Amigos/Amigas,
Por conta das pequenas alterações sugeridas pela Nanda (Leia, quase reforma completa da obra), o final está muito maior que o previsto. Então, tive que dividi-lo em mais duas partes, tamanhos foram os detalhes que ela me apresentou agora. Parece que só agora ela quis me contar algumas "coisinhas" que aconteceram no dia. Mas, enfim...
Segue mais uma parte.
Aproveitem.
[...]
Ficamos comendo, bebendo e conversando, deixando-o alheio a tudo e todos. Nesse momento, vimos um burburinho e algumas pessoas fazendo festa num canto da piscina, o que chamou nossa atenção. Vimos então um grupo de senhores bem maduros, barrigudos, trajando bermudas sociais, camisas polo e sandálias de couro, pareciam uniformizados, que veio se aproximando e cumprimentando todos no caminho:
- Não pode ser! - Disse Marcos, automaticamente.
Eu não conhecia ninguém e o olhei curiosa, sem obter resposta. Me voltei para o Mark e ele respondeu baixinho, olhando para Denise e depois para mim:
- Antunes…
[...]
Pois é. A chegada do calhorda do Antunes era um imprevisto com que teríamos que lidar. Nanda entendeu a importância do evento e sorriu para mim, mas eu, sutilmente, balancei negativamente a cabeça. Ela me encarou e eu neguei novamente. Ela ficou sem entender, mas pareceu aceitar. Antunes cumprimentava gregos e troianos. Se esforçava em ser simpático com todos. Por fim, veio em nossa direção:
- Denise, minha querida, como está? - A encarou e vendo meu braços enlaçados nela, concluiu: - Vejo que muito bem.
Dito isso, direcionou sua mão para mim e me levantei para cumprimentá-lo:
- Você é um homem de muita sorte, doutor, e embora tenhamos nos desentendido no passado, espero que não haja ressentimentos. - Falou, solenemente.
- De minha parte, não há. - Respondi.
- Então, me permite cumprimentar sua companheira? - Insistiu.
Olhei para Denise que se levantou e lhe estendeu a mão. Ele a pegou e tentou se aproximar para lhe dar um beijo na face, mas ela recusou, se afastando. Ele a encarou e disse, resignado:
- Espero que seja feliz, Denise.
- Serei, sim. Obrigada.
Depois se voltou para o Marcos e ele o encarou, nada satisfeito. Antunes lhe estendeu a mão e ele não parecia disposto a cumprimentá-lo:
- Cumprimenta o homem, Marcos! Não me faça passar essa vergonha. - Disse Nanda para ele.
Marcos a fuzilou com o olhar, mas obedeceu, mansinho. Se levantou, encarou Antunes e apertou sua mão:
- Como vai, doutor Antunes? - Disse, solene.
- Vou bem, obrigado, doutor Marcos. E o senhor?
- Vou bem, obrigado.
- Ótimo! - Respondeu e voltou seu olhar para Nanda: - E quem seria esta bela dama?
Nanda se levantou, lhe estendeu a mão e disse de uma forma nada solene:
- Oi, sou a Nanda, digo Fernanda. Desculpa, doutor, não estou acostumada a essas formalidades.
- Sim, minha namorada. - Completou o Marcos.
Antunes o ignorou:
- É um prazer, Fernanda, prefiro Nanda, se me permitir. - Disse e a olhou fundo nos olhos: - E não se acostume mesmo com essas frescuras, são muito chatas! Prefiro as pessoas espontâneas.
Notei que ele acariciou sua mão mais tempo que o necessário. Ela, fazendo o papel de “boa moça do interior”, ruborizou e puxou sua mão. Antunes sorriu uma vez mais para ela e pediu licença para todos nós, continuando seu caminho. Marcos ficou alterado na hora, descontando seu ódio na bebida:
- Calma, Marcos. A gente sabia que ele poderia aparecer. - Falei para ele, sendo minha gentileza repreendida com o olhar da Nanda.
- Eu até sabia, mas como ele não apareceu ontem, imaginei que não fosse dar mais as caras aqui. - Ele respondeu: - Esse calhorda, filho da puta, vai acabar com o meu dia…
Apesar de brava com ele, Nanda instintivamente colocou uma mão em seu ombro e nos olhou apiedada, por um momento. Quando ele a encarou, feliz pelo contato, ela pareceu se lembrar de seus objetivos e se sentou ereta, pegando seu copo de batidinha. Voltamos a conversar sobre outros assuntos, porque o clima havia ficado chato para todos nós e por um tempo conseguimos distraí-lo e a nós mesmos.
Estranhamente, Antunes começou a encarar nosso grupinho. Era visível para qualquer um que observasse. Nanda notou, Denise e eu também, somente Marcos, por estar sentado de costas para ele, permanecia alheio. Eu imaginei que ele pudesse continuar interessado na Denise e quisesse tentar algo, mas também sabia que dependia dela essa aproximação e ela não parecia disposta, pois fingia maravilhosamente no seu papel de minha namorada. Daí tive um “insight” e vi que o alvo poderia ser outro: Nanda! A “namorada” do Marcos e então temi por ela. Fiquei inquieto:
- O que foi, amor? Você está bem? - Me perguntou, Denise.
- Eu, é… Eu estou… Estou sim, Denise. - Disse, sem convencer.
Nanda sacou na hora que algo estava errado, pois me conhecia como ninguém. Continuamos ali, mas eu parei de interagir e ela viu que a coisa poderia ser muito séria. Como a carne estava acabando, ela teve uma sacada:
- Gente, acho que vou pegar mais um pouco de carne. - Disse, encarando o Marcos.
- Não! Pode deixar que eu vou. - Ele rebateu na hora.
- Tem certeza, “Mar”? - Disse, sedutora.
- Vou, sim! Deixa comigo.
Ela o agradeceu com um selinho e cochichou algo no seu ouvido, fazendo-o ruborizar. Ele ainda sorriu para ela, se levantou e saiu em direção à churrasqueira. Assim que já estava longe, Nanda me perguntou, preocupada:
- O que foi, “Mor”?
- Nanda, o Antunes não para de olhar pra cá.
- Tá. Eu já vi. Deve estar secando a Denise, mas como ela está grudada em você, acredito que não fará nada.
- Não. Ele está encarando você. - Falei bastante sério: - Basta você olhar como ele nos cumprimentou e como ele te cumprimentou, alisando descaradamente, praticamente ignorando o Marcos. Eu não sei qual a questão que existe entre os dois, mas o alvo do Antunes hoje é você!
- Eu? Sério!? - Perguntou, mas logo um sorriso se abriu em seu rosto: - Isso pode ser bom porque…
- Não! - A interrompi veementemente e ela se assustou: - Não mesmo! Estou usando o direito da regra que nós estabelecemos de negar qualquer envolvimento seu com ele.
- Mark! O que é isso? Não sou nenhuma criança: eu sei me cuidar! Só vou utilizá-lo para deixar o Marcos com ainda mais ciúmes. - Falou, sem analisar os riscos.
- Não é não, Nanda! É nossa regra. Nós combinamos! E eu estou no meu direito. Você não vai se envolver com esse cara, nem de brincadeira. - Olhei para ele e depois para ela: - Não é ciúmes. É para a sua segurança.
- Você não tem direito de tomar decisões por mim, Mark. Sou sua esposa, não uma de suas filhas. Ele não fez nada contra a gente. Para de ser implicante à toa. - Apontou discretamente para ele e voltou a falar: - Você acha mesmo que vou me interessar por um gordo velho como ele? Só quero usá-lo para fazer ciúmes no Marcos, só isso. Para de ser bobo.
A discussão continuou e se elevava cada vez mais. As pessoas já começavam a nos observar, curiosas, afinal um “DR” deveria acontecer entre ela e o Marcos, seu “namorado” e não comigo que “namorava” a Denise. Esta, vendo que os ânimos se exaltavam cada vez mais, entrou no assunto:
- Gente. Para! Tá todo mundo olhando para a gente. Daqui a pouco vão descobrir que vocês é que são o casal.
Acabamos dando ouvidos para ela e paramos. Ela me encarava e eu a encarava também:
- Você não está sendo justa, Nanda. Só estou tentando te proteger. - Falei.
- Não. Você está de implicância sem motivos e está tentando mandar em mim. Eu não aceito isso. - Ela falou.
- Nós já não combinamos que deveria haver comum acordo entre nós? Então, eu só não concordo com isso. O restante do plano continua de pé.
Nisso o Marcos vinha chegando e não tivemos como continuar a conversa:
- Esse assunto ainda não terminou, Mark. Nós vamos conversar depois. - Ela insistiu.
- Que assunto, Nanda? - Marcos se intrometeu.
- Assunto de casal, Marcos. Não se mete!
Ela embirrou comigo e eu fiquei chateado com ela. Minha intenção era somente de protegê-la. Eu daria até meu sangue por ela, mas se pudesse evitar dá-lo seria muito melhor. Até poderia estar exagerando na proteção, mas minha intenção era justa, boa. Nanda parou de me encarar e, desta vez, sua irritação era verdadeira. Denise acariciou meu ombro, mas pouco podia fazer para nos ajudar naquele momento. Decidi entrar na piscina para esfriar a cabeça. Convidei a todos e Denise logo se animou, Marcos também, mas Nanda nem se dignou a me responder. Marcos, então, decidiu ficar com ela.
Entramos na piscina, nadamos um pouco e nos apoiamos numa espécie de ilhota que havia no meio:
- Eu exagerei, Denise? - Perguntei.
- Eu entendo a sua preocupação. Todo cuidado é pouco. Veja só o que aconteceu com meu casamento por eu ter me deixado levar pelos conselhos do Antunes. - Respondeu.
- Então, porque ela ficou desse jeito? Só estou tentando protegê-la.
- Ela só deve ter entendido errado suas intenções, Mark. Daí ela já estava brava com o Marcos e deu nisso. Eu falo com ela depois, se você quiser. - Propôs, me surpreendendo.
- Por favor, eu ficaria realmente grato se você pudesse por um pouco de juízo na cabeça dela.
Ficamos conversando um pouco mais para me distrair. De onde estávamos, Denise viu que ela se levantou e seguiu em direção ao banheiro, chamando minha atenção e dizendo que iria atrás dela para conversar. Mas, eis que no meio do caminho, Nanda foi abordada exatamente pelo Antunes e não recusou a abordagem, sendo simpática e ficando na maior conversa com ele. Marcos ficou inconformado, dava para ver por sua postura corporal. Ele olhava insistentemente para ela e até mesmo para mim, como que cobrando uma atitude minha. Não tive coragem de pedir nada para Denise, mas ela, vendo minha apreensão, tomou-se de uma coragem inesperada e saiu da piscina, indo na direção da Nanda, pegando-a pelo braço sem nem olhar para o Antunes e a arrastando para o banheiro.
[...]
- Para, Denise! O que foi isso, caramba? - Perguntei para ela ao ser praticamente abduzida para o banheiro feminino.
- O que foi isso, digo eu, Nanda! Que palhaçada foi essa? O Mark te pediu e, na primeira chance que tem, você ignora e vai ficar de papinho com o Antunes. Você está louca!? - Denise se alterou comigo.
- Eu só quero fazer ciúmes para o Marcos…
- Para! - Denise me interrompeu: - Essa história de vingança está indo longe demais. Você vai acabar brigando com o seu marido.
- Mas eu só estava conversando…
- Você não conhece o Antunes. - Denise não me deixava falar: - Ele é um cara sujo, sem escrúpulos. Já acabou com o meu casamento e vai acabar com o seu também.
- Ah, qual é Denise!? Você deu pra ele! Eu só vou usá-lo para fazer ciúmes no Marcos. Só isso! - Rebati seus argumentos sem medir minhas palavras.
Denise sentiu o baque. Me olhou surpresa ou triste, não sei. Depois de me encarar brevemente, disse:
- Você é quem sabe, Nanda. Estou tentando te chamar à razão para não correr o risco de perder um homem maravilhoso. Faça o que entender melhor, mas saiba que, se perdê-lo, vou lutar com todas as armas que tiver para pegá-lo para mim. Estou voltando para o Mark.
Ela saiu brava e me deixou triste e preocupada: fui grossa com ela e ela se declarou por meu marido! Por mais que ela tenha cometido erros no seu passado, foram erros dela, que atingiram somente ela e o Marcos. Eu não poderia nunca ter falado o que falei e me desculparia depois. Mas saber de seu interesse por meu marido, e não apenas sexual, me doeu na alma. Mas de qualquer forma, eu ainda assim achava um exagero do Mark não poder falar, somente conversar, flertar sutilmente, com o Antunes. Saí do banheiro um tempinho depois e estava voltando para o grupo que novamente havia se reunido próximo da espreguiçadeira. No caminho, novamente Antunes me abordou:
- Está tudo bem, Fernanda?
- Sim, tudo. Foi só uma bobagem feminina. - Despistei.
- Mas então me conta de onde você é? Eu nunca te vi antes.
- Então… Doutor Antunes, veja bem… Estou acompanhada e não acho prudente ficar de conversa com o senhor: primeiramente, porque mal nos conhecemos e, segundo, porque sei do motivo da animosidade entre o senhor e o meu companheiro. Me desculpa. - Disse e já me coloquei a caminho do grupo.
- Sabe mesmo? - Ele me perguntou, segurando meu braço.
- Me solte!
- Desculpe. Por favor, me desculpe. - Soltou-me no ato: - Eu só não acho justo ser taxado de bandido pelas traquinagens daquele moleque. Só queria que ouvisse meu lado.
- Doutor Antunes, qualquer coisa que o senhor possa me dizer só diz respeito ao senhor e ele. Não quero me envolver. Entenda minha situação.
- Só acho que uma moça tão bonita como você tem o direito de saber o mato em que está lenhando, antes que seja tarde.
Eu não nego que fiquei curiosa, mas quando olhei para o grupo, Mark me encarava bravo como um leão. Eu já tinha que me resolver com ele, não precisava de outro problema:
- Agradeço sua atenção, doutor Antunes, mas realmente preciso voltar para meu grupo. - Disse.
- Tudo bem, minha querida. Caso queira conversar mais tarde, estarei a sua disposição. - Respondeu, resignado: - Inclusive, espero ter a honra de poder dançar com você hoje à noite.
- Acho pouco provável, doutor, mas, quem sabe.
Segui rumo ao meu grupo e já esperava uma bela discussão com o Mark. Ele estava com cara de poucos amigos e, embora nada tivesse acontecido, ele se sentiria no direito de me cobrar por não tê-lo escutado.
[...]
Ao ver que Denise conseguira arrastar a Nanda para o banheiro, fiquei mais tranquilo. Então, decidi me juntar ao Marcos. Sim, ao Marcos. Ao chegar até ele, vi que ele estava transtornado:
- Mark, você viu o que ela fez? Vou ficar de conversinha com o Antunes! Logo, com o Antunes! Porra, pra quê isso?
- Marcos, eu nem sei o que te dizer. Eu cheguei a alertá-la para ficar longe dele, mas… - Dei de ombros: - De qualquer forma, vamos esperar ela voltar e nos dar uma explicação. É o mínimo.
- E vai ter que ser muito boa!
Denise saiu do banheiro pouco tempo depois e veio em nossa direção, pisando alto. Parecia emburrada, entristecida mesmo. Ela chegou até a gente e não sabia o que fazer. Até o Marcos estranhou e me encarou, preocupado:
- Denise. Aconteceu alguma coisa? - Perguntei.
Ela me olhou e se sentou em meu colo com o corpo ereto. Parecia uma criança emburrada. Depois se deu conta de que o Marcos estava ali ao nosso lado, se levantou e me puxou pelas mãos. Um pouco distante dele, ela me resumiu sua conversa com a Nanda e a forma como ela foi tratada. Estranhei porque Nanda não é uma pessoa grossa, mal educada, às vezes é ácida, objetiva. Ainda assim, depois de ter discutido comigo por nada, seria bem provável.
De longe, vi Nanda conversando novamente com o Antunes e decidi que, assim que ela retornasse, iríamos embora, sem vingança, sem nada mais. Voltamos ao grupo e Denise se sentou na espreguiçadeira, voltando a beber sua batidinha. Eu fiquei de pé e encarava Nanda a todo o momento, ininterruptamente. Ela me viu, pois sua expressão mudou, e depois de papear mais um pouco, veio até nosso grupo. Ela continuava emburrada, mas, assim que chegou, falei sem rodeios:
- Estamos de partida! Estou indo arrumar minhas coisas para voltarmos pra casa.
- Mark! O que é isso? Não aconteceu nada! - Ela retrucou.
- E nem vai! Estamos de partida.
- Você não vai me tratar como uma criança. - Falou, segurando meu braço: - Conversa comigo!
- E quer ser tratada como? Está agindo como uma criança inconsequente e mimada. Só estou tentando te proteger daquele crápula e você briga comigo!? Qual é a sua? Cadê minha esposa?
- Conversa comigo. Deixa eu me explicar. Eu tenho esse direito. - Ela insistia.
“Direito! Direito. Que direito ela pensa que tem?”, pensei. Respirei fundo para não falar algo de que pudesse me arrepender depois e disse:
- Tudo bem. Vou para meu quarto arrumar minhas coisas. Se quiser conversar, numa boa, faremos isso lá.
- Eu vou na frente e te espero lá, então. - Ela propôs e concordei.
Ela saiu e assim que entrou na pousada, Marcos falou:
- Também vou! Ela me deve satisfações.
- Você está louco, Marcos? Satisfação do quê? Ela é minha esposa e o que temos que resolver diz respeito somente a nós. Cuida da sua vida. - Me voltei para Denise: - Desculpa, Denise, mas preciso sair agora.
- Eu entendo, Mark. Vai tranquilo.
Fui até a pousada e pouco depois cheguei ao meu quarto. Nanda já me esperava em frente a porta. Entramos e ela começou a despejar um monte de meia verdades feministas em cima de mim, me acusando de ser dominador, machista, possessivo, etc. Depois que ela terminou de falar o que quis, fui até a porta do quarto e a abri:
- A porta da rua é serventia da casa. Se você acha que sou tão mau homem, marido assim, siga o teu caminho e encontre alguém melhor. Torço de coração para que você seja feliz. - Falei.
Se ela havia trucado, não esperava que eu tivesse o Zap ou blefasse tão bem assim. Sentiu o golpe e ficou branca com minha objetividade:
- “Mor”... - Balbuciou e seus olhos marejaram.
- Mor? Amor!? Você acabou de me acusar de ser um merda de homem, coisa que eu tenho consciência que nunca fui para você ou para qualquer mulher, e vem me chamar de amor. - Explodi: - Vai se ferrar, Nanda! Qual é?...
- Mas eu não fiz nada! Só conversei um pouquinho com ele. Não sei porque você ficou paranóico assim. - Insistia.
- Eu já te expliquei, mas vou falar de novo. Esse Antunes e o Marcos tem alguma rusga, não sei qual e nem me interessa, mas o Antunes parece querer ferrar com o Marcos, e sempre parte para cima das mulheres dele. Foi a Denise e agora está sendo você. Para de ser ingênua.
Ela me encarou e veio na minha direção, pegando na minha mão apesar de eu não querer nenhum contato naquele momento:
- Senta aqui comigo, por favor. Vamos conversar com calma. Eu te devo isso e você também me deve. Vem, por favor.
Eu nunca resistiria aqueles olhos castanhos esverdeados. Me deixei guiar até a cama e nos sentamos:
- Me desculpa se eu te ofendi. Eu sei que você só quer o meu bem, sempre. Por favor, me desculpe. - Ela começou.
Não aguentei ouvi-la e a abracei, falando em seguida:
- Está tudo bem. Me desculpa se eu te ofendi também, se gritei com você. Não tenho esse direito. Nunca deveria ter feito isso.
- Tudo bem. Escuta e entenda bem, eu te amo! Só você e as meninas me importam. Você sabe disso, não sabe?
- Sei, concordo e penso como você. Então porque você está se colocando em risco no meio desse vespeiro, Nanda? Eu só disse aquilo porque quero te proteger desses dois animais. Só isso.
Ela me encarava e vendo que eu não iria mudar de opinião, mudou ela de tática:
- Deixa eu te contar o que o Antunes me falou? - Me pediu.
- E porque eu iria me interessar numa cantada que ele possa ter te passado, Nanda?
- Ele não me cantou, Mark. Ele só me disse que a história da traição não é nada como o Marcos nos contou…
- Tá. E daí? - Agora ela tinha me fisgado.
- Eu não sei! Quando eu te vi de pé do lado da piscina, bravo como um cão, cortei a conversa antes que ele pudesse me contar qualquer coisa, mas que tem alguma coisa muito mal contada nessa história toda, tem. Ah, se tem…
Parei e fiquei pensando se seria relevante descobrirmos mais uma tramóia de um dos dois e decidi ser melhor irmos embora e deixar tudo para trás. Nossa tranquilidade não valia aquela experiência e eu ainda não queria colocá-la em qualquer tipo de risco, para ela ou para nosso casamento:
- Nanda, eu não estou a fim de continuar com isso. Vamos embora. - Pedi: - A gente esquece de tudo e eles que se fodam!
- “Mor”, a gente já está aqui e eu ainda quero dar uma lição no Marcos. Não quero ir embora.
- O que é mais importante para você? Nossa família, filhas, eu, ou eles com suas histórias mal contadas? - Perguntei.
- Isso não é justo! Você sabe que não tem comparação. Não apela comigo.
- Essa vingança já perdeu a graça. Vamos voltar pra nossa vida. - Insisti.
- Mark, não tem risco algum! Nós vamos estar juntos a todo o momento, como tem sido até agora. O que você acha que ele pode me fazer? Raptar? Dopar?
Nessa hora eu a encarei, fortemente amparado em argumentos de nosso passado e ela entendeu no ato:
- Não vou beber nada da mão de ninguém! Fica tranquilo. Eu não consigo ver risco algum! Juro que não consigo…
- Vem comigo. - Pedi uma vez mais.
- Fica comigo. - Ela insistiu.
- Eu vou ficar com você: dentro do nosso carro, da nossa casa, com a nossa família, até o resto de nossas vidas. - Falei, olhando fundo nos olhos dela: - Mas não aqui!
- Tudo bem. Eu vou! Mas a tua falta de respeito comigo eu não vou esquecer. Depois a gente decide como vai ser daqui pra frente.
- Vai me chantagear agora, Nanda?
- Não! Não vou. Só quero que você considere a minha opinião. - Colocou a mão em meu rosto e continuou: - Eu não estou em perigo. Isso é paranóia sua por tudo o que a gente já enfrentou. Você só está sendo superprotetor.
- Eu prefiro pecar pelo excesso que pela falta e te ver sofrer novamente…
- Eu sei disso e sei que estou segura aqui com você. - Ela suspirou: - Vamos fazer assim, então, veja se concorda comigo: a gente fica, aproveita o dia, continua punindo o Marcos e depois de noite vamos ter a chance de aproveitar um jantar dançante gostoso. - Me deu uma piscadinha: - E vou dançar muito com você. Eu e a Denise.
- Nanda, se eu ficar, não vou aproveitar nada. - Disse, praticamente me dando por vencido.
- Vai sim. Aliás, só você tem aproveitado até agora, ou vai me dizer que não está gostando de ficar com a Denise?
- E o Antunes?
- Esquece o Antunes! Eu não vou procurá-lo, te prometo, mas se ele vier atrás de mim também não vou sair correndo dele, mesmo porque sei que doeu na alma do Marcos quando eu estava lá conversando com ele.
“Na dele e na minha, Nanda!”, pensei comigo. Enquanto tentava encontrar um argumento, fiquei ali observando as curvas de seu rosto e me dei por vencido:
- Tá bom, Nanda. A gente fica. - Aceitei, mas balançando negativamente minha cabeça, num claro conflito interno.
- Claro que fica, né? Foi só eu falar na barbie gostosona que você se animou. - Disse, feliz: - Você vai aproveitar muito mais que eu. Vai ver.
- Não estou ficando para aproveitar, estou ficando para te proteger. Só espero conseguir fazer isso a tempo dessa vez.
- Ah, “Mor”, não fala assim. Pensei que já tivesse superado isso. Você não teve culpa de nada.
- Esquece, Nanda. Vamos descer, então. Vai.
Ela desceu comigo. Já não estava mais emburrada, mas preocupada comigo e a culpa que eu ainda carregava, e confesso que eu com ela também. Decidi não mais desgrudar dela e a comuniquei disso, e ela sorriu para mim, um único sorriso depois de um bom tempo. Esquecemos de nos separar e acabamos saindo juntos da pousada, direto na piscina, bem no meio da muvuca que, por sorte, nos ocultou. Nem a Denise ou o Marcos estavam na espreguiçadeira que a Nanda utilizava. Aliás, esta já havia sido surrupiada por uma bela mulata.
Comecei a buscar os dois e encontrei Denise numa rodinha, conversando animadamente com outras moças. O Marcos havia encontrado a professora que havia estado na mesa da noite anterior e também conversava. Decidimos ir até nossos “pares” e depois levá-los para uma mesa próxima ao buffet.
Fui me aproximando lentamente da Denise e a abracei por trás, fazendo com que desse um gritinho de surpresa. Ao se virar e me ver, abriu um lindo sorriso e me deu um beijo, logo apresentando a duas de suas colegas, Tânia e Vanusa. Tânia era baixinha e meio gordinha, mas tinha um belíssimo rosto e olhos de um azul que chegavam a dar arrepios na alma. Já Vanusa era uma mulata, aliás, era negra mesmo, e talvez a mais linda que já vi na vida: alta, dona de curvas acentuadas e com olhos cor de mel que eu não sabia se naturais ou lentes de contato de tão perfeitos e brilhantes. Não sei se fiquei muito impressionado, aliás, fiquei, mas logo Denise arrumou um jeito de me tirar de perto delas, enciumada.
[...]
Me despedi de meu amor e fui ao encontro da minha vítima. O encontrei conversando com a professora tarada e ela ficou mais feliz em me rever que ele, que somente se surpreendeu. A danada veio me cumprimentar com dois beijinhos no rosto e me deu um abraço que pude quase sentir seu clítoris roçando no meu. Ela era lésbica, com certeza, mas não iria me comer: eu não seria seu prato naquela noite. Me aconcheguei nos braços do Marcos, fazendo-o se surpreender ainda mais e ela saiu para nos dar alguma privacidade:
- Está tudo bem? - Me perguntou.
- Está sim. - Então, o encarei: - Olha, Marcos, me desculpa se fui rude com você. Acho que essa história da Denise com o Mark mexeu comigo, mas já resolvemos. Nos demos um “Vale Weekend”, como você sugeriu: ele vai ficar com a Denise e eu vou ficar com você. Se você ainda me quiser.
Agora, eu estava quase ganhando o Oscar com aquela interpretação e ele caiu como um patinho. Nos beijamos e depois pedi que pegasse outra batidinha de morango para mim. Claro que ele não foi: chamou um garçom. Mas enfim… Me aconcheguei em seus braços novamente e ficamos conversando sobre o que poderíamos fazer à noite e eu prometi o paraíso para ele. Mal sabia ele que eu havia dispensado o anjinho de meu ombro direito e o capetinha do esquerdo estava trabalhando dobrado para me ajudar em meus planos.
Ficamos um tempinho ali e logo vi o Mark e a Denise se sentarem numa mesa com um guarda sol do lado anterior da piscina. O convidei para irmos até lá, mas ele queria ficar onde estava, somente me curtindo. Eu insisti e ele negou. Insisti novamente e recebi outra negativa. Coincidentemente o Antunes passou ao nosso lado, nos cumprimentando, mais a mim que a ele, e estacionou o bundão num banco uns dois metros atrás de nossa mesa. O Marcos pegou minha mão na hora e me puxou em direção a mesa do Mark. Era o acaso me ajudando.
Sentamo-nos com eles e o tempo começou a passar rápido sem novidades. Comíamos, bebíamos, aliás, fui obrigada a frear a Denise uma ou duas vezes, ou o Mark ficaria na mão novamente, e conversávamos como dois casais amigos. Da minha posição, conseguia ver que o Antunes não tirava os olhos de nossa mesa, ou de mim, na visão do Mark. Como lhe prometi, não forcei o contato. Lá pelas dezessete horas, mais ou menos, os funcionários do buffet começaram a preparar o salão para o jantar dançante. Decidimos, então, subir para descansar um pouco e nos arrumar para a última parte daquele evento.
Aliás, a sugestão partiu da Denise que disse que teria que dividir o banheiro e os acessórios do quarto com sua prima, o que demandaria mais tempo na sua preparação. Mark gentilmente, aliás um “gentleman” desinteressado, ofereceu que ela se preparasse no quarto dele. Se eu não o conhecesse, diria que ele queria vê-la nua; como eu o conheço, sei que ele queria ver seu útero e outros orifícios também. Acabei me resignando e fui me arrumar no quarto do Marcos, mesmo porque todas as minhas coisas já estavam lá.
Subimos os quatro juntos e vi o Mark seguir para o da Denise para ajudá-la a trazer suas coisas. Entrei em seguida no do Marcos. Ele naturalmente tentou se insinuar para mim e eu neguei, dizendo que ele teria tudo o que merecia e muito mais, mas só depois do jantar. Ele reclamou e eu o beijei para acalmá-lo. Não adiantou. Ele colocou minha mão sobre seu pau e ele estava parecendo uma tora de tão duro. Numa outra situação, eu o teria derrubado com gosto, mas ali eu não iria facilitar. Peguei seu pau e iniciei uma punhetinha. Ele me pediu, me implorou por um boquete e eu neguei, sexo então nem deixei ele cogitar. Perguntei se ele tinha certeza de que queria que eu o esvaziasse antes da grande noite e ele, lamentando muito, me pediu para parar, pois iria se resguardar para mais tarde. Eu lhe disse que iria me deitar para cochilar um pouco e ele se deitou ao meu lado. Acabamos dormindo de conchinha por mais de uma hora.
Acordamos pouco depois das seis e meia da tarde. Marcos, disse que iria tomar um banho rápido e me convidou para acompanhá-lo. Recusei, porque seria dar muita sorte para o azar. Pedi que me deixasse ir na frente, assim eu poderia me arrumar enquanto ele se banhava e ele concordou. Quando eu estava no banho, ele abriu a porta, nu e com o pau a meia bomba, e perguntou se realmente eu não queria companhia. Neguei novamente. Ele então ficou na porta, alisando o pau e me admirando enquanto eu terminava de lavar os cabelos. Não tive como expulsá-lo e o deixei lá, lambendo o queijo que iria rolar pouco depois ribanceira abaixo para longe de suas garras. Saí do boxe e comecei a enxugar os cabelos no banheiro mesmo. Ele passou por trás de mim, esfregando o pau em minha bunda. Não sou de ferro e me arrepiei toda. Por sorte, ele era tão lerdo que não notou, porque se tivesse notado e insistido um pouco mais, talvez eu até tivesse lhe feito um agrado caprichado. Saí do banheiro e ele lá ficou.
Terminei de me secar no quarto. Quando ele saiu do banheiro, voltei e sequei meu cabelo com um secador, penteando-o e o prendendo num coque baixo como uma espanhola. Comecei a me maquiar e toda mulher sabe que isso leva um certo tempo. Forcei na maquiagem para deixá-la bem marcante, afinal estava bronzeada e a pele exigia essa presença, e usei um batom vermelho escuro para finalizar. Terminada essa fase, saí e ele já estava pronto, vestido com um belo terno azul escuro, uma camisa azul bem clarinha e uma gravata de seda azul. Comecei a rir:
- O que foi, Nanda? Tem algo errado? - Ele quis saber ao ver minha reação.
- Ai, Marcos, desculpa. - Disse, me controlando: - Mas você está parecendo um Smurf.
Ele esboçou um sorriso sem graça, mas só. Peguei um jogo de meia calça sete oitavos preta de renda da mala e as coloquei. Vi de soslaio que ele babava, mesmo porque eu estava nua e aproveitei para provocá-lo com as posições para vesti-la. Depois coloquei meu vestido e uma fenda lateral quase chegava na altura da minha “perseguida”. Pedi que ele fechasse o zíper nas costas e ele, mais que depressa atendeu:
- Não vai colocar uma calcinha, Nanda? - Ele me perguntou.
- Pra quê? Assim fica mais fácil para eu apagar meu fogo. - Respondi, fazendo seus olhos brilharem, enquanto abria e fechava a fenda do vestido.
Modéstia à parte, aquele modelo de vestido tomara-que-caia me caiu realmente muito bem: me senti a gostosona! Não tinha muito peito na época, mas o que eu tinha ficou empinado, valente. Coloquei um sapato de salto alto preto e fiquei com quase um metro e oitenta de altura. Acho que estava mais alta que ele. Por fim, coloquei minhas jóias e minha tornozeleira de pimentinha por cima da meia calça, e ela pareceu ter luz própria. Me olhei no espelho e vou te dizer, se eu não fosse eu e não fosse hétero, aliás, eu já nem sabia mais se era, eu teria me pegado naquela noite, porque eu estava realmente muito gostosa. Poucas vezes, eu havia me produzido tanto.
[...]
Assim que subimos os quatro, fui com a Denise buscar suas coisas e vi Nanda entrando no quarto do Marcos com o próprio. Eu sabia que ele não faria nada com ela que ela não quisesse, mas ainda assim fiquei receoso. Peguei a mala da Denise e trouxe todas as suas coisas para meu quarto. Sua prima sorria, conformada, mas feliz com a felicidade dela. Já no meu quarto, perguntei se ela gostaria de tomar banho antes de mim, mas ela me perguntou porque não tomávamos juntos para poupar tempo. Foi uma boa justificativa! Tão boa que me convenceu. Entrei com ela no chuveiro e ficamos nos ensaboando, alisando e, bem, o gigante despertou. Ok! Ele não é tão grande assim, mas acordou bem disposto. Denise sorriu e decidiu dar um belo banho na criança. Quem sou eu para reclamar. Ela o ensaboou, alisou, esfregou e, enxaguado, o abocanhou. Que fome tinha aquela mulher! Me segurei como pude para ela não me sugar para dentro de si:
- Denise, para! - Pedi sem a menor intenção de ser convincente.
- Eu gozei na sua boca. Goza na minha! - Falou, lambendo a cabeça do meu pau.
- Poxa! Com um argumento desses, doutora… - Falei e ela sorriu abocanhando meu pau novamente.
Quem via aquele rostinho de boneca de porcelana não imagina a técnica que possuía no boquete. Certamente não aprendeu com o banana do Marcos. Perita numa garganta profunda, ela o introduzia todo na boca, com uma facilidade muitíssimo maior que a Nanda. Então, me segurou pela bunda e começou a foder sua própria boca como se fosse uma boceta. Eu desliguei o chuveiro para curtir aquela imagem. Logo, via escorrer uma baba típica de boquete bem feito, não que isso importasse. Ela realmente sabia o que estava fazendo, nem aquele som típico de engasgo que algumas mulheres emitem ela fazia. Ela ficava ali bombando e, às vezes, soltava apenas para me lamber as bolas e encarar minhas reações, voltando ao ataque logo depois. Só depois de um tempo ela veio reclamar:
- Caralho! Você não vai gozar, Mark? Que potência é essa, homem!? - Me perguntou, punhetando meu pau, deslumbrada.
Antes que eu respondesse alguma coisa, voltou à carga e ficamos ali ainda não sei quanto tempo. Quando a avisei que iria gozar e pedi para fazer em seus seios, ela acelerou seus movimentos, me ignorando:
- Denise, para! Eu não vou aguentar. Para! - Eu pedia e ela me ignorava: - Ai, caralho, para! Para! Eu… Ai! Porra! Fode então, sua safada. Vai. Capricha que eu. Puta que boquinha. Puta que pariu. Vai fode, safada. Ai. Vou gozar!
Dei um urro e ela me prensou entre a parede e sua boca. Gozei gostoso e no fundo de sua garganta, algo que nunca tinha feito em minha vida, nem com a Nanda. Aliás, ela que me desculpe, mas essa mulher era mestre num boquete e gostava do que fazia. Quando meu pau parou de pulsar e olhei para baixo, ela me encarava sorrindo com os olhos. Então, me soltou e a meu pau, chupando-o até ele sair de sua boca. Eu fiquei abismado com aquilo. Ela me sorriu e eu a puxei para mim e lhe dei um beijo caprichado, apaixonado por aquele boquete magnifico. Quando nos soltamos, ela estava feliz e eu maravilhado:
- Você não tem nojo de porra? - Me perguntou, sorrindo.
- Da minha? Claro que não. Quem tem “nojinho” é moleque.
Voltamos a nos banhar e logo eu terminei. Ela ainda ficou lavando seus cabelos enquanto eu me secava. Sai, deixando o banheiro todo para ela. Me deitei na cama e ela saiu pouco depois, com uma toalha enrolada na cabeça e nua daí para baixo. Deitou-se a meu lado e se colocou a brincar com os pelos de meu peito:
- Porque eu não te encontrei antes? - Perguntou, aliás, falou para si mesma.
- Antes, como? - Perguntei, querendo entender.
- Antes do Marcos, antes da Nanda…
- Denise, você vai encontrar alguém que te mereça. É só dar tempo ao tempo. Importante é você não se fechar. Só seja seletiva e confie no seu próprio coração.
- Já fiz isso uma vez e olha que merda de homem que a vida me deu. - Disse se referindo ao Marcos: - Se você se separasse da Nanda um dia, eu teria chance?
Preferi não responder com palavras e lhe dei outro beijo caprichado, deixando-a mole em meus braços. Como havia tempo, propus de cochilarmos um pouco para aproveitarmos o jantar e ela concordou, se aninhando em meu peito. Dormimos para acordar quase às sete da noite. Ela foi se arrumar e eu me vesti rapidamente, já acostumado a usar roupas sociais. Ela, como esperado, demorou no banheiro, brigando com um secador de cabelos. Usei um terno cinza médio “risca de giz”, uma camisa rosa e uma gravata vermelha. Quando saiu estava lindíssima. Prendeu seu cabelo numa espécie de franja lateral e um coque no alto de sua cabeça. Usava uma maquiagem suave e tons mais marcantes sobre seus olhos, acompanhado de um batom vermelho mais marcante. Colocou uma meia calça sete oitavos, preta de renda, idêntica a uma que já vi a Nanda usar e, por fim, um vestido vermelho escuro, fechado na frente, mas aberto nas costas do pescoço até quase o início de sua bunda. Solicitou minha ajuda para fechar uma espécie de gargantilha, que fiz com muito prazer, para deixar minha mão escorregar por sua coluna de cima a baixo, fazendo-a se arrepiar:
- Para, Mark! Senão a gente vai acabar ficando por aqui mesmo. - Me falou, sorrindo.
Vontade até não me faltava, mas se eu fizesse isso, minha história com a Nanda terminaria ali. Resignado, vi quando ela calçou um sapato de salto alto dourado e, por fim, se adornou com brincos e pulseiras. Minha morena é linda, sempre a achei uma das mais belas que já conheci, mas a Denise era uma loira sem igual. Belíssima, sensual e uma boqueteira de primeira. Só me faltava descobrir se na cama ela também dava um show daqueles:
- Porque não vai sem calcinha? Eu ia adorar. - Propus lhe dando uma piscadinha.
Ela me encarou por um momento, levantou a saia de seu vestido e disse:
- Me ajuda mais uma vez?
Ela nem precisava, na verdade, pois sua calcinha era minúscula, mas adoro uma mulher sem calcinha! Por mais que não seja gritante, um homem atento, digo, safado, consegue notar esse detalhe e se ela já estava bem vestida, agora ficaria muito mais chamativa. Me ajoelhei e puxei aquela pecinha de roupa para baixo, aproveitando para dar-lhe um beijinho suave na altura do clítoris. Instintivamente, ela jogou sua bunda para trás, suspirando. Me levantei com a calcinha dela em mãos e dei uma deliciosa cheirada em seu perfume. Ela sorriu e vou se verificar no espelho.
Ouvi um som de notificação em meu celular e vi uma mensagem da Nanda me perguntando se já estávamos prontos. Confirmei e já saímos para o corredor. Quando vi minha morena… Ah, que morena! Não adiantava outra se esfregar em mim: aquela era a mulher de minha vida. Eu a encarei com satisfação de vê-la bem produzida, tinha um imenso orgulho no peito de vê-la tão bem arrumada. Uma pena que não fosse para mim naquele momento. Ainda assim meus olhos brilharam e denunciaram a paixão que eu tinha guardado:
- O que foi? - Ela me perguntou.
- Nada, não, Nanda… - Falei, embasbacado com tamanha beleza.
Ela, sem se preocupar com mais nada ou ninguém, soltou a mão do Marcos e veio até mim. Olhou para a Denise e lhe pediu desculpas e me beijou. Por mais que Denise beijasse bem, se entregasse com paixão, quando nossos lábios se tocaram existia amor. Não havia malícia agora, mas amor puro e irretocável. Quando nos separamos, acariciei seu rosto e ela me perguntou se eu queria realmente jantar. Eu queria, mas desistiria por ela. Antes que eu dissesse algo, ela mesma disse que estava com fome e que queria aproveitar para dançar muito comigo. Me soltou e voltou para o quarto retocar o batom que eu havia roubado. Olhei para Denise e lhe pedi desculpas, que me sorriu conformada por ver que dificilmente teria chances de superar um amor como o nosso. Ela limpou os meus lábios e me deu um selinho. Logo, Nanda voltou e descemos os quatro para o salão principal.
O salão já estava parcialmente tomado por formandos, formandas, professores e convidados. Uma banda já executava alguns sucessos nacionais e alguns poucos casais já se aventuravam pelo salão. Quando entramos, Nanda e Denise chamaram a atenção na hora de todos os presentes. Se não as mais lindas, eram duas das mais, com certeza. Um fotógrafo se aproximou e perguntou se poderia tirar algumas fotos nossas. Não era uma boa ideia, porque poderia nos comprometer se alguém chegasse a nos ver de pares trocados. A saída que Nanda encontrou foi trocar de lado com Marcos para ficar ao meu lado: se alguém um dia perguntasse, nós estávamos de casal. Superado esse primeiro obstáculo, buscamos uma mesa para nos sentar e acabamos nos sentando com alguns dos amigos professores do Marcos, eu agora acompanhado da Denise. Na mesa, duas posições à direita da Nanda, havia mais três lugares reservados, mas vagos no momento. Sentamo-nos e serviram uma rodada de batidinhas para as moças. Pedi uma dose de vodka com uma pedra de gelo.
Ficamos ali papeando com todos, até o Marcos foi incluído na conversa nesse momento. Logo depois, percebo que Denise sambava sua mão sobre a coxa no ritmo da música. Para um bom entendedor, isso é praticamente um convite, quase uma intimação para um bate coxa:
- Quer dançar, Denise? - Perguntei.
- Macaca gosta de banana? - Ela me respondeu, sorrindo.
- Conheço uma macaquinha albina que adora. - Retruquei e pisquei.
- Ai, Mark. - Respondeu, sorrindo e me dando um tapinha no peito.
Me levantei, estiquei a mão e ela veio comigo. O DJ mudou a música no ato, pois, pediram para tocar uma lenta das antigas, “Time After Time”, da Cindy Lauper. Olhei para a mesa e Nanda esboçou um sorriso para mim, preso por um biquinho inconformado. Começamos a dançar coladinhos. Juro que eu tentava me concentrar na Denise, mas era difícil com a Nanda me olhando. Me fiz de forte e ficamos ali um tempo, quando sinto um toque no ombro e vejo Nanda ao nosso lado, com olhos levemente marejados:
- Denise… - Nanda balbuciou e Denise entendeu no ato, literalmente me entregando o restante da dança.
Nos abraçamos e ela encostou a cabeça em meu peito, cantarolando a letra da música:
“If you're lost you can look
And you will find me, time after time
If you fall I will catch you
I'll be waiting, time after time”
- Ah, Nanda. Sacanagem isso. - Falei.
- É a mais pura verdade! Sempre vou te esperar e te ajudar. - Me falou.
- Vamos embora? A gente não precisa de nada disso.
- Deixa eu te contar o restante do meu plano. - Disse e começou a cochichar em meu ouvido.
“Caralho!”, pensei. Ainda bem que Nanda é minha amiga, minha melhor amiga, porque tê-la como inimiga deveria ser o inferno na Terra. Depois que ela terminou de me contar todos os últimos detalhes, eu a encarei:
- Denise já está sabendo disso? - Perguntei.
- Já.
- Ela concordou? - Perguntei meio que já sabendo a resposta.
- E porque não concordaria?
Dançamos até o final da música. Terminada, nos separamos e eu a agradeci pela dança, acompanhando-a até a mesa. Outra lenta se iniciava e ofereci minha mão para Denise novamente que aceitou na hora e veio toda sorridente para o salão. Nos abraçamos e voltamos a dançar. Ela bailava feliz em meus braços. Vimos também quando o Marcos tirou a Nanda para dançar:
- A Nanda já te contou todos os detalhes do plano dela, não é!? - Perguntei.
Ela me encarou, constrangida e confirmou:
- E você está de acordo? - Insisti.
- Se você estiver, eu estou. Talvez seja minha única chance…
- Então vamos fazer valer a pena.
Dito isso, lhe dei um apaixonado beijo no meio do salão, fazendo com que nos tornássemos o centro das atenções. Ao terminar, ela se encolheu meio constrangida:
- Mark, o que vão pensar de mim?
- Que você gosta de mim e eu de você.
- Adoraria que isso fosse verdade.
- Mas é: gosto muito de você. Só que meu amor…
- Eu sei! Eu sei… - Me interrompeu e se encostou em mim para curtir a dança: - Mas hoje, só hoje, você é meu!
Nesse momento, um burburinho ao nosso lado. Olhamos e vimos Nanda dando uma dura qualquer no Marcos, mostrando seu sapato:
- Olha a Nanda começando a torturar ele novamente… - Falei e ri.
- Problema dele. - Ela retrucou, também rindo.
Depois de mais uma ou duas músicas, voltamos para a mesa. Nanda já estava sentada e Marcos havia saído:
- O que aconteceu agora, Nanda? - Perguntei.
- Aquele pé-de-valsa de araque não sabe dançar. Pisou no meu pé duas ou três vezes. Daí eu me estressei e ele saiu bicudo. - Respondeu, brava: - Não sei como você aguentou aquele cara, Denise!
- Nem eu, Nanda. Nem eu… - Denise respondeu.
- Se você não maneirar nos modos, seu plano pode ir por água a baixo. - Falei.
Nanda parou por um momento e concordou comigo. Com os olhos, buscou Marcos pelo salão, o encontrando conversando com um grupo. Se levantou e foi até ele.
[...]
Mark tinha razão! Eu tinha que ser sedutora e deixá-la à minha mercê. Vi Marcos conversando com um grupo e tinha que conquistá-lo mais, ainda mais. Levantei-me e fui até ele. Enquanto me aproximava um dos membros daquele grupo me encarou, aliás, me devorou com os olhos, comentando com os demais. Logo, todos me devoravam, comentando entre si. Marcos concordava e me encarava curioso. Me aproximei deles, os cumprimentei e dei um selinho caprichado no Marcos:
- Senhores, poderiam me devolver meu namorado, por favor? - Pedi, solenemente.
Todos sorriram e naturalmente permitiram, mas antes fizeram questão de parabenizar Marcos pela belíssima “namorada”. Ele se encheu de orgulho como um balão de festa. Já sós, falei:
- Desculpa, Marcos. Não queria ser grossa, mas sua pisada doeu mesmo.
- Tá tudo bem, Nanda. Eu nunca fui bom nesse negócio de dançar…
- Então, vem comigo. Vou te ensinar o básico pra hoje.
Fomos para um canto do salão e lhe dei uma aula básica sobre como balançar e não pisar no pé da parceira. Ele até que aprendeu bem rápido. Já dava pelo menos para eu não sofrer. Ficamos um tempinho ali e decidi lhe dar um beijo para apaixoná-lo ainda mais por mim e caprichei. Fomos interrompidos pela professora tarada que passava ao nosso lado e soltou um sonoro “Nossa! Gente, o que é isso?”, fazendo-nos olhá-la e rir do comentário. Vimos alguns garçons circulando e o convidei para voltarmos à mesa, porque eu estava com fome. Isso era verdade mesmo.
Quando seguíamos em direção à mesa, vi que ele começou a ficar reticente até que parou. Olhei para ele sem entender e vi que ele olhava para a mesa sem parar. Eu sou meio míope e não enxergo muito bem de longe, mas forçando a visão entendi o porquê de sua reticência: Antunes agora estava sentado à mesa e conversava com Mark. Eu o encarei e ele estava branco:
- Marcos, vamos!? - Pedi: - Quero comer alguma coisa.
- Nanda, nunca te pedi nada… Por favor, vamos para outro lugar, outra mesa, sei lá.
Se eu tivesse pedido para ele se ajoelhar, ele teria feito. Talvez se ele não fosse um filho da puta, eu teria aceitado, mas naquela noite, aquilo ainda era pouco perto do que eu havia planejado:
- Não! Eu vou me sentar com o Mark. - Insisti: - Ou você vem comigo, ou pode esquecer qualquer chance comigo hoje à noite.
Ele me olhou novamente e aceitou, pedindo pelo menos para trocarmos de lugar para ele não ter que engolir aquele sapo. Concordei, à princípio.
Ao chegarmos na mesa, notamos que o Antunes havia se apossado do lugar reservado para mim, pois estava do lado do Mark. Antunes se levantou, cumprimentando Marcos com frio aperto de mão e depois, efusivamente, veio segurar na minha, beijando e acariciando:
- Realmente agora o jantar se iluminou com sua presença, Fernanda. - Disse me encarando: - Denise, já iluminava sem igual o ambiente, mas você chega a ofuscar olhos menos acostumados com tamanha beleza.
- Sua esposa deve ser muito feliz com o romantismo de suas palavras, doutor Antunes. - Respondi.
Ele engoliu seco a indireta, mas perdeu a pose:
- Então… Na verdade, atualmente estou só. Ainda não tive a sorte de encontrar uma bela, majestosa mulher como Mark e Marcos tiveram. Até tentei, mas não consegui.
- Sei que tentou. Sei muito bem! - Agora frise: - Ah, desculpe, mas o senhor está no meu lugar.
- Ah, perdão! - Disse, liberando passagem e segurando a cadeira para que eu sentasse: - Mark, podemos continuar depois.
- Tudo bem, doutor. - Mark lhe respondeu.
Marcos se sentou ao meu lado e Antunes foi se sentar numa cadeira um pouco mais longe, mas ainda na mesma mesa. Estranhei um clima pesado na mesa. Mark e Denise olhavam diferente para Marcos. Perguntei o que estava acontecendo e meu marido disse que me contaria depois, mas eu sabia pelo, seu semblante, que era algo muito sério, porque até mesmo Denise tinha sangue nos olhos quando encarava o Marcos.
O garçom chegou e nos serviu um pratinho de salada. Olhei abismada para aquilo e já perguntei na lata para ele:
- Ô, moço. Não vai ter carrrne, não? Eu tô com fome.
O garçom não se aguentou e riu, não sei se da minha pergunta, ou do meu sotaque. Fiz minha melhor expressão de “indignada” e ele se controlou, me respondendo:
- Sim, madame. Esta é só uma entrada para atiçar o paladar.
Mark balançava negativamente a cabeça e, junto da Denise, riam baixinho de mim:
- Eu tô com fome! - Justifiquei, sorrindo envergonhada de meu fora.
Marcos era uma pedra de gelo. Não sorria, não interagia, não conversava, não ouvia. Se eu não tivesse um propósito, teria o abandonado e procurado outra companhia. Homens não faltavam e, pela reação que eu causava ao circular, seria moleza conseguir uma companhia de qualidade.
Degustada aquela “imensa iguaria” em não menos que dois minutos, fiquei tilintando o garfo no prato. Logo, outro garçom recolheu nossos pratos e outro apresentou uma massinha, ainda sem carne. Digo “inha” porque a porção era menor do que eu costumo servir para minha caçula. Mark se divertia com a Denise vendo minha cara de decepção. Acabei rindo de mim mesma e me conformei em degustar aquela “iguariazinha”:
- Cala a boca, Mark! - Falei, ainda rindo.
Ele não se aguentou e começou a rir de verdade. Denise ainda sorria timidamente, mas ele se esbaldava. Eu nem poderia ficar irritada com ele, porque eram esses momentos entre a gente que fazia todo o relacionamento valer a pena: ele se divertia comigo e eu com ele. Sempre gostamos de tirar sarro um do outro, de brincar um com o outro, de nos divertirmos com nossas “tiradas”. Mais que amor, nós temos uma grande amizade e sabemos bem desfrutar um do outro.
Terminada aquele prato, me sentei ereta e fiquei procurando sequência no serviço do buffet. Nada! Nenhum garçom circulando:
- Tá brincando que vai ser só isso! - Falei para mim mesma.
- Calma, Nanda. Vai ter mais. O contrato do buffet prevê um serviço bem mais farto. - Disse Denise para me acalmar: - Como você consegue manter um corpão desses comendo assim? Se eu como duas folhas de alface, já engordo um quilo…
Olhei para ela, magra igual uma Barbie, só que com curvas e pensei “Mentirosa, filha da puta!”. Preferi só dar um sorrisinho amarelo que tentar explicar que eu brigo forte com a balança, minha grande algoz nos últimos tempos. Aliás, nem lhe dei muita atenção porque vi, enfim, os garçons voltarem a trabalhar e agora um cheirinho de carne invadia o ambiente:
- Até que enfim! - Comemorei.
Novamente um garçom passou recolhendo os pratos e outro nos serviu um “imenso” medalhão ao molho madeira, acompanhado de uma colher (Sim! Uma colher!) de sopa de farofa e enfeitado por três folhas (Eu fiz questão de contar!) de cebolinha. Eu já nem estava mais decepcionada, já estava inconformada com aquilo. Eu nem olhei para o lado do Mark, porque já ouvia sua risada descarada, mas acabei sorrindo sozinha, para mim mesma, olhando para o nada. Nesse momento, sem querer, meu olhar cruzou com o do Antunes e ele me encarava ávido, tentando ser sedutor. Fiquei séria na hora e baixei meu olhar, me concentrando naquele imenso prato. Eu já não esperava mais nada quando um garçom passou recolhendo esse último prato, mas eis que colocam um prazo vazio na minha frente:
- Só podem estar de brincadeira! - Falei agora brava, porque haviam servido um bom prato de carne assada para o Mark.
- Opa! Desculpe, madame. Foi sugestão do cavalheiro. - Me disse um garçom enquanto recolhia o prato vazio e colocava um outro, agora bem servido, à minha frente.
Mark ria de se acabar. Quase engasgou com um pedaço de carne. Denise havia se liberado e ria aos montes encostada no ombro dele:
- Filho da puta! Você vai me pagar. Deixa!... - Falei, rindo também, mas agora feliz por ter sido bem servida.
Enquanto eu comia, Denise, já mais controlada, me explicou que o Mark, vendo sua decepção combinou com um garçom essa última pegadinha. Eu só o olhei e falei:
- Beleza! Um a zero. Vai ter volta. Ah, vai…
Agora sim, comemos bem. Terminado um garçom passou recolhendo os pratos e perguntou se já gostaríamos da sobremesa. Praticamente todos recusaram, mas pediram alguma bebida para ajudar a digerir, inclusive eu. Eu precisava usar o banheiro e convidei a Denise, que aceitou. No banheiro, perguntei para ela o porquê deles estarem esquisitos com o Marcos. Ela, vendo movimento, não tinha como falar, mas me convidou para irmos ao jardim depois que ela contaria. Saímos do banheiro, do salão e no jardim ela se pôs a falar:
- Então… O Antunes quando chegou, veio cumprimentando todo mundo, do mesmo jeito que fez na piscina. Deu a volta na mesa como um bobo. Daí se sentou do lado do Mark e começou a puxar assunto. O Mark, muito educado, respondia, mas não desenvolvia. Estava na cara que ele não queria conversar com ele. Então, o Antunes virou para mim e me pediu desculpas por qualquer mal entendido. Eu respondi que tudo bem e cortei o assunto. No final, ele disse que não foi ele quem vazou a história do TJ e o Mark perguntou se não ele quem teria sido e ele disse que foi o próprio Marcos, para ter uma justificativa para o divórcio.
- Tá de brincadeira!? - Falei, surpresa: - E você acreditou?
- Não sei, Nanda. Ele até parecia sincero e, por isso, o Mark fechou a cara. - Disse, olhando para os lados: - Mas isso já não me importa mais. Agora vou tocar minha vida e, se foi ou não foi, não me interessa. É página virada.
Voltamos para o salão e o Marcos conversava com o Mark. A banda voltou a tocar e uma mulata muito bonita, amiga da Denise veio até a mesa conversar com ela. Vi que o Mark se levantou para cumprimentá-la e ficaram conversando os três. Pouco depois, ele saiu para dançar com a mulata. Denise se sentou e eu a encarei:
- O quê? É só uma dança. Ela é minha amiga. - Me falou.
- O Mark tem uma quedinha bastante íngreme por mulatas, Denise! - Respondi.
- Ah, Nanda, até parece que vão fazer alguma coisa aqui, né? - Retrucou, rindo, mas eu sabia do que ele era capaz se lhe dessem chance.
Dito isso, ela empalideceu, olhando para trás. Me virei e vi Antunes de pé nas minhas costas me olhando:
- Fernanda, me daria a honra de uma contradança? - Pediu, solenemente.
Olhei para ela novamente e depois para o Marcos, que colocou sua mão sobre a minha, como que dizendo “Nega!”. Aceitei, puxando minha mão debaixo da dele e entregando para o Antunes. “O Mark vai me perdoar, mas eu não vou perder essa chance de espezinhar o Marcos.”, pensei comigo e já buscando um olhar de reprovação dele, que não veio porque estava entretido com aquela bela mulata.
Antunes me conduziu até o meio do salão e me pegou como se fôssemos dançar uma valsa. Sua barriga saliente também não ajudava numa aproximação, então… Enquanto dançávamos, ele se esforçava em conversar, mas a distância e o som alto dificultavam o diálogo. Só entendi poucas palavras de elogio. Perto da gente, Mark já tinha notado e me olhava contrariado, bravo. Eu não tinha o que falar, nem o que fazer e preferi confiar no meu taco. Ele teria que me entender.