A semana de Francisco havia sido atribulada. Ainda não havia se acostumado com as novas responsabilidades do novo cargo. As intermináveis reuniões com fornecedores tiravam o tempo útil que ele possuía para tomar decisões importantes em meio aos mandos e desmandos dos clientes. O cálculo mental que ele fez na noite anterior o assustava, embora fosse uma estimativa sobre um ponto da curva; das ultimas 120 horas vividas (segunda a sexta), pelo menos umas 80 horas destas foram dedicadas ao trabalho.
Viu a esposa na 40 horas restante da semana. Mas desse tempo, boa parte os dois estavam dormindo juntos. Nada de sexo, apenas um sono leve e alerta de quem não tinha um minuto para perder. Jantou tão somente duas vezes com ela, aonde trocou palavras banais sobre conversas bem cotidianas.
Francisco contava que sábado seria o dia que recompensaria Alba por ser um marido ausente, embora a esposa dissesse que estava tudo bem, era apenas uma semana fora do normal.
O sábado chegou para Francisco somente quando este despertou repentinamente. O relógio indicava 12h.
— Merda.
A mensagem da esposa era a primeira notificação exibida na tela do celular.
“Bom dia, amor! Fui no salão, arrumar o cabelo para a festa de mais tarde. Sei que
você está cansado. Deixei o seu convite na mesa da sala, mas se quiser ficar em casa descansando, eu entendo. Prometo trazer os melhores docinhos da festa!”
Francisco bem que tentou ser produtivo, contudo os números dos fornecedores ainda martelavam sua consciência. Ir a festa até seria uma boa, mas, após 10 anos juntos, ele entendia a importância que um tempo a sós podia fazer na vida de um casal. Sem mencionar que ali tinha uma possibilidade rara dele fazer uma coisa rara desde a promoção: ficar completamente ocioso, sem nada para se preocupar.
Alba já havia avisado que estava voltando da festa da empresa. Estirado na cama, lia as notícias do dia, procurando interpretar e absorver cada fato reportado para não cair no sono e ainda ter algum assunto com a esposa, se ela estivesse a fim de conversar sobre alguma banalidade. Ou podiam apenas fofocar sobre os acontecimentos da noite dela.
— Eu aceito simplesmente dormir hoje. — Ele confidenciou, antes de ligar a TV no canal de esportes para afastar um pouco a sensação de estar sozinho em casa. Silenciosa, Alba Maria abriu a porta do quarto do casal, os saltos altos em uma das mãos, enquanto com a outra, ela segurava a fina bolsa. O esposo ergueu os olhos do tablet, as notícias banais perdendo toda a importância, enquanto ele a analisava; o cabelo recém-cuidado estava preso displicentemente num nó charmoso e fácil de fazer, a maquiagem leve parecia tão bem feita quanto no momento que ela saiu de casa. O sorriso estampado exibia os dentes alinhados e recém esclarecidos e uma noite bem aproveitada.
— Como foi a festa, amor?
— Foi boa. Muitas fofocas para contar.
O cheiro de sua esposa o invadiu junto do primeiro passo dela para dentro do
quarto. A fragrância docemente suave que ela costumava usar estava ali, como sempre. Contudo, dessa vez, a fórmula química que imitava flores disfarçava o cheiro natural da esposa que o próprio Francisco acostumou-se a sentir; o odor do suor atenuado misturado ao desejo saciado.
Os olhos verdes de Alba encontraram o do marido; Francisco sabia que não haviam somente fofocas para contar.
— Algo para me contar, Alba?
— Sim. Preciso fazer uma confissão.
Ao passo que a esposa se aproximava da cama do casal, o coração de Francisco
acelerava. Os pensamentos dele tentavam adivinhar antecipadamente o que ela contaria, disputando espaço com as memórias sexuais afloradas.
— Você fudeu com outra pessoa, não é? Tô sentindo o cheiro dele em você. — A voz dele flertava com a raiva e com o desejo.
— Fodi sim. — Alba não calculou nenhuma das palavras, sorrindo diante do impacto que causavam no marido. — Você quer que eu conte como foi, não quer?
Francisco assentiu, a mão deslizando para dentro da calça do pijama, agarrando o próprio pau. Odiava a sensação de ciúmes tomando-o, misturando-se a um desejo inexplicável, ao passo que sua mente imaginava a figura misteriosa de um homem desconhecido encarando sua esposa da mesma forma que ele a olhava agora, bem próximo dela.
— Conheci ele na festa. Estava trabalhando de garçom. Devia ser uns 10 centímetros mais alto que você. Bem jovem, não passava de uns vinte e cinco anos.
— Qual o nome dele?
— Não sei, não cheguei a perguntar. — Alba encarou o marido atentamente enquanto respondia, divertindo-se com o prazer conflituoso que Francisco sentia.
Ela parou ao lado dele na cama. Francisco deitou na cama por completo, a calca do pijama já enrolada na altura dos tornozelos. Alba tirou o vestido verde, revelando o conjunto de calcinha e sutiã rendados preto que o próprio marido comprou para ela de aniversario. Ele a admirou, tentando encontrar no corpo dela cada detalhe do garçom, desde os menos sutis como o perfume masculino barato até a alguma marca de aperto que pudesse ter tido.
Alba se pôs em cima do marido, juntando e travando suas pernas. Lambeu com a ponta da língua seus dedos, começando a masturbá-lo, calculando as palavras exatas.
“Assim que eu entrei no salão de festa, eu senti o olhar dele em mim. Combinei um horário e um local afastados para a gente se ver. Era uma sala escura, cheia de cadeiras não utilizadas. Ele não demorou muito para chegar. Lascamos um beijo assim que nos vimos. Ele não beijava tão bem, parecia que estava louco para me ter.
“Eu deslizei suavemente minha mão pelo corpo dele, enquanto a gente se beijava, do jeitinho que você gosta. Minhas unhas o arranhavam levemente, provocando arrepios nele. Dava para sentir o abdômen dele tenso tentando controlar a sensação.”
“Abri a braguilha da calça dele; o pau dele estava muito duro e quente. Eu o masturbei de levinho, até ele implorar para me foder. Eu disse no ouvido dele que podia. Então, ele tirou meu vestido rapidamente. Apressado, ele me pôs contra a parede, embriagando-se com o perfume doce que exalava do meu pescoço. Eu abri as pernas, afastei a calcinha molhada, estimulando-se ao passo que o garçom, com as mãos firmes e recheadas, me puxava para si repleto de necessidade, me penetrando.”
“— Mete mais fundo! — Eu implorei para ele. Então, o garçom obedeceu; eu senti as maos dele me segurando bem firme no quadril. Ele abriu meu bumbum, e eu pude sentir todo o corpo dele me fodendo contra a parede. Eu soltei o meu primeiro gemido dela, enquanto eu ouvia alguns passos distantes do lado de fora e o som das nossas coxas se batendo.”
“Eu o conduzi até uma das cadeiras disponíveis para a festa que não haviam sido utilizadas. Ele sentou, sem tirar os olhos de mim, igual a você agora.”
— Você quer que eu sente em voce como eu sentei nele?
— Por favor, Alba!
— Então, implora para mim!
— Alba, por favor, senta em mim como você sentou nele. Me mostra como você fez.
Alba se desfez de seu sutiã e, assim como havia feito com o garçom, puxou sua calcinha de lado. O pau do marido estava duro e sensível. Ela o segurou, encarando Francisco fixamente, continuando sua história, imitando no marido tudo que ela havia feito momentos antes no garçom. Francisco a percebeu molhada; seria somente o tesão da mulher ou o tal garçom também havia gozado nela?
“Eu segurei o pau dele exatamente assim, pela base. Eu brinquei com a cabeça dele no meu clítoris... Assim mesmo. Então, comecei a sentar, bem devagarinho, até nossas coxas se tocarem.... Quando ele me preencheu todinha, eu rebolei no seu pau, me aninhando no colo dele. As mãos dele abriram a minha bunda assim (Alba pegou as mãos do marido, repetindo o gesto). Ele estava adorando minha sentada.”
— Eu também tô. — Francisco balbuciou, preso entre as imagens que Alba descrevia e as sensações da carne.
“Ele me puxou para um beijo bem quente enquanto eu sentava nele. Ele só parava de me beijar para gemer no meu ouvido.”
Alba parou de contar a historia, concentrando-se em rebolar no colo do marido até sentir o gozo febril lambuzando-a por completa, assistindo as reações de Francisco, buscando traços de ciúmes no marido. O esposo gemia desesperado, o prazer enciumado tomando controle do seu corpo, ao passo que imaginava o tal garçom contorcendo-se tal qual ele embaixo do corpo de sua esposa, as mãos ora a guiando pelo bumbum o subir e o descer em cima do pau dele, ora desferindo tapas nela, implorando para que ela continuasse.
— Ele também gozou dentro de você?
Alba sorriu com as possibilidades de atormentar o marido, ainda ofegante. Estava deitada no peito dele e ainda podia ouvir o ritmo do coração um tanto acelerado.
— Não, amor! Isso só você. — Levou as mãos de Francisco até sua boceta melada, sorrindo marota e automática diante da resposta leve dos dedos marido. Então, ergueu a cabeça de tal forma que precisasse somente cochichar calculadamente no ouvido dele: — Mas, acho que o motorista do Uber percebeu como minhas coxas estavam escorrendo do gozo do garçom. Ele lambuzou aquela calcinha que eu tava usando.
Mais uma vez, Francisco se viu tomado pelo ciúme-desejo.