Durante minha época de adolescência, cursando o que hoje equivale ao segundo grau, desfrutava de algumas amizades preciosas, daquelas que você deseja que jamais acabem ou se percam por conta do tempo; assim éramos eu, Guilherme e Celso, sempre juntos desfrutando todos os momentos com risos, gargalhadas e até mesmo com preocupações naturais de nossa idade. Em uma época em que a sexualidade ainda era tratada como um tabu a ser evitado nas conversas entre pais e filhos, por mais intimidade que desfrutássemos em família, eu bem que demorei a perceber a opção sexual de Celso.
Ele era, de fato, dotado de uma beleza toda especial e também intrigante; seus olhos azuis vívidos e seus cabelos platinados lhe concediam um ar dócil e um tanto excitante, atributos que o tornava mais próximo das jovens colegas de salas de aula, fazendo dele uma espécie de confidente de suas ansiedades e expectativas; embora isso pudesse parecer natural (pelo menos para mim), era visto com certas reservas e até mesmo algumas críticas pela maioria dos membros de nossa comunidade.
Foi Guilherme que certa feita me confidenciou sobre a sexualidade de Celso. “Ele prefere mais rapazes que garotas, entende?”, disse ele reservadamente em certa ocasião; aquela notícia não me causou impactos negativos, pois eu sempre fora educado destituído de qualquer forma de preconceito, mas também confesso que me causou uma certa e inexplicável atração pelo meu amigo, algo que procurei manter em segredo para que não fosse mal interpretado por ele. Entretanto, houve um momento em que isso veio à tona de uma maneira contundente e inesperada.
Era uma tarde de sexta-feira em que nos reunimos em minha casa para terminar um trabalho escolar; minha mãe preparou um lanche para nós e ficou um tempo paparicando o Celso que ela achava encantador e depois nos deixou. Por conta dos vários papos paralelos acabamos nos prolongando mais que o esperado e logo a noite caiu trazendo consigo um certo rigor invernal. “Tia, será que eu posso dormir aqui?”, perguntou Celso a minha mãe quando Guilherme ensaiou para ir embora. Minha mãe argumentou que ficaria feliz, mas manifestou sua preocupação com os pais de Celso que deveriam ser informados.
-Tia, tem problema não! – interveio Guilherme com tom assertivo que lhe era característico – A mãe dele trabalha a noite …, e ele não tem pai.
Eu e minha mãe ficamos impactados com a frieza de Guilherme em revelar a vida familiar de Celso que por sua vez baixou a cabeça para esconder as lágrimas teimavam em marejar seus olhos. Passado o desconforto inicial acertamos que Celso dormiria em nossa casa enquanto Guilherme se despedia de nós. “Olha, cuida bem dele, viu? A vida já machucou muito esse garoto!”, alertou Guilherme quando fomos até o portão de casa; as palavras dele me deixaram ainda mais intrigado, mas procurei compreendê-las como um conselho de amigo.
Desfrutamos de um jantar em família com eu e Celso ajudando minha mãe na cozinha, sendo que ela aproveitou para exibir seus dotes caseiros e culinários. Depois do jantar assistimos um pouco de televisão e jogamos cartas e dominó; como de hábito, meu pai chegou bem tarde e também viu-se arrebatado pelos modos carinhosos de meu amigo. Devido as nossas restrições de espaço, minha mãe colocou um colchão e lençóis ao lado da minha cama para que Celso pudesse dormir. E mesmo depois que meus pais se recolheram, eu e ele ainda ficamos na sala conversando sobre a vida. Descobri que ele guardava um enorme afeto por sua mãe assim como dizia não saber quem era seu pai algo que não o incomodava.
Quando fomos para o quarto ele, sem cerimônia, começou a se despir afirmando que tinha o hábito de dormir nu. “Você não se importa com isso, né?”, ele perguntou com tom dengoso; respondi que não via problemas naquilo. Ao vê-lo pelado, experimentei uma sensação estranha e também excitante; Celso tinha a pele muita branquinha exibindo um ventre que não tinha pelos e um membro pequeno e delicado. Ante a minha curiosidade, explicou que tinha adquirido o hábito de se depilar pois pelos o incomodavam e também achava anti-higiênico.
Era uma cena um tanto curiosa com ele pelado deitado no colchão e eu de cuecas em minha cama conversando com a maior naturalidade, como se sua nudez não fosse algo que nos importunasse. E quando a conversa tomou um rumo mais provocativo, ele me fitou nos olhos e fez uma pergunta chocante. “Posso te beijar? Fiquei com vontade!”, pediu ele com tom suave e ostentando um sorriso discreto que escondia seu receio por minha resposta. Com uma tremedeira interior respondi que sim e Celso saltou sobre minha cama me abraçando.
Embora aquele não fosse meu primeiro beijo, não posso negar que foi um dos melhores que já recebi, principalmente ao sentir a língua dele digladiando-se com a minha enquanto nossas mãos começaram a passear por nossos corpos com toques abusados e muito íntimos; no momento em que nossos membros se roçaram ambos interrompemos o beijo para gemermos quase que ao mesmo tempo e em reação eu acariciei e apertei suas nádegas roliças prolongando ainda mais os gemidos. Logo ele desceu sua mão até minha vara segurando-a com certa firmeza, dando leves apertões causando um enorme impacto em mim.
-Posso dar uma chupadinha nele? – perguntou ele sussurrando em meu ouvido enquanto me masturbava – Eu não faço isso sempre …, mas o teu é tão grossinho! Então …, posso?
Tomado pela empolgação do momento, eu aquiesci me pondo de barriga para cima enquanto Celso pousava sua cabeça em meu ventre; ele continuou masturbando ao mesmo tempo em que lambia a glande causando seguidos arrepios em meu corpo. Ao senti-lo abocanhando o membro experimentei uma deliciosa sensação que não sabia como explicar; somente muito tempo depois fui capaz de descrever essa sensação como a mesma que se tem quando se penetra uma vagina quente e úmida, em que os movimentos de vai e vem realizam-se com a cabeça e também com a boca. Foi algo realmente extasiante e eu não queria que acabasse.
Repentinamente, um ranger de tábuas vindo do corredor fez Celso reagir saltando da minha cama para o colchão e cobrindo-se com o lençol enquanto eu fazia o mesmo; fingi dormir quando a porta do quarto se abriu e pelo vulto desconfiei que se tratasse de minha avó cuja audição excepcional deve ter percebido algo; ela vasculhou o inteiro do quarto cuja penumbra fora quebrada pela luz que provinha do corredor e depois de alguns minutos deu-se por satisfeita tornando a fechar a porta.
Com uma agilidade felina, ele saltou de volta para minha cama deitando-se de tal maneira que meu membro rijo estivesse ao alcance de sua boca oferecendo-me em troca suas nádegas roliças. “Se você já dedou um cuzinho, e quiser, pode fazer no meu, tá? Mas seja carinhoso!”, sussurrou ele com tom lânguido.
Com meu membro enluvado pela boquinha quente e sapeca de Celso eu passei a acariciar suas nádegas não perdendo tempo em pressionar o botãozinho oculto entre elas até conseguir enfiar parte do meu dedo médio, ouvindo um pequeno gemido de prazer balbuciado entre lambidas e chupadas em meu membro. Comecei um tanto hesitante metendo e sacando o dedo até ganhar impetuosidade suficiente para acelerar esses movimentos.
Celso rebolava sua bundinha linda comprovando que minhas dedadas lhe causavam enorme prazer. Eu bem que tentei avise Celso que meu gozo sobrevinha esperando que ele sacasse o membro de sua boca, porém qual não foi a minha surpresa que ele intensificou suas chupadas deixando claro que intenção de receber meu gozo em sua boca; e foi o que aconteceu quando senti meus músculos contraírem-se involuntariamente enquanto um espasmo alucinante sacudia meu corpo até o clímax eclodir em um gozo volumoso que Celso incumbiu-se de conter em sua boca.
Pacientemente ele esperou até o último estertor do membro pulsante e só depois esperou que ele murchasse em sua boca escorrendo para fora; cheio de si ele se voltou para mim abrindo a boca e exibindo a massa esbranquiçada que repousava em seu interior antes de engoli-la com sorrisos. “Você me beijaria agora para sentir o gostinho da sua porra?”, perguntou ele com tom provocante. Em vez de responder preferi reagir segurando sua cabeça pela nuca e puxando-a até que nossas bocas se encontrassem em um longo e delicioso beijo com sabor de saliva misturada ao agridoce do meu sêmen. Dando-se por satisfeito, Celso voltou para o colchão não demorando a ferrar no sono e me deixando ali relembrando uma experiência doce e inesperada experiência de prazer.
No dia seguinte, embora não disséssemos nada um para o outro nossos olhares, risinhos e sorrisos diziam tudo e um pouco mais. Celso passou o sábado em nossa casa e no final da tarde anunciou que precisava ir embora; minha mãe insistiu para que ele ficasse, mas ele agradeceu e declinou com sua amorosidade característica. Levei-o até o ponto de ônibus e esperei até ele embarcar e desaparecer dentro do coletivo. Daquele dia em diante, eu e Celso nos tornamos muito íntimos aproveitando toda a oportunidade que surgia para nos escondermos trocando beijos e carícias.
Ao mesmo tempo, eu não perdia as chances de beijar e acariciar Carla, minha namorada na época, cuja beleza e recatada sensualidade eram inquietantes e eloquentes. Celso sabia de meu relacionamento com ela, mas dizia que não sentia ciúmes, afirmando que não se importava em me dividir com ela. Tudo parecia o melhor dos mundos, porém um acontecimento mudou o curso de nosso relacionamento. Tudo foi muito vertiginoso e pegou a todos de surpresa; estávamos no término de mais um dia de aulas e eu, Celso e Guilherme nos dirigíamos para o portão de saída quando fomos interpelados por Virgílio um notório valentão da escola.
-Olha aí! A bichinha filha da biscateira! – disse ele com tom enfático e cheio de ironia dirigindo-se para Celso – Diz aí, bichinha! Quanto a putinha da sua mãe tá cobrando por um boquete?
O rosto de Celso transfigurou-se e eu vi nascer uma expressão de puro ódio e incontida fúria; tentei evitar o pior, mas Guilherme me impediu. “Deixa …, ele sabe se defender!”, avisou Guilherme enquanto Celso partia para cima do valentão; até então eu desconhecia aquele lado quase animalesco de meu amigo que saltou sobre Virgílio golpeando-o com rapidez e uma eficiência quase mortal; em poucos minutos o valentão jazia na calçada com um olho inchado e a a boca sangrando.
Quando funcionários da escola acompanhados do coordenador chegaram não tiveram muito o que fazer; Virgílio foi conduzido para a enfermaria e Celso para a Diretoria; eu e Carla fizemos menção de ir com ele, mas novamente Guilherme nos impediu. “Deixa ele! O moleque sabe se cuidar …, vou avisar a mãe dele …, e vocês vão pra casa!”, disse ele em tom autoritário; foi a última vez que vi Celso …, dias depois ele saiu da escola e sumiu de nossas vidas.
Os anos se passaram e com eles a vida seguiu seu curso; me formei em engenharia e depois do estágio fui trabalhar com um amigo ainda do tempo de escola que empreendera no ramo da construção civil; começamos pequenos e com poucas expectativas, mas em pouco tempo conseguimos construir uma reputação e amealhar bons negócios. Certo dia, meu sócio chegou no escritório avisando que eu precisava ir até o canteiro de nossa obra mais vultosa, pois a incorporadora parceira enviara para lá o seu novo arquiteto.
Incapaz de esconder minha irritação atendi ao aviso pegando meu paletó e minha pasta; dentro do carro me dirigindo para o local da obra pensava na chatice que teria que enfrentar, já que arquitetos são uma espécie rara e cheia de idiossincrasias irritantes e sempre dispostos a criticar qualquer alteração no projeto original que mais pareciam uma cria própria sujeita à maldade de nós os engenheiros broncos e sem estofo.
Assim que cheguei no local e me deparei com o tal arquiteto tive uma sensação inexplicável de déjà-vu; olhei para aquele sujeito de corpo esbelto, metido em um terno de grife com ar de sutil superioridade me encarando com seus olhos azuis profundos e senti um arrepio percorrer minha pele. “Celso? É você?”, murmurei a pergunta com tom hesitante temendo cometer um sacrilégio abusivo com a minha memória. Ele apertou os olhos e em seguida abriu um enorme sorriso.
-Oi, querido! Sim! …, sou eu mesmo! – respondeu ele com tom quase eufórico caminhando em minha direção e me abraçando – Nossa! Que coisa boa te reencontrar!
Imediatamente, entabulamos uma conversa tão entretida e repleta de perguntas e respostas que o compromisso profissional perdeu a razão de ser; e quando dei por mim, estávamos em uma cafeteria situada nas redondezas trocando experiências de vida e matando a saudade de uma amizade pra lá de especial. Depois de algum tempo e sem que eu tocasse no assunto, ele me contou que após a encrenca com Virgílio na escola, sua mãe decidiu tirá-lo de lá assim como também decidiu mudar-se dali; foram para o interior onde se estabeleceram com uma vida nova e cheia de esperança.
Sem que eu perguntasse, me contou também que sua mãe, por ser uma excelente corretora de imóveis sempre foi vista com reservas pelas puritanas de plantão tornando-se alvo constante de mexericos maldosos e críticas mordazes, outra razão para que se mudassem para bem longe. “Mas, quer saber? Nunca te esqueci! Para sempre você foi meu gordinho gostoso!”, comentou ele a certa altura com tom enfático e insinuante.
-Eu também jamais te esqueci! – emendei perdendo o receio de parecer vulgar – Aquela noite ainda permanece na minha memória …, foi algo especial!
De repente, nos vimos enredados em um frenesi de desejo voluptuoso que nos atraía para uma vereda desconhecida e tão cobiçada quanto a maçã do paraíso; eu queria levá-lo para qualquer lugar onde pudéssemos extravasar toda a excitação que vibrava como eletricidade ante nossa proximidade e também ante nosso inesperado reencontro. “Me dá um beijo?”, pediu ele com tom ansioso assim que entramos no meu carro. Eu sorri enquanto segurava sua nuca puxando seu rosto em direção ao meu e selando um longo, quente e molhado beijo de língua.
Saímos então na caça de um motel ou hotel nas proximidades e acabamos encontrando algo meio decadente e meio vulgar, mas que servia muito bem ao nosso propósito de saciar um desejo que ardia tão intensamente quanto uma labareda em nossos âmagos exasperados e repletos de uma ansiedade atroz.
No interior do quarto de piso de madeira e móveis envelhecidos, nos agarramos em beijos e carícias infindáveis antes que tivéssemos tempo de nos despir; Celso desvencilhou-se de mim e depois de respirar fundo começou a tirar minha roupa e assim que terminou deixou que eu retribuísse o gesto. Mirei aquele peito alvo e liso e depois de acariciá-lo por inteiro detive minha atenção em seus mamilos durinhos que logo estavam sendo saboreados por minha boca cobiçosa; Celso acariciava meus cabelos e depois de algum tempo desceu sua mão até que ela pudesse cingir meu membro rijo e pulsante.
Fui para a cama e ele veio sobre mim esfregando seu membro pequeno no meu até esgueirar-se de tal modo que sua boca tivesse meu membro ao seu alcance assim como o seu também estivesse disponível para a minha; iniciamos um meia nove com lambidas e chupadas ora afoitas, ora esmeradas sempre buscando desfrutar ao máximo a sensação despertada e há muito aguardada. Pouco depois, nos pusemos de conchinha com Celso esfregando suas nádegas no meu ventre, cuidando de abrir um pouco as pernas enquanto eu dedava seu orifício ouvindo seus gemidos descontrolados.
Minha primeira investida fez a glande romper as pregas, laceando o orifício e provocando um gemidinho em Celso que pareceu gostar muito de ver-se penetrado; prossegui aos poucos sempre com pequenos intervalos para que o selo se acostumasse com meu bruto rijo e quando finalmente cheguei ao fim, um longo suspiro de Celso atestou o prazer que ambos sentíamos. Dei início a movimentos pélvicos lentos e sempre profundos com minhas mãos apertando o peito do meu parceiro que sentia-se entregue a mim. E a cópula tomou um curso de crescente intensidade que nos deixava em estado de êxtase frenético com gemidos, murmúrios apaixonados e frases destituídas de vulgaridade, testificando que nosso encontro eivava-se de uma paixão incontida.
E quando meu gozo jorrou sem prévio aviso, Celso comemorou com gritinhos sutis e palavras cheias de carinho. Permanecemos engatados enquanto meu membro arrefecia teimando em escorrer para fora de meu parceiro; afastei-me um pouco para saborear a cena do meu sêmen vertendo do selo anal que mesmo um pouco mais laceado piscava ante as contrações de meu parceiro. Por algum tempo ficamos abraçados trocando beijos e carícias e o tempo parecia não ter qualquer relevância dentro daquele quarto onde a única coisa importante era a cumplicidade que desfrutávamos entre sorrisos e conversas amenas.
Tomamos um banho relaxante onde senti a necessidade de retribuir a ele todo o seu desvelo pondo-me de joelhos e tomando seu pequeno membro em minha boca até que ele também atingisse o clímax inundando minha garganta com seu sêmen morno e viscoso que fiz questão de mostrar a ele antes de engolir. Retornamos para a cama para aproveitarmos os últimos instantes juntos e logo depois nos vestimos, saindo para comer alguma coisa já que estávamos esfomeados.
No caminho de volta para a obra onde Celso deixara seu carro não conversamos nada mais profundo, preferindo permanecer na superfície de um encontro que fora estupendo, porém que não indicava a possibilidade de voltar a acontecer. Ainda dentro do meu carro nos beijamos várias vezes pouco nos importando com os olhares lascivos e curiosos dos operários que ainda se encontravam no local. “Não sei se teremos uma próxima vez, mas fique sabendo que foi a melhor tarde da minha vida! Jamais me esquecerei!”, confessou ele em tom de desabafo antes de sair do meu carro. A bem da verdade, nunca mais nos encontramos, e Celso fez questão de manter o relacionamento profissional a distância, como se temesse algo que eu também receava: a possibilidade desse reencontro doce e inesperado vir a ganhar contornos para os quais não estávamos preparados.