A biba e seus dois machos
- Quer dizer que a culpa de você andar com o cu arregaçado e sangrando é só minha? É por isso que anda espalhando que eu sou um bruto, que te fodo feito um cavalo e não estou nem aí para as consequências. Você sai dando o cu por aí como se fosse uma cadela de rua e eu fico sendo o bruto responsável por ter estraçalhado seu rabo, ora essa é boa! – despejou o Pedro revoltado sem o Thiago saber o motivo.
- Eu nunca me queixei de você para quem quer que fosse! Nem sequer falei qualquer coisa sobre o que fazemos na cama com ninguém! Você me ofende quando me chama de cadela de rua, e eu não vou admitir que você faça isso! Você está cansado de saber que eu só me entrego para você e para o Carlão, como também sabe muito bem o porquê de isso ter começado. Se estão comentando alguma coisa sobre nós, pode ter certeza de que isso não se deve a mim! – retrucou o Thiago, indignado e surpreso.
- Não foi uma nem duas vezes que você me jogou na cara que sou um bruto quando tuas pregas sangraram depois de eu te foder. Vai negar isso também? – o Thiago se perguntava do porquê de ele estar tão zangado, quem foi que o andou difamando para ele estar desse jeito, mas ele estava uma fera; o que não era nenhuma novidade para o Thiago e demais amigos do Pedro, pois conhecia muito bem os acessos de fúria dele quando algo não saia do jeito que ele queria.
- Claro que não vou negar! Eu falei sim que você é um brutamontes nas vezes em que me machucou, mas eu falei isso só para você quando ninguém podia me ouvir. Se alguém ficou sabendo, só pode ter sido por você!
- Era só o que faltava, a culpa ainda ser minha! Essa foi demais! Já que pensa isso de mim, muito bem! Pode continuar dando o cu para quem você quiser, eu estou fora! Fique tranquilo que o bruto aqui, o insensível, o fodedor desalmado vai deixar teu rabo em paz! – rugiu o Pedro, feito um leão feroz.
- Eu nunca te chamei por nenhum desses adjetivos! É você mesmo quem os está declarando. Se é assim que você quer, por mim tudo bem! Que seja assim então! – nada ia ficar bem, o Thiago falava da boca para fora, ele gostava do Pedro apesar de, às vezes, achar que estava lidando com um troglodita, como agora.
- Sim, é assim que eu quero! Foda-se! Foda-se na pica de quem você quiser! – rosnou o Pedro irado, desferindo um soco na porta do quarto antes de deixar o Thiago sozinho, tendo que lidar com a revolta infundada dele, e saindo para dar sua corrida matinal na praia. Todas as portas pelo caminho foram sumariamente atiradas contra o batente fazendo as paredes estremecerem.
Thiago ficou se questionando quem teria sido o responsável por espalhar esses boatos sobre o Pedro. Fama de truculento e esquentado ele tinha, não era novidade alguma entre os amigos comuns que tinham. Porém, que ele e o Carlão transavam com o Thiago há muito tempo, não era mais do que meia dúzia que sabia e, mesmo assim, não conheciam detalhes desse relacionamento incomum e libidinoso.
Apesar de o Pedro ter elevado o tom da voz durante a discussão, o Carlão continuou roncando na cama onde tinha capotado nu depois do ménage à trois que rolou na noite anterior com todos um pouco mais alcoolizados do que recomendava a prudência. A discussão se iniciou assim que o Pedro se recuperou da bebedeira da véspera, ele é quem voltava ao normal sempre primeiro que os demais, metabolizando o álcool ingerido com uma eficácia extraordinária. Mas, aí, explodiam as questões que o incomodavam, e onde residia o perigo de tentar enfrentá-lo. Por alguma razão, Thiago era o único entre todos os amigos que se atrevia a tanto e, o único que até então nunca tinha sentido a força de seus punhos nessas condições. Pedro apenas bufava feito um touro bravio para o Thiago, cerrava os punhos e inerte se questionava em seu íntimo porque não conseguia lhe dar um único soco que fosse. E, isso o deixava zangado, muito zangado.
- Que zorra foi essa? – perguntou o Carlão, esfregando os olhos sonolentos e de ressaca, quando voltou do mundo dos ébrios recuperados.
- Você por acaso falou alguma coisa para alguém sobre o Pedro ser um bruto comigo na cama? – questionou Thiago, embora ele já soubesse a resposta.
- Claro que não! De onde você tirou isso? Jamais falei qualquer coisa do que rola entre a gente. Isso é assunto nosso, ninguém tem nada a ver com o que fazemos! – retrucou ele, exclamando cada vez mais surpreso à medida que despertava.
- O Pedro cismou que eu ando espalhando por aí que ele me come com brutalidade. Acordou com o pé esquerdo e me deu uns esporros, verbais, não os que você está pensando. – esclareceu Thiago.
- Vai ver é por isso mesmo! Se tivesse te enrabado talvez não ficasse de mau humor logo cedo. Estou vendo que vai ser aquele dia, é bom nem chegar perto dele. – devolveu o Carlão. – Mas, convenhamos, ele te dá uns pegas que deixam marcas, isso ele dá! – emendou, sarcástico.
- Você não fica atrás! Vocês dois são uns brutos quando resolvem soltar toda essa macheza represada, e eu é que me estrepo. Portanto, não fale dele! Você não é nenhum santo! - respondeu o Thiago.
- Pronto! Lá vai você defendendo o garanhão xucro! O cara briga com você e acaba sobrando para mim! – revidou ele. – Pois bem, eu não falei nada! Está contente agora?
- Eu só perguntei por perguntar, sabia que você não tinha feito nenhum comentário sobre nós. Só queria entender de onde ele tirou isso.
- Você conhece a figura, sabe que ele morre de ciúme de você. Não duvido que tenha sido a própria mente dele que criou essa fantasia. Vai por mim! – declarou ele
- Que ciúme o que? Ele não faz outra coisa que não implicar comigo por qualquer porcaria!
- Não faz é? Pelo que me consta, ele pinta e borda com esse seu cuzinho apertado! – exclamou, deixando o risinho irônico iluminar seu rosto viril.
- E você faz o quê?
- Eu te faço feliz, realizo todos os teus desejos, deixo você usar e abusar do meu corpinho sarado! – afirmou zombando
- Safado, sacripanta! Eu é que uso e abuso de você, não é, você é só uma vítima indefesa, coitadinho! Ironizou Thiago. Ele riu e foi agarrar o amigo com aquela baita ereção matinal empinada entre suas coxas peludas e musculosas.
- Me deixa entrar nessa bundinha tesuda, deixa? Faço você esquecer da briga com o Pedro em poucos segundos! – asseverou, cheio de tesão, querendo enfiar aquele cacetão no cuzinho do Thiago, que ainda se ressentia da luxuria da noite anterior.
- Não! Vocês já se esbaldaram demais, estou todo dolorido! – devolveu Thiago.
- Só um pouquinho, vai! Prometo que coloco só a cabecinha, e você me dá uns beijinhos, estou tão carente. – ronronou ele, sedutor e safado como sabia ser quando queria transar com o amigo gay.
- Só a cabecinha? Sei, eu conheço esse discurso e sei como ele acaba. Anda, sai da cama, vem me ajudar a fazer o café, daqui há pouco o Pedro está de volta e vem faminto feito um lobo. – afirmou Thiago, sacudindo o corpão atlético e musculoso dele.
- Ah, o Pedro! O Pedro está com fome. O Pedro deve estar com frio porque não levou casaco. O Pedro está cansado porque teve um dia exaustivo. O Pedro isso. O Pedro aquilo. Eu preciso dar o cu para o Pedro porque ele está carente, coitadinho. O Pedro, o Pedro, o Pedro! Tem horas que você parece um disco emperrado com esse seu Pedro, seu ídolo, seu macho querido. – revidou ele, sarcástico e enciumado. – Já que vai fazer o café da manhã pensando nele, ele que te ajude!
- Bobinho enciumado, vem me ajudar, vem! Vamos fazer só o que você gosta, prometo! Vem, meu tesudão carente, vem! – sussurrou Thiago sensual para ele, enquanto cobria sua própria nudez vestindo apenas uma camiseta que chegava até a metade de suas nádegas protuberantes e um jockstrap azul para manter o pinto confinado. Caminharam abraçados até a cozinha, com o Thiago sentindo a verga cavalar do amigo recém-desperto roçando suas nádegas.
- Quero rosquinha quente! – sussurrou o Carlão, cheio de segundas intenções, no ouvido do Thiago.
- Quer né, pilantra! – devolveu Thiago, rindo. Ele gostava tanto daqueles dois salafrários que ainda não compreendia bem como foi se meter nessa situação bizarra. O fato é que não conseguiria abrir mão de nenhum deles sem que isso o fizesse sofrer bastante.
Os dois tomaram o desjejum juntos, falaram pouco, trocaram olhares sobre a mesa com a mesma cumplicidade com que tinham transado na noite anterior. Thiago ainda sentia a umidade viril e pegajosa que o Carlão havia despejado em seu cuzinho. O que rolava entre os três tinha surgido sem nenhuma premeditação, a primeira vez aconteceu de forma tão natural e espontânea que parecia ser algo inerente à amizade que os unia.
- Vamos dar uma pedalada pela orla? Estão faltando alguns itens para o almoço, que tal um peixe? Damos um passeio, fazemos exercício e resolvemos a questão do almoço, o que me diz? – sugeriu o Carlão.
- Vou esperar o Pedro voltar da praia! Ele saiu sem comer nada, deve voltar faminto. – respondeu o Thiago.
- É você quem fica alimentando o ego e essa puta mania que o Pedro tem de quer mandar em tudo e todos! Se ele resolveu dar uma corrida para extravasar a raiva, que se vire com o desjejum. Ele é bem crescidinho para se virar sozinho, sem que você o paparique o tempo todo! Depois não se queixe que de ele ficar arrumando confusão com você. – retrucou o Carlão, deixando seu próprio veio de ciúmes falar por ele.
- Vá dar suas pedaladas e me deixe aqui, sei o que estou fazendo! Não preciso de mais confusão por hoje. – devolveu Thiago, o fiel da balança entre aqueles dois machos que viam nele um dos motivos para aquela amizade ser tão forte e duradoura.
Assim que se viu a sós, Thiago começou a cuidar das torradas com queijo e ervas que o Pedro adorava, do suco de laranja sem açúcar e coado que o exigente mimado gostava, do chocolate quente que precisava vir coberto por uma espuma densa para que fosse de seu agrado. Ele conhecia as manias, os gostos, os sentimentos desencontrados, tudo daqueles dois, e tinha tomado para si a tarefa de realizar esses pequenos mimos, que fazia com gosto e dedicação, sem nenhuma subserviência, apenas pelo prazer de vê-los felizes. Tinha se entretido tanto que não percebeu o Pedro caminhando descalço até ele e se apoiando no balcão, parcialmente em pé, parcialmente sentado. Ele já se sentia arrependido da briga que começou naquela manhã, afinal passariam apenas alguns dias na praia e era para ser um período de descanso e confraternização, coisas raras em seus cotidianos agitados na cidade. A corrida o fez ver que tinha sido o responsável pela discussão acalorada que tiveram, que os boatos surgidos sobre o sexo bruto que fazia com o Thiago toda vez que se sentia ameaçado pela presença do Carlão se deviam a uma imprudência sua, ao relatar até com certa arrogância e vangloria como enrabava e dominava o cuzinho submisso do amigo. Foi como se precisasse imprimir uma chancela que fizesse todos saberem que aquela bunda era propriedade sua. Tinha falado mais do que devia, essa era a questão. E, agora, e como sempre, tinha dificuldade em se desculpar. Ele via as desculpas como um sinal de fraqueza, e isso o impedia de abordar o Thiago como deveria.
- Ai, que susto, Pedro! – deixou escapar o Thiago ao se virar e dar de cara com o corpão suado do Pedro. – Há quanto tempo você está aí? Não tem coisa melhor a fazer do que ficar assustando a gente?
- Cheguei há pouco! Não quis atrapalhar! – respondeu lacônico, tinha se distraído com a parte carnuda daquelas nádegas que apareciam onde a camiseta não alcançava. Até parecia que podia sentir sua textura e o calor que emanavam, suas mãos e sua boca conheciam cada centímetro delas.
- Preparei seu café! Senta aí e come alguma coisa. – a doçura e o carinho embutidos naquelas palavras o faziam se sentir péssimo por ter começado a discussão.
- Fez o do Carlão também? – parecia inevitável provocá-lo. Ele queria que o Thiago revidasse, que o aviltasse, que lhe dissesse poucas e boas para que pudesse colocar para fora tudo o que estava entalado em seu peito. E ele devolvia gotas de doçura, era demais. Por que não brigava, por que não partia para as vias de fato, por que tinha sempre que ser tão compreensivo? Ele queria odiá-lo, mas só conseguia sentir aquele amor pelo Thiago crescendo em seu coração amargurado pelo ciúme.
- Você sabe que sim! Por que pergunta, quer começar outra discussão? – devolveu o Thiago, caminhando até ele, com uma expressão leve e generosa no rosto liso que tinha o poder de inebriá-lo e fazer ferver o sangue em suas veias.
- Desconfiei! Afinal você fez todas as vontades dele ontem na cama. Deve ter querido recompensar o esforço dele em te agradar. – retrucou o Pedro.
- Podia ter se juntado a nós! Eu teria feito as tuas vontades também! – revidou o Thiago, levando as pontas dos dedos até o umbigo peludo e suado do Pedro, onde começou a torcer os pelos densos formando pequenos tufos.
O calor que abrasava o corpo do Pedro não vinha da corrida, vinha daqueles dedos deslizando tão próximos de sua virilha, tão próximos de cacete que começava a endurecer a olhos vistos. Tão logo o Thiago o viu se avolumando debaixo do short, deslizou a mão carinhosa sobre a verga que distendia o tecido como se fosse o esteio de uma barraca.
- Não gosto que se zangue comigo! Sabe o quanto eu te quero. – disse o Thiago, afagando aquele mastro de carne que já não se movia de tão rijo.
- Então por que continua dando o cu para outros machos?
- Não dou para outros machos, só para você e para o Carlão, você sabe disso!
- Que seja! Dá na mesma!
- Não, não dá na mesma! Do jeito que você fala até parece que eu me deito com uma dúzia de homens, e não somente com vocês dois.
- Por que não fala para o Carlão que não quer mais que ele te foda?
- Se é isso que você quer, é você quem deve falar com ele! Que eu saiba, foi você quem o chamou para me enrabar quando me desvirginou. Qual o problema de explicar que não quer mais que ele trepe comigo? Jogar essa responsabilidade para cima de mim é que não dá. Me fazer optar entre você e o Carlão é o mesmo que pedir para eu fazer a escolha entre perder meu braço direito ou o esquerdo, uma perna ou a outra. Simplesmente impossível!
- Somos amigos, ele é como um irmão, não posso simplesmente dispensá-lo! – exclamou o Pedro, sem conseguir enxergar até onde ia sua falta de escrúpulos.
- Mas, pode me chamar de cadela de rua! – devolveu Thiago exasperado. – Posso até entender essa solidariedade de machos, porém, não vou assumir uma obrigação que é sua.
- E sua também! O rabo é seu!
- Pois muito bem! Já que o rabo é meu, e é mesmo, eu gosto de sentir o Carlão dentro dele, gosto do prazer que ele me dá, gosto da forma carinhosa como ele transa comigo. Não vou me privar disso por conta da sua falta de coragem de se posicionar perante ele. – descarregou Thiago.
- Se é assim, fica com ele! Afinal, eu sou um brutão, um cavalo que só te machuca, enquanto ele é o bonzinho, o carinhoso. – revidou Pedro exaltando-se novamente.
- Para mim chega! Você encasquetou com isso então não tem como argumentar. – Thiago deixou-o com seu ciúme doentio, e verga dura babando alucinadamente sem ser atendida.
Pedro não saberia dizer o que vinha acontecendo com ele ultimamente, sentia-se traído, havia aquele sentimento estranho em seu peito que aparecia toda vez que notava que o Thiago sorria para outro homem, quando fazia carícias no Carlão, quando os via fazendo amor. A lembrança do dia em que descabaçou o Thiago vinha-lhe à mente numa frequência quase doentia, carregada de culpa e arrependimento. Estavam no meio de uma viagem, a primeira deles juntos depois do Thiago ingressar como mais novo membro da galera, poucos meses antes. Até a viagem, ninguém desconfiou que ele fosse gay. Ele tinha uma capacidade inata de se integrar com todos, e de se fazer querido com uma facilidade extraordinária. Foi há oito anos, era inverno, haviam planejado tirar férias juntos para conhecer a serra gaúcha e as regiões vinícolas do Rio Grande do Sul; além do Thiago e do Carlão, o Matheus, o Paulo e o Marcão participaram da viagem. Tinham passado uma semana intensa em Gramado, Canela e arredores antes de seguirem para Bento Gonçalves, a primeira parada na rota das vinícolas. Garoava e fazia frio no final de tarde em que chegaram ao Hotel Mont Blanc, uma espelunca desencavada pelo Marcão num site de buscas. A cidade estava cheia de turistas, havia um evento em paralelo promovido pelo município e falta de vagas nos hotéis. Tinham pesquisado exaustivamente por outra hospedagem, mas tiveram que se contentar com aquele mesmo. O recepcionista era um homem de meia idade, que fechou a cara assim que viu aquele bando de garotões carregados de mochilas imensas e risadas descontraídas aportarem na portaria. Seguramente não os teria alojado se não houvesse a reserva feita antecipadamente. Ao consultar as reservas e confirma-las na tela do computador, acabou por instalá-los em dois apartamentos standard do primeiro andar, sendo que a reserva havia sido feita para três apartamentos luxo, que já haviam sido disponibilizados para outros hóspedes, sem que isso tivesse sido informado ao grupo.
- É isso ou dormir nos carros ao relento! E aí, estão dentro? – questionara o Marcão, depois de ter arrumado uma pequena confusão com o recepcionista mal-humorado. Todos concordaram.
Tão logo haviam se instalado nos apartamentos, deram um giro pela cidade à procura de um restaurante para jantar, tinham planos de ir dormir cedo para conhecer mais um pouco da cidade e arredores antes de seguirem viagem. Ao regressarem ao hotel, o Carlão se jogou na cama de solteiro que havia sido instalada ao lado da cama de casal que o Pedro havia escolhido antes de poder ser contestado, assim que o Thiago também havia optado por ela. Fazia algumas semanas que o Pedro vinha sentindo uma comichão na rola toda vez que se aproximava do corpo sedutor do Thiago, quando sentia um perfume fresco e estimulante que emanava de sua pele, quando via aquele sorriso e aquele par de olhos de um verde tão intenso que pareciam duas esmeraldas reluzentes. Ele nunca havia sentido isso antes, era 100% heterossexual, a possibilidade de levar outro homem para a cama nunca lhe havia passado pela cabeça, mas o Thiago estava plantando uma semente libidinosa e malevolente em suas convicções, e aquela bunda roliça e volumosa tinha-lhe provocado algumas ereções desconcertantes. Com ela ao seu alcance, podia tentar dar uma enrabada de leve sob as cobertas, algo que parecesse casual e sem premeditações. Era a chance da qual precisava sem levantar suspeitas sobre sua masculinidade. Ocorreu, no entanto, que assim que o Carlão se jogou na cama, percebeu que o travesseiro estava encharcado e deu um salto vociferando um arsenal de palavrões.
- Porra do caralho, que merda é essa? Quem foi o filho da puta que fez essa gracinha, vou foder com as fuças do desgraçado, podem escrever! – desejou furioso.
Constatado que não se tratava de uma brincadeira, mas de um gotejamento que vinha do teto do apartamento, a recepção do hotel foi acionada. Quinze minutos depois, um rapazola bateu à porta para ver do que se tratava.
- Xiiiii! Acho que é o cano de água quente do andar de cima outra vez! – exclamou ele, quando identificou o problema. – Consertaram na semana passada, mas deu merda novamente! – emendou, revelando que era um problema recorrente.
- E mesmo assim vocês instalam hóspedes nesse apartamento? Porra, que falta de profissionalismo! Quero falar com a porra do gerente agora mesmo, se é que tem um nessa espelunca! – bradou o Carlão, depois de constatar que alguns de seus pertences deixados sobre a cama também estavam molhados.
Quem apareceu foi o senhor da recepção e, como alternativa, ofereceu um apartamento numa ala abaixo do térreo sobre o qual ficava a lavanderia do hotel. O trio se transferiu para o apartamento que rescindia a óleo de calefação e era inundado por um rugido abafado do maquinário da lavanderia. Pareceu que o senhor havia feito aquilo de propósito, pelo olhar de escárnio que deixou antes de desejar um ‘boa noite’ que mais soava como um ‘fodam-se’.
Juntar o Matheus, o Marcão e o Paulo num mesmo recinto era o mesmo que pedir por encrenca. Eles não conseguiam encontrar limites para a bagunça e algazarra que faziam. Tiveram que ser advertidos de estarem incomodando os outros hóspedes e ameaçados de a polícia ser acionada caso não parassem de fazer aquela baderna já tarde da noite. No apartamento do Pedro, Thiago e Carlão as coisas não transcorriam muito diferentes. Depois do tumulto da mudança de apartamento, o Carlão ficou elétrico, contou piadas em alto e bom som, que não tinha como não rir delas, fez imitações e mimicas do recepcionista que resultaram em outras tantas risadas e parecia disposto a passar a noite fazendo baderna. Também receberam uma ligação às duas da madrugada exigindo silêncio, o que não aconteceu.
- Quero ver o filho da puta chamar a polícia! É ele quem vai ter que se explicar por nos instalar nessa pocilga. – desafiou o Carlão.
Passava das quatro da madrugada quando o cansaço bateu com tudo. O frio colaborava para um sono que prometia ser dos melhores. Meia hora depois de haverem desligado as luzes, o Pedro não conseguia dormir. O Thiago nunca estivera tão próximo dele, nunca estivera tão despido, era apenas uma cueca cavada que estava parcialmente enfiada naquele rego que mastigava o tecido no fundo abismal dele, nunca estivera com a pele emanando o perfume de banho recém-tomado quase colada nele, nunca estivera sentindo tanto tesão por aquele rabão se encostando na sua virilha. Ensaiou uma aproximação sutil, pois não sabia qual seria a reação dele quando sentisse seu cacete roçando suas nádegas. Surpreso, a abordagem pareceu agradá-lo, ele não se esquivava, mantinha as coxas ligeiramente abertas e a bundona gostosa empinada, com fácil acesso à sua tara desmedida. Deu a primeira encoxada, sentiu a maciez e a quentura dos glúteos. Deu uma segunda, mais vigorosa, que colocou sua pica sobre o rego. Nenhum protesto, nenhuma repulsa, o caminho parecia estar aberto e era tremendamente convidativo, já o fazendo sonhar com um cuzinho quente e apertado. Pedro cobriu o Thiago com seu corpão musculoso, sussurrou uma sacanagem no ouvido dele e recebeu como resposta um sorriso promissor. Enfiou a mão sedenta debaixo daquela cuequinha suspeita e acariciou a carne rija dos glúteos, fazendo a respiração do Thiago acelerar, como vinha acontecendo com a dele próprio. Não resistiu à tentação de beijar a pele sedosa daquele ombro, de lambê-la, de cravar seus dentes na omoplata larga, enquanto deslizava suas mãos sobre os mamilos que sentia enrijecer ao toque de seus dedos ávidos; ao mesmo tempo, esfregava o cacetão molhado no rego que se abria com a pressão de suas encoxadas. O Thiago não ia fugir, era mesmo gay, como ele vinha desconfiando desde que se conheceram, ia se deixar foder, ia deixar ele meter o caralhão no cuzinho com o qual sonhava. Certo de que ia rolar, ele tirou a cueca do Thiago, fazendo-a deslizar sobre aquele par de coxas lisas e grossas que, por si só, já eram uma puta tentação. Girou-o, em seguida, para que ficasse de bruços, ainda não sabia se teria coragem de encará-lo enquanto o estivesse fodendo. Não seria uma mulher que o encararia enquanto levava vara, mas um homem, e isso podia ser embaraçoso, talvez até brochante. Ele não queria correr o risco de perder uma foda numa bunda como aquela. A posição também reforçaria a submissão do Thiago, uma vez montado nele, era como um garanhão cobrindo uma égua, sem que precisasse ficar cara a cara com as reações dele. O Thiago não se mexia, esperava pela rola que ia ganhar no cu; mas, a porra da pica estava demorando demais para encontrar o buraquinho que ele lhe oferecia. Ele sentia que a cabeçorra passava sobre as preguinhas, contudo, quando a forçava contra a rosquinha, ela não entrava, o putinho era estreito demais, travava o cu quando sentia a ameaça quente prestes a penetrá-lo. Chegou a cogitar se o viado talvez não tivesse experiência com aquilo, mas não acreditou nesse pensamento. Ele certamente estava queimando a rosca desde a adolescência, perigava até, de ser bem mais experiente do que ele. No caso de uma foda homossexual com certeza era, pois ele nunca havia tentado nada com outro homem antes. Chegou a pensar em desistir, era uma puta sacanagem que estava prestes a fazer, podiam achar que ele curtia transar com homens, o que absolutamente não era verdade. Porém, a porra da pica estava tão dura que não dava para voltar atrás, os bagos estavam tão cheios que chegavam a estar doendo. Não, ele ia foder aquela bunda, ou não se chamava Pedro. Bastou o Thiago dar um leve suspiro quando ele passou a cabeçorra novamente sobre aquela rosquinha que já estava toda babada com seu pré-gozo que ele se convenceu de vez. Numa arremetida abrupta, meteu o cacetão na maciez morna que se distendeu até envolver toda a cabeçorra sensível dele. O Thiago soltou um grito mordendo o travesseiro e crispando os dedos que agarram o lençol. Puta tesão, ele estava dentro do cuzinho quente e úmido do viado, aquilo era muito mais gostoso do que ele havia imaginado. Era bem mais apertado que uma buceta, era bem mais acolhedor que uma buceta. Ele arremeteu de novo, o gemido pungente aumentou seu tesão, a pica entrava naquele rabo e ia sendo agasalhada com um carinho inimaginável. Puta que o pariu, o viado queria a pica dele, dava para sentir em cada espasmo desenfreado de seus músculos, em cada gemido contido, em cada arfar lascivo que saia daqueles lábios vermelhos e úmidos. Sem perder tempo, ele colou sua boca neles, brincou de capturá-los entre os seus, e eles respondiam, generosos e submissos. Ele precisava urgentemente entrar o mais fundo que podia naquele corpo sensual, e meteu a língua sequiosa na garganta do Thiago e a pica inteira no cuzinho que ele lhe empinava. Destemperado pelo tesão, ele socava fundo a rola que nunca estivera tão dura e exigente durante uma trepada. Mal ouvia os ganidos desesperados que o Thiago sufocava com a rosto afundado no travesseiro.
- Que porra está acontecendo aí? Vão me deixar dormir ou não? – rosnou o Carlão na cama ao lado.
Vendo que já não precisava esconder mais nada, o Pedro sacou a pica do cuzinho do Thiago, girou-o mais uma vez na cama, fazendo com que suas pernas ficassem abertas e apoiadas sobre seus ombros e voltou a meter a rola no cu dele. Dessa vez o grito fez o Carlão se virar na direção deles e começar a contemplar a orgia que rolava solta. O Pedro estava quase delirando de tanto prazer, queria foder aquele rabo apertado em todas as posições. Por isso, colocou-se de pé, trazendo o Thiago abraçado ao seu pescoço, beijava-o alucinadamente, enquanto socava fundo o cuzinho dele. O Thiago o abraçava, cobria-o de beijos úmidos e tórridos, entregava-se como nunca antes alguém havia se entregado a ele. Deu uns passos pelo quarto, sem parar de arremeter contra aquela fendinha estreita carregando-o suspenso pela bunda. Sentiu o Thiago se convulsionando em seus braços, sentiu que ele chegara ao clímax e sentiu quando suas coxas se retesaram ao redor de sua cintura e um ganido profundo emergiu de suas entranhas junto com uma esporrada contra seu ventre. De repente, não conseguiu dar mais nenhum passo, até manter aquele vaivém cadenciado dentro do cuzinho estava ficando difícil, sua pelve estava rígida, cada estocada parecia uma tortura, ele precisava gozar, sentia a porra prestes a eclodir, e não conseguiu retê-la por mais que um segundo antes de se despejar todo naquele rabo. Enquanto urrava de prazer, teve sua boca coberta pelos lábios doces e carinhosos do Thiago, e aquilo foi a coisa mais sublime que já tinha sentido durante um coito. Ele apertava o Thiago em seus braços, não queria se desgrudar daquele corpo, não queria sair daquele cuzinho. O Carlão o encarava num misto de surpresa e inveja, o vislumbre da cena o deixara de pau duro, saindo pela lateral da cueca. Foi então que cometeu o maior erro de sua vida, em nome daquela velha amizade, em nome da broderagem que tinha com o Carlão desde que eram garotos e frequentavam o mesmo colégio, ele o chamou para desfrutar daquele casulo que o agasalhava cheio de tesão e entrega. Era para ser uma brincadeira, uma sacanagem entre dois machos caralhudos com um gay de cuzinho apertado, pura farra de juventude. Segurando o Thiago pela bunda, ele chamou o amigo, que se desvencilhou da cueca mais rapidamente do que um raio e começou a pincelar a jeba no reguinho que ele apartava mostrando seu cacete atolado até as bolas dentro dele. Em êxtase e numa tara incontrolável, o Carlão emparelhou o cacetão com o do Pedro e começou a forçar a rosquinha dilacerada para recebê-lo simultaneamente. O Thiago gritou e quis se libertar dos braços musculosos que o retinham junto ao tronco peludo e maciço do Pedro. Sem nenhum cuidado, o Carlão enfiou a pica no cu do Thiago, onde mal cabia uma, havia duas disputando espaço e libertinagem. Os gritos agoniados do Thiago ecoavam pelo quarto e enchiam a noite de luxuria e pecado. Ele se deixou foder pelos dois até eles se saciarem em suas entranhas, deixando-as encharcadas de porra espessa e formigante. Todo seu corpo tremia descontroladamente quando os pés voltaram a se apoiar no chão, cambaleou um pouco e teve que ser amparado pelos braços do Carlão quando tentou dar o primeiro passo. O cuzinho sangrava e o sangue descia por suas coxas torneadas, contrastando com a alvura da pele lisa que as revestia. O Pedro constatou que apesar daquela amizade antiga, nunca tinha dividido uma buceta ou um rabo com o Carlão. Aquilo tinha sido inédito, tinha sido uma gozação como nunca supôs realizar, uma orgia como só tinha visto em cenas de despedidas de solteiro em filmes. Eles se entreolharam com um sorriso amistoso, bateram suas mãos um contra o outro, como sinal de comemoração de uma traquinagem ímpar. Naquele momento, ele não pensou no Thiago, ou melhor, pensou, pensou nele como um viado que gosta de dar o cu para machos, e isso abria um leque de possibilidades dali em diante. Ia fodê-lo mais vezes, isso era certo, com ou sem o Carlão participando, o cuzinho era gostoso demais para se abrir mão dele, já não se importava de o Thiago ser homem, aquela bunda era tesuda demais para se ter pudores quanto ao sexo de quem a tinha tão exuberante.
- Vou pedir encarecidamente, não, estou suplicando, por favor, que o que acaba de acontecer aqui fique apenas entre nós três! – pediu o Thiago, com a voz ainda acelerada pelo arfar e escassez de forças que ainda consumiam seu corpo.
- Claro! Fica sendo nosso segredinho! – exclamou o Pedro, procurando pelo olhar conivente do Carlão com um risinho cúmplice.
- É sério, não estou brincando! Não quero cair na boca do povo, e isso se aplica especialmente ao Matheus, Paulo e Marcão. Por favor, me prometam por tudo que é mais sagrado! Isso nunca devia ter acontecido! – implorava o Thiago, inconformado com o que acabara de fazer e, antevendo a gama de problemas que poderiam advir daí.
- Calma, para que todo esse desespero? A gente promete, palavra de escoteiro! – sentenciou o Pedro, justamente em quem o Thiago menos confiava para guardar aquele segredo.
- Eu juro que gostaria de acreditar em vocês, mesmo sabendo que são pouco confiáveis!
- Se nos jurar que vamos repetir mais vezes, a gente guarda segredo. – afirmou o Carlão.
- Eu sabia! Eu sabia, que vocês iam querer se vangloriar do que fizeram. – havia lágrimas nos olhos do Thiago juntamente com o tom choroso em que se expressava.
- Ei cara, não é para tanto! Tá bom, acabamos de ter certeza que você é gay, mas ninguém vai se aproveitar disso contra você, pode acreditar! – asseverou o Pedro, subitamente comovido com os temores do cara com o qual tinha acabado de ter sua mais intensa e prazerosa transa.
Pelo restante da viagem o Thiago se mostrou mais retraído, parecia que enxergava nos rostos do Marcão, Matheus e Paulo o deslize que havia cometido. Os dois primeiros dias foram os piores, pois vinha sendo questionado pelo porquê de seu andar encaramujado e do seu sentar de lado como se não conseguisse se apoiar diretamente sobre o cu. Eles já estão sabendo de tudo, pensava ele e, nem a garantia do Pedro e do Carlão de não terem aberto a boca lhe trazia algum alívio. Era a agonia nos pensamentos e a dor aguda no ânus esfolado que o atormentavam.
Depois daquela viagem algo havia se modificado na amizade dele com o Pedro e o Carlão. Ele se viu sentindo um carinho todo especial pelos dois, e parecia que a recíproca também era verdadeira. Levou alguns meses para ele ter certeza de que não o tinham traído, que sua condição sexual e, principalmente, o ocorrido durante a viagem, continuava sendo algo restrito aos três. Voltaram a transar, às vezes, ele e o Carlão, noutras ele e o Pedro, e em outras ele com os dois, embora nunca mais tenha deixado que ambos lhe enfiassem aqueles caralhões simultaneamente no cuzinho. Isso vinha se estendendo ao longo desses anos, entre um namoro e outro, quando não estavam transando com alguma garota, ambos procuravam naquele cuzinho apertado e sedutor o afeto do qual se viam privados na esfera sexual. Thiago não se sentia um estepe, gostava de ambos, mas não tinha certeza se algum deles era o homem com o qual sonhava. Ele via o sexo com eles como uma extensão natural de sua amizade, que não lhe roubava a dignidade que procurava preservar a todo custo. Não era por ser homossexual que carecia de moral, que não se preocupava com sua hombridade. Tanto o Carlão quanto o Pedro pareciam entender a posição dele e o respeitavam por isso. No entanto, o Pedro, nesse último ano, vinha se sentindo diferente com relação a essa amizade colorida. Sem saber explicar, vinha sentindo ciúmes do Thiago, vinha sentindo que outros caras tentavam roubá-lo dele, embora não tivessem nenhum relacionamento oficializado que não o daquela amizade. Inicialmente, isso começou a ocorrer em relação a qualquer outro cara com o qual ele tivesse amizade ou se mostrasse receptivo e sorridente e, de uns tempos para cá, um ciúme que o corroía por dentro em relação especificamente ao Carlão. O Pedro achava que o Carlão estava sendo privilegiado com mais do que ele, que o Carlão recebia mais atenção e afeto do que ele. Cada vez que ficava sabendo que estavam juntos, que tinham dormido na mesma cama, que o Thiago beijava e acariciava o Carlão, ele sentia o sangue fervilhar nas veias, se sentia excluído e menos contemplado com os afagos do Thiago. Em suma, ficava puto, tão puto que tinha vontade de cobrar satisfações do Thiago. Mas, então, se lembrava daquele dia em que ele próprio havia colocado o Carlão no páreo, chamando-o para enrabar o Thiago ao mesmo tempo em que ele se satisfazia em seu cuzinho virgem. Na ocasião, ele encarou aquilo como uma brincadeira, como uma forma de zoar com o amigo gay, achando que por ele ser macho, o Thiago ficaria feliz por estar sendo enrabado por dois machos ao mesmo tempo. Tinha sido um grande erro, um erro do qual se arrependia agora, pois não sabia como chegar no Carlão e confessar que estava apaixonado pelo Thiago e que não queria mais nenhum outro homem se satisfazendo naquele rabo tesudo que reivindicava exclusivamente para si. Nesse dilema, tinha arranjado uma forma de expressar sua frustração, comprando briga com o Thiago por não enxergar o sentimento que nutria por ele e, punindo-o com um sexo bruto que deixava marcas em seu corpo, como se ele fosse sua propriedade e precisasse ser ferrado com seu signo.
Depois que o Thiago o deixou falando sozinho na cozinha naquela manhã após ele ter regressado da corrida na praia e comprado briga com ele, mesmo vendo a dedicação dele preparando seu café da manhã, ele foi atrás dele. Estava duplamente furioso, pelo Thiago ter dormido com o Carlão e por ter se recusado a dizer que não queria mais que ele o enrabasse dali em diante. Alcançou-o a caminho do quarto, para onde o Thiago estava se dirigindo a fim de trocar de roupa, pois continuava usando apenas a camiseta e a jockstrap que exibia voluptuosamente aqueles glúteos carnudos com a marca bem delimitada da sunga; a alvura e o bronzeado contrastando numa sensualidade excitante.
- Não se atreva a me deixar falando sozinho! Eu ainda não terminei com você! Caralho, Thiago, qual é sua com essa bundona de fora enfeitiçando a pica da gente? – bradou naquele seu tom autoritário quando se sentia aviltado.
- Mas eu terminei! Vá comprar briga com outro, e me deixe em paz!
- Eu quero você, porra! Tá tão difícil assim de entender isso?
- Está difícil sim! Tudo o que você diz ou faz vai contra essa afirmação, como quer que eu saiba o que está querendo?
- Quero você!
- Quer me enrabar porque viu que o Carlão e eu dormimos juntos! Isso é um jeito estranho de me querer.
- Não quero te enrabar. Aliás, quero sim, é tudo o que mais quero. Mas eu também quero você só para mim, entende? Eu quero você todo, não só algumas enrabadas. E, para isso, o Carlão tem que estar fora da parada! – confessou o Pedro, que temia usar a palavra amor por achar que estaria mostrando fraqueza ao admitir esse sentimento.
- Você me deixa confuso, Pedro! Nunca sei de verdade o que você quer, o que você sente por mim.
- E você, sente o que por mim? – essa era a maneira como ele sempre queria reverter o jogo, deixando que o Thiago abrisse o caminho para ele.
- Aí está, você cobrando mais uma vez de mim uma resposta que deveria ser sua. – retrucou o Thiago.
- Você me deixou de pau duro! Ficou brincando com meu cacete e me deixou vendo navios. – fugir do assunto espinhoso com uma tirada qualquer, essa outra estratégia que o Pedro usava quando se via encurralado.
- E você deixou o café da manhã que preparei para você com todo carinho intocado lá na cozinha! Estamos quites!
- Cazzo de cara teimoso! Tem horas que tenho vontade de te dar umas porradas, sabia? – devolveu o Pedro, cerrando os punhos diante de sua impotência.
- Idem! – revidou o Thiago, fazendo com que o Pedro soltasse um rugido enfurecido.
A fome que o Pedro sentia nem era tanto pelo estômago vazio que estava dando sinais de que havia se passado muito tempo desde a última refeição, a fome que o perturbava vinha da rola insaciada depois que as mãos do Thiago a acariciaram e daquela bunda roliça contornada pelas tiras da jockstrap. Ele tentou se convencer de que tomando o café da manhã preparado como ele gostava pelo Thiago, se sentiria melhor. Devorou-o como um leão famélico, mas a bunda carnuda e que ele sabia ser quente e aconchegante, não lhe saia do pensamento. Determinado, foi atrás dela, não dava para aguentar mais a opressão dos colhões abarrotados. Foi direto para o quarto onde o Thiago tinha ido se trocar. Encontrou a camiseta e a jockstrap sobre a cama onde tinha visto o Carlão se esbaldando no cuzinho dele, mas ele não estava. Ouviu sons de alguém no banheiro e abriu a porta num movimento brusco. O Thiago penteava os cabelos ainda úmidos do banho diante do espelho com a toalha enrolada na cintura. Ficou parado por uns instantes, maravilhado com aquele homem que lhe parecia lindo em qualquer circunstância, mesmo nessa, tão singela e costumeira. Desejou-o com todo ardor que estava sentindo no peito e na caceta. Aproximou-se lentamente dele, sabendo que se dissesse uma única palavra ou se mostrasse agressivo, suas chances estariam perdidas. O perfume cítrico do frescor da pele recém-banhada do Thiago invadiu suas narinas como se fosse uma droga afrodisíaca. Sentiu o membro endurecendo dentro short. Relutou por uns segundos antes tocar suavemente nos ombros desnudos, inclinou-se ligeiramente para beijar um deles e se deixar entorpecer por aquele perfume. O Thiago o observou através da imagem refletida no espelho e não se esquivou. Era um sinal evidente de que, embora estivesse zangado com ele, não o rechaçaria. Amou-o ainda mais por ele ser tão desprovido de rancor, se é que era possível amá-lo mais do que já o fazia. Ao mesmo tempo em que fungava o cangote liso e aveludado, circundou os braços ao redor da cintura do Thiago, soltando propositalmente a ponta da toalha que a prendia, fazendo-a cair aos pés dele. Hesitou encostar o tronco suado naquelas costas largas e bem estruturadas, que lhe pareceram tão imaculadas naquele instante. Porém, deixou-se levar pelo tesão, e não só amoldou seu tronco a elas, como deu uma encoxada firme naquelas nádegas carnudas que se encaixaram com perfeição em sua virilha carente. Ouviu um arfar tão sutil do Thiago que não seria notado por alguém que não estivesse com os sentidos tão aguçados como estavam os dele naquele momento. Ele também deixou a cabeça pender para trás conchegando-a ao seu ombro, numa entrega irrestrita, sem se importar com o cheiro de seu suor. Aliás, o Thiago nunca havia esboçado qualquer rejeição aos seus cheiros e fluidos, o que o fez engolir seu esperma já na primeira vez que transaram. O roçar de seu cacete nas nádegas nuas do Thiago fez com que os biquinhos rosados de seus mamilos enrijecessem, explicitando a excitação que seu corpo viril provocava nele. Uma de suas tetinhas estava circundada de hematomas arroxeados onde o Carlão o havia mordido e seviciado na noite anterior, ele a acariciou com a ponta dos dedos com toques tão delicados que mal os sentia, mas que fizeram o Thiago soltar um gemidinho contido. Pensou em levá-lo até a cama, contudo, teve receio daquela magia se quebrar durante o trajeto, ele estava se entregando por inteiro, desejando os toques de suas mãos, ansiando pela rigidez que roçava seus glúteos, seria ali mesmo, não havia o que conjecturar, não havia tempo a perder. Baixou o short para liberar a benga, tomou-a numa das mãos e a pincelou no fundo do rego macio até sentir a rosquinha plissada na mira da cabeçorra babada e, com uma arremetida abrupta, enfiou-a no cuzinho estreito dele. O Thiago soltou um ganido pungente e se apoiou na bancada da pia, esperando agoniado e trêmulo pela próxima estocada. O Pedro respirou profundamente, precisava daquele ar extra para se controlar e não socar, de uma só vez, a verga necessitada naquele cuzinho quente e úmido. Ele nunca havia se preocupado com isso antes, uma vez rompida a resistência daqueles esfíncteres, ele só parava quando sua jeba estava toda atolada no rabo do Thiago. Não era à toa que ele o tachava de bruto, pensou. Apesar de não fazer ideia do quanto aquilo podia doer, sabia que seu falo colossal infligia grande penar a uma fenda apertada como a do Thiago. Ele sempre o havia machucado, e não queria mais fazê-lo, mas não sabia bem como, uma vez que, mesmo controlando sua impetuosidade, a pica grossa de 26 centímetros que carregava entre as pernas constituía um vergalho capaz de fazer padecer tanto uma vagina elástica quanto um cu despreparado para tanta dilatação. Com os pensamentos anuviados com essa preocupação, ele começou a sentir o Thiago empinando a bunda contra sua virilha, a pedir pela rola, a pedir por ele e por sua voracidade. Soltando lentamente o ar que insuflava seu peito na nuca fresca onde pousava beijos úmidos e lascivos, ele foi dando estocadas firmes e gentis, metendo o caralhão até sentir o sacão batendo nas nádegas apartadas. O Thiago gemia, se contorcia em seus braços, ofertava seu pescoço às suas mordidas e chupões esfomeados, numa capitulação resignada.
- Ainda zangado comigo? – perguntou o Pedro, movendo cuidadosamente a verga no cuzinho que o agasalhava.
- Você acha que estaria aí onde está, fazendo o que está fazendo, se eu estivesse zangado com você? – devolveu o Thiago.
- Diga que vai ser só meu. – ronronou o Pedro, fazendo o cacetão dar pinotes para que o Thiago sentisse todo o ardor de seu desejo, toda a virilidade que tinha a oferecer.
- Essa exclusividade não depende de mim, você bem sabe. Mas, sou todo seu quando me tem, isso eu posso jurar. – retrucou o Thiago, deixando o macho o possuir por inteiro.
- Não é o bastante para mim! Preciso de você todo só para mim, Thiago. Não consigo mais te dividir com ninguém, procure entender. – sussurrou o Pedro.
- Não sei como te ajudar! Foi você quem me entregou para o Carlão. – respondeu o Thiago, que mais uma vez aguardava por duas palavras mágicas, por cinco letras que mudariam o rumo das coisas para sempre. Mas, elas não saiam da boca do Pedro e, pensava ele, porque talvez ele não estivesse querendo as mesmas coisas.
O Pedro sentiu que precisava de tempo, tempo para que o Thiago se convencesse a dispensar o Carlão e ficar apenas com ele, e não seria numa foda rápida ali em pé, sem nenhum conforto que conseguiria isso. Portanto, resolveu sacar o caralhão do cuzinho dele e leva-lo para a cama, onde o peso de seu corpo se esfregando no dele, somado ao cacete devorando seu cuzinho, é que ele esperava alcançar o que queria. Era no olho no olho, enquanto fazia a pica deslizar num vaivém libidinoso, que ele o faria ver que era o único macho de que ele precisava, abdicando de qualquer outro, até do Carlão, que ele se sentia na obrigação de satisfazer sexualmente em nome daquela amizade antiga e verdadeira.
Thiago havia conseguido o que queria, seduzir o Pedro com sua bunda exposta. Homens são basicamente visuais, excitam-se pela visão de algo que os atrai, o tesão vem do simples olhar de uma bunda promissora como a que ele tinha, de um par de seios ou da sensualidade das curvas de uma mulher. Ele também era um homem, e sabia muito bem como lidar com outros. Agora que o Pedro não pensava noutra coisa que não meter seu cacete naquela bunda pela qual costumava perder a cabeça, era hora de deixa-lo se satisfazer até não mais querer, era hora de fazê-lo ver aquele amor que sentia por ele, submetendo-se à sua devassidão de macho, mesmo que isso representasse algumas pregas anais dilaceradas. Quando o Pedro o deitou sobre o colchão, arfando de desejo, ele se entregou, abrindo um sorriso doce e as pernas que o Pedro apoiou sobre os ombros. O olhar glutão do Pedro foi direto para seu cuzinho que agora estava exposto, deixando visível não só a excitação que o fazia piscar sofregamente, como as marcas da impetuosidade do Carlão e dele próprio quando o penetrou ali no banheiro. Toda rosquinha estava inchada, a mucosa de um vermelho vivo e brilhante indicava o uso recente, as pregas intumescidas pelo destempero de duas picas se mostravam extremamente sensíveis ao toque, a ponto de fazer o Thiago gemer quando o Pedro introduziu o polegar da fendinha lanhada. Mesmo assim, o Thiago se abria para ele, atendia seu tesão cobrindo seu rosto com beijos carinhosos, convidava-o a entrar naquele casulo onde teria seu falo aninhado e tratado com todo desvelo. Inclinando seu peso sobre as pernas abertas do Thiago, ele o encarava com cobiça e paixão. Enfiou a cabeçorra da fendinha dele e o tracionou para junto de sua virilha, para que não escapasse fugindo da dor. O ganido do Thiago o deixou com mais tesão, se não houvesse tomado a decisão de penetrá-lo lentamente dando-lhe tempo para seus esfíncteres se amoldarem à sua verga grossa, teria atolado tudo de uma só vez, como sempre fizera. Porém, ele não queria mais ser o bruto, o troglodita insensível, o macho Neandertal que apenas procura na cópula o próprio prazer. Ele queria mostrar ao Thiago que podia ser aquele homem com o qual ele sonhava, aquele homem que sabe dar prazer, aquele homem que se importa com o parceiro. Com isso em mente, deixou-se cair vagarosamente sobre aquele corpo sedutor e perfumado, deixou-se envolver por aqueles braços que o recebiam cheios de paixão, deixou-se afagar como um gato esmolando atenção. A porra do problema era que o cuzinho do Thiago era muito estreito, parecia ficar cada vez mais apertado com o tempo e com as fodas, parecia impossível de lacear. Já haviam se passado oito anos que ele e o Carlão o enrabavam, mas a impressão e a sensação que ele sentia no cacete, era a de que a rosquinha se encolhia, cada vez mais minguada. Não à toa, o Thiago se ressentia por um ou dois dias após as transas cuidando do rabo arregaçado. Com todo o cuidado, foi imprimindo força para meter a rola cavalar naquele buraquinho. O esforço era hercúleo, para manter o autocontrole apesar de toda a gana e tesão que estava sentindo. As expressões no rosto que o encarava com doçura mudavam à medida que a carne cedia à passagem da verga rija, apesar da dor, o Thiago o desejava, estava escrito naquelas feições complacentes. A paixão que sentia por ele só encontrava paralelo no tesão que sentia pelo cuzinho. Quando o Thiago o agasalhava mastigando com os esfíncteres a sua pica latejante, e lhe dirigia aquele olhar devoto que o fazia querer confessar todo seu amor. Sim, ele o amava, como jamais amou alguém. Mas, era justamente nesse amor que residia sua fraqueza. Se pronunciasse as palavras que ardiam em seu peito, sabia que seria refém do Thiago pelo resto da vida, ficaria nas mãos dele, não conseguiria lhe negar nada, seria seu escravo. Nunca ninguém o havia deixado tão vulnerável como o Thiago. Não ter o seu amor era como ficar ao desamparo, era como se a vida não valesse à pena ser vivida. Ele não podia expor toda essa fragilidade, não ele, o cara que sempre havia ditado as regras, o cara que conduzia as rédeas segundo seu bel prazer. Ele estocou o cuzinho com força, o Thiago ganiu. Puta merda, o que eu faço com esse cara? Não quero e não posso machucá-lo, mas não posso fraquejar diante dele, aceitando que se deite com o Carlão, que se deixe foder por ele e ainda por cima o cubra de carinho. Tudo isso tem que ser meu, apenas meu, monologava consigo mesmo.
Esse era o momento certo, pensava o Thiago, enquanto contraia os esfíncteres apertando aquela jeba intrépida que pulsava em suas entranhas; é agora que preciso que ele confesse seu amor, que diga que me quer e que quer construir uma vida comigo. Ele até conseguia enxergar a alma do Pedro através daquele olhar límpido e cheio de paixão, mas as palavras não eram pronunciadas, por mais que ele beijasse aquele rosto hirsuto e viril, por mais que seus dedos deslizassem sobre aquelas costas vigorosas desenhando abstrações na pele quente. Ele gemia a submissão, dava todos os sinais do quanto amava aquele macho que procurava prazer e reconhecimento em seu cuzinho, na esperança de ouvi-lo dizer – eu te amo – mesmo que fosse num sussurro. Sentindo a euforia do clímax tomando todo seu corpo, ele se contorcia, erguia os quadris para que, ao arremeter, o Pedro enfiasse seu caralhão na mais salvaguardada profundeza de seu ser. O gozo veio, explodiu em jatos de uma porra cremosa sobre seu ventre, sem que ele conseguisse parar de pronunciar o nome do Pedro entre os gemidos lascivos que afloravam em seus lábios úmidos.
- Tesão do cacete, Thiago! Você vai acabar me matando desse jeito, seu putinho tesudo do caralho! – grunhiu o Pedro, tomado pela luxuria daquela entrega cabal.
É agora, pensou o Thiago. É agora que ele vai dizer que me ama. Consigo sentir que ele não se aguenta mais, que vai explodir se não me confessar seu amor. No entanto, tudo que sentiu foi seu cuzinho ser inundando de porra, o Pedro se despejava todo dentro dele, sentimentos contidos, sêmen em abundância, dominação de macho, menos a revelação que ele tanto queria ouvir.
Quando o Pedro se deixou cair sobre ele, deitando a cabeça em seu peito, ele tomou a mais dolorosa de suas decisões, não esperaria mais nenhum dia pelo impossível, pelo improvável. Convenceu-se ali, sentindo a rola do Pedro amolecer em seu cu, que ele jamais lhe diria que o amava. Ele vinha esperando por isso desde que o Pedro o desvirginou, tinha lhe dado todas as chances de revelar seu amor, tinha demonstrado de todas as maneiras que o havia elegido como seu único homem, tinha esperado por oito anos. Não esperaria nem um dia a mais. Essa foi a última vez que me entreguei a você, e você não soube me devolver o que preciso, pensava consigo mesmo, enquanto o Pedro chupava seus mamilos e ele afagava a nuca dele junto a implantação dos cabelos. Por mais romântica que a cena parecesse a um desavisado, ela era apenas um pacto entre dois homens que se omitiam de revelar seus mais profundos sentimentos, que se recusavam a declarar o amor que sentiam um pelo outro.
Depois daqueles dias na praia, não se encontraram mais. Fosse o Carlão, fosse o Pedro que ligasse, o Thiago encontrava uma desculpa para não se encontrarem. Ora estava ocupado demais com assuntos do trabalho, ora tinha um compromisso com os familiares que moravam no interior, ora demorava três a quatro dias para dar retorno das mensagens, algo que ele nunca havia feito antes. Ele precisava se afastar daqueles dois, precisava refletir sobre aquela amizade que o fazia ser usado por dois machos que não faziam a menor ideia do que afligia seu coração. Ele próprio se sentia confuso em relação aos dois. Gostava do Carlão, gostava da maneira carinhosa como ele o tratava, gostava do jeito afetuoso e profundo com que ele fazia amor, mas sabia que não o amava e, que o Carlão também não o amava como deveria ser o amor entre duas pessoas que querem ter uma vida em comum. Lidar com o Carlão era fácil, bastava trepar e fazê-lo se sentir querido e tudo ficava bem. Já com o Pedro, tudo tinha outro peso. Sentiu-se fisgado por uma atração incomum na primeira vez em que o viu, os ombros largos, as linhas angulosas do maxilar, o abdômen trincado, os antebraços peludos e musculosos, as mãos imensas e potentes, um homem como os que habitavam seus sonhos, tudo isso resumia o Pedro. Já amigos há algum tempo, foi mais uma vez fisgado, dessa vez pela paixão no dia em que ele o desvirginou, no dia em que sentiu pela primeira vez o cacete de um macho revolvendo suas entranhas tomado de uma sanha imperiosa. Mostrou a esse homem o quanto o queria, acostumando-se a seu modo grosseiro de lidar com aquele seu sentimento puro e sincero. Elevou-o quase ao patamar de ídolo, esperando em troca receber o mesmo amor que lhe dedicava. Mas, tudo que recebeu foram críticas de não reconhecê-lo como seu único macho, de não se submeter integralmente aos seus caprichos, de se entregar para outros homens como uma rameira qualquer, quando só aceitava as investidas do Carlão por este ter lhe sido imposto no dia em que foi descabaçado. Vivia sendo cobrado para pôr fim a esse relacionamento carnal. Pois bem, ele o faria, por mais sofrimento que isso lhe impusesse, ele diria adeus não só ao Carlão, mas também ao Pedro, a única paixão de sua vida.
O sumiço do Thiago deixou o Pedro em alerta, seus instintos lhe diziam que havia alguma coisa errada, e isso o deixou tenso e preocupado. As tentativas frustradas de encontra-lo chegaram a afetar seu trabalho, sua vida, seu cotidiano. Cobrou do Carlão uma posição mais arrojada e firme para fazer o Thiago revelar o que estava acontecendo, uma vez que ele mesmo tinha receio de admitir que a culpa podia ser dele.
- Também estou achando esquisito esse sumiço repentino dele, mas ouvi mesmo dizer que ele está passando um perrengue no trabalho com umas mudanças que estão acontecendo na empresa. Logo ele está de volta, daquele jeitinho único e tesudo de ser. Nunca pensei que fosse sentir tanta falta daquele cuzinho! – sentenciou o Carlão, numa tarde em que estava num bar tomando um chopp com o Pedro após o expediente. – Muito embora ouvi uns boatos, que não sei se são verdadeiros, de que ele andou se encontrando com um antigo colega da faculdade. Vai saber que tipo de encontros foram esses, e se não estão rolando ainda. Eu sempre estranhei o Thiago sendo tesudo e boa gente como é, nunca ter arranjado um namorado. Por falta de machos é que não foi, você mesmo deve ter visto uma porção de vezes como alguns carinhas o secavam quando a gente saia. – emendou, plantando mais desconfianças na cabeça enciumada do Pedro.
- É só nisso que você pensa, apagar o fogo dessa sua rola? – questionou exasperado o Pedro, pois a simples menção de ele querer o cuzinho que era só dele já o deixava de mau humor. – Você conhece esse tal de amigo dele dos tempos da faculdade? Viu a cara do filho da puta?
- Não, não conheço! Se os boatos forem verdadeiros, que seja um cara legal, o Thiago merece. Agora que não estou saindo com nenhuma garota, é no cuzinho dele que eu penso, sim. Cara, você sabe que ele sempre quebrou esse galho para a gente. Vai dizer que você também não sente falta daquele rabão? – indagou o Carlão.
- Porra, Carlão! Vá se foder! Para início de conversa, você nunca devia ter enfiado tua pica no cu do Thiago, foi aí que começaram todos esses problemas! – despejou o Pedro.
- Que papo é esse, meu irmão? De quais problemas você está falando? Qual é a tua? Na primeira oportunidade que surgiu você caiu com tudo dentro do cuzinho dele, não contente em detonar as preguinhas dele sozinho, me chamou para arregaçar o putinho numa suruba. Cara, ainda me lembro dos gritos dele quando a gente socou as duas picas no rabo dele, lembra? Naquele dia eu viciei no rabo dele! – afirmou o Carlão, sem se dar conta da fúria crescendo dentro o Pedro, e muito menos imaginando que o amigo estava perdidamente apaixonado pelo Thiago.
- Você é um pervertido, cara! Um tremendo de um filho da puta! Você só pensou em arrebentar o rabo do moleque, seu merda! – vociferou o Pedro, cerrando os punhos tomado do ciúme que estava sentindo.
- Filho da puta é você! Não vem dando uma de santo para cima de mim que não cola! Quem começou o bacanal foi você! Quem arregaçou o moleque primeiro foi você e quase pirou quando descobriu que ele era virgem. Portanto, vá se foder você! Qual é, para cima de mim não, caralho! Deve ter sido por isso que o Thiago me dispensou na última vez que propus uma trepada.
- Fica o aviso, se você voltar a relar um dedo sequer no Thiago eu parto essa sua cara em duas, está me entendendo? – ameaçou o Pedro, colocando um ponto final naquele compartilhamento de cuzinho que já tinha durado tempo demais.
- Estou morrendo de preocupação! Está para nascer o macho que vai me dizer onde posso ou não enfiar a minha caceta! E, eu te garanto que esse cara não é você! – revidou o Carlão, sentindo que aquela velha amizade estava indo pelo ralo.
Eles nunca haviam discutido assim antes. O Pedro estava prestes a dar um murro na cara do Carlão quando despejou o restante do chopp goela abaixo, jogou uma grana sobre a mesa e deu um soco nela fazendo tudo o que estava sobre ela saltar. Foi buscar o carro no estacionamento decidido a ir atrás do Thiago. Enquanto dirigia sem a menor atenção e buzinando enfurecido por qualquer besteira, a última frase do Carlão não lhe saia da cabeça – Ele me dispensou na última vez que propus uma trepada – será que era o que ele estava pensando, será que o Thiago resolveu encerar aquela libertinagem com o Carlão, será que ele finalmente resolveu obedecê-lo? Ele ia exigir dele uma posição, exigir que parasse de dar o cu para aquele que agora havia se transformado declaradamente num rival a ser combatido.
Esperou-o por mais de três horas no saguão do prédio do Thiago. Não fosse a lábia que passou no porteiro, com quem tinha estabelecido certa camaradagem, não teria acesso ao condomínio. Encheu o rapaz de perguntas, tentando extrair informações que o estavam atormentando.
- O “Seu” Thiago tem chegado tarde, quase não o vejo, meu horário é até a meia-noite, e ultimamente ele tem chegado depois disso. – afirmou o rapaz. – Também sai bastante cedo, segundo o colega da manhã. – emendou, querendo se mostrar prestativo.
- Ele chega em casa sozinho ou acompanhado? – era isso que estava deixando o Pedro sem chão.
- Ele sempre vinha com o senhor ou com o “Seu” Carlão, mas agora costuma vir quase sempre sozinho. – respondeu o porteiro.
- Quase sempre? O que você quer dizer com quase sempre?
- Faz uns dois meses, mais ou menos, que, às vezes, ele chega com o “Seu” Roberto, ou então o “Seu” Roberto vem um pouco antes, no começo da noite. – era tudo que o Pedro precisava ouvir para sua espinha se arrepiar e a raiva querer explodir de uma forma ou outra.
Ao ser informado pelo porteiro que o carro do Thiago estava entrando na garagem, ele se despediu apressadamente dele e pegou o elevador. Estava encostado à porta, com os braços cruzados sobre o peito e cara de poucos amigos quando o Thiago desceu do elevador. O primeiro sorriso do Thiago o desarmou, estava tão carente daquele sorriso que não conseguiu pensar em mais nada, a não ser beijar aqueles lábios, devorar aquela boca. Como por magia a raiva se dispersou, o ciúme tinha se diluído, e aquele sentimento apaixonado era tudo que ele conseguia sentir.
- O que faz aqui? – o Pedro estranhou a frieza da pergunta, mas não deu importância, bloqueou com o corpo o acesso do Thiago à fechadura da porta e o beijou sem encontrar resistência, mas por poucos segundos, antes dele desviar o rosto e interromper aquele toque quente e úmido que começou a provocar uma ereção no Pedro.
- Vim saber de você! Não está feliz em me ver? – indagou, quando entraram no apartamento.
- Achei estranho você não ligar antes e aparecer assim do nada! – não era bem isso que o Pedro esperava ouvir.
- Quis te fazer uma surpresa! Faz tempo que não nos vemos, que você não dá notícias. – Thiago o encarou com desconfiança, ele tinha vindo sondar, controlar seus passos, só para garantir seu domínio.
- Tenho andado muito ocupado! Inclusive estou sem tempo, trouxe trabalho para casa. – aquilo estava soando como uma dispensada, e o Pedro não estava gostando nenhum pouco do rumo que a conversa estava tomando. Inspirou fundo umas três vezes para se controlar e não fazer a pergunta que estava entalada em sua garganta.
- Mesmo assim, aposto que deve estar sobrando um tempinho para um amigo sedento por um pouco das tuas carícias. – ronronou sedutor, deixando claro a que veio, ao mesmo tempo em que começava a envolver seus braços ao redor da cintura do Thiago.
O barulho de chaves tilintando na fechadura pelo lado de fora o fizeram abortar a investida. Quando a porta foi aberta, um sujeito parrudo, tipão másculo, bem vestido num terno elegante e cheio de disposição estancou ao vê-lo tão próximo do Thiago. Aquilo só podia ser um pesadelo. Quem era esse desgraçado que entrava na casa do Thiago com as próprias chaves, que não precisava se fazer anunciar, que o encarava com cara de poucos amigos ao flagrá-lo tentando se enroscar no corpo do gay que ele comia há oito anos?
- Pedro, esse é Roberto, meu namorado! Roberto, esse é o Pedro, um antigo colega. – sentenciou constrangido o Thiago, esquivando-se disfarçadamente dos braços que tentavam agarrá-lo.
Ouviu-se dois ‘Ois’ secos saindo da boca do Pedro e do Roberto, evidenciando o desconforto que ambos estavam sentindo com aquela surpresa inesperada. O Thiago se afastou ligeiro do Pedro, deixando-o sem saber o que fazer com as mãos, e foi de encontro ao Roberto, enlaçando-o pelo pescoço e colocando um beijo em sua boca, o que o fez retribuir com um sorriso envolvente. “Um antigo colega” foi isso mesmo que o Pedro ouviu? Nem o adjetivo ‘amigo’ ele usou para se referir a quem o teve em seus braços centenas de vezes, a quem ele chupara a caceta outras tantas, a quem ele tinha dado o cu em entregas irrestritas. Então era assim que a coisa ia terminar, sem uma explicação, sem ao menos um beijo de despedida, sem uma única palavra de gratidão? Não. Não, ele não ia aceitar isso numa boa. Ele não era homem de ser trocado com essa facilidade sem exigir uma boa explicação, um motivo para ser posto de lado como uma camiseta velha. Então era assim que ele andava ocupado, que estava sem tempo até para atender as ligações, era esse o serviço que ele trazia para casa, um macho que ia foder o cuzinho dele a noite toda? Aquilo não podia estar acontecendo. Onde caralho tinha ido parar o Thiago apaixonado por ele, o Thiago que fazia todas as suas vontades, o Thiago que agasalhava sua jeba como ninguém nunca a acalentou, mesmo que depois o acusasse de ter sido bruto durante a foda? Ele precisava de ar, precisava de espaço, precisava sair dali o quanto antes, ou não responderia mais pelos seus atos.
- A gente se encontra por aí! Ligo para marcarmos, OK? – sentenciou apressado, rumando em direção à porta a passos firmes, sem esperar pela resposta e sem se despedir. Tudo o que ele precisava era socar o mundo, sentir algo se estraçalhando em suas mãos, quebrar aquela maldita dor que estava sufocando seu peito.
Durante três dias tudo o que lhe surgiu pela frente sofreu as consequências de sua fúria, pessoas, coisas, acontecimentos. Quando se sentiu mais controlado, foi procurar o Thiago, já sem o risco de lhe dar umas porradas. Procurou-o no trabalho, onde ele não poderia escapar e onde ele próprio precisava redobrar os cuidados para não protagonizar um escândalo.
- Podemos conversar? Preciso muito falar com você! – disse ao ser introduzido pela secretária no pequeno e bem decorado escritório onde o Thiago trabalhava.
- Não é uma boa ideia, Pedro! Aqui não é o lugar para conversarmos, especialmente sobre o assunto que o trouxe até aqui. – respondeu o Thiago, temendo um repentino descontrole do Pedro.
- Seis semanas! Seis semanas foi o que levou para você colocar um macho dentro da tua casa. Seis semanas para você passar a me tratar um antigo colega. Onde foi parar tudo o que a gente tinha juntos? Onde foi parar aquele fogo que fazia a gente transar feito dois malucos? Nunca pensei que você fosse tão volúvel, tão ... tão ... tão promíscuo a ponto de me substituir por outro macho em tão pouco tempo! – questionou, disposto a não adiar mais aquela conversa.
- Me diga você o que é que nós tínhamos juntos? É uma ótima pergunta para começarmos essa conversa. – questionou o Thiago, disposto a pôr tudo em pratos limpos.
- Tudo, a gente tinha tudo um com o outro! E, você mandou tudo à merda como se não fosse nada! Você me descartou, simples assim! – revidou exasperado o Pedro, sentindo pela primeira vez que não era mais o centro do universo do Thiago.
- Então é com isso que você furioso, ter sido descartado? Me esclareça o que é esse tudo que você fala, pois eu só sei que você me procurava para satisfazer seus caprichos sexuais, nada além disso. – afirmou o Thiago
- Mentira! Eu ... eu ... eu sempre gostei de você! O idiota aqui até achava que você sentia a mesma coisa por mim! Veja a que ponto eu estava enganado! Seis semanas e já tinha outro macho fodendo seu rabo. – ele começava a erguer o tom de voz. Ouvir essas palavras em alto e bom som davam a real dimensão do que estava acontecendo, sua grande paixão estava a lhe escapar por entre os dedos, sem que ele soubesse o que fazer para impedir. A não ser, expor sua fraqueza, confessando seu amor e se tornando refém eterno daquele homem que outros também cobiçavam. Tinha que haver outro jeito.
- Por oito anos, Pedro, por longos oito anos eu esperei que você me dissesse duas palavrinhas, cinco letras que mudariam os nossos destinos, que nos uniriam para todo sempre; mas, você foi incapaz de pronunciá-las. E, sabe por que? Porque você nunca sentiu por mim o que sinto por você! Sua única preocupação foi ter com quem trepar quando suas necessidades de macho atormentavam seu caralhão. Eu cansei, Pedro! Cansei de esperar por você, cansei de ser usado sem receber nada em troca. – a voz do Thiago foi embargando à medida que despejava toda sua frustração, a ponto de, ao final, quando se interrompeu, uma lágrima descer rolando sobre a face entristecida, que encarava o Pedro numa desilusão sem tamanho.
- Eu te amo! Amo você, Thiago, mais do que tudo na vida! Não sei o que vai ser de mim se você me abandonar! Caralho, Thiago, será que você não vê o quanto eu te amo? – ouvir-se declarando tão abertamente doeu menos do que o Pedro esperava. Na verdade, pareceu aliviá-lo e fazer aquele amor engrandecer. Mesmo que viesse a ser escravizado por aquela paixão, era isso que ele queria, era disso que ele precisava para se sentir vivo.
- Você o quê? – balbuciou o Thiago, deixando que mais algumas lágrimas escorressem de seu olhar perplexo, afinal ele estava ouvindo o que tanto desejava.
- Quer que eu grite para todo mundo ouvir? Abra a janela que eu grito para o mundo todo saber que eu te amo, Thiago! Eu ... te ... amo, meu amor! – confessar esse amor o estava libertando, deixava-o se sentir presenteado pelo destino, fazia-o se sentir o mais privilegiado dos machos.
- Deixa de ser maluco! Só me abraça e diz que me ama. Eu esperei uma eternidade por isso, e acho que mereço que você me diga milhões de vezes que me ama. – devolveu o Thiago, se entregando aos braços do Pedro que o comprimiam contra aquele tronco viril onde tantas vezes encontrou o mais seguro dos abrigos. – Amo você, seu maluco! Amo você desde aquela noite tumultuada no hotel de Bento Gonçalves. Amo você por ter sido meu primeiro homem. – sussurrou o Thiago, aconchegado junto ao peito do homem que amava, onde podia sentir seu calor e os batimentos agitados de seu coração.
- E teria sido o único, se eu não fosse um babaca, não é? Perdão por ter te compartilhado com o Carlão, perdão amor! Foi a maior cagada da minha vida. – ele sabia que jamais se sentiria redimido pelo que fez, mesmo que o Thiago o perdoasse, coisa que ele já havia feito há muito tempo. – Admito que fui um babaca, mas não quero ser corno! Aquele macho grandalhão que você enfiou na tua casa, vai embora hoje mesmo, combinado? – acrescentou, voltando a usar seu tom autoritário e ciumento. O Thiago começou a rir, encarou-o com um olhar decidido e acariciou o rosto dele, depois de pousar um beijo suave nos lábios dele.
- Aquele macho grandalhão é o Roberto, e ele vai continuar lá em casa até a reforma do apartamento dele terminar, o que deve acontecer dentro de uns três meses. Até lá ele continua sendo meu hóspede e muito bem-vindo, entendeu meu macho parrudão? – afirmou o Thiago.
- Hóspede? Reforma? Ele não é seu namorado? – Thiago se divertiu com as dúvidas do Pedro. – Você me disse que ele é seu namorado. Quantas vezes ele viu a sua bunda descoberta numa daquelas suas jockstraps, ou mal e mal camuflada por uma camiseta? Pois o sujeitinho não perdeu tempo de botar aquela mão boba na tua bunda, bem na minha frente!
- Sim, hóspede! Eu disse que ele era meu namorado para te fazer ciúme, porque você apareceu lá para brigar comigo, e eu não queria mais brigar com você, estava cheio dessa sua ciumeira sem cabimento. E fique sabendo que o único privilegiado a me ver de camiseta e jockstrap de bunda de fora foi você, lá na praia, quando eu tentava te seduzir e você só estava preocupado em arrumar confusão. – asseverou o Thiago.
- Esse seu ‘hóspede’ não dorme na sua cama, ou dorme?
- Não, meu amigo Roberto não dorme na minha cama. Ele dorme na cama do quarto de hóspedes.
- Tem certeza?
- Sim! Tenho certeza! – exclamou rindo da cara desconfiada do Pedro. – E você vai segurar a sua onda, vai se comportar como um homem civilizado e não vai arrumar nenhuma confusão com ele, combinado? O Roberto é um grande e especial amigo, e nossa amizade não está em discussão, entendido?
- Não estou gostando nem um pouco dessa história de ‘amigo especial’. – sentenciou o Pedro, tentando não ser grosseiro, preocupado que o Thiago voltasse atrás e lhe dissesse que não haveria reconciliação caso se mostrasse irredutível.
- Pois trate de gostar! Se você quiser mesmo ter alguma coisa comigo, é bom ir se acostumando a não bancar meu dono cada vez que me vê ao lado de outro homem. Eu não vou para cama com todo cara que conheço, portanto, segura a sua onda! – rebateu o Thiago, se impondo como nunca tinha feito até então.
- Você é bem mandão! – revidou o Pedro
- E você bem desobediente! – afirmou o Thiago. Por uns instantes eles se entreolharam e precisaram segurar o riso; parecia que tinham conseguido firmar um pacto.
- Amigo especial, que tipo de amigo é esse?
- É o tipo de amigo de quem a gente gosta e para o qual se dá uma força quando precisa.
- Faz mais de oito anos que somos amigos, e você nunca me colocou dentro da tua casa! – questionou o Pedro.
- Você tem onde morar, nunca precisou de um refúgio temporário e, deixa de se fazer de vítima, pois você dormiu centenas e centenas de vezes lá em casa quando precisava de alguém para apagar o fogo desse seu cacetão. Portanto, não tem do que reclamar e, muito menos do que ter ciúme. – devolveu o Thiago com firmeza.
- Você acha que eu tenho um cacetão? – questionou o Pedro, com um risinho vaidoso, para mudar o rumo da conversa e disfarçar a reprimenda embutida nas palavras polidas do Thiago. O Thiago o encarou severamente, sem dizer nada, como quem diz – e você ainda duvida disso, seu presunçoso! – fazendo-o fingir modéstia.
De alguma forma, o Pedro sentiu que tinha vencido aquela batalha, apesar do desfecho não ter sido exatamente aquele que ele havia previsto. Seria preciso fazer concessões a partir dali se quisesse conquistar definitivamente o amor do Thiago. E, isso era o que ele mais queria na vida. Conhecendo-se como se conhecia, ele sabia que teriam momentos difíceis pela frente, que haveria embates com aquele tesão de cara que até então só lhe demonstrara seu lado carinhoso e servil, mas que tinha sido cutucado com vara curta e agora punha as garras de fora com uma energia que ele desconhecia. Pedro sabia que continuaria a dominar a relação, era de sua índole ser o macho alfa. Porém, o Thiago em toda sua docilidade, não se prestaria ao papel de marionete, ele tinha brios, ele tinha posições firmes, mesmo que se deixasse subjugar por uma pica na cama e demonstrar uma submissão fogosa e gentil ao se deixar possuir. Ele estava descobrindo um novo Thiago, e se sentia ainda mais apaixonado por ele.
- Este final de semana o Roberto vai para o casamento de uma prima no interior, vou ficar sozinho em casa. Talvez você esteja interessado em me fazer uma visita. – revelou o Thiago. Um enorme sorriso se abriu na cara taciturna do Pedro. Ele sentiu que o Thiago estava hasteando a bandeira branca da paz, que o desejava apesar dos pesares, que também o amava como tinha confessado.
- Estou dentro! – respondeu de pronto o Pedro. A exclamação saiu tão rápido que ele nem teve tempo de atinar com a duplicidade de sentido da frase. Contudo, estava feliz por ela ter saído tão espontânea. Ele estaria mesmo dentro, não só do apartamento do Thiago, mas também naquele rabão quente e macio.
- Vou adorar a sua companhia! No começo da noite da sexta-feira está bom para você?
- Combinado! Mais do que bom, você sabe o quanto gosto de ficar com você nos meus braços. – com a confiança recobrada, o Pedro passou a contar as horas até poder sentir o corpo sedutor do Thiago enrodilhado no seu e mostrar a ele quem era o macho da relação.
Ele apareceu pouco depois das oito horas da noite. Estava animado e sorrindo feito um garoto abobalhado, com a perspectiva de passar o final de semana enrabando aquele cuzinho receptivo. Trazia uma mochila que comportava pertences para uma semana de férias, prevenido para o caso daquela estadia se estender mais que o planejado, muito embora, sua casa não distasse muito do apartamento do Thiago. Tinha duas garrafas de vinho numa das mãos e, com a livre, logo puxou o Thiago para junto de si, sem perda de tempo, tascando-lhe um beijo nos lábios rubros e úmidos que logo se transformou numa lasciva penetração de língua que foi parar na garganta. Não sentiu nenhuma resistência, apenas a rendição generosa e afetuosa que o fazia se sentir a mais feliz das criaturas.
- Estou faminto! – sussurrou no cangote do Thiago, enquanto este se preparava para dispor nas travessas o jantar tailandês que havia pedido num restaurante próximo.
- Abra o vinho, enquanto eu dou uma requentada no jantar. – respondeu inocente o Thiago, deixando aquela encoxada que o fazia sentir a verga rija do Pedro prensá-lo contra o balcão da cozinha.
- Não é dessa fome que estou falando! – ronronou o Pedro, enfiando as mãos por baixo da camiseta do Thiago e acariciando seu ventre trincado, enquanto notava o tesão do parceiro crescendo com sua abordagem.
- Pensei em jantarmos primeiro, tomarmos uma ducha e depois irmos para a cama cedo. – devolveu o Thiago.
- Estou querendo subverter essa ordem, até porque esses mamilos durinhos estão me dizendo que você não vê a hora de sentir a minha rola. – murmurou o Pedro, sedutor e devasso. Sem esperar por uma resposta, arriou a calça do Thiago e se apossou daqueles glúteos roliços e quentes que abrigariam sua jeba por todo um fim de semana de luxuria e prazer. – Vem para a ducha comigo, vem! Está na hora de você cuidar do seu macho carente, vem meu tesão! – ele foi levando o Thiago em direção ao quarto ao mesmo tempo em que lhe arrancava avidamente as roupas.
Tão logo sentiu o corpo do Thiago cerceado e imóvel pelo peso do seu, o Pedro pincelou a pica excitada ao longo do rego estreito e quente que estava encaixado em sua virilha. Assim que a glande babada encontrou a fenda anal piscando de tesão ele arremeteu contra ela, enfiando toda a cabeçorra e mais um tanto naquele cuzinho macio. Tinha sido novamente mais afoito e bruto do que pretendia, o ganido agudo e pungente do Thiago provava isso e, imediatamente, se penitenciou por deixar seus instintos primais se sobrepujarem à razão. Conteve-se e procurou pela boca do Thiago como forma de se desculpar, beijando-o com todo o carinho e cuidado que sua índole dominante permitiu. Foi retribuído sem nenhuma queixa, por um beijo de acolhimento afetuoso, o que só fez aumentar seu arrependimento. Demorou-se a dar outra arremetida, sabendo que a grossura de sua verga não entraria naquele cuzinho sem produzir danos. Todos esses anos em que transou com o Thiago esses pensamentos nunca lhe vieram à mente, ele simplesmente o fodia sem pensar nas consequências. Porém, agora, algo havia se transformado nele e, o bem-estar e a integridade do Thiago eram sua preocupação fundamental. Ele o amava tanto que não suportava a ideia de o Thiago estar sentindo dor ou sofrendo de alguma maneira, fosse durante os coitos, fosse em qualquer outra situação. Preservá-lo, cuidar dele, protegê-lo passaram a ser suas premissas. Enquanto sua cabeça estava repleta dessas conjecturas, ele sentia a excitação insatisfeita do Thiago, sentia seus beijos implorando para que metesse sua carne rija até o talo em suas entranhas e, acabou ouvindo o que mais desejava, um sussurro pedindo que entrasse nele, pois queria aconchegá-lo em seu cuzinho.
- Me fode Pedro! Estou fazendo algo de que não goste? Por que não entra todo em mim? – questionava o sussurro que intercalava os beijos libidinosos que pousavam em sua boca numa sequência desenfreada.
- Estou te machucando! – conseguiu responder
- Não amor, não está! Vem para dentro de mim, eu te quero, quero te aconchegar no fundo do meu ser, meu amor. – aquilo o deixou maluco, somado ao tesão incontrolável que estava sentindo, ouvir esse pedido saindo tão sincero e doce daqueles lábios era algo que ele não podia negar. Três estocadas firmes que fizeram o Thiago ganir e se contorcer deram conta de atolar toda a jeba naquele rabão úmido e macio.
Por mais de vinte minutos, manteve um ritmo cadenciado no vaivém com o qual fornicou o cuzinho do Thiago. Os esfíncteres dele estavam contraídos ao redor de sua rola, apertando-a e massageando-a vigorosamente a cada estocada, era uma sensação sublime e prazerosa com a qual ele podia viver por toda uma eternidade. Os gemidos do Thiago pareciam notas de uma melodia orgásmica que excitavam a ambos. Foram eles que o conduziram numa trilha segura e sem volta ao clímax. Por mais que ele tentasse retardar o gozo, aqueles gemidos e a forma como o Thiago se agarrava aos seus bíceps, como cravava as pontas dos dedos nas suas costas, como o encarava com aquele olhar apaixonado, não conseguiu vencer a força com a qual seus músculos começaram a se retesar. Um ganido libertador do Thiago que assomou à sua boca quando começou a gozar, foi o estímulo final que derrubou sua resistência e, quase ao mesmo tempo, ele se despejou todo no cuzinho dele, enquanto socava fundo a pica naquela maciez acolhedora. Seu último urro saiu junto com o último jato de porra, trazendo ao corpo um alivio benfazejo que com o Thiago nunca se igualou a qualquer outro final de coito. Extenuado e arfando, deixou-se cair nos braços do Thiago que o acolheram com um amor sem-fim. Apoiado sobre o peito dele, teve as linhas viris do rosto acariciadas com o toque suave dos dedos dele. Se morresse num momento como esse teria a certeza de que a vida tinha valido à pena. Cerrou os olhos e se questionou como nunca tinha percebido o quanto amava o Thiago nesses anos todos, mas estava feliz por descobrir que ainda teria a chance de viver esse amor por muito tempo.
- O que deu em você hoje? Estava tão diferente das outras vezes. Pensei, por alguns instantes, que não quisesse transar. Você parecia indeciso, apesar do tesão que brilhava em seu olhar. – disse o Thiago enquanto jantavam a comida tailandesa.
- Fiquei preocupado em te machucar. Você tem razão quando diz que sou um bruto. Nunca pensei no quanto estava te machucando durante as nossas transas, só pensava em apagar o fogo da minha rola. Hoje senti como seu cuzinho é frágil, como é sensível e delicado diante da voracidade da minha pica. Eu te amo Thiago, não quero que sofra enquanto eu me satisfaço. – respondeu o Pedro.
- De onde você tirou isso, de repente? Eu amei cada uma das nossas transas, desde a primeira, apesar do medo que senti por estar perdendo a virgindade com dois homens me penetrando simultaneamente. Sempre foi a sua força, a sua determinação pulsando na minha carne que me deu segurança. Eu sempre me senti seguro justamente por estar com você. E, volto a repetir, eu nunca disse que você é um bruto. Sei que esse é seu jeito, sei que é um pouco estabanado e com certeza muito afoito, mas não um bruto. – sentenciou o Thiago.
- Você sempre me amou, não foi? – questionou o Pedro.
- Desde a primeira vez que pus os olhos em você, mesmo sabendo que talvez jamais seria correspondido. – revelou sincero o Thiago.
- Por aí você vê como sou cretino. Eu nem percebi o quanto estava apaixonado por você todos esses anos e, apenas diante da possibilidade de te perder para outro cara, tive a coragem de admitir e expressar esse amor. Prometa para mim que vai me perdoar quando eu me mostrar tão burro noutras ocasiões, prometa. – suplicou o Pedro.
Foi apenas na segunda-feira à noite, depois que voltou do trabalho, que o Thiago encontrou uma cueca do Pedro displicentemente deixada entre as almofadas do sofá, uma camiseta pendurada no varal da lavanderia e, um short misturado às suas roupas na poltrona do quarto. Sem conter o riso, recolheu cada uma daquelas peças ciente da razão pela qual estavam espalhadas pelo apartamento. Sentiu um misto de emoção e carinho por aquele macho que havia com isso demarcado seu território. Não havia nenhuma dúvida de que tinham sido deixadas de propósito para que o Roberto as visse e, soubesse que o Thiago já tinha dono. Ao se encontrarem na noite seguinte com o Carlão para que o Pedro e ele fizessem as pazes, uma exigência que o Thiago havia imposto a ele durante o final de semana, o assunto virou um dos papos que tiveram.
- Quando terminarmos aqui, não se esqueça de ir comigo até o carro para pegar as roupas que deixou lá em casa. – disse o Thiago.
- Esqueci alguma coisa por lá, foi? Nem tinha percebido! – respondeu o Pedro.
- Cínico! A quem você pensa que engana? Foi a coisa mais infantil que eu já vi, você demarcando território como se fosse um bicho primitivo. Confesso que não consegui segurar o riso. – retrucou o Thiago.
- Você riu, foi? Só que não tem nenhuma graça! Eu deixei sim, as peças espalhadas pelo apartamento, não vou negar. Isso é para aquele gabiru que você instalou na sua casa saber que você não está disponível para nenhum marmanjo cheio de segundas intenções. – o Thiago voltou a rir, o Carlão os encarou como se tivesse perdido alguma coisa, mas acabou não só entendendo o recado como também se divertido às custas do ciúme doentio do amigo.
- Vocês formam um casal e tanto! Até já posso prever as brigas que ainda vão ter por conta desse ciúme do Pedro. – sentenciou o Carlão.
- É aí que você se engana! Não vamos viver brigando, porque o Pedro vai meter nessa cabeça dura dele, de uma vez por todas, que eu não vou ficar aguentando os chiliques dele. Ou ele está comigo e confia em mim, ou ele vai caçar alguém que ature esse poço de ciúme. – retrucou o Thiago.
- Em você eu confio! Eu não confio nesses tarados que ficam cobiçando a sua bunda e a sua atenção. E, não me peça o impossível! – revidou o Pedro, se fazendo de ofendido.
- Se em oito anos eu não desisti de você, esperando feito um monge você se decidir por nós, acha que vou me interessar e dar alguma brecha para outros caras? Te garanto que é preciso amar muito para esperar por tantos anos por um cara marrento como você. – asseverou o Thiago, fazendo surgir um daqueles sorrisos vaidosos na cara deslavada do Pedro.
- Uau! Isso é que é declaração de amor! Cara, você é um babaca se desperdiçar esse amor! Depois dessa, tenho a certeza que sobrei. Sem mais nenhuma chance para mim, não é? – questionou o Carlão.
- Acabou sim! Para você acabou, seu aproveitador! Não tem mais essa de compartilhar o Thiago comigo, ele é meu! Cada milímetro desse tesão é meu! – reforçou o Pedro, tomando a mão do Thiago na dele e fazendo todos rirem.
Passaram-se mais alguns meses antes de viverem sob o mesmo teto. Antes disso, fizeram uma viagem de cinco semanas por paisagens paradisíacas nas ilhas da Polinésia, Fiji, Ilhas Salomão e Samoa para selar aquela união que ganhou contornos de um casamento. Formavam um casal agora e era preciso que não apenas os familiares mais próximos de ambos como todos os amigos soubessem da novidade, soubessem da intensidade daquele amor.