Aqui estão algumas correções e sugestões para o seu conto:
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Opa, leitores! Meu nome é Cesar e venho contar minha história. Espero que gostem!
Sentado na varanda de casa, olhando para o jardim e vendo meu filho brincar, minha mente viaja para anos atrás; anos em que eu não sonhava com minha boa casa, com um bom carro, com nossa prosperidade, saúde e segurança. Hoje, tenho paz, mas tive que pagar o preço dessa vida.
Minha história começa há anos, quando eu era um recém-formado, cheio de sonhos. Tinha finalizado uma boa faculdade para estudar História e ia realizar meu sonho de ser professor.
Minha vida estava planejada. Meus pais estavam felizes, pois todos os meus estudos vinham dando frutos. Eu tinha mais uma irmã e era o mais novo. Minha irmã trabalha com contabilidade, tinha uma vida estável, com casa própria, plano de saúde e carro do ano.
Eles tinham bastante expectativa em mim. Foi uma pena eu, por distração, ter jogado tudo isso fora.
Sempre morei no Rio de Janeiro, mas morava na região metropolitana; eu morava em Niterói. Assim como a maioria das pessoas que moravam no meu bairro, eu trabalhava na cidade do Rio.
Um dia, voltando do trabalho, com o ônibus cheio, a mochila de um rapaz que estava bem pesada estava batendo na minha cabeça. Então, me ofereci para segurar, já que estava sentado; não iria me custar nada. Quilômetros à frente, no trajeto, me deparo na Avenida Brasil com um trânsito horrível. Ficamos horas parados. O ônibus andava muito pouco a cada minuto que passava. Já estava dentro daquele ônibus há quase 3 horas e a vontade de mijar já estava me deixando louco.
Até que alguém no ônibus falou que era uma espécie de blitz da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
O ônibus se aproximava e, logo à frente, o trânsito estava livre. Mas uma coisa que não era comum aconteceu: os policiais pediram para o ônibus encostar e mandaram todos descerem. Todo mundo que estava em pé desceu e logo quem estava sentado também. Peguei a minha mochila e a do rapaz. A polícia veio com cachorros e fuzis. Eu estava apavorado com a situação, além de estar quase me mijando.
Quando tentei entregar a mochila do cara, ele se desviou e a polícia pediu para ficarmos em fila e parados. Eles levaram os cachorros para dentro do ônibus; enquanto isso, um policial explicou o que estava acontecendo. Na hora em que percebi e olhei para a cara do rapaz, ele me olhou de volta. Percebi o que estava acontecendo: merda, que desespero.
Quando eles e os cachorros saíram do ônibus e passaram perto de mim, juro que quase me mijei. Na hora, fui abordado e apontaram armas para mim. Fui algemado e me deram voz de prisão por quase 12 quilos de pasta base de cocaína que estavam na mochila sob minha posse. Na hora que isso aconteceu, comecei a gritar: "Não é minha! Não é minha, pelo amor de Deus. É dele!" e apontei para o rapaz. Ele tentou sair batido, mas como algumas pessoas que estavam perto de mim confirmaram que eu estava apenas segurando a mochila, ele foi detido também.
Fiquei um pouco mais tranquilo, pois quando chegássemos à delegacia, tudo seria esclarecido e eu poderia superar aquilo.
Fomos encaminhados para a delegacia. Chegando lá, na minha inocência, achei que só ia falar que era do rapaz e ia ser liberado. Prestei depoimento sem advogado, e foi a pior coisa que eu fiz, pois durante o interrogatório, fui praticamente coagido e caí em contradição em coisas simples que os policiais me obrigavam a falar.
Deu tudo errado. Fiquei detido durante a noite e só tive minha ligação pela manhã, que foi quando consegui avisar meus pais sobre o que estava acontecendo.
Meus pais, meus pobres pais, tiveram que correr atrás de advogados e praticamente tive que ficar preso todo esse tempo, pois não tínhamos o valor da fiança que foi pedido: quase 15 mil reais, porque acharam que tinha relação com tráfico de drogas.
Já que não tinha como pagar e não tive habeas corpus, minha prisão preventiva foi declarada até o meu julgamento.
Meu Deus, o que estava acontecendo com minha vida?
O advogado que estava em minha defesa era da minha irmã. Ele era muito bom e conseguiu uma audiência para atestar minha inocência em quase um mês. Durante esse mês, fiquei em uma delegacia preso e dividi a cela com rotatividade, pois os policiais acreditavam que eu não apresentava perigo.
Durante minha audiência, meu advogado mostrou imagens das câmeras, quando eu entro no ônibus apenas com minha mochila e o rapaz com a dele, em pontos diferentes. Mas todas as provas da minha inocência foram questionadas pela promotoria como circunstanciais. O advogado usou minha vida acadêmica, que era a de um jovem que estava estudando e era do bem.
Mas mesmo assim, peguei a mínima pena de tráfico de drogas, que varia de 5 a 15 anos; eu peguei cerca de 5 anos com possibilidade de condicional.
Nessa hora, é como se meu mundo tivesse caído por inteiro em um buraco negro. Lembro da minha mãe chorando e meu pai a abraçando, olhando para mim. Minha irmã mandava eu ser forte. Eu tento olhar para trás, mas sou arrancado da sala e as portas que tinham entre eu e minha família se fecham.
Nessa hora, sou colocado em um ônibus com outros detentos, réus e possíveis inocentes, e fico ali algemado em um ferro no banco da frente por mais meia hora. Entram mais 2 presos e o ônibus sai. Sim, estava sendo levado para um presídio de segurança média por 5 anos.
A viagem foi mais rápida do que eu conseguia me lembrar. Descemos do ônibus em uma fila indiana e passamos por um portão imenso. Estava se tornando cada vez mais real aquilo. Entramos em uma sala e pediram para colocar todos os nossos pertences naquela bolsa plástica, ficando apenas de cueca. Um a um, fomos para outra sala e passamos por uma vistoria.
Com uma lanterna, o médico, enfermeiro, sei lá o que ele era, botou uma luz no meu olho e me dava ordens: "Levanta o braço! Abre a boca! Levanta a língua! Mãos no joelho! Levanta as bolas! Abre as pernas e mão na parede!" E nessa hora, tomei uma dedada no cu e levei um susto. Sim! Ele estava procurando alguma coisa dentro do meu reto.
Tomei um banho gelado, mas quase não senti a temperatura; eu estava anestesiado. Me entregaram um tipo de uniforme: uma bermuda, chinelos e uma blusa branca. Tirei fotos e recebi uma bolsa com escova, sabonete, pasta de dente, um cobertor, um lençol e um travesseiro fino.
Por último, fui para uma sala com uma mulher que me fez preencher uns papéis, com algumas perguntas tipo:
- Tem associação com tráfico de drogas?
- Tem associação com alguma facção criminosa?
- Uso de drogas?
- Sexualidade?
- Estado civil?
- Idade?
Respondi que não em quase todas, mas queria saber o porquê, qual a relevância de saber minha sexualidade. Ela respondeu: "Essas perguntas vão ajudar a decidir para qual pavilhão você vai. Os blocos são divididos por facções. E a questão da sexualidade é que tem um pavilhão de risco, onde ficam gays, transexuais, mas também criminosos sexuais, pedófilos e outras pessoas que podem ser mortas dentro da própria prisão."
- "Ah, tá." - nessa hora, coloquei heterossexual.
Ela olhou para minha cara, assinou e mandou eu sair. Minha sexualidade sempre foi uma coisa tranquila. Transava com meninas, mas já tinha beijado uns meninos por aí. Na minha cabeça, não achava inteligente ir para um pavilhão de risco e botar uma mira na minha testa na hora do banho de sol, quando estaria com outros presos. Sempre fui bom para me esconder e parecer invisível na multidão... Mas esse foi o meu maior erro.
Nos levaram para uma cela e praticamente todos nós dormimos lá, em uma beliche que era feita de ferro com colchões finos. Lá me deitei, relaxei o corpo e me permiti dormir.