[...]
Ficamos nos curtindo, abraçados enquanto os últimos espasmos de meu pau cessavam. Então, olhamos para o lado e Nanda estava acordada, nos assistindo em silêncio. Não estava brava, mas também não estava curtindo. Quando Denise se levantou, lhe deu um sorriso amarelo e um “Bom dia” sem graça. Perguntei se ela queria brincar um pouco, mas ela recusou, dizendo apenas que queria ir embora o quanto antes. Organizamos então nossas coisas e Denise as dela. Ao sairmos de nosso quarto para um merecido café da manhã, notamos que o do Marcos estava vazio, aliás, já estava sendo faxinado. “Melhor assim!”, pensei. Depois do café, Denise se reencontrou com a prima e eu as ajudei a levar suas malas para seu carro. Depois levei as nossas também para o nosso também. Nos despedimos, enfim, e combinamos de manter contato. Pegamos o caminho de casa e Nanda estava calada:
- O que foi? - Perguntei.
- Nada!
- Quem nada é peixe.
- Não estou para piada, Mark!
- Peso na consciência por ter feito essa vingança?
- Não. Tô só com uma baita dor de cabeça e acho que só o tempo para dar jeito...
“DEPOIS DA TEMPESTADE VEM…”
Seguimos viagem e aquele silêncio quase sepulcral já estava me fazendo mal. Depois dela ter conseguido tudo o que planejou era de se esperar que estivesse feliz, pulsante, falante, comemorando seu feito, mas ao contrário parecia triste e, o pior, é que eu imaginava o porquê ou por quem:
- Nanda… - Tentei puxar assunto.
- Só me deixa quietinha, Mark. Eu tô legal.
- Quem você tá tentando enganar. Estou vendo que você não está. Fala comigo, caramba! - Insisti.
Sem me responder, ela se virou para a porta e ficou olhando a paisagem passar pela janela de sua porta. A natureza fez seu papel e uma vontade de fazer xixi me tomou. Pelo navegador do GPS, vi que estávamos nos aproximando de um bom Posto de Abastecimento. Entrei e parei em frente a uma lanchonete:
- Tô precisando fazer xixi e queria tomar um cafezinho para despertar. Vamos? - A convidei na tentativa de animá-la um pouco.
- Pode ser. - Respondeu.
Entrei e já fui direto ao banheiro. Ela, por sua vez, foi em direção às mesas.
[...]
Eu realmente não queria conversar. Vê-lo ter curtido a Denise sem mim, me doeu. Por mais que tivéssemos aprontado umas boas durante a noite, aquela trepada deles de manhã eu não consegui digerir legal. Aliás, me deu uma baita indigestão. Eu até poderia ter participado, mas preferi testá-lo para ver se ele iria cumprir o nosso combinado e ele não cumpriu. Poxa! Para que servem as regras se não as cumpre. Estava perdida em meus pensamentos quando ele chegou na mesa em que eu estava:
- Quer comer alguma coisa ou só o café mesmo? - Me perguntou.
- Só um cafezinho.
- Eles tem uns salgados bonitos aqui.
- Não. Brigada.
- Nem um pão na chapa?
- Não.
Eu não conseguia encará-lo. Estava chateada com ele. Uma dúvida besta surgiu na minha cabeça e começou a me azucrinar: “Será que ele já mentiu para mim antes?”. Pouco depois ele retornou com dois cafezinhos e voltou para buscar uma coxinha de frango. Realmente o salgado era muito bonito e o aroma encheu meu nariz, fazendo meu estômago resmungar. Ainda assim minha chateação era maior que a fome e fiquei só no cafezinho. Peguei um pacotinho de açúcar sobre a mesa e nesse momento nossos olhares se cruzaram e ficaram. Ele estava preocupado e eu triste, nós nos conhecíamos como ninguém. Antes que alguém falasse alguma coisa, a menina de meus olhos fez xixi e uma lágrima desceu por meu rosto, bem na frente dele e aí não teve jeito, ele pegou minha mão e agora eu sabia que não escaparia de uma conversa:
- Fala! Conversa comigo, Nanda. O que é que está te incomodando? - Me perguntou.
- Mark, eu não quero falar…
- Fala, caramba! Xinga, briga, me bate, mas põe pra fora!
Peguei meu pacotinho de açúcar e sabia que estava com os olhos cheios de água, prestes a transbordar. Se eu começasse a falar, iria chorar ali mesmo na frente de todo mundo e eu não queria isso:
- Não quero falar. Só me deixa quietinha. Preciso pensar. Depois a gente conversa. - Pedi, quase chorando.
- Promete?
- Prometo!
Ele se resignou e continuou tomando seu café. Me ofereceu um pouco daquela coxinha e estava realmente muito boa. A vontade me venceu e pedi que pegasse uma para mim também, afinal, melhor sofrer de barriga cheia. Terminado nosso café, voltamos para o carro e ao nosso trajeto. Em algumas horas chegamos em nossa cidade e pedi que fôssemos para casa antes de buscar as meninas. Assim que estacionou em o metralhei:
- Porque você transou com a Denise?
- Nanda, ela acordou cedinho e me convidou bem de manhãzinha. Eu tentei acordar você e você não acordou. - Me respondeu tranquilamente: - Daí eu pensei que não haveria mal algum.
- Ainda assim! Nossa regra não é ter a companhia ou permissão do outro?
- É.
- Então?
- Nanda, eu não saí do quarto e usei preservativo. Eu só não quis te incomodar… - Tentou me convencer, mas ele mesmo não parecia convicto.
- Então você está certo e eu errada. É isso!? Eu estou exagerando de novo?
Ele me encarou, procurando as melhores palavras e, nesse momento, eu soube que tinha razão em estar incomodada:
- Não. Eu errei, sim. Eu só pensei que não haveria problema transar uma última vez com ela estando no mesmo quarto que você, afinal a gente queria ter feito isso à noite e só não fizemos porque ela ficou chateada com tudo o que aconteceu, mas, você está certa: eu entendi o que você quis dizer. - Falou, constrangido: - Eu só posso te pedir desculpas e prometer que isso nunca mais irá acontecer.
- Porque a gente tem regras se você não as respeita?
- Nanda, foi só um deslize. Nós havíamos acabado de transar juntos, os três, daí ela quis uma última vez e não vi problema, mas me enganei. Desculpa!
- Eu já ouvi isso! Eu estava acordada, mas fingi dormir para ver se você iria cumprir nosso combinado e você não cumpriu. Poxa! Você não cumpriu. - Me exaltei: - E depois vem querer me cobrar por isso e por aquilo como seu fosse o senhor da razão! Qual é, Mark!?
- Calma! Não quero discutir. Eu já reconheci meu erro e já pedi desculpas. Não sei o que mais posso fazer para você me perdoar.
- Você gosta dela? Ela eu sei que está de quatro por você, mas e você? Fala Mark!
- Gostei de conhecê-la melhor nesse final de semana. Ela parece ser muito gente boa, mas daí a gostar, gostar mesmo, eu acho que não… - Me falou, sem convencer.
- Acha!? - Olhei surpresa para ele: - Vocês combinaram alguma coisa que eu não saiba ou não tenha visto?
- Não.
- Não!? - Insisti.
- Não, Nanda! Nada. A única coisa que ela me propôs longe de você, foi da gente formar um trisal, mas eu nem cogitei isso porque moramos muito longe e daria um trabalhão explicar isso para as meninas…
- Trisal! - O interrompi: - E você ia me contar quanto? Depois que me colocasse outro chifre? E que história é essa de “nem cogitei”? Quer dizer que só você toma as decisões pela gente agora!?
- Nanda, não faz isso, por favor. Só me expressei mal…
- Puta que pariu! Você transou com ela sem me avisar, sem minha permissão, repetindo a mesma parceira… Duas regras, Mark! Você quebrou duas regras! Tem mais alguma coisa que você não me contou? Você já dormiu com ela antes? Quer dormir com ela novamente? - Perguntei, já chorando: - Fala!
- Nanda, me escuta: nunca dormi com ela e você sabe tudo de mim. Nunca te escondi nada. Você é minha melhor amiga e a pessoa em que mais confio. Vamos entrar e a gente conversa com calma em casa…
- Não! - O interrompi novamente: - Não quero conversar. Talvez seja até melhor as meninas dormirem nos seus pais hoje mesmo. Eu… Eu… Ah, deixa pra lá. - Falei já descendo do carro e entrando em casa.
Pouco depois o Mark também entrou e eu nem olhei para ele, pois estava inconformada. Meu termômetro marcava quase 43ºC na escala do ódio! Eu já tinha cometido meus erros, porque faço antes de pensar, mas sempre esperei o melhor dele, porque ele era a razão do casal! Ele tinha que ser melhor que eu, senão o que sobraria de nós: dois inconsequentes!? Ele se sentou do meu lado e não aguentei:
- Mark, não fala comigo! Me deixa quieta. Eu quero pensar. Eu preciso pensar.
- Nanda, eu te amo, bichinho complicado. Não fica assim. - Me disse, colocando sua mão sobre a minha.
Nesse momento eu me excedi e hoje vejo isso. Além de tirar minha mão para ele não a pegar, dei um tapa na dele, que a puxou de volta e me olhou surpreso, assustado. Me levantei em seguida para despejar, exagerada e abusivamente, um monte de ofensas idiotas contra ele, a segunda na mesma semana, chamando-o de machista, mentiroso, traidor e um monte de outras palavras e expressões igualmente desnecessárias, inaceitáveis para um homem do seu culhão. Ele sentiu o baque e me olhou triste. Nessa hora, me doeu o coração, mas eu achava estar com a razão e não voltei atrás:
- Eu vou buscar nossas filhas. Você quer vir comigo, numa boa, em paz? - Me perguntou com a voz meio embargada.
- Vai se esconder atrás de suas filhas, seu covarde? - Falei ainda embalada na raiva: - Cansou de me enfrentar de frente?
Ele ficou branco, assustado com minha acusação, mas pouco depois avermelhou, claramente bravo. Vi que respirou fundo, olhando para o teto, e me disse:
- Eu vou sair agora para essa discussão não piorar. Você tem meu telefone. Quando quiser conversar numa boa é só me ligar.
- Se sair, não precisa voltar. Porque já não vai para a casa da Denise de uma vez? Aposto que ela vai adorar dar mais umazinha com você.
Ele saiu pisando alto, me deixando só comigo mesma e essa ideia me assustava, porque eu estava irada. Eu estava com medo de mim mesma! Pensei em quebrar alguma coisa, fazer como nas novelas, mas ele certamente não iria aceitar aquilo, um capricorniano nunca concordaria com um prejuízo decorrente da irracionalidade. Respirei fundo e, pouco depois, fui até a garagem, porque certamente ele estaria no carro, pensando sobre nossa discussão. Não estava! Na garagem só havia minha mala. Ele saiu com o carro e a mala da viagem. “Melhor assim!”, pensei. “Melhor o caralho!”, me corrigi logo em seguida. O diabinho de meu ombro esquerdo, apesar de ter trabalhado dobrado no final de semana, ainda queria sangue e eu acabei dando ouvidos para aquele miseravelzinho vermelho. Peguei meu celular e liguei para ele:
- Mark!?
- Oi, Nanda.
- Onde você está?
- Dando uma volta, espairecendo…
- Vem pra casa! A gente não terminou! - Eu quase gritava no telefone.
- Não. Agora eu não vou.
- Não vai, porquê? No mínimo deve ter outra biscate para servir de estepe aqui na cidade, não é?
Ele ficou mudou e pouco depois a ligação caiu, ou foi desligada por ele. Insisti e liguei novamente:
- Mark. Não desliga o telefone na minha cara!
- Se você não se controlar, vou desligar novamente.
- Vem pra casa agora! Ou eu vou… eu vou…
Não terminei de falar e a ligação caiu outra vez. Agora eu tinha certeza de que ele havia desligado na minha cara. Liguei novamente e a ligação chamou até cair. Fiz mais uma, duas, três, quatro, cinco ligações e ele não atendeu. Comecei a chorar de raiva, porque eu ainda precisava extravasar. Ele não iria sair de bonzinho dessa vez. Mandei não sei quantas mensagens “Me atende!” para ele no WhatsApp, até que ele me bloqueou. Ele, o meu marido, me bloqueou! Tentei ligar e nada. Outra vez e nada novamente. Agora nem ligação eu conseguia fazer para ele, estava bloqueada por completo.
[...]
Sai desnorteado de casa. Nanda novamente havia despejado toda sua ira irracional em cima de mim, com acusações ainda mais pesadas. Eu até concordava que tinha errado, mas não pensei que ela fosse dar tanto valor assim, mesmo porque nossa intenção era ter transado com a Denise a noite toda e só não fizemos isso porque a própria Denise ficou abalada com o desfecho de seu plano de vingança e tivemos que acalmá-la. Além disso, eu havia tentado acordá-la e “transei na sua frente e com camisinha”, falei para mim mesmo.
Dirigi um pouco pela cidade e estacionei próximo a um lago público onde as pessoas costumam ir para curtir, fazer caminhadas, etc. Me sentei em um banco e fiquei tentando me distrair vendo os patos nadarem e outros disputarem migalhas de pão que uma criança jogava. Ela me ligou, atendi e uma nova discussão começou, agora me acusando de estar com outra. Desliguei em sua cara, bravo. Ela ligou outra vez e, vendo que começava outra discussão, desliguei outra vez.
Ela tentou me ligar mais um punhado de vezes e não atendi. Logo depois várias notificações dela começaram a bipar em meu celular. Me revoltei e a bloqueei no WhatsApp e depois no aparelho. Eu queria paz, mas ainda precisava decidir o que fazer: se eu voltasse para casa, haveria discussão; se eu voltasse com as meninas para casa, haveria uma discussão na frente delas; se eu não voltasse, ela discutiria consigo mesma. Decidi não voltar para casa, nem buscá-las. Liguei para meu pai, explicando bem superficialmente que havia me desentendido com a Nanda e que não iria buscar as meninas. Ele não gostou da novidade e me perguntou sobre a escola delas no dia seguinte e lhe pedi para perguntar se elas teriam alguma prova ou atividade importante, me respondendo pouco depois que não. Então, disse que elas iriam faltar. Ele me perguntou o que eu iria fazer e eu disse que ficaria num hotel qualquer para esfriar a cabeça. Ele insistiu para que eu dormisse na casa deles, mas tudo o que eu não precisava naquele momento era de pessoas tentando entender e oferecer ajuda sem saber para o quê. Recusei e disse que queria ficar sozinho e lhe pedi que inventasse uma desculpa qualquer para as meninas, talvez dizer que a gente não voltaria a tempo do evento. Ele disse que se viraria e me pediu para não fazer nada de cabeça quente para não me arrepender depois.
Fui me hospedar no hotel de Regina, uma morena bonita, meio baixinha, mas dona de curvas acentuadas e uma pele naturalmente bronzeada, uma antiga cliente que havia se tornado minha amiga. Logo na entrada ela se surpreendeu com minha presença e lhe expliquei por cima que estava lá por um desentendimento com a Nanda e que ficaria só aquela noite. Ela, muito discreta, não me perguntou mais nada e me providenciou um quarto. Nunca tivemos nenhum envolvimento, mas, quando ela me acompanhou até o quarto, e fez questão de ir pessoalmente, pode ter sido minha impressão, mas achei que ela me comeu com os olhos, o que ficou reforçado quando ela disse que estaria a minha disposição se quisesse conversar mais tarde em um jantar. Ora, nem almoçado, eu tinha! Agradeci e fechei a porta: eu não precisava de mais problemas naquele momento. Deitei-me na cama e fiquei bravo comigo mesmo pelo resultado daquela rapidinha da manhã. Fiquei com raiva do Marcos novamente, afinal se ele não tivesse nos convidado, nada disso teria acontecido, mas enfim…
Alguns minutos depois meu telefone tocou. Era meu sogro querendo saber porque a filha dele estava tão brava, dizendo que ela praticamente o havia colocado para fora de nossa casa. Ele queria saber o que tinha acontecido, quem era o culpado, onde eu estava, etc.:
- O senhor vai me desculpar, mas se ela, que é sua filha, não quis contar o motivo, não serei eu a fazê-lo. - Respondi.
- Mas eu tenho o direito de saber!
Eu, que já não andava muito bem com ele, por algumas divergências na sua forma de tratar a Nanda e minha sogra, fui bem direto e grosso:
- O senhor não tem direito nenhum de me exigir nada, de se meter na minha vida. Quer tentar saber de alguma coisa, pergunte a sua filha. Agora, se me der licença, quero ficar em paz. - Falei e desliguei o telefone.
Não sei como, mas consegui relaxar. Quase cochilando, meu celular toca novamente e, dessa vez, era minha mãe. Atendi e ela queria saber o que estava acontecendo, como eu estava, onde eu estava, etc, etc. Expliquei superficialmente novamente e disse que estava num hotel, esfriando a cabeça. Ela insistiu para ir para sua casa e lhe dei um sonoro “não”. Nos despedimos e ela desligou logo depois, resignada, mas ciente de que eu estava bem. Nem voltei a deitar minha cabeça e Maryeva me ligou:
- Pai, o que tá acontecendo? O vô tentou me enrolar, mas ouvi a vó no telefone. Que história é essa? - Perguntou, aflita.
- Tive uma discussão com sua mãe. Só não quero levar vocês para casa hoje porque ela está muito brava e vai acabar discutindo de novo e na frente de vocês. - Expliquei: - Amanhã, quando ela estiver mais calma, vou lá e resolvemos. Fica tranquila.
- Paaaai, você tá me enrolando?
- Não. Não estou. Amanhã já vou lá e me resolvo com ela.
- Vê lá, hein!
- Relaxa, Morzinho. Aproveita mais um dia de folga.
- Affff! Já vou ter matéria para repor. Culpa desses velhos complicados.
Acabei rindo de seu comentário, nos despedimos e desligamos. Fiquei olhando para o aparelho, já esperando a próxima ligação, e nada. Me deitei com ele do lado, e nada. Comecei a cochilar e o miserável berrou forte! “Caralho, meu!”, xinguei mentalmente. Era meu pai novamente. O atendi e ele me contou que a Nanda ligou para eles, até calma, querendo saber de mim, onde eu estava, com que eu estava, etc., e ele teve que mentir, dizendo que não sabia onde eu estava, mas que eu estava sozinho para esfriar a cabeça. Na sequência, me orientou a ligar para ela e conversar. Depois de desligarmos, respirei fundo e decidi desbloquear seu celular, aguardando agora que ela desse o primeiro passo se realmente quisesse conversar comigo.
[...]
Quando ele me bloqueou, fiquei louca de raiva e fui até nosso guarda roupa. Lá comecei a tirar as coisas dele e jogá-las no corredor. “Vai tudo pro saco de lixo!”, decidi. Nessa hora, ouvi o interfone da nossa casa e fui quente para brigar, imaginando ser ele, me esquecendo completamente que ele tinha as chaves de casa, mas era o meu pai. De todas as pessoas, tinha que ser o meu pai. Vendo meu estado, quis saber o que havia acontecido e eu falei para ele não se meter porque eu tinha brigado com o Mark. Ele quis se meter, saber dos detalhes e eu discuti com ele também. Saiu rapidinho, sem nem olhar para trás.
Peguei dois sacos de lixo e comecei a colocar as coisas do Mark dentro. Não me preocupei em dobrá-las, só enfiei saco adentro. A cada peça que eu enfiava, menos força eu tinha para prosseguir. Fui ficando cada vez mais e mais fraca, e depois de um tempo não conseguia nem levantar meus braços, ou inconscientemente eu não queria fazer aquilo, sei lá... Comecei a alisar uma camisa social azul de microfibra que eu havia lhe dado há tempos, velhinha já, mas que ele fez questão de guardar como lembrança de nossa época de namoro. Em pouco tempo eu estava abraçada nela, pois gostava do contato daquele tecido molinho, mas gostava mais ainda quando ela estava preenchida pelo seu peito. “Que abraço gostoso!”, pensei. Nessa hora me deu um aperto no peito e comecei a chorar, triste com ele e comigo. “Poxa! Ele já me perdoou tantas vezes, sempre esteve do meu lado e eu o apedrejei sem piedade!”, me lamentei em silêncio.
Ouvi novamente meu interfone e estava tão brava que, se fosse meu pai, eu o colocaria para fora a vassouradas. Abri a porta da sala com uma vassoura na mão, a camisa do Mark na outra e qual não foi minha surpresa ao ver que era a Bia e o Bernardo de muletas no portão de acesso. Abri o portão e a abracei na hora, chorando e ainda agarrada na camisa do Mark. A vassoura ficou no meio do caminho. Eles se olharam assustados e me levaram imediatamente para dentro de minha própria casa. Eu tremia, ainda de raiva dele e agora ódio de mim mesma. Bia pegou um copo de água e colocou várias colheres de açúcar, me forçando a tomá-lo. Odiei, mas tomei aquele melaço. Devo ter engordado uns dois quilos só ali. Eu queria falar com ela, mas fiquei sem jeito na frente do Bernardo. Ele entendeu e disse que iria “dar uma voltinha”:
- Voltinha! Você!? Ah, vai sim. - Disse, rindo entre minhas lágrimas e apontando para suas muletas.
Eles também riram de meu comentário. Então, Bia pediu licença para me levar ao quarto, onde poderíamos conversar. Ele se sentou e lá fomos nós. Chegando ela viu os sacos de lixo quase cheios com as coisas do Mark e entendeu que a coisa era mais séria do que havia imaginado. Nos sentamos na cama e eu despejei:
- Bia, o Mark me traiu!
- Como é que é? O Mark!? Me conta essa história direito, Nanda. - Pediu.
Expliquei resumidamente, entre palavras e lágrimas, tudo o que havia acontecido no final de semana: o convite para o evento, a viagem, o plano do Marcos de nos separar, o interesse declarado da Denise do Mark, o Antunes e minha derrapada, nossa vingança a três, a transa do Mark com a Denise no dia seguinte e nossa discussão aquecida por meus xingamentos. Ela me ouvia em silêncio e, pela primeira vez, vi a Bia não fazer piada com nada. Quando terminei, ainda chorando, ela não se aguentou e me disse:
- Você deve estar na TPM, né?
- Mas o que isso tem a ver com o que acabei de te contar, Bia? - Perguntei, surpresa com sua pergunta.
- Ah, Nanda, para! Só pode estar de TPM para fazer uma merda dessas. - Me encarou: - Vocês são liberais. Ele só deu uma trepadinha com a loira e voltou pra você. Para, meu!
- Ele descumpriu as regras que nós combinamos para nos proteger nesse meio, Bia. - Tentei ainda justificar.
- Proteger de quem, da loira que vocês já haviam comido? Tá, quebrou, é verdade. E daí? Quantas vezes ele já vez isso?
- Que eu saiba só essa.
- E você, quantas vezes, já quebrou alguma regrinha de vocês?
Preferi não responder, mas eu já tinha entendido onde ela queria chegar:
- Mas ainda assim, ele não podia. Ele sempre bate no peito de ser o certinho, o correto, e na primeira vez me trai com aquela biscate loira. - Insisti, tentando convencê-la: - E justamente ela que já deixou claro que quer ele para ela!
- Porra, Nanda! Você não pode ser tão cabeça dura assim. Ele é um homem! Eles são criados para comerem qualquer coisa que passe na frente deles. Ainda mais o Mark que você me disse que é safado pra caralho. Pelo que você já me contou, se passar uma mesa com uma perna bonita ele vai engatar nela igual um cachorrinho.
Eu já não sabia se chorava ou ria e não estava mais tão convencida de ter feito a coisa certa:
- Eu xinguei ele de tudo que é nome…
- Burrada sua. Burrada de primeira! Ele errou, se arrependeu e já pediu desculpas, perdoa ele e dá a melhor trepada de reconciliação que você for capaz. Faz o que ele quiser fazer, deixa ele te foder com o pé, gozar na tua orelha, faz ele comer na tua mão. - Eu a encarava com olhos arregalados: - Mas mostra pra ele que você o ama e que você é a mulher da vida dele. Esquece dessa biscate loira que ele já descartou pelo jeito. Vai buscar o que é teu!
- Nem que eu quisesse: ele não quer me atender e já me bloqueou de tudo que é jeito...
- Mas que mulher mais burra que você é! - Disse me dando um tapinha na cabeça: - Me dá teu celular.
Dei o aparelho e em dois minutos, depois de mexer num programa de GPS, ela me encontrou o Mark, num hotel da cidade:
- Tá aqui, ó! - Me mostrou e completou: - Ele não te bloqueou, nada! Tá tudo liberado também.
Realmente, o WhatsApp já estava liberado e meu telefone já o chamava:
- Bia, mas o que eu vou falar? Ele vai acabar comigo. - Falei.
- Essa é a ideia! Pede desculpas de joelho, chupa o pau dele, dá uma surra de boceta bem dada, mas pega de volta o teu homem.
[...]
Estava mijando tranquilamente, na medida do possível, quando ouço meu telefone tocar novamente. “Mas que inferno! Miserável o cara que inventou essa merda.”, pensei. Terminei e voltei para cama decidido a silenciar aquele aparelho, mas vejo que Nanda tentava uma ligação novamente. “Que se foda! Já tô na merda mesmo, pior não vai ficar.”, pensei e atendi:
- Alô. - Falei e, como ninguém falava, insisti: - Alou!?
- “Mor”?
- Não sei se sou mais. - Retruquei, ácido.
Após um breve e injustificado silêncio, ela fala:
- Porque você me bloqueou? - Perguntou, mansinha.
Ouvi alguém xingando ela do outro lado da linha e a voz era familiar, mas não reconheci imediatamente:
- Sério que você está me perguntando isso? - Falei.
- Desculpa... Eu queria conversar com você, sem discussão, sem briga. Só conversar, eu e você. Por favor.
- Nanda, fico feliz que esteja mais calma, mas eu quero esfriar a cabeça também. Eu não estou a fim de correr o risco de discutirmos novamente. Vamos fazer o seguinte: eu fico aqui, você aí e amanhã a gente se encontra e decide como vai ser.
- Como vai ser, o quê?
- Como vai ser tudo: nosso casamento, filhas, sei lá, tudo!
- Você quer se separar de mim, né? A Denise te fisgou bonitinho…
Ouvi um sonoro e alto “Puta que pariu, Nanda! Cala a boca!” do outro lado da ligação e não consegui evitar de rir para mim mesmo:
- Quem tá aí com você? - Perguntei.
- Ah, é… A Bia. Nós estamos no quarto e…
- Oi, Mark! - Bia a interrompeu na ligação: - Vem conversar com essa cabeça dura. Deixa disso, vai!
- E o Bernardo tá lá na sala. Para Bia! - Nanda continuou.
- Ah, o “mula manca” já tá andando. Que bom…
- Vem. Prometo que não vou discutir. - Me pediu novamente.
- Você quase já começou outra discussão falando da Denise novamente. Só não começou porque a Bia te interrompeu.
- Desculpa! Vem…
- Amanhã, Nanda. Amanhã a gente conversa e se acerta ou acerta de vez. Sei lá…
Eu não queria mesmo conversar porque já conheço a fera de anos e sei que acabaríamos discutindo se tentássemos falar sobre tudo o que aconteceu, mesmo porque eu também iria acabar jogando o Antunes na cara dela:
- Poxa, Mark. Eu juro! - Insistiu.
- Que bom. Amanhã então a gente conversa em paz, como duas pessoas civilizadas. - Neguei novamente e me despedi: - Tchau, Nanda.
- Eu te amo, viu? - Ela me disse: - Volta pra mim.
- Tá bom.
- É!?
Me dei conta que minha resposta havia sido dúbia e tive que esclarecê-la:
- Tá bom porque acredito que você me ama, mas eu não vou hoje.
- Ah, Mark.
- Tchau, Nanda.
- Tchau, beijo.
Desliguei e decidi tomar um banho para relaxar a tensão e descansar ou almoçar. Aliás, só aí me lembrei que não havia almoçado ainda e desci para a portaria. Regina fez questão de me receber e perguntou se não podia me acompanhar no almoço pelo adiantado da hora. Claro que aceitei, imaginando não haver qualquer maldade se alguém nos visse, pois estaríamos em um ambiente público e com outras pessoas ao redor.
Após nos fartarmos e conversarmos bastante, me despedi de Regina que agora tinha realmente olhares cobiçosos sobre minha carcaça e voltei para meu quarto. “Comigo não, Regina. Hoje, não!”, pensei ao me deitar na cama, apesar de ter ficado vidrado naquela bundona morena. Na televisão, passava um jogo da seleção brasileira e, para variar, ia empatando com grande risco de perder. Desliguei para não ter mais esse desgosto e o silêncio invadiu o quarto. Silenciei meu aparelho celular e fechei os olhos para descansar. Apaguei.
[...]
- Tá vendo? Ele não quer me ver nem pintada de ouro. - Reclamei com Bia.
- Também o que você queria? Logo de cara você me esfrega a loira na cara dele para ele lembrar da cagada que fez! Você não é burra, Nanda. Pensa um pouco antes de abrir a boca, caralho! - Bia me repreendeu.
Bia estava com a boca mais suja que de costume, mas essa objetividade me ajudou a colocar os parafusos nos devidos lugares. Enquanto eu pensava em como pedir desculpas para o Mark, Bia quase entrava no meu guarda roupas:
- Onde tá? Onda tá, Nanda!? - Me perguntou, impaciente.
- Onde tá, o quê, Bia?
- Sua lingerie! Espartilho, meia calça, calcinha, soutien, tudo. Onde você guarda isso?
- Pra que você quer minhas lingeries, Bia?
- Mas que caralho! Eu não quero, sua lerda, você quer! É para você. Vou te arrumar igual uma puta mulher que você já é para você fazer uma puta putaria com teu marido.
- Ele vai bater a cara na minha porta… - Resmunguei.
- Oi!?
- Não! Ele vai bater a porta na minha cara! - Me corrigi: - Nem vale a pena, Bia.
- Vai tomar no cu, Nanda! Se o teu marido não valer a pena, quem vale, o teu vizinho? - Sondou pela janela: - Nem sei quem é o teu vizinho, mas o Mark eu sei que é um baita cara legal! Teu vizinho é bonito?
Dei um sorriso amarelo para ela, porque eu não estava para brincadeiras. Então, lhe mostrei minha gaveta de lingerie e ela tirou todas, as esparramando na cama:
- A bagunça a gente vê depois… - Sondava as peças: - Essa, essa… Ui! Essa, eu adorei, vou levar para mim. E… Essa! Vai ficar show!
- Eu não vou, Bia. Ele não me quer.
- Nanda, para de ser frouxa! Você não é assim. O “não” você já tem, agora você vai correr atrás do “sim”, mas você tem que acreditar, mulher!
- Ai, Bia…
- Eu vou com você. Te levo lá e espero. Se ele não te jogar da sacada em cinco minutos é porque fisgou. Daí venho embora.
- Sei não…
- Vem! - Disse e me levou para o banheiro.
Perdemos um tempão entre maquiagem, cabelo, unhas e, por fim, os adereços. Eu não me reconheci quando tudo acabou. Bia me fez um penteado besta, sem nada, uma franja presa com gel. Aliás, passou gel em todo o meu cabelo. Fiquei parecendo a “Trinity” do filme Matrix. A maquiagem era um pouco mais intensa do que eu gostaria, mas ela disse que eu tinha que abafar, então a sombra marcou, blush apareceu e o batom vermelho biscate brilhava de um que ela tirou da própria bolsa. Me convenceu a colocar um espartilho preto rendado, meia calça sete oitavos preta rendada, presas por tiras no espartilho e, por fim, sapatos de salto alto preto:
- Eu tenho uma calcinha legal ali, Bia. - Falei.
- Calcinha!? Você tá louca! Você vai dar e muito. Calcinha pra quê? - Retrucou as risadas.
- Eu preciso por um vestido por cima, né? Não quer que eu saia assim na rua, ou quer?
- Olha! Querer até queria, mas o povo vai falar. Então, põe um… vestido é muito sério… Sobretudo! Isso, põe um sobretudo. Tem tudo a ver…
- Bia, tá um calor infernal lá fora. Eles vão achar que eu tô louca.
- Mas tá: louca de vontade de dar! Entra no personagem, Nanda. - Disse rindo: - Se você não esfolar o pau dele hoje, eu esfolo tua cara amanhã.
- Ai, meu Deus! Isso vai dar merda…
- Merda! - Quase gritou: - Você já fez cocô, não fez?
- Pra que isso agora, Bia?
- Vai cagar, Nanda! Literalmente, vai cagar. Libera o espaço que hoje até o rabo você vai ter que dar.
- Mas eu não tô com vontade…
- Caga aí, caralho! - Insistiu: - E lava tudo direitinho depois, xerequinha e cuzinho. Chuquinha e tudo, ok!?
Depois de me esforçar e ter feito alguma coisa, e já devidamente higienizada, saí com cara emburrada:
- Não olha pra mim desse jeito e muito menos para ele. Você agora é a mulher que errou, aliás, que exagerou e quer reconquistá-lo novamente. Respira e põe um sorriso de puta no rosto. Vai.
Eu a encarei séria:
- Vai, Nanda! Assim, ó. - Disse e esboçou um sorriso que, para ela, era sensual, de puta sensual.
Caí na risada e, quando me controlei um pouco, ainda sorrindo, ela disse:
- É isso aqui que eu quero que você mostre para ele. - Disse me virando para o espelho, enquanto eu ainda sorria.
Me encarei pela primeira vez e eu fiquei bem. O sobretudo escondia tudo o que não podia ser visto em público, mas mostrava superficialmente meus seios sob o espartilho. Me olhei de cima a baixo, frente e verso, e gostei do que vi. Sorri para ela e ela para mim. Ela olhou no relógio e já eram quase oito horas da noite:
- Nossa! Olha a hora. Vamos, Nanda. - Me pegou pelo braço e puxou para a sala.
Bernardo roncava no sofá. Quando chegamos ele acordou, assustado, e ela me mostrou para ele. Ele não entendeu nada e ela falou:
- Só você mesmo para ter brigado com o Mark. Homem é tudo burro, Nanda! - Se voltou para o Bernardo e disse: - Sexo de reconciliação, Bê. Ela vai dar tudo dela para ele hoje.
- Opa! Festinha vai ser boa. A gente tá convidado? - Perguntou, sorrindo.
- Hoje não, Bê. A Nanda vai ter que consertar uma cagadinha que ele fez e ela aumentou cem vez mais do que precisava. - Disse Bia e ele assentiu: - Vou levar ela e já volto. Aliás, você vem também e depois a gente vai embora de lá.
- Gente, eu nem servi um café para vocês… - Disse, na inocência de ser uma boa anfitriã.
Os dois caíram na gargalhada e foram gargalhando até o carro, me conduzindo. Em dez minutos chegamos no hotel. Eu casada e safada há tempos, estava tímida e sem jeito com meu marido novamente:
- Vai lá, Nanda. É só por a confiança no rosto que você sempre teve. Vai dar tudo certo! - Bia Falou e me deu uma piscadinha: - A gente vai esperar um pouco aqui. Se você não voltar, é porque já está dando.
Me enchi de coragem e entrei no saguão do hotel. Para meu azar, havia um grupo de mais ou menos quinze peões boiadeiros lá. Então, nessa hora, me lembrei de um evento preparatório do rodeio que estava sendo realizado na cidade. Respirei fundo, buscando coragem e fui cortando caminho entre, seus assobios e gracejos, até o balcão. Regina se surpreendeu ao me ver e ainda mais vestida daquele jeito:
- Nanda, que você tá fazendo aqui, menina? - Disse e se virou para alguém atrás de mim: - Ô, nem pensem em encostar nela ou ponho pra fora na pancada.
Nem olhei para trás, para não piorar ainda mais aquela situação:
- Regina, eu quero falar com o Mark. - Pedi.
- Nanda, você sabe que eu não posso.
- Por favor. - Juntei minhas mãos: - Eu fiz um probleminha virar um problemão e quebrei o pau com ele sem ele merecer. Eu preciso consertar. Pelo menos, tentar… Por favor.
Ela me olhou, meio sem entender, então abri um pouquinho da parte de cima de meu sobretudo, mostrando o espartilho que estava usando. Um cara que estava no balcão do nosso lado, arregalou o olho e disse:
- Sexo de reconciliação! Putz, cara de sorte.
- Ô! Vira essa carona pro lado de lá, cara. - O repreendeu Regina, que se voltou para mim: - É isso mesmo?
- Eu vou tentar…
Regina me encarou mais um pouquinho, parecendo estar em dúvida, mas chamou um empregado logo depois, lhe repassando algumas instruções. Então, saiu de trás do balcão me chamando para segui-la e ouvimos um sonoro “Ahhhh!” de lamento dos peões enquanto nos afastávamos. Subimos e Regina não conseguiu conter uma risada gostosa. Logo paramos em frente a porta de um quarto no terceiro andar, número 303:
- Boa sorte. - Me disse e voltou para o saguão.
Me enchi de coragem novamente e bati na porta: nada! Insisti outra vez e nada novamente. Já tinha fechado o punho e ia socar a porta quando ela se abriu. Mark esfregava os olhos, parecendo acordar, e, ao me ver, deixei o sobretudo escorregar por meu corpo até o chão, fazendo-o arregalar os olhos de vez.