Ao conhecer uma cidade nova, tiro um tempo para visitar suas entranhas, aquelas ruas estreitas, a que turista não vai, porque é lá que encontro o melhor de cada lugar, a intimidade mesmo da localidade. São essas entranhas que têm me mostrado maravilhas, que se mantêm longe dos olhos dos visitantes comuns, que vão apenas aos pontos turísticos tradicionais. Sinto-me um privilegiado por conhecer o âmago desses lugares.
Outro dia, estive em Salvador. Enquanto o grupo todo se concentrava nas principais ruas do Pelourinho, resolvi fazer uma dessas incursões viscerais, onde poucos de fora querem ir, porque acham que nada têm de interessante. Inocentes! Sabem de nada!
Num dos enviesados becos, calçados de pedras irregulares, chamou-me a atenção uma placa laranja, num casarão antigo, mas bem cuidado, pintado de novo. A placa apresentava, em destaque, as letras MEB, e, circulando-as, o significado: “Massagem Erótica Baianna” – assim mesmo, com dois “nn”. Claro, meu corpo já se arrepiou! Bati à porta e, instantes depois, uma senhora veio abrir, indicando-me uma sala contígua, para a qual me dirigi.
Curiosamente decorada com motivos baianos, misturados a fotos e objetos que remetiam à arte da massagem, a sala, de teto alto, era clara e arejada. Atrás de uma pequena mesa, à guisa de recepção, estava uma mulher de seus trinta e poucos anos, concentrada no celular. Ao sentir minha presença, levantou os olhos, sorrindo um gentil “pois não, às ordens!”.
Falei que gostaria de informações sobre as massagens. Com uma simpatia perene e um característico sotaque soteropolitano, ela me informou que se tratava de uma casa em que se cultivavam massagens eróticas, as quais eram mescladas de princípios orientais (como as convencionais) com a malemolência e o dengo (ela falou assim mesmo) dos elementos baianos. Por exemplo, complementou, antes da massagem, o cliente toma um banho de ervas especialmente preparadas para o descarrego de toda e qualquer energia negativa. Não havia pagamento, mas apenas uma pequena contribuição simbólica, a partir de cinquenta reais, para a manutenção da casa.
Já viram que adorei, não é? Disse que estava interessado, e perguntei como deveria proceder. Ela falou que, naquele momento (era bastante cedo da manhã), apenas se encontrava no recinto um massageador disponível. Respondi que não haveria problema – gostaria, sim, de experimentar. Ela, então, pediu que eu me dirigisse a uma sala ao lado, tirasse toda a roupa e a aguardasse, que ela iria preparar o banho de ervas.
Segui a orientação, despi-me no recinto indicado, colocando minha roupa numa espécie de armário, dentro do qual estava uma felpuda toalha branca, impecavelmente limpa. Coloquei-a sobre o ombro, procurando disfarçar a minha rola, já se movimentando na horizontal. Alguns instantes depois, a recepcionista adentrou por outra porta (esses casarões antigos são verdadeiros labirintos), e me chamou. Mostrou-me, então, uma banheira (também branca e limpa), com várias ervas flutuando sobre a água; explicou-me que eu deveria tomar um banho de imersão, ao final do qual, deveria me dirigir a uma terceira porta, que o massagista estaria me esperando lá. Reiterando que, qualquer coisa era só chamar, retirou-se discretamente.
Toquei na água, que estava numa temperatura agradabilíssima. Nem fria nem pelando. Entrei e fui sentindo o prazer daquela água acariciando-me por inteiro. Havia uma ramagem muito perfumada, sobre a borda, que eu deveria passar por todo o corpo, depois de molhado. Fiz isso, ficando com a pele esverdeada. Em seguida, banhei-me, retirando a coloração, e meu corpo ficou com um cheiro muito gostoso. Danado é que, tanto prazer assim, eu não conseguia controlar a rola, em permanente estado de ereção. Procurei naturalizar...
Terminado o banho, enxuguei-me apenas tocando a toalha sobre a pele, “sem esfregar”, como me recomendou a recepcionista, que o corpo é para ser acariciado, não raspado. Com a pele incrivelmente fresca, dirigi-me à sala ao lado, onde uma música meio mística, meio axé, meio reggae ocupava o espaço, lindamente decorado, sugeria aconchego. Múltiplos e amplos espelhos forravam as paredes, cujos reflexos pareciam aumentar infinitamente o ambiente, de tamanho e nuanças. No piso, um colchão envolto em um pano branco, com um travesseiro numa das pontas; ao lado, um negro bonito, de seus 28 ou 30 anos, também completamente nu, me aguardava sorrindo. Dirigiu-se a mim e, com a voz mais gostosa do mundo, cumprimentou-me:
– Bom dia, meu rei! Posso te dar um abraço?
– Claro! – aquiesci, meio sem jeito.
Nossos corpos se encontraram, nossas peles misturaram-se – ele também rescendia gostoso a plantas. Minha rola em riste imprensou-se contra sua barriga e senti a dele também crescendo. Foi o abraço mais delicioso que já recebi na vida, pode crer. E demorado. Eu ficaria a manhã toda dentro daqueles braços. Ele, então, afastou-se, pegou a minha mão e me falou, através de gestos, para me acomodar no colchão.
Sentado a minha frente, ambos de pernas cruzadas, minha rola palpitando para cima e a dele a meio mastro, falou-me mansamente:
– Meu nome é Igbadun Dudu. Estamos aqui para vivenciarmos todo o prazer erótico que nossos corpos nos permitirem, através de técnicas de massagens orientais, intensificadas com movimentos e toques de origem africana. Tudo que eu fizer aqui tem como objetivo despertar ou intensificar seu prazer, mas sei que nem tudo deve ser aceito por você, por uma questão de choque cultural ou qualquer coisa assim. Então, não se preocupe, pode ficar à vontade para não aceitar algo que eu faça com seu corpo; respeitarei a sua vontade, sem qualquer constrangimento.
Sua voz aveludada e com o forte sotaque baiano era uma delícia de ouvir. Seus lábios grossos revelavam dentes brancos e enfileirados, ao falar. Eu estava encantado com tudo aquilo. Procurei tranquilizá-lo:
– A única coisa que meu corpo rejeita é dor e sofrimento. Tudo o mais será bem-vindo.
– Que maravilha! Dor e sofrimento não cabem aqui, de forma alguma. Podemos começar, então?
Eu queria me mostrar “descolado”, e que estava à vontade, mesmo sendo minha primeira vez ali, e, ao mesmo tempo, experimentar o que desde o início da conversa me atraía. Então, levei minhas mãos para o rosto dele, coloquei-as de cada lado da cabeça, sob as orelhas e puxei suavemente para mim, enquanto inclinava meu corpo para a frente. Quando nossos lábios se tocaram e nossas línguas se encontraram, senti uma energia louca pelo corpo; beijamo-nos ardentemente. Ao final, ele sorriu, me deu mais um selinho e se levantou. A pica estava também completamente dura agora. Em pé, ele falou:
– Por favor, deite-se de bruços.
Assim o fiz, colocando minha rola para trás, cruzando meus braços e sobre eles depositando minha cabeça, e sorvendo o cheiro delicioso daquele tecido alvo, fechei os olhos para melhor sentir o paraíso para o qual seria conduzido pelas mãos mágicas e pelo corpo maravilhoso de Igbadun Dudu.