Numa dessas muitas pesquisas eleitorais, cujos resultados pipocam a todo momento na mídia, e são propagados (e comentados) à exaustão nas redes sociais, principalmente em período de eleição, como neste ano, a pesquisadora abordou uma senhora, dona de casa, no domicílio do seu lar, e a entrevistou. Deveria ter seus trinta e poucos anos a entrevistada, e a conversa se deu nestes termos:
– Bom dia, senhora! Tudo bem? Sou do Instituto de Pesquisa e estamos fazendo uma pesquisa sobre...
– Ah, que legal! Um instituto de pesquisa fazendo uma pesquisa... Massa!
A mocinha pesquisadora fez de conta que não tinha entendido a puta ironia da mulher, em cima de sua monumental gafe, injuriou-se pelo jeito infeliz como começou a abordagem, e prosseguiu, impávida:
– A senhora já sabe em quem vai votar para presidente da república, neste ano? – resolveu ser direta, para não perder mais tempo e evitar novos sarcasmos.
– Ah, minha filha, me preocupo com isso não. Fico vendo e ouvindo as patifarias dos candidatos, me divirto horrores com os “baba-ovo”, que ficam se xingando, defendendo seus políticos de estimação, que não estão nem aí pra eles, mas a decisão do meu voto só se dá no dia mesmo da eleição, na hora que eu acordo.
– Como assim, senhora? – A pesquisadora estava com medo de fazer essa pergunta, desnecessária para a pesquisa, mas a curiosidade foi maior.
– É assim, minha filha: eu e meu marido dormimos sem roupa; então, no dia da eleição, a decisão do meu voto depende da posição que o pau dele está, quando acorda.
A pesquisadora estava que era só atenção para aquele profundo método de conscientização político-eleitoreira.
– Se o cacete dele estiver deitado para a direita, eu voto em Bolsonaro; se estiver deitado para a esquerda, eu voto em Lula; se estiver deitado pra baixo, sobre o saco, eu voto em Ciro...
A pesquisadora não se conteve:
– E se o pau do seu marido estiver para o alto?
– Aí, minha filha, eu sento em cima... tu acha que eu vou sair desse bem bom pra votar?