Olha, é difícil dizer quando e como começou essa história de querer ser corno manso, já faz um bom tempo e, sim, já foram infinitas punhetas. A real é que você percebe estar num grau bem elevado ou avançado de cornitude quando o pau vira rocha só de pensar na própria esposa. Claro, a partir do instante que ela se arruma toda pra foder com seu namorado.
Ah, tem esse detalhe: minha esposa Aline não gosta que chame o Fábio de amante, pra ela é namorado mesmo. Diz que não é só amor de pica, que vai além da pegada e dos orgasmos que ela coleciona na cama. Fala do beijo, dele foder até no banho, do melhor anal que já teve e da química entre eles. Assume que prefere dormir nua pra sentir a rola (segundo ela, enorme) roçar no seu bumbum e muitas vezes servir de "despertador" pro sexo de madrugada. Depois, deita e cai no sono de novo.
A intimidade deles é tamanha que ela aposentou a camisinha faz tempo, só usa pílula. E o Fábio não tá nem aí, nem se preocupa se ela engravidar. Desconfio que ela também não, apesar de se cuidar. Já admitiu sorrindo que se fosse hora de ser mãe, queria ter um filho de cada um.
Minha mãe e meu pai, lógico, não fazem ideia de nada, ao contrário da minha sogra e da Débora, sua melhor amiga. Aline contou que me põe chifre há um ano, de tanto a gente fantasiar e ela constatar que nasci pra ser corno:
- Tem homem que é assim, gosta mesmo é de mulher safada. O Bruno é responsável, fiel, me dá tudo que eu preciso, mas merece ser chifrudo. Goza uma vez e tchau. Ele, pelo menos, foi sincero. Sabia o seu lugar e me abriu os olhos. Implorou pra ser corno. Hoje, namoro um cara maior do que ele em todos os sentidos e todo mundo fica feliz: o Bruno, pois os amigos acham ele dá no couro da esposa gostosa, logo, fica com moral; o Fábio, que se sente foda por tirar minha virgindade do cu e me viciar; e eu, por ter dois homens, um pra cuidar de mim e outro pra me dar pirocada, sem que eu minta ou precise esconder algo.
A Débora, obviamente, ao saber dessa história insana, não demorou pra acreditar. Demorou pra parar de rir. Aliás, quando me vê, já nem disfarça a risada. Deve pensar que banco academia, bronzeamento, salão de beleza, lingerie, motel, a porra toda... E levo chifre de recompensa. Na época, ficou perplexa ao ouvir da boca da Aline que o boi se encarregou de se aproximar daquele cavalo, a pedido da própria cadela:
- Você é muito piranha mesmo, chocada! Kkkkkkkk E, puta que pariu, ainda tirou a sorte grande! Pode ficar com quem quiser e o pau mandado ajuda!
Também não foi assim, tão na cara como a Débora acha. Da fantasia à certeza, do fetiche ao fato, foi um longo caminho. É óbvio que a Aline rechaçou logo de início, quando num dia na cama falei sobre sexo a três. Me deu um baita esporro, disse que não era dessas e emendou na hora:
- Tá achando que me casei pra você transar com outras? Vamos fazer o seguinte: já que veio com esse puta papo estranho e parece que gosta desse fetiche, você me divide com outro, querido! E depois, se ele me fizer gozar, você me fala o que achou... E aí, vai gostar? Vai querer?
Fiquei mudo, mas o que parecia o fim de uma simples discussão ou uma clara demonstração de ciúme se transformou numa bola de neve. Aline arregalou os olhos quando notou minha ereção:
- Que porra é essa? Tá de pau duro mesmo? Você sente tesão em ser corno? Não tô acreditando! Teu fetiche é esse, então, me ver com outro?
É claro que neguei, desconversei, mas ela não é boba, guardou aquilo. Foi o start de uma longa jornada, até culminar no fato mencionado. Hoje ela brinca, diz que a melhor coisa que fiz como marido foi apresentar o futuro namorado fixo.
E, sim, eu puxei papo com o Fábio na academia, a pedido dela. Um cara forte, todo musculoso, negro. Vira e mexe, ele olhava pros peitos siliconados e pro rabo dela, sem cerimônia alguma. Ela passou a gostar e a corresponder aos olhares, mas não queria ficar com fama de puta ali. E me pediu:
- Amor, já que até pau de borracha da cor preta você comprou pra mim, quero um de carne mesmo! E, se é pra trair, tem que ser com alguém que eu deseje, né? Quero aquele negro, amor! Já deixou muita calcinha minha molhada... Já toquei muita siririca sem você saber... Mas tô sendo sincera com você agora. Tô muito afim de ficar com ele, amor. Eu sei que antes isso era um desejo que você escondia, depois passou a ser uma fantasia nossa pra apimentar a relação, mas agora eu assumo: aquele cara me olha direto, na cara dura, até com você por perto. E eu tô gostando. De verdade. Já olhei pra ele até. Já sentei em você, imaginando minha boceta agasalhado o pau dele. Bruno, não vou te largar por nada desse mundo. Meu coração é seu, mas minha xota quer o Fábio. É o nome dele, eu mesma descobri. Você entende, né?
Aquilo foi foda. Sabia que se desse OK, era um caminho sem volta. Sim, ela me punhetou falando isso. Sim, ela fazia isso olhando nos olhos. Sim, eu gozei muito, muito mesmo. Era como se o esperma fosse a tinta da caneta pra assinar o contrato e eu tivesse tinta pra inúmeras vias. Depois disso, ela simplesmente me beijou e me abraçou deitada. Não falamos mais nada no dia. Nem transamos por muito tempo. Ela parecia obcecada com a ideia. A mim, só restava assumir minha vocação de corno manso. Precisava trazer o macho pra perto dela. Foi o que fiz.
Continua