigode marcante, grosso e bem cuidado. Fazia o tipo lontra, com um ainda forte. Devia ter uns 40 anos. Eu conseguia perceber que seu corpo era delicioso, mesmo que debaixo daquelas roupas formais. Antenor continuou a falar, antes que eu pudesse me apresentar.
— Já percebemos que você sabe impor sua autoridade quando preciso, Arthur. Os homens nesta sala podem atestar isso — sorri, lembrando das aventuras que vivi nos últimos dias — Mas nem só de autoridade vive um bom líder. Saber liderar é saber acolher também. É cuidar. De muitas pessoas ao mesmo tempo, se possível.
Algo mudou em sua expressão quando ele disse isso, mas não me mexi. Sua mão acariciava minha coxa.
— Você tem isso em você. Por exemplo, seus conselheiros me contaram como foram bem cuidados por você em seu primeiro encontro com eles. Renato e Otávio também só me disseram coisas maravilhosas. Agora eu queria conhecer por mim mesmo o seu poder de acolhimento. E aproveito para te ensinar algumas coisas valiosas. O que me diz?
Depois disso, tudo aconteceu numa espécie de transe. Me tornei o centro das atenções daquele escritório, ainda que Antenor fosse claramente o líder daquela matilha de lobos famintos.
O empresário mandou que todos os homens - Otávio, Renato, Afonso e o gostoso desconhecido, nessa ordem - formassem uma fila diante de nós. Se levantou do divã em que conversávamos, fiz o mesmo. Antenor então se colocou na ponta da fila, ao lado do homem cujo nome eu ainda não sabia.
Me vi diante de uma fila de homens grandes, deliciosos, que sorriam para mim. Todos muito bem vestidos, de terno e gravata. Todos cheios de expectativa no olhar. Todos querendo a minha atenção.
— Agora, Arthur — disse Antenor, a luz do sol que entrava pela parede de vidro do escritório deixando-o ainda mais bonito — você vai cuidar de nós. Um a um. E todos ao mesmo tempo.
Levantei-me do sofá na hora.