Não sou criativa a ponto de criar histórias do zero, e é por isso que costumo escrever relatos e não “contos”. A criatividade num relato é preguiçosa. O relato é uma transcrição de experiências vividas, e a criatividade entra nos pequenos detalhes, no preenchimento das lacunas que a memória apresenta.
E é por isso que sou tão lenta na produção de textos, porque insisto em ter que lembrar de cada detalhe de eventos que aconteceram há tanto tempo.
Mas como esse específico trata de reencontros, a memória não peca tanto, e o texto sai mais fluido.
Os eventos que aqui aconteceram foram recentes, neste ano. Embora esse texto fale de coisas recentes, recomendo a leitura dos meus textos mais antigos para que se crie em vossos imaginários um “background” da minha personalidade, comunicabilidade e modo de vida.
Sem mais delongas, segue________________________________
Era uma sexta. Fui passear num shopping. Coisa que há muito não fazia. Esse tipo de luxo, de auto-concessão eu só me dou em sextas, porque sei que sempre encontro alguém com quem vou sentar no boteco, beber e poderei dormir até tarde sem preocupações. Nas sextas normalmente nem vou trabalhar de carro, até porque se eu bebo, volto pra casa de Uber e fica tudo certo.
Era uma loja da MMartan, tava na vitrine admirando alguma toalha e aquele cheirinho gostoso de ambiente que eles sempre têm. Uma jovem toca o meu braço, perto do cotovelo, com muita sutileza e em tom de “ponto de interrogação” fala – “Tininha”?
Quem me chama de Tininha me conhece no mínimo há 20 anos. Confesso que levei um microssegundo pra entender quem era. Mas antes, respondi – Sim sou eu!
A jovem que me cutucou ali era a Alessandra. Alessandra é uma menina que estudava na minha escola na época que fiz meu segundo grau no interior do Paraná. Um tanto mais jovem que eu, talvez uns 5 anos. Quando eu cursava o terceirão, ela provavelmente estava na sexta ou sétima série. Eu não andava com ela, mas a conhecia por ser irmã de um moleque mais velho (este ainda mais novo que eu) que sempre tava nos mesmos rolês que a minha turminha. A Alessandra impressionou-me por congelar no tempo. Ela tem hoje praticamente a mesma altura (baixinha, coisa de 1,45m) e os mesmos traços que tinha quando adolescente. Que mulher linda tornou-se. Tive que pesquisar agora pra escrever esse relato – a Alessandra é muito parecida com uma atriz americana chamada Leslie Mann. É uma loirinha bem delicadinha, faz muitos filmes de comédia romântica bobinha. Mas a Alessandra é uma versão bem brasileira daquela atriz. Baixinha, magrela mas bunduda, cabelos castanhos claros naturalmente lisos e olhos cor de mel, rosto longo mas não tão alongado quanto o da atriz citada.
Nós mulheres carregamos o fardo de mostrar-se “sábias” no envelhecer. Explico: quantas vezes vocês vêem parentes seus comentando, quando aparece na TV alguma atriz mais experiente cheia de plásticas e comentam - “nossa, essa aí não soube envelhecer”. Então – há uma fórmula para envelhermos? Temos que saber envelhecer? A idade chega, não interessa pra quem. Todos viajam pro mesmo lugar. Todos envelhecem juntos. Hábitos, genética, alimentação, obviamente tudo isso influencia. Mas sejamos sinceras, minhas amigas (e amigos) – para alguns a natureza é mais generosa.
Eu envelheci, cheguei nos meus 40. Apresento meus sinais de idade. Mas a Alessandra acrescentou em sua feição apenas a maturidade, sem o aparente passar dos anos.
Assim que falei pra ela que era eu mesma, apontei a ela e perguntei – Alessandra?
Abriu um sorrisão lindo, daquele típico de quem tinha certeza mas tava na dúvida – “Acertei! Meu, Tininha, não te vejo desde a época da escola, menina! Quando te vi de longe, logo reconheci, mas fiquei na dúvida. Aí corri pra te perguntar, afinal, não é todo dia que a gente revê alguém de tanto tempo!”
- Poxa, sinto-me lisonjeada por poder ainda ser reconhecida após tantos anos! Mas você não mudou nadinha também, lindona!
“Ai, Tininha, tô coroa já nos meus 36”
- Eu só acredito que você tem 36 porque lembro que você era a irmãzinha do Thiago lá da época. Você tem até o mesmo corpinho da época, gata. Casou com alguém que eu conheço?
“Hahaha, você é generosa demais, Tininha! Casei sim, você conhece – casei com o Paulo, acho que era da sua sala. Ele tá ali ó...” – apontou para uma Kopenhagen em que tava lá o Paulo sentado acenando pra nós. E já emendou – “vem com a gente tomar um café com chocolate!”
Bom, eu não tava fazendo absolutamente nada específico, e como sei que sempre encontro alguém na sexta, lá fui eu sentar com eles.
Paulo era da minha sala, mas eu dificilmente falava com ele. Nada de específico, só não era da minha turminha. Eu era da turminha mais nerd e meus amigos eram todos mais pirralhos e socialmente esquisitos. De família rica, mas tenho lembrança de ter sido um colega legalzinho. Não era da turma dos playboys, não namorava nenhuma das falsianes da sala, acho que nem namorava ninguém lá da escola naquela época. Mas lembro dele sempre dos rolês. Sempre tava com mulher bonita. Paulo era magrelão alto, usava na época um cabelo todo trabalhado no “musse” com topete bonito, cabelos negros. Nos dias de hoje tá mais encorpado, ombros mais largos, rosto mais quadrado, mais maduro. Um cara normal, porém muito elegante nos gestos e no porte.
Aproximamo-nos da mesa em que estava ele sentado, e imediatamente ele levantou pra cumprimentar-me. Beijinho beijinho, sentamos.
- “Olha só, e não é que a Alessandra tinha razão? Ela te viu de longe e reconheceu. Nunca vi pessoa tão boa de memória como a Ale. Eu virei, achei sua figura familiar, mas confesso que não liguei nome à pessoa! Prazer em revê-la, Sônia!” – chamou-me atenção ele me chamar pelo nome e não direto pelo apelido. Na boa, eu não tinha muita proximidade com nenhum daqueles dois, mas sempre curti esse negócio de nostalgia e reencontro. E são pessoas super do bem. Afinal, chamar a nerdinha esquisita do atletismo pra sentar e bater papo após mais de vinte anos é coisa de gente do bem!
Ficou aquele breve hiato, e logo me perguntaram o que eu queria. Eles têm aquele café que vem uma borra de chocolate bem grosso com um tubete de waffle molhado no chocolate, era bem aquilo que eu queria. Ele correu no balcão e pediu um desses, enquanto ficamos só eu e a Ale na mesa.
Cutuquei ela e soltei minhas espetadas intimistas constrangedoras de sempre – aí, menina, casou bem hein! O Paulo é lindão, vocês foram feitos um para o outro!
Avermelhou-se num sorriso meigo, de quem realmente é apaixonada, e me respondeu – “pois é, eu sei, não nego, o destino foi bom comigo. Paulo é um rapaz encantador, inteligente, romântico, e até seus defeitos são apaixonantes...” – respondendo sem nenhum constrangimento minha intrusão. Eu conversava muito pouco com ela na época, mas jamais imaginei que a Alessandra iria lembrar-se de mim de forma tão aleatória.
Ela logo me perguntou – “E você, Tininha, linda desse jeito, um mulherão em todos os sentidos, casou?”
- Ah, Alessandra. Eu sempre fui a estranha. Aquela menina com quem ninguém quis nada muito mais profundo. Eu sei. O problema talvez esteja comigo. Eu nunca tive muito interesse em ser presa a uma alma só. Sempre fui bitolada nas minhas atividades profissionais, nos meus hobbies, nos meus ócios. Atingi os 40, a vida de casal casado pra quem vai começar nessa idade não é igual a quem como vocês começaram mais cedo. Mas sou uma mente aberta, um livro aberto com algumas páginas arrancadas.
Ao fim dessa frase, Paulo sentou de volta. Alessandra sorriu pra ele e pra mim, e completou meu raciocínio falando – “mas Tininha, eu e o Paulo somos casados há pouquíssimo tempo. Ambos viemos de outras relações, e somos casados vai fazer ainda três anos. E o mais bacana disso tudo é que viemos já experientes, calejados, machucados, tudo o que você descreveu acima sobre você aplica-se a nós”.
Achei linda a colocação dela. Ainda assim, frisei que minha mente é aberta o suficiente para aceitar tudo o que a vida me trouxer.
Paulo que acompanhou calado o fim dessa conversa meio de fossa abriu a boca e lançou essa - “Acho que nossa cota de chocolate deu por hoje. Precisamos é de veneno de verdade! Vamos beber?”
- Falou minha língua, Paulo! Aqui pertinho tem cervejaria ótima, vamos?
Paulo levantou rapidão e pagou a conta, enquanto a Ale encostou na minha mão, no gesto de impedir que eu fosse lá pagar também. Agradeci, e falei que tava sem carro e precisava de carona com eles.
Acomodados no carro deles, o papo correu nas amenidades – onde vocês estão morando? Estão aqui a passeio? E fui no banco de trás indicando o caminho.
Eles estão morando em São Paulo no Tatuapé, estavam passeando, adoram viajar de carro, passeios aleatórios e tal. Chegamos na cervejaria que eu gosto. Largamos o carro com o vallet e seguimos. Os dois à frente, eu observava a beleza daquele casal. Realmente lindos, a Ale miudinha, mignon, super delicadinha, corpinho de ginástica artística bem delineada, cintura marcada mas nada de muita voluptuosidade. O Paulo muito elegante, bem mais alto que ela, acho que uns 1,80 ou até 1,90.
Sentamos a uma mesa quadrada, intimista, longe de barulhos de música, tava um clima ótimo para uma conversa regada a cervejas e petiscos gostosos. Já pedi uma porção de aipim e uma weissenbier pra início dos trabalhos. A Ale foi mais conservadora, vi que ela demorou um pouco pra escolher mas ficou numa pilsen normalzinha e o Paulo lá foi direto para uma IPA.
Olhei pros dois e falei – “confesso que isso tá sendo por demais inusitado pra mim. Jamais imaginaria hoje, uma sexta comum qualquer, encontrar duas figuras obscuras de época de escola, casados e lindinhos passeando aqui na cidade”
Caíram na gargalhada com a minha descrição de “figuras obscuras”.
Ale rindo como uma garça com soluço, quase engasgada com um gole de cerveja, bateu no meu braço com força dizendo – “meu, como assim obscura, explica isso mulher”.
Eu sei que sou habilidosa em quebrar o gelo nessas situações inusitadas. E nada melhor que nostalgia sincera nessas situações. Falei – “ora, eu nem falava muito com vocês naquela época, por isso são figuras obscuras. Pelo menos pra mim são, pronto falei.”
Paulo, rindo bastante também, falou – “mas você não era obscura não. Não imagine você que a galera não te conhecia. Você tinha história, menina, e muita gente te admirava”
Eu sei ao que ele se referia. Eu tive uma época promíscua. Eu era a nerdinha da turma dos esquisitos, mas muita gente sabia que eu não era a menina virgenzinha modelo admirada pelas mamães. E acho que o Paulo era daqueles filhinhos de mamãe que mandava não andar com menina vagabunda... Mas dou o benefício à dúvida, afinal, os dois estavam muito queridos comigo, e era autêntico sim. Consigo perceber autenticidade no trato das pessoas.
Alessandra em seguida falou – “você era muito admirada pelas meninas da sexta série. Falo isso de coração. Se eu pudesse ter aqui na mesa outras meninas da minha turma da época pra engrossar minha fala, você saberia que é verdade. Você era e ainda é bonitona, gostosona, corpulenta, praticava esporte, inteligente, tirava notas boas, manjava de foto e filmagem e além de tudo era desejada por 11 entre 10 meninos de todas as turmas”
Pensei, caramba, nunca imaginei isso. Sério. Até me assustei por ela lembrar que eu gostava de filmagem (pra quem leu textos anteriores, saberão que meu pai tinha uma pequena produtora de vídeo).
- Alessandra, muito me admira tudo isso que você falou. Confesso que fico até emocionada de ouvir algo assim depois de tantos anos. Mas quanto a ser desejada, não era beeem assim não, querida. Sempre me dei bem com meus peguetes, mas nada de extraordinário naquela época.
- “Ah, Tininha, a galera babava em você. Você era talvez a única na escola toda que nos anos noventa da bunda, tinha bunda e peitão. Fala aí Paulo, vai dizer que você não reparava nos seios da Tininha?”
Paulo abriu um sorriso engraçado, sem graça, deu um gole generoso na IPA dele, e falou – “tudo o que eu proferir agora vai depôr contra mim, portanto abstenho-me da fala”, seguido de uma sequência de tabefes bem dados de punho fechado pela Alessandra bem abaixo do ombro dele, ato contínuo de gargalhadas estridentes...
Ali eu vi uma cumplicidade muito bonitinha entre os dois, inibição zero de falar merda um pro outro, e é isso que faz um casal apresentar uma química tão linda como aqueles dois.
- Tô sem graça, né. O que vou dizer... Eu usava roupas o mais discretas possíveis, mas tenho ciência que a guarda dos “gêmeos” aqui nunca foi tarefa das mais fáceis. Confesso a vocês que quando adolescente, peitão não era legal no país de bundas. Não era mesmo. Eu quase fiz cirurgia de redução, mas a minha mãe foi muito habilidosa comigo, e soube tirar isso da minha cabeça. Pouco tempo depois eu aprendi a curtir, e hoje eu os amo como são.
- “Viu Tininha, por isso que eu sempre te admirei. Você é pra mim um modelo de mulher moderna, bem resolvida, bem criada. Hoje digo isso, mas na época eu sentia isso. Eu ia nos rolês na praça com meu irmão e observava as amigas dele, e sempre tinha olhos pra sua turminha. Você era uma menina linda que aparentava não se importar com opiniões alheias, e a sua turma era a maioria de meninos esquisitinhos, o que mostrava que você era uma garota ligada no conteúdo, não simplesmente na aparência.”
Quase chorei. Nunca imaginei uma menina com quem eu quase nem falava ter me captado tão bem. Acho até que fiquei com os olhos cheios. O gesto dela foi muito gostoso, deitou a cabeça nas minhas mãos dizendo “oinnnnn” pra mim. Fizemos um hi-five com as mãos, e dá-lhe cerveja.
O Paulo, muito elegante, evitou beber muito. Ficamos eu e a Ale enxugando copo atrás de copo, enquanto ele ia devagar, mas participante da conversa.
Em certa altura da bebedeira, sempre aparece o sexo como tema. Nenhum de nós três éramos da mesma turminha na época de escola, mas como observei pouco antes aqui no texto, sempre somos de alguma forma observados e às vezes temos alguma fama.
- “Tininha, na boa, não me entenda mal. Mas vou te perguntar um negócio pessoal – você não saiu daquele colégio virgem né?”
Nós três soltamos uma sonora gargalhada assim que ela soltou essa pergunta.
- Olha, Alessandra, mais de vinte anos após, posso lhe dizer sem medo de papai ou mamãe de algum de nós três aqui achar ruim, mas não né... Eu DEI, e dei muito hahahahaha
Outra sonora gargalhada e um gole de cerveja dos três.
- Mas infelizmente, o Paulo não pode dizer que me comeu. – falei em seguida, deixando ambos levemente constrangidos, mas sorridentes com a brincadeira.
Na época da escola eu realmente tive minha fase promíscua, transei com muito menino da minha turma, e de outras turmas também, inclusive alguns de turmas mais novas. Pura imaturidade e entusiasmo hormonal adolescente.
Aí a Alessandra falou – “pois é, essa sua fama eu conhecia, mas eu não ligava. Sempre vi que você não era uma menina má e de promiscuidade vazia. Eu queria ser descolada como você. Pelo fato de você mexer com vídeos, havia boato que você fazia até filmes pornô...”
- Pois então, eu copiava filmes pornôs pra galera. Lembra da Lari que andava comigo na época? Ela tinha caso com um cara de vídeo locadora, e trazia tudo lá pra eu fazer cópias pra ela, e eu fazia cópia de filme pornô pra todo mundo. Mas naquela época nunca gravei ninguém transando. Não vou negar que depois eu fiz coisas minhas, pessoais.
Vermelhinha na bochecha, a Alessandra falou – “vou te confessar uma coisa. Meu irmão tinha uma fita pornô provavelmente proveniente das suas cópias, e eu assistia aquilo quase todos os dias quando tava sozinha em casa. Me masturbava compulsivamente com aquilo todo santo dia.
Fiquei até meio desconcertada naquele momento e perguntei – “meu, mas quantos anos você tinha, menina?”
- “Relaxa, Tininha, eu não era criancinha, tava ali pela sétima série. Mas só perdi a virgindade no finalzinho do terceirão, nenhum de vocês dois estavam mais na escola naquela época. Mas e aí, ainda mexe com vídeo?”
- Ah, Ale, nunca deixou de ser um hobby, sempre tenho uma câmera em mãos – abri minha bolsa e mostrei. Essa pequena Canon eu carrego inseparável. Sempre tem algo pra gravar e guardar.
Aí o Paulo, meio quieto, fez a pergunta mais cabulosa da rodada – “tá, Tininha, mas já filmou muita foda com essa câmera?”
Se tivesse sido a Alessandra a perguntar, menos mal. Mas tendo sido o Paulo, fiquei intimidada com a pergunta. Mas não perdi a compostura e respondi bem séria olhando nos olhos dele – Sim, Paulo, filmei muita foda e tenho muito material meu guardado. Mas nã nã ni na não, nenhum de vocês dois vai ver.
E assim, outra gargalhada. Mas aí a Alessandra completou a pergunta – “vem cá, só fodas suas, ou já gravou assim.....algum outro casal transando?”
- Não, Ale, realmente só transas minhas. Nunca tive a honra de gravar ninguém transando.
Sabe aquele ping-pong de olhares muito rápido entre as pessoas da mesa, em que todos sabemos qual a idéia sendo digerida naquele momento? Especialmente quando todos alcoolizados, as idéias mirabolantes surgem.
E quem quebrou o gelo de verbalizar a idéia? A própria Alessandra! – “tá, na boa, escuta aqui: a câmera tá aqui, os atores estão aqui. Bora gravar uma cena nossa? Vai, aceita Tininha, nunca te pedi nada!”
Olhei pro Paulo incrédula, e percebi ele tão incrédulo quanto eu. Ele olhou pra Alessandra e disse – “Ale, percebeu o quão mirabolante e constrangedora é a sua idéia?”
Aí eu respondi – Vou interromper essa breve discussão e vou falar só uma vez: eu topo, e tem que ser já enquanto ainda estamos bêbados.
A Alessandra abriu um sorriso lindo, tipo de criança que abre um pacote de presente de Natal. O brilho no olhar dela acentuou-se, ela só puxou a cabeça do Paulo e deu o beijo mais pornográfico que se pode ter em público, de língua firme e nervosa... Confesso que me senti a maior seguradora de vela do mundo, afinal eu tava totalmente só, observando um casal apaixonado que se pudesse tava transando ali mesmo. Fiz sinal pro garçom, o clássico sinal no ar pra trazer a conta.
Os dois desatracaram do beijo, e logo falei – fiquei na dúvida se já era pra começar a gravar já. Alessandra mudou totalmente de meiga e doce para uma verdadeira puta. Um sorrisinho maroto pra mim dizendo – “sim, já podia ter gravado... mas acho que tem coisa melhor depois pra gravar”. Me desarmou.
A conta chegou, o Paulo pagou sozinho. Fomos correndo ao vallet, fiz questão de pagar pelo menos o vallet, e em coisa de dois minutos apareceu o carro.
Eles não estavam em hotel. Estavam num dos apartamentos que o pai do Paulo tinha aqui. Fiquei com a câmera na mão. Comecei a gravar algumas pérolas que pudessem ficar bacanas numa edição final. Como eu estava no banco de trás, era fácil de pegar sutilezas como olhares de perfil dela pra ele. Ele passando a mão direita na coxa dela enquanto dirigia, a saia dela levemente recuada. A tentativa frustrada dele alcançar a calcinha durante o trajeto. Chegamos. Abre o portão, o carro entra, vai num labirinto típico de qualquer prédio até a vaga.
Garagem, elevador, todos cheios de câmeras de vigilância. Ali os dois se comportaram. Eu desci após o Paulo abrir a porta pra mim. Cavalheirismo sutil, elegante.
Teclou o sete. O elevador sobe rápido, e logo abre sua porta ante duas portas, de dois apartamentos. Entramos no da direita. Devia ser o 702, ou 72, pouco importa.
Acende a luz, sala de estar grande, apenas um sofá daqueles retráteis, muito maior que uma cama. Imaginei a cena, e logo acionei a câmera. Fiquei afastada pra captar o enquadramento geral da cena.
A doce Alessandra empurrou o Paulo grandão, que caiu estatelado no sofá (tudo já sendo gravado). Silêncio. Ele deitado/sentado, na verdade deitado mas com o tronco levemente levantado apoiado pelos cotovelos observando a Ale ainda de pé. A iluminação não tava muito favorável do meu ângulo, Paulo no sofá tava muito escuro enquanto a Ale recebia muita luz de luzes distantes do outro canto da sala. Procurei rapidamente, sem parar de gravar, algum interruptor pra ver se tinha mais luzes. Achei e acendi. Logo acima do sofá iluminou uma luz LED bem branca que preencheu a cena. Agora sim.
Paulo tava com as pernas ainda ao alcance do chão, mas deitado. Alessandra, sem tirar uma peça de roupa sequer, ajoelhou-se, afastou as pernas do Paulo, e tratou de abrir o cinto da calça. Abriu o botão.
Nesse momento, saquei o que iria acontecer, e fui rotacionando até me colocar praticamente sentada ao lado do Paulo, enquandrando um quase “close” do rosto da Alessandra. Nesse momento ela se mostrou a atriz pornô perfeita, porque ela manteve quase o tempo todo contato visual com a lente, como se fosse com os olhos do Paulo, pra quem ela volta e meia também olhava.
Terminou de abrir o zíper, olhou pra mim (não para a lente, pra mim mesma) e falou – “e aí Tininha, acha mesmo que eu casei bem? Acha que ele tá merecendo um boquete ou vai ficar só na punheta?”
Puxou a calça dele até revelar a cueca, uma boxer azul marinho, caprichosamente recheada. Foi dando mordidinhas no pau dele, ainda escondido pelo tecido. A respiração ofegante dele ficou destacada no vídeo. Ela puxou só um ladinho, fazendo pular a glande brilhante, rósea forte, num formato inusitado para uma cabeça de pau – quase de uma ameixa gorda. Pensei, caramba, que cabeçudo! Aquela boquinha pequena e meiga foi percorrendo só aquela cabeça de pau exposta fora da boxer, dando beijinhos babados, que eu captava em close.
Aí ela puxou o outro lado da cueca, e o pau inteiro revelou-se. Condizente a um cara de 1,80. Fazia alguns anos que eu não via um pau estilo pornô em tamanho. Grande pra valer, coisa de seus vinte centímetros. Eu não sou a fanática do pauzão, mas sei que muita mulher gosta. A Alessandra mostrou-se uma “size queen” confessa – pegou aquele pauzão, agarrou com força na base com sua mão direita e olhou bem pra câmera dizendo – “aqui, ó, como casei bem! Acabaram-se meus dias de minhoquinhas, agora sim tenho alguém pra me arrombar toda noite” – e com a outra mão começou uma punheta de duas mãos. Observei rapidamente, e Paulo sorria amplamente.
Logo em seguida, soltou uma das mãos e começou um trabalho de língua bem detalhado naquela cabeçona. Só na cabeça. Sua língua bem pontudinha e pequena foi explorando todo o contorno da chapeleta, ela puxava a pele do prepúcio bem pra trás, o que fazia a cabeça brilhar ainda mais. Ficou um tempão tilintando a pontinha da língua no frênulo, e aí resolvi mudar um pouco o ângulo e mostrar de um ponto de vista mais próximo ao dela. O pau parecia ainda mais grosso, com cara de cajado rudimentar, visto daquele ângulo, em contraste com a boquinha delineada e delicada da Alessandra. Nesse momento ela abocanhou e começou a chupar com gosto, de bater na garganta mesmo, fazendo aquele sonzinho de “ghã ghã ghã” a cada estocada. Um boquete clássico, usando a boca toda. Ela dava conta, lógico, não eram os vinte centímetros que entravam inteiros, mas ela sabia engolir um pau muito bem. Abri um pouco a cena, me distanciei, e vi a beleza da cena. Um cara de 1,80 ante uma moça delicadinha de 1,45. Confesso que é um tesão esse contraste.
Não, não me juntei à cena. Aquele momento era deles. Era um tesão, mas realmente não era o caso.
Determinado momento, ela parou com os lábios embrulhando delicadamente a pontinha da glande, enquanto as duas mãos masturbavam delicadamente o mastro mais perto da base. Acho que ela queria que ele gozasse. Não tava muito previsível, ele não dava sinal de fraquejo, tava um boquete lindo, mas ele não esmorecia.
Ela parou um pouquinho. Levantou, e como tava de vestidinho, só puxou a calcinha. Preta, renda, pequena, simples. Nem vi direito, só vi que derrubou ao chão. Me mantive naquele ângulo, do ponto de vista levemente atrás dela. Meu timing não podia ter sido mais perfeito.
Levantou a saia, sem tirá-la. Revelou a bunda. Minha câmera tem boa definição, dava pra ver no display certa saliência de celulite (olha só o que mulher vai reparar...), mas sim, reparei kkkkk
Paulo manteve-se na mesma posição. Parecia que eles tinham ensaiado, mas pelo que vi era posição que eles gostam mesmo.
Ela montou sobre a barriga dele, baixando-se e ficando com uma perna pra cada lado, num fôlego de “skwat” danado, eu não tenho essa força toda não. Naquela posição ela ajeitou o pau dele na rachinha. Vou dizer um negócio – como a biologia é diversa com nosso corpo. A bucetinha dela não é pequenina como faz acreditar o corpinho esguio e delicado dela. Vendo-a por trás como eu estava ali, percebi uma vulva larga, lábios gordinhos e volumosos. Não tinha visto de frente, mas por trás me parecia depilada.
Ela foi ajeitando a entrada da cabeça, cena que capturei já quase ajoelhada ao chão por trás deles. Embora volumosa, o canal vaginal parecia curto. Ela foi ajeitando o pau bem devagar mesmo. O ritmo já não tava tão frenético quanto no boquete. Penetração bem trabalhadinha, ela usava o molejo lateral de quadril, e assim cada pedacinho ia entrando molhadinho, enquanto ela ajudava punhetando a base com uma das mãos, enquanto a outra apoiava seu peso no peito dele. Meio acrobática, mas acho que deu pra imaginar a cena – a menina é treinada!
Ali eu vi um casal fazendo amor. Não era uma trepada. Era amorzinho gostoso. Penetração longa, profunda, cuidadosa, ritmada. Nada de meteção. Ela por cima, ia dialogando com o pau dele, enquanto nesse momento eu vi ele relaxar a cabeça pra trás na cama e começou a explorá-la com as mãos. Suas duas mãos abriram bem aquela bunda. Ainda bem que eu ainda estava naquele ângulo, pude ver ele buscando o suco da penetração e espalhando na região anal dela, agora bem aberta pelas mãos. Nesse momento a imagem do esgarçamento vaginal era mais nítido. Acho que é uma das imagens mais bonitas que a pornografia pode proporcionar, aquele nosso canal bem esticadinho, quase que conversando com a pele do pênis a cada entrada e saída. O cuzinho dela logo acima, brilhante de tanto líquido vaginal que ele pincelou com os dedos. Fui surpreendida quando ele começou a circundar o ânus dela, e mais uma vez fui feliz em conseguir captar o reflexo das preguinhas dela contraindo, enquanto aquela cavalgada não parava. Aí eu vi onde ele ia chegar. Num momento em que o pênis estava todo introduzido, ele travou o quadril dela com uma das mãos, mantendo parada. A outra mão veio no sentido de cima pra baixo pelas costas dela. O tecido do vestidinho até atrapalhou um pouco, mas rolou assim mesmo. Ele penetrou o dedo médio, acho que lambuzado de saliva, cu adentro. Ela tava relativamente silenciosa até então. Gemidinhos baixos, de quem fazia amorzinho gostoso, transformaram-se numa respiração mais grave, mais gutural.
A cena focava o conjunto todo – somente o saco, talvez uns 3 ou 4 centímetros da base do pau um pouco pra fora, o resto dentro da bucetinha, cuja pele bem esticada dava leves puxões. Na boa, eu não lembro de poder ter visto tão nitidamente um orgasmo feminino em contrações tão gráficas quanto aquelas. Ela gozou profundamente com um pauzão na buceta, um dedo no cu e a mão dele segurando o quadril. Paradinha, sem shows pirotécnicos, orgasmo orgânico, respiração funda.
Ficaram assim uns 30 ou 40 segundos. Paradinhos. Ele bem silencioso. Distanciei-me, tava muito perto. Os cheiros eram inebriantes, bem característicos de foda bem babada.
Enquanto eu levantava-me dos joelhos, percebi que ela tava com as costas bem arqueadas, com a cabeça quase no peito dele, de baixinha que ela é.
Ele foi erguendo-a, retirando a mocinha do “espeto”, e aí vi o resultado da obra. Desabou um fio longo de porra bem densa, bem branca. Ele tinha gozado junto. Sim, existe isso, dá pra gozar junto, já aconteceu algumas vezes comigo, mas ali eu tinha assistido ao vivo, carne e osso, outro casal nessa situação eletrizante.
Não foi demorado. Olhei no cantinho da tela, foram acho que 12 ou 13 minutos. Muita gente que uma foda bem dada é de uma hora. Não é. Foi lindo. Inusitado. Confesso que deu vontade de ser produtora de filme pornô, se isso desse dinheiro. Mas eu queria filmar só aqueles dois, tão lindinhos.
Sim, não sou de ferro. Fiquei excitada. Mas não era momento, nunca participei de nada grupal, foi uma situação única. Estávamos todos bêbados. Tenho o vídeo guardado com carinho, e pode parecer incrível, mas ainda não dei a cópia pra eles. Não tinham computador ali na hora pra que eu pudesse descarregar o vídeo pra eles. Tá na confiança comigo já faz dias, e na verdade é motivo pra que eu vá visitá-los em São Paulo breve.
A cena terminou, ela nem tinha tirado o vestido, só derrubou de volta, como se nada tivesse acontecido. Foi correndo ao banheiro dizendo “ai ai ai, vai pingar, vai pingar” e ficamos eu e o Paulo ali rindo da situação, ele ainda deitado com o pau tombado pro lado e eu com cara de bunda e câmera à mão...
Não foi constrangedor. Ele levantou rapidamente, vestiu de volta a cueca meio lambuzado de porra, fechou a calça e partiu pra ajudá-la a achar toalha ou coisa parecida. Voltaram os dois lá do banheiro vestidinhos. Levaram-me à cozinha onde tinha uma mesinha. Sentamos, tomamos uns goles de uma cocacola que estava ali na geladeira. Um silêncio estranho, mas todos corados e sorridentes.
Quebrei o gelo – galera... Que volta no tempo hein? E se pudéssemos dizer a nós de vinte e tantos anos atrás que estaríamos aqui gravando uma foda de vocês dois?
A gargalhada dos três foi espontânea. Conversamos um pouco, mas já era tarde e eu tinha que voltar pra casa. Queriam me levar, mas era mais prático que eu chamasse um Uber. Assim fui pra casa.
O mais bacana de reencontros é quando há algo inusitado. Ali foi inusitado desde o princípio. Nem na mesma cidade moramos, e ainda assim quis o destino que nos encontrássemos assim, aleatoriamente. Quis essa aleatoriedade que atingíssemos um pico de confiança entre três pessoas que naquele passado nem mesmo se relacionavam.
Enfim pessoal – esse foi meu relato sobre reencontro, e espero que tenham gostado. Foi algo bem intimista, embora eu nem tenha participado diretamente da foda em si. Mas ainda assim, foi um tesão!