O gay e um escândalo familiar
Fomos flagrados pelo meu tio no momento exato em que meu primo Mario, então com vinte anos, esporrava meu cuzinho feito um touro em mais um daqueles átimos de prazer com os quais nos presenteávamos havia algum tempo. Eu arranhava suas costas nuas enquanto ele dava estocadas profundas no meu cuzinho arregaçado atolando seu cacetão até o talo, e urrando com a boca grudada na minha de onde escapavam meus ganidos de dor e prazer. O visgo denso de sua virilidade já se fazia sentir aderindo à minha mucosa anal esfolada e me conduzindo às nuvens, onde reinava o deleite daquela entrega integral às suas vontades. A voracidade de sua língua vasculhava minha garganta quando o rosto incrédulo do meu tio surgiu por detrás do ombro espadaúdo do Mario, me fazendo soltar um grito parcialmente sufocado pelo beijo lascivo que trocávamos, e tentar afastar seu tronco pesado de cima de mim, tomado por um desespero e uma culpa sem precedentes. Meu primo demorou para perceber o significado de toda aquela minha agonia, tão envolvido estava pelo prazer de estar encharcando meu cuzinho com sua porra farta. Por alguns segundos senti como se meu coração fosse parar, ou sair pela boca.
- Que putaria é essa que está acontecendo aqui! – berrou colérico o meu tio ao interromper bruscamente aquele momento tórrido de paixão e sexo. – Vocês não têm vergonha na cara seus degenerados do caralho? Fazer uma putaria dessas com as famílias todas reunidas aqui ao lado, suas mães, suas primas, sua avó, seus desgraçados filhos da puta! – emendou, arrancando o filho de cima de mim enquanto ele ainda esporrava os jatos esbranquiçados do cacetão excitado, fazendo com que se desperdiçassem ao serem jorrados pelo ar.
A retirada abrupta da verga colossal do Mario do meu cu deixou um vazio enorme nas minhas entranhas enquanto eu juntava as minhas pernas para me levantar apressada e afoitamente, na tentativa de impedir que meu tio continuasse a desferir as cintadas sobre o filho que mal estava compreendendo o que estava acontecendo. Eu me agarrei ao braço vigoroso do meu tio e implorava para ele parar de surrar o Mario, quando sua raiva também se virou contra mim.
- Como é que vocês têm coragem de fazer uma viadagem dessas bem debaixo das vistas de todos, seus lazarentos depravados? Isso é uma vergonha sem tamanho para toda a família, seus pervertidos! – berrava ele, incontrolável, baixando a cinta nas costas e pernas do Mario, para depois dirigi-la sobre o meu corpo nu, ainda trêmulo e cheio do êxtase para o qual o Mario havia me levado com sua voracidade selvagem.
- Não toque nele! – gritou o Mario, enfrentando o pai, ao segurar o braço no qual se achava a cinta, impedindo-o de me atingir.
A confusão, os berros e a agitação que estava acontecendo dentro do galpão de ferramentas da chácara na qual estavam todos reunidos para comemorar o aniversário da minha avó, chegou aos ouvidos de todos e, instantes depois, havia uma plateia atônita assistindo meu tio nos conduzindo pelo cangote galpão afora e expondo toda aquela sem-vergonhice como ele alardeava a plenos pulmões. Eu havia me recomposto às pressas, me enfiado na bermuda, mas continuava a sentir a insegurança, a cada passo largo que estava sendo obrigado a dar, de que minhas vísceras escorregassem cu afora pelo enorme vazio que a sacada repentina da rola do Mario havia deixado.
Rostos incrédulos nos encaravam como se fossemos dois criminosos, questionamentos eram trocados tentando entender o que havia acontecido, choro de mães e avó começaram a ter prioridade sobre os risinhos incontroláveis de primos e primas, que se viram brindados numa daquelas enfadonhas reuniões de família com um espetáculo pecaminoso com o qual jamais contavam. Meu tio continuava a soltar todo tipo de impropérios, parecia ser o mais indignado com o que presenciara, e queria deixar isso claro diante de todos, enquanto pousava de paladino da justiça, da moral e dos bons costumes. Bem, nem preciso dizer que a festa acabou ali. Cada um reuniu sua família e deixou a chácara, comentando na privacidade da relação familiar todo aquele descalabro que o Mario e eu havíamos protagonizado.
Minha mãe me falava horrores dentro do carro no caminho de volta para casa, despejando toda sua indignação, revolta e choro num desabafo atabalhoado de palavras e frases que se atropelavam na confusão de ideias que estava em sua cabeça. Meu pai seguida dirigindo calado, era onde eu sabia que morava o verdadeiro perigo. Eu já me via levando uma surra assim que adentrássemos em casa, já sendo expulso de casa, já me via procurando abrigo na casa de algum amigo com meia dúzia de peças roupas enfiadas às pressas numa mochila antes de ser escorraçado. Eu estava com medo, muito medo. Em momento algum eu vi aquilo que havia começado despretensiosamente, sem que nenhum de nós intencionalmente quisesse copular incestuosamente um com o outro, como algo pecaminoso e recriminável. Apenas havia acontecido de forma natural, o Mario e eu tínhamos uma ligação especial que era do conhecimento de todos e sempre havia sido reconhecida como algo positivo entre dois primos. Ele representava o irmão mais velho que eu não tinha por ser filho único, tinha sido meu ídolo desde que me conhecia por gente, tornou-se mais querido à medida que crescia e desenvolvia aquele corpão másculo que passou a encher meus sonhos erotizados que vieram junto com os primeiros hormônios da adolescência. Na primeira vez que ele entrou em mim, durante as férias de verão na praia, a despretensão e singeleza do coito que nos levou a sentir uma intensa troca de afeto e prazer, não foi mais interrompida. Queríamos cada vez mais beber daquela sensação única de estarmos com os corpos unidos num prazer sem fim.
Ao chegarmos em casa, minha mãe correu para o telefone e, ainda aos prantos, falava com a irmã que também devia estar na mesma condição deplorável, trocando pesares pelo infortúnio que os filhos devassos tinham cometido. Foi quando meu pai se aproveitou que estávamos longe das vistas dela para me chamar num canto da cozinha. Era agora, pensei eu, vou para o olho da rua.
- O que foi que aconteceu naquele galpão, Bruno? – a voz dele estava terrivelmente calma para a cena que havia presenciado meu tio encenar
- Eu sou gay, pai! O Mario e eu, a gente estava .... ele e eu, a gente se gosta pai! De um jeito que eu não sei bem como explicar, aconteceu, foi isso, só aconteceu. – balbuciei envergonhado, não conseguindo encará-lo.
- Desde quando isso vem acontecendo? Seu primo te forçou a fazer alguma coisa? Você foi obrigado a fazer algo que não queria? – continuou ele
- Não! Não, pai! O Mario nunca fez nada comigo que eu não quisesse. Eu juro! Ele é o melhor primo do mundo, é a pessoa que eu mais gosto depois de você e da mamãe. Ele até enfrentou o tio Jorge lá no galpão quando ele me deu umas cintadas. Ele nunca que ia fazer nada de ruim comigo, eu juro! – respondi, procurando eximir meu primo de qualquer culpa, por ser o mais velho.
- Eu acredito em você! Sempre confiamos um no outro, não foi? – devolveu ele
- Foi, pai! Eu não estou mentindo! Me perdoa, pai! Eu também sou culpado, não é só o Mario que deve ser castigado pelo que aconteceu. – retruquei, embora não achasse que alguém tinha culpa naquilo que sempre foi tão natural e espontâneo, e sempre esteve cercado de sentimentos sinceros e puros.
- A forma como vocês deixaram isso vir à tona não foi das melhores! Você viu no que deu! Não sei como vai ser o relacionamento das nossas famílias de agora em diante, mas certamente não será mais como antes. O jeito como vocês expuseram o que estavam fazendo foi muito escandaloso, fere os conceitos das pessoas. – eu estava espantado com a atitude serena do meu pai, com a maneira como estava encarando minha perversidade.
- Perdão, pai! Eu juro que nunca quis fazer você e mãe passarem vergonha por eu ser quem eu sou. Eu juro! – supliquei, chorando.
- Você é quem é! Não precisa pedir perdão para ninguém por causa disso. Eu e sua mãe só gostaríamos de ter sabido disso de uma forma diferente, não em meio a um escândalo. Você é nosso filho, o único, e vamos continuar te amando como sempre foi. Só lhe previno desde já, que sua vida será cheia de percalços, a vida de um homossexual nunca foi nem nunca será fácil, esteja preparado. – afirmou ele
- O que é que eu posso fazer? Fingir que sou quem não sou? Não sei como fazer isso! Eu nunca pensei que o que o Mario e eu estávamos fazendo fosse algo pecaminoso ou ruim, a gente se gosta, pai! – asseverei.
- O fato de vocês se gostarem não significa que possam pensar numa vida juntos. Você ainda é muito novo, sem nenhuma experiência de vida, só muita empolgação e uma carga de hormônios correndo desenfreada nas tuas veias, tudo que não combina com juízo e maturidade. O tempo vai te fazer enxergar as coisas por outro prisma. Por hora, esqueça o dia de hoje, esqueça o escândalo e vá pôr a cabeça em ordem. Vamos passar por algumas mudanças depois do aconteceu, e se prepare para elas, pois serão drásticas. – voltei a temer por uma desgraça depois das palavras do meu pai. O que seriam essas mudanças drásticas?
- Vocês vão me expulsar de casa? – perguntei com a voz embargada e temerosa.
- Não seja dramático! Já basta teu tio ter feito todo aquele escarcéu feito um bronco medieval no dia de hoje. Tudo o que todos precisam é de um tempo para digerir os fatos, e isso não se consegue fazendo disso um drama. – eu não conhecia essa faceta da personalidade do meu pai, ao menos nunca tinha atentado para ela. Mas, agradeci por ele ser meu pai.
As tais mudanças drásticas não tardaram. Poucos meses depois, estávamos nos mudando para a capital e deixando a cidade interiorana onde a família vivera até então. Meus pais seguiram na frente, eu tinha sido deixado na casa dos meus avós pelos poucos meses que faltavam para o término do ano letivo, para que não perdesse o ano de escola. Foram meses de uma vigília constante e acirrada, nem ao colégio me deixavam ir sozinho, temendo que fosse me encontrar com o Mario às escondidas. Meus avós também evitavam receber a visita da filha e da família para que não nos víssemos. Meu único contato com o Mario se dava pelo Whatsapp, onde lamentávamos ter sido descobertos e não podermos nos encontrar para o que nos era mais caro e desejado na vida, nos fundirmos um no outro envoltos pelo tesão dos nossos corpos.
A nossa nova casa ficava numa rua sem-saída de pouco mais de 200 metros de extensão. Era uma casa confortável e modesta de acordo com nosso padrão de vida, num bairro sem nenhum glamour, porém arborizado e com uma vasta rede de facilidades ao redor. Tanto, que meu novo colégio ficava a quatro quarteirões de casa, e me permitia ir andando até lá. Eu estava no último ano do ensino médio, e me senti deslocado, pois todos já se conheciam por terem ingressado na primeira série juntos. Eu era o único novato ali e, não sei se por conta do que havia acontecido na minha cidade do interior, ou por conta de me sentir um peixe fora d’água, me tornei um pouco tímido e recluso. Eu sabia que meus temores de que alguém viesse a descobrir a verdadeira razão de nós termos nos mudado para a capital eram infundados. Mas também que, se aquele escândalo viesse à tona continuaria a me perturbar de uma maneira muito peculiar. Ali ninguém sabia que eu era gay, e eu queria que isso continuasse a ser um segredo até quando eu aprendesse a ligar com a questão e suas consequências.
Foi impossível não notá-lo já no primeiro dia de aulas. Parecia ter sido esculpido pelo imaginário dos meus sonhos, o homem que preenchia todos os requisitos daquilo que eu queria num homem com o qual sonhava viver todos os dias da minha vida. Era um Hércules das lendas, só que de carne e osso; melhor, de músculos, muitos músculos e fartamente distribuídos por todo seu corpão. Nessa idade somos mais movidos pelos sonhos do que pela realidade, mesmo assim, não custava encher minha cabeça com planos para essa vida futura. Através da chamada que o primeiro professor a entrar na sala fez, descobri que seu nome era Roberto, Betão como o chamava a galera com a qual estava enturmado. Eles ocupavam o fundão da sala e foram chamados à atenção por todos os professores daquele dia, uma vez que reinava uma inquietude incessante naquele fundão ruidoso formado por um bando de parrudos cheios de testosterona e vozes graves.
Desde que me caiu a ficha de que era gay, eu tinha um fraco por troncos masculinos vigorosos e ligeiramente peludos. Eu achava que todo homem com essas características esbanjava virilidade e isso funcionava como um imã para meus desejos mais secretos. Tinha sido assim com o Mario quando passou da fase de garotão adolescente para homem, tendo isso contribuído em muito para a nossa primeira transa. E, com o Betão não foi diferente, assim que reparei com mais atenção nele, aqueles ombros largos que formam seu tórax avantajado me deixaram inteiramente interessado nele. Contudo, era apenas de soslaio que eu o ficava admirando e me encantando por todas as demais peculiaridades de seu corpão másculo. Prevalecia o receio de dar bandeira, de deixar escapar através de um ato falho qualquer, que eu era gay. Não falei com quase ninguém naquele primeiro dia. Eu ainda encarava a nossa vinda para a capital como uma espécie de castigo pelo que ocorreu na chácara no dia do aniversário da minha avó. Me sentia responsável pela punição imposta a toda a família que ficou mais dividida depois do episódio com o Mario.
Minha tia e minha mãe que sempre haviam sido muito unidas, agora se falavam com reservas e esporadicamente, cada uma digerindo a fornicação de seus filhos à sua maneira. Meu pai nunca foi muito ligado no meu tio Jorge; tenho para mim que jamais simpatizou com ele, apenas mantinha as aparências a bem do bom convívio familiar, por isso não me importava muito com o que ele achava ou deixava de achar a respeito do meu envolvimento sexual com seu primogênito. Meus avós sim, eles ficaram devastados com o que aconteceu e não sabiam bem a quem dar razão, uma vez que os netos eram sua grande paixão àquela altura da vida, e pouco disfarçavam sua predileção por mim. Tudo isso ficou de certa forma arranhado, com cicatrizes, depois do flagrante.
Naquela primeira semana, descobri que o Betão morava na mesma rua que eu, apenas algumas casas de distância, pois nos encontramos a caminho da escola numa das manhãs. Trocamos um cumprimento restrito a um esboço de sorriso, sem que nenhum disse nada. Porém, não deixei de perceber a maneira como ele me olhou, foi diferente de tudo que eu já tinha visto, foi intimidador e excitante ao mesmo tempo. Será que estou fantasiando coisas? Desde quando um molecão desses, que ainda está tentando provar sua masculinidade, vai se interessar por um gay? Eu só podia estar delirando. Ele não comprometeria a imagem de macho que estava construindo, demonstrando interesse por uma bicha. Mas, fiquei ainda mais temeroso e introvertido, pois se descobrissem no colégio que sou gay eu estava perdido. Isso me fez manter distância dele e daquela turma do fundão, eu os evitava como o diabo foge da cruz. Acabei me enturmando com uma galera que nada tinha a ver com a turma do fundão, o que sempre nos conduzia por caminhos diversos.
O ano foi passando sem que nada mudasse entre o Betão e eu, continuávamos dois estranhos, muito embora nos víssemos com frequência nos cruzando diante de nossas casas. Num feriadão durante a primavera, eu o vi lavando o carro do pai numa manhã ensolarada e quente, quando fui pegar algumas coisas para a minha mãe num supermercado próximo. O Betão naquele short folgado, dentro do qual balançava uma jeba que devia ser bastante avantajada pelo indicava aquele contorno que se mexia a cada movimento que ela fazia, com aquele torso musculoso nu e suado coberto com pelos negros e adensados que iam dos mamilos até para além da cintura por um caminho que seguia numa linha mediana sobre o abdômen trincado, um par de coxas peludas que emergiam feito dois troncos das pernas do short e, aqueles braços onde os bíceps formavam uma protuberância maciça me deixaram com o cuzinho piscando de tanto tesão. Eu estava enfeitiçado por aquela imagem quando ele chamou meu nome.
- Oi Bruno! Eu estava mesmo querendo falar com você. – disse ele, me deixando ruborizado e envergonhado pelos pensamentos que giravam na minha cabeça.
- Oi! – gaguejei tímido.
- Soube que você emprestou seu caderno de química para uma galera tirar xerox, e queria saber se você pode me emprestar ele depois do feriado. Eu quase não anotei nada durante as aulas e estou para me ferrar na próxima prova se não estudar direito. – emendou ele, como se fossemos amigos chegados.
- Claro, claro que empresto! – exclamei – Levo para você na volta do feriado, ok?
- Pode ser antes? Cara, eu estou fodido pra valer se não começar a estudar logo. – sentenciou ele.
- Entendi! Passa lá em casa então quando quiser, ok? – eu devia estar parecendo um idiota, pois não conseguia parar de olhar para aquele corpão suado me atentando para o pecado. Despedi-me dele sentindo uma saudade doída do Mario, todos esses meses eu nunca havia sentido tanto a falta dele me enrabando como naquele momento.
Passei o feriadão todo meio tenso, esperando aquela campainha tocar, esperando aquele Betão seminu surgir novamente diante dos meus olhos. Será que todo gay sente tanta falta de um macho depois de ter sentido a verga de um pulsando dentro de si? Mas, o Betão acabou não aparecendo, e eu levei o caderno para a escola apesar de não ter aula de química naquele dia, só para emprestá-lo a ele.
- Valeu! Te devolvo amanhã. – disse ele, muito friamente, diante de alguns colegas do fundão. Foi óbvio que havia comentários entre eles a meu respeito, pela maneira como ele ficou constrangido quando me aproximei dele.
Eles já sabiam que eu gay, a turma toda, talvez o colégio inteiro já sabia que eu era gay, e agora, o que vai ser de mim? Eu estava tão obcecado com essa ideia que nem conseguia raciocinar direito. Iam saber como, seu panaca? Larga mão de ser tão cagão que ninguém sabe de nada, ninguém sabe que você dava o cu para o teu primo, ninguém sabe que você foi flagrado trepando feito uma cadela no cio, dizia uma voz interior que tinha mais juízo e censo de precisão do que eu. Era o meu pavor infundado que me fazia ter esses pensamentos insólitos. Por via das dúvidas, após o empréstimo do caderno, voltei a manter distância do Betão e daquela galera.
Após o final de ano, passamos o verão na praia e eu não o vi mais. Como havia terminado o ensino médio, achei que nunca mais nos encontraríamos, exceto uma vez outra quando nos cruzássemos na rua de casa. Com o final das férias, matriculei-me num cursinho pré-vestibular e, qual não foi a minha surpresa quando dei de cara com o Betão esperando o mesmo ônibus num ponto perto de casa para seguir o mesmo trajeto. O pesadelo não havia terminado com o ensino médio, ao que parecia, íamos continuar nos encontrando diariamente como antes. O mais esquisito nessa história é que continuávamos distantes, mal nos falávamos, mal nos encarávamos, sem nenhum motivo aparente.
A linha de ônibus que nos levava até o cursinho não era abarrotada de gente como era comum para aquela hora da manhã, quando os ônibus iam apinhados de gente se espremendo feito sardinhas em lata. Alguns dias havia até lugares vagos, especialmente no fundo do ônibus, onde eu costumava ficar à espera de um lugar vagar para seguir o restante do trajeto sentado. Logo o Betão começou a fazer o mesmo e, não raro, íamos sentados lado a lado trocando frases quase monossilábicas. Numa dessas manhãs, com uma chuva de março caindo inclemente desde a noite anterior, três sujeitos mal-encarados subiram no ônibus e se espalharam pelo corredor central. Não rodamos mais do uns dois quilômetros quando um dos três anunciou o assalto fazendo com que todos sacassem uma arma camuflada debaixo das camisetas. Um deles estava apontando a arma para a cabeça do motorista e o mandou seguir num ritmo lento sem pegar mais ninguém nos pontos. Os outros dois começaram a abordar os passageiros pedindo os celulares, dinheiro e tudo de valor que tinham nos bolsos ou nas bolsas no caso das mulheres. Algumas delas começaram a gritar histéricas quando se deram conta do que estava acontecendo. O sujeito que estava mais próximo de nós ainda estava numa distância segura e não me viu discando para o 190 da polícia pedindo ajuda.
- Ficou maluco? Se ele te pega mexendo nesse celular você está fodido, desliga essa porra! – aconselhou o Betão aflito. Eu não obedeci.
- Socorro, estamos sendo assaltados por três bandidos armados na linha de ônibus 967A-10 na altura da avenida Brigadeiro Luiz Antonio com a Rua Tutoia – despejei à meia voz quando a central da polícia militar atendeu a ligação. Ao fundo, eles conseguiam ouvir a gritaria dos passageiros e as vozes alteradas e autoritárias dos bandidos.
- O que é que você está fazendo aí, seu merdinha? – berrou o bandido que estava mais próximo de nós e desconfiou do meu comportamento.
- Nada! – respondi ligeiro. Mas, ele já vinha na minha direção, me fuzilando com o olhar.
- Me passa o celular, agora! O que tem dentro dessa mochila? Você estava se comunicando com alguém, seu merda do caralho? – berrava ele.
- Não tenho celular! Só tenho apostilas do cursinho na mochila. Eu não estava falando com ninguém, juro. – respondi com a voz mais firme que consegui imprimir, enquanto enfiava meu celular ainda ligado no vão estreito no encosto do banco da frente. A polícia continuava ouvindo tudo do outro lado.
- Cê tá mentindo viado do caralho! Eu vi você falando no celular. Cadê a porra do aparelho, filho da puta, fala? – o cara estava quase esfregando o cano da arma na minha cara. – levanta daí, seu merda!
Assim que me pus em pé ele me arrancou do espaço apertado, mas não encontrou o celular, nem nos meus bolsos, nem na mochila, nem onde eu o havia escondido. Ele estava prestes a me dar um soco quando o Betão interveio se postando na minha frente para que eu não fosse atingido. Acabou levando uma coronhada na cabeça, enquanto o bandido gritava feito um louco que ia matar todo mundo dentro do ônibus se não ficássemos quietos e sentados nos nossos lugares. Enquanto eu me voltava para o Betão e levava um lenço para a cabeça dele de onde pingava o sangue que logo tingiu sua camiseta, duas viaturas da polícia cercaram o ônibus e impediram seu avanço. A situação já tensa ficou perigosa. O cara que estava ao nosso lado deu dois passos para frente e, através da janela fez o primeiro disparo contra os policiais.
- O que é que você está fazendo, seu maluco? Agora fodeu! Eu não disse que não era para ter tiro nessa porra? – pega um porra qualquer aí perto de vocês e usem como escudo. Isso vai dar merda! – gritou o que estava aparentemente no comando com a arma apontada para a cabeça do motorista, que fez de seu refém.
Mais e mais viaturas policiais começaram a aparecer de tudo que era lado. O trânsito foi interrompido e alguns policiais atiraram contra o ônibus, estilhaçando vidros das janelas e fazendo a lataria ranger quando um projétil se encravava nela. A gritaria entre os passageiros recomeçou, alguns se atiraram no chão do coletivo, os bandidos sentiram que haviam perdido o controle da situação. Eu me agachei com o Betão no vão dos bancos, enquanto os disparos continuavam tanto de dentro para fora, quanto de fora para dentro. Eu tremia como se tivesse acometido pela febre terçã, abraçado ao Betão e procurando conter aquele sangramento que havia deixado sua cabeleira toda empapada.
As negociações entre a polícia e os bandidos continuaram por mais de três horas. Era cada pedido absurdo que os bandidos faziam que até alguns passageiros começaram a rir de nervosismo. Eu nunca tinha visto tantos policiais numa ação, eram centenas deles cercando tudo nos arredores.
- É melhor a gente se entregar! – disse um dos bandidos, ele estava dando uma chave de braço numa mulher meio gorda que não parava de chorar e soltar uns gritos a cada tiro que era disparado.
- Se entregar o caralho! Cê sabe que eu estou na condicional, quer me foder de vez? – berrou o líder. – Nós vamos sair dessa levando esses porras desses reféns, ninguém vai ter coragem de atirar contra a gente, correndo o risco de acertar um desses filhos da puta! – emendou, achando que tinha encontrado a solução para se livrarem daquilo.
Em seguida, ele comunicou sua decisão ao major que comandava as ações da polícia. Foram feitas mais exigências por parte dele para que aceitasse a saída deles em segurança, junto com os reféns. De repente, o bandido que havia dado a coronhada na cabeça do Betão se voltou novamente para mim e, soltando o homem que mantinha sob a mira de sua arma, me arrastou com ele para próximo da porta.
- Não faça mais nenhuma loucura, Betão, eu te imploro! – supliquei, quando vi que ele queria impedir o bandido de me levar com ele.
- Ouviu seu amiguinho, filho da puta? Não tente mais nenhuma gracinha, dessa vez eu meto uma bala na tua cabeça, viado! – ameaçou o bandido, apertando seu braço no meu pescoço.
O bandido que controlava o motorista mandou que ele abrisse a porta, cada um deles com um refém na mira, estava posicionado pronto para descer. Eu e meu algoz éramos os segundos. O líder desceu, sem soltar o motorista, deu alguns passos em direção à calçada. Nós descemos em seguida, um tiro ecoou vindo do alto e eu comecei a sentir o braço do bandido se afrouxando ao redor do meu pescoço, um atirador de elite da polícia havia alvejado a cabeça dele e feito pedaços ensanguentados do crânio se espalharem por todo lado. Um grito incontrolável escapou da minha boca e nenhum dos meus músculos conseguiu se mover mais. Outro disparo acertou o terceiro bandido que descia os degraus do ônibus arrastando a gorda consigo e fazendo disparos em direção aos policiais, tombou feito uma árvore decepada. O líder também disparou contra o motorista primeiro, mas esse se esquivou a tempo de o projétil atingi-lo apenas na perna, o segundo disparo saiu sem mira definida e selou seu destino, pois nesse interim dois projéteis entravam em seu peito e o faziam cambalear até sucumbir no meio-fio da calçada. Imóvel e estarrecido, eu olhava ao meu redor inconformado com o cenário bárbaro que via.
Um policial conseguiu me levar para junto das ambulâncias do SAMU que haviam sido requisitadas e estavam atendendo as pessoas em estado de choque e com leves ferimentos causados pela confusão dentro do ônibus. O Betão estava entre eles e, foi para onde me dirigi tão logo minhas pernas começaram a atender meu comando. Ele seria levado para um pronto-socorro para fazer uma sutura no couro cabeludo, embora estivesse se recusando terminantemente a ir. Foi com a condição de eu o acompanhar, depois de muita insistência. No início da tarde estávamos em casa, havíamos perdido o dia de aula e ainda não acreditávamos no que aquele dia havia nos designado.
- Você é um doidinho de pedra, sabia? Que maluquice foi aquela de enfrentar aquele bandido armado? Já imaginou se ele tivesse disparado contra você? Doido, sem juízo! – recriminei-o quando o acompanhei até sua casa e, onde os pais dele o aguardavam agoniados.
- Maluco é você que ligou para a polícia nas fuças dele! Viu no que resultou a sua doideira? – revidou ele
- Resultou que fomos salvos pela polícia e os criminosos levaram o que mereciam! Eu só aproveitei a chance de ele estar distraído. –devolvi, convicto de que havia feito a coisa certa
- Mas foi aí que ele veio na nossa direção, suspeitando da sua atitude!
- Ele viria nos assaltar de qualquer jeito. Você viu como eles foram fazendo um arrastão abordando todos os passageiros e tirando tudo o que lhes interessava deles. Nós seriamos os próximos, era uma questão de minutos. – me justifiquei.
- Ainda não me convenci se você foi muito corajoso ou muito maluco! – exclamou ele, me dirigindo um sorriso cativante.
Aquele malfadado episódio acabou nos unindo. Meus pais e os dele estreitaram a amizade após o momento aflitivo pelo qual passaram ao nos verem no noticiário da TV. Passamos a estudar juntos todas as tardes ao regressar do cursinho. Pegávamos um cineminha num final de semana ou outro. Nos tornamos praticamente a sombra um do outro. E, não demorou para nos darmos conta de que aquela não era uma amizade qualquer.
- Eu nunca te confessei, mas desde aquele dia que você me defendeu daquele bandido eu te acho um herói. – asseverei certa tarde quando fazíamos exercícios de física na minha casa. – Obrigado! Meu herói! – emendei, ao ver um sorriso se formando em seu rosto, que há tempos eu tinha vontade de tocar, só para sentir aquela barba espinhenta dele roçando minhas mãos.
- Tive receio de que ele fosse te machucar! – respondeu ele.
- Isso faria diferença para você?
- Eu não suportaria ver esse seu rostinho maltratado por um lazarento daqueles! Não sei se você já percebeu, mas eu gosto um bocado de você. Um bocado mesmo! – retrucou, tocando meu queixo com as costas dos dedos.
- Eu também gosto muito de você! Gosto e te acho lindo! – devolvi, encantando com a sutileza com a qual ele me tocava.
Estremeci quando ele começou a se aproximar de mim. Seu rosto e aquela boca sensual vinham na minha direção com um propósito definido, me beijar com todo furor que estava no peito dele. O primeiro toque sobre os meus lábios foi tão sutil quanto o dos dedos no queixo, mas logo se intensificou, ele procurando avidamente prendê-los entre os dele. Eu retribuía a investida e o deixava me morder e enfiar a língua na minha boca, fazendo com que nossas salivas se mesclassem num frenesi crescente. Em minutos eu estava sem as minhas roupas, minha cueca estava na altura dos joelhos e as mãos vigorosas dele amassavam minhas nádegas com sofreguidão e volúpia. Fazia tempo que eu não sentia tanto tesão, meu cuzinho assanhado não via a hora de sentir a rola dele, e isso parecia estar sendo percebido pela voracidade com a qual ele me bolinava.
- Você não é só uma cara bonitinha, você é um puta de um tesão! Sou taradão por essa sua bunda faz tempo! – confessou ele, em meio aos beijos libidinosos que trocávamos num assanhamento sem volta. – Estou louco para te comer inteirinho!
- Então come! – sussurrei junto a orelha dele, que eu prendia entre os meus lábios úmidos, deixando-o tão excitado que o caralhão emergiu por uma das pernas do short que ele estava usando.
- Tem certeza? Se você continuar insistindo em tirar a minha pica de dentro do short eu não respondo por mim, parto direto para cima do seu cuzinho! Pense bem! – alertou ele.
- Prometo que vou envolver ela com todo carinho e te guardar dentro de mim. – respondi, sentindo os espasmos anais instigando meu cu.
Quando baixei o short dele, fui surpreendido por um caralhão cavalar que saltou lá de dentro já todo babado. Nem no meu mais radical sonho eu poderia ter imaginado o tamanho daquela pica. Desde os tempos do ensino médio, durante as aulas de educação física e, nas vezes em que o vi lavando o carro do pai trajando uma bermuda folgada, eu havia notado que o troço era avantajado, mas jamais imaginei que chegasse ao que estava diante dos meus olhos agora.
- Assustou? – perguntou ele com um risinho petulante.
- É lindo .... e, assustador! – balbuciei, começando a me arrepender de ter deixado o Betão excitado daquele jeito. Aquele cacetão ia acabar com o meu cuzinho.
- Eu te avisei! Mas, juro que vou ser bem cuidadoso, prometo! – pela primeira vez, não senti confiança nas palavras dele. Afinal, um macho excitado como ele estava naquele momento, pensa mais com aquela cabeçorra arroxeada e babada que me encarava cheia de tesão do que com aquela que está sobre seus ombros.
- Jura? – indaguei temeroso
- É só você se entregar para mim de corpo e alma! – não era bem essa a resposta que eu esperava.
Diante de um caralhão duro eu virava uma puta. Desde meus primeiros lances com meu primo eu não conseguia resistir a uma rola melada e cheirando a macho sem começar a sentir um frenesi que me fazia querer a caceta entalada nos meus orifícios. Não foi diferente quando senti o cheiro almiscarado da pica pulsante do Betão a poucos palmos do meu rosto. Dirigi meu olhar sequioso na direção do dele ao tomar a verga quente e grossa na mão, eu podia sentir o sangue chegando em pulsos regulares que deviam estar em sintonia com os do coração dele. Ele me encarava com um brilho de puro tesão naqueles olhos castanhos que não perdiam um lance dos meus movimentos. Cheguei tão perto da virilha pentelhuda dele que o sacão chegou a roçar meu queixo, enquanto eu fazia a jeba pesada deslizar pelo meu rosto. Delicadamente, levei a cabeçorra à boca, fechando meus lábios ao redor dela e lambendo o melzinho aquoso que brotava da uretra, me fazendo salivar como se estivesse diante de uma iguaria preciosa. Sorvi o sumo másculo que se mesclava com a minha saliva e fui engolindo em êxtase gole após gole. O Betão começou a grunhir, do fundo do peito dele emergiam rosnados guturais, roucos e graves, enquanto ele ia sentindo o tesão se espalhando por todo aquele corpanzil inquieto. Chupei a rola dele com afinco, sentindo-a endurecer na palma da minha mão. Lambidas, mordidinhas suaves e beijos que captavam aquela tora suculenta iam se sucedendo cada vez com mais urgência, fazendo-o gemer cada vez mais alto. Ao chegar ao sacão, lambi aquelas bolas ingurgitadas, fazendo-as deslizar sob a pele, até colocar uma delas na boca e começar a massageá-la com a língua atrevida e gulosa. As pontas dos meus dedos há tempo haviam se perdido dentro daqueles pelos pubianos densos e negros que eu afagava enquanto mamava a chapeleta intumescida e babona.
- Caralho como isso é gostoso, Bruno! Nunca me mamaram a caceta com essa voracidade e esse carinho todo! Você está me deixando maluco, sabia? E, só para deixar registrado, vou acabar gozando se você continuar passando essa língua na minha chapeleta desse jeito. – sentenciou o Betão, quando já sentia o gozo prestes a explodir.
Eu estava ocupado chupando a verga e não interrompi o que estava fazendo para dizer que estava louco de vontade de provar a porra dele, apenas o encarei com o olhar doce e submisso, o que o fez me agarrar pelos cabelos, trazer meu rosto para junto de sua virilha, estocar a caceta na minha goela e começar a esporrar, soltando urros de tesão e prazer que estavam entalados em seu peito. Quase me sufoquei com a quantidade de porra que ele despejou na minha garganta, mas fui engolindo um jato atrás do outro, enquanto me deliciava com o sabor amendoado daquela cremosidade adstringente.
- Porra Bruno, você me mata de tanto tesão, engolindo minha porra feito um bezerro faminto. Puta tesão do cacete, nunca senti nada parecido. – grunhia ele, enquanto gozava na minha boca.
- Você é muito saboroso, sabia? – afirmei, quando terminei de lamber todo o esperma que estava ao redor da pica dele.
- Fala sério, porra gostosa, só sendo mulher ou muito viadinho para gostar de leite de macho. – devolveu ele.
- Então sou muito viadinho, porque achei a sua deliciosa! – retruquei sincero.
- Isso significa que você já provou a porra de outros caras! – exclamou ele, me deixando sem graça.
- Isso faz diferença para você? – perguntei, não querendo parecer um devasso libertino.
- Depois dessa mamada, não! Mas, confesso que gostaria de ter sido o primeiro, sabe como é, homens gostam de saber que estão sendo os primeiros no sexo. – revelou ele.
- Sou o seu primeiro? – indaguei, tentando relativizar a situação.
- Não, não é! – respondeu ele. – Está certo, entendi! Não quer que eu te cobre de alguma coisa que eu também não tenho a oferecer. – emendou ele, percebendo que isso não tinha a menor importância naquele momento.
- Você é maravilhoso do jeito que é! Foi assim que aprendi a gostar de você, e é como quero que continue. – asseverei.
- Gosta mesmo tanto assim de mim?
- Você não faz ideia do quanto!
- É bom ouvir isso saindo dessa boca sensual e gulosa! – exclamou ele, me lançando um daqueles seus sorrisos ao mesmo tempo econômico e cheio de tesão, que formavam duas covinhas junto às comissuras labiais e, onde se concentrava um charme ao qual eu não conseguia resistir sem ficar com vontade de cobrir aquele rosto viril com meus beijos. Ele sabia que tinha esse poder sobre mim, e fingia não se valer dele para me seduzir.
Havíamos tentado retomar a resolução dos exercícios, mas diante das apostilas abertas de onde saltavam enigmas atrelados a fórmulas de eletrodinâmica, efeito Joule e potência elétrica, nossas mentes só conseguiam se concentrar na pele exposta dos nossos corpos, era nelas que focávamos nosso interesse e nossos desejos. Minhas coxas grossas e lisas não o deixavam se concentrar no exercício que eu resolvia sozinho, pois ele deixara de me acompanhar no instante em que sua mão pousou sobre uma delas e deslizava insistentemente para debaixo do meu short, tentando agarrar minha nádega. Eu o havia impedido umas duas ou três vezes, me esquivando e dando um tapa naquela mãozona boba. Mas, acabei me rendendo quando vi que a pica dele estava novamente dura feito aço entre as coxas peludas dele.
- Tarado! – sussurrei, quando ele se lançou sobre mim e me roubou um beijo demorado e úmido, onde seus lábios abocanhavam os meus.
Ao mesmo tempo em que esfregava seu corpo nu e pesado sobre o meu, ele foi arriando meu short e se apossando da minha bunda carnuda. Eu o queria por inteiro, ele estava quente, agitado, excitado, louco para me foder, e eu não conseguia pensar em mais nada que não sentir toda a potência daquele macho pulsando nas minhas entranhas. Fui me entregando aos poucos, deixando ele me dominar, fazendo-o investir sobre o meu corpo que o atentava. Do beijo úmido na boca, onde a língua dele vasculhava cada recanto, ele foi descendo pelo meu pescoço, dando mordidas, chupões que deixavam marcas sobre a minha pele muito alva; caminhando em direção aos ombros, onde cravava os dentes como se fosse me devorar; atacando vorazmente cada um dos meus mamilos que, primeiro lambeu e chupou, para depois prendê-los entre os dentes e tracioná-los até me ouvir soltar um gemido, finalizando com mordidas contundentes que deixaram os biquinhos inchados e a pele ao redor dos mamilos levemente arroxeada. Só essa incursão afoita e voraz já me sinalizava pelo que eu podia esperar quando ele fosse arremeter contra o meu cuzinho. Junto com o frenesi senti meu corpo estremecendo num misto de receio e tesão que pareciam estar mancomunados num sentimento único e confuso. Aquele macho cheio de músculos e dotado com aquela caceta imensa ia me arregaçar como nunca fui arregaçado antes, isso era tão certo quanto aquelas leis postuladas por Ohm, Ampère, Joule e outros tantos que estavam naquelas apostilas relegadas naquele instante ao esquecimento.
O Betão me colocou de bruços, depois de ter explorado meu corpo nu quase até a exaustão. Afastou ligeiramente as minhas pernas e partiu para cima da minha bunda que agora estava totalmente desprotegida e à mercê de sua tara sem freios. Carícias e beijos foram sendo colocadas sobre a pele lisinha das minhas nádegas, me fazendo arfar e sentir o coração disparado pulsando dentro do peito. As mãos espalmadas sobre cada uma das bandas amassavam determinadamente a carne abundante e roliça, ao apartá-las, ele pode conferir a lisura do reguinho profundo, onde um diminuto orifício plissado num tom rosado piscava alucinadamente, expondo o desejo que me consumia. Inescrupuloso, ele tateou com o polegar sobre ele, o que me fez soltar um gemido. Forçou-o lentamente para dentro do buraquinho macio e úmido, passando a explorá-lo numa devassidão sem tamanho, meus gemidos iam se transformando numa suplica para que ele entrasse inteiro em mim.
- Ai Betão! – gani excitado
- Quer que eu entre nesse cuzinho apertado? – perguntou libertino.
- É tudo o que eu quero! Quero você dentro de mim. – balbuciei, entorpecido pelo prazer
Um gritinho escapou dos meus lábios contraídos quando senti a língua dele lambendo minhas pregas como se estivesse testando meu cio. Ele mordiscava minha pele ao redor do ânus, cada vez mais próximo da fendinha que não parava de piscar, até voltar e enfiar um dedo dentro dela, movendo-o em círculos e me fazendo ganir num desespero que já ultrapassava o limite das minhas forças.
- Ai Betão! – voltei a suplicar.
Ele subiu em mim, beijava novamente meu ombro enquanto declarava lascivamente que ia foder meu cuzinho tesudo. Eu me sentia cada vez mais encurralado debaixo do peso dele, mal dava para me mexer quando ele começou a pincelar a rola babada ao longo do meu rego. Minha respiração falhava, intercalando períodos de inspirações profundas nas quais eu esperava ansioso o momento da penetração. As duas primeiras tentativas falharam, de tão afoito que ele estava para meter o caralhão na minha fendinha. A terceira foi certeira e mergulhou no casulo quente e macio me fazendo gritar ao sentir minha carne se rasgando com a passagem daquela cabeçorra descomunal. O Betão parou assim que ouviu meu grito agoniado, eu parei porque não conseguia ar suficiente para encher meus pulmões. Ele ficou sobre mim, me envolveu em seus braços como se aquilo fosse me trazer algum alento. Tudo o que eu conseguia sentir era a gana daquele macho pelo meu cu apertado.
- Caralho de cu apertado, Bruno! Delícia! Delicinha da porra! – grunhiu ele, procurando colar sua boca na minha numa devassidão desenfreada.
Assim que nossas bocas se uniram, ele começou a me estocar. Cada arremetida fazia a rola mergulhar fundo no meu rabo, dilacerando minhas pregas anais e esfolando minha mucosa delicada. Eu gritava, mas meus gritos eram sufocados pela boca dele que cobria toda a minha. Ele se agarrava a mim e não havia como escapar da voracidade crescente dele. O caralhão ia afundando no meu cu, impune e sem arrefecimento, até que só o sacão ficou de fora, prensado entre as bandas quentes da minha bunda. Mais de um palmo de carne rija e determinada pulsava dentro do meu cu, me fazendo sentir uma dor pungente como jamais havia sentido e, ao mesmo tempo, um prazer ímpar, que me fazia querer aquele homem dentro de mim por toda uma eternidade. Meu corpo todo tremia envolto pelos braços musculosos dele quando um vaivém cadenciado deu lugar à estagnação inicial que me permitiu relaxar os esfíncteres anais. Ele bombava devagar, mas com vigor. O caralhão deslizava para dentro e para fora estimulando meu ânus que eu ofertava sem nenhuma reserva para aquele macho insaciável. O prazer foi suplantando a dor, meu cuzinho estava tão distendido que eu tinha impressão de que um trem podia entrar nele. No entanto, tudo o que conseguia sentir, era aquele caralhão maciço e quente alojado prazerosamente nas minhas entranhas. Eu o envolvia com ternura, travava a musculatura anal ao redor de seu calibre grosso, sentia o pulsar daquelas veias ingurgitadas que o revestiam e o aconchegava com todo o meu carinho. Eu agora gemia no ritmo das estocadas, sentia todo o calor e energia daquele homem que ia se tornando alvo de todo o amor que carregava dentro de mim. Minha pelve se retesava lentamente, algo crescia nas minhas entranhas, algo que precisava de espaço, muito espaço e parecia não mais caber em mim. O gozo veio junto com uma estocada profunda do Betão que atingia em cheio as minhas vísceras. Eu gani quando comecei a ejacular, ao mesmo tempo em que sentia minhas forças se dissiparem como se fosse a bruma matinal dando lugar ao sol. Largado languidamente sobre o colchão, eu sentia o Betão usando meu cuzinho para se satisfazer. Eu o entregava submisso e feliz, querendo que aquele macho sentisse o mesmo prazer intenso que tinha acabado de me proporcionar. Vi pela expressão contraída do rosto dele que o momento de isso acontecer estava chegando, que ele não se controlava mais, que seus músculos se tornavam cada vez mais rijos e, então, ouvi o urro gutural emergindo de seus lábios, simultâneo aos jatos que ele despejava no fundo do meu rabo lanhado. Em segundos eu estava encharcado de sêmen viscoso que ia aderindo à minha mucosa esfolada e formigava numa tepidez inebriante.
- Ai Betão! – sussurrei de felicidade
- Bruno, meu Bruno! – devolveu ele, num sussurro imerso em um prazer tão intenso quanto o meu.
Nossos corpos comungaram um deleite que foi dando lugar a uma calmaria sem tamanho. A pica dele amolecia lentamente envolta pelo meu cuzinho, trocávamos beijos apaixonados que revelavam um envolvimento sem volta. Tínhamos nos fundido um no outro, éramos um único ser que respirava em uníssono, e não precisava de mais nada para se sentir plenamente feliz.
A partir desse dia não nos desgrudamos mais. Um parecia ser a sombra do outro, bastava procurar por um que o outro não estava a mais do que alguns passos de distância. Compartilhávamos tudo, estudávamos para o vestibular ora na casa de um, ora na do outro, todos os programas de lazer eram em comum. Havia um clima de amor e paixão no ar que nos cercava. O Betão ficou viciado no meu cuzinho. Não disfarçava sua tara, me encurralava assim que surgia uma chance e me penetrava com a sanha destemperada de um macho cheio de testosterona. Meu rabo estava constantemente esfolado, as preguinhas sempre cicatrizando, a mucosa anal atormentada por uma ardência contínua e, a umidade máscula dele entranhada profundamente não me deixando esquecer que eu pertencia a um macho fogoso e insaciável. Muito desse vício dele se devia a mim mesmo, era eu quem atiçava os brios dele, mesmo nos mais inocentes gestos. Eu gostava de tocá-lo, gostava de sentir a barba hirsuta dele me espetando as palmas das mãos, o rosto quando o cobria de beijos, a pele do peito, ou das coxas quando ele deitava a cabeça no meu colo. Meu fascínio por suas características viris só fazia aumentar quando eu deslizava meus dedos sobre os pelos do tórax maciço dele, quando depositava beijinhos sensuais nos ombros largos, quando torcia os pelos do ventre trincado fazendo pequenos amontoados de caracóis. Tudo nele me atraia, me fazia sentir seguro e amado e, eu retribuía todo esse amor me entregando a ele e a seus mais íntimos desejos. Fazíamos planos para o futuro em conjunto, e eles se harmonizavam como se o próprio destino os houvesse traçado para nossas vidas. Ao entrarmos na faculdade, esses planos pareciam estar cada vez mais próximos e realizáveis, tudo levava a crer que em poucos anos estaríamos vivendo como um casal num recanto construído com todo amor e carinho, onde passaríamos a vida toda.
Meus pais já não duvidavam de que o Betão era efetivamente meu novo homem. Tenham sido lá quais os planos que haviam sonhado para a minha vida, já estava claro que não haviam pensado na possibilidade de eu ser gay e trilhar esse caminho, assumindo todos os prós e contras desse destino. Eu estava sempre resolvido comigo mesmo, não sentia o fato de ser gay como um fardo, embora, por vezes, houvessem reveses e conflitos que uma sociedade preconceituosa impunha. Mas, no geral, dava para sentir que eu era feliz como me foi destinada a vida.
O Betão e eu não tínhamos grandes conflitos ou diferenças, resolvíamos relativamente rápido algumas questões polêmicas e seguíamos em frente, com nosso amor se fortalecendo a cada uma dessas intempéries. A primeira delas surgiu no ano em que entramos na faculdade, com meu primo Mario vindo morar em São Paulo onde tinha conseguido um emprego numa empresa de TI. Não que eu tivesse ficado balançado com a presença mais amiúde dele em nossa casa, principalmente nos primeiros tempos e finais de semana quando ainda se sentia deslocado na cidade grande. Minha mãe fazia questão de tê-lo conosco nos almoços de domingo, apesar de ainda se lembrar muito vivamente daquilo que ele e eu havíamos protagonizado na chácara dos meus avós durante o aniversário da minha avó e, que levou a uma cisão involuntária da família. Entre o Mario e eu a questão estava resolvida, cada um seguiu seu caminho e aqueles coitos maravilhosos e cheios de tesão e carinho haviam ficado no passado, e seriam uma recordação boa da juventude pelo restante dos nossos dias. Ele conheceu uma garota na faculdade e o namoro deles parecia ir de vento em popa, mesmo com a recente distância que essa paixão enfrentava. De qualquer maneira, aquele afeto e todo aquele tesão que ele e eu sentimos um pelo outro durante aqueles anos, não deixava de transparecer na forma como ainda nos tratávamos. Essa percepção foi motivo para a minha mãe proferir um sermão logo que o Mario chegou à cidade.
- Vamos receber o seu primo com todo o amor que sinto por ele. Ele virá nos visitar regularmente e será presença constante nessa casa a partir de agora. No entanto, vou te avisar apenas uma única vez, não quero ver vocês dois se agarrando pelos cantos, muito menos ter que presenciar uma cena pornográfica como aquela em que seu tio os flagrou naquele fatídico dia, está me entendendo, Bruno? – discursou ela, temerosa de que o Mario e eu voltássemos a transar. – Eu também já tive uma conversa em particular com ele, e o deixei muito bem avisado de que deve manter distância de você. – emendou ela, enquanto meu pai disfarçava uma risada que mal conseguia segurar. Acho que ele, tanto quanto eu, já esperávamos por aquele monte de recomendações que, se fosse de nossa vontade, não serviriam para nada.
- Não acredito que você foi aporrinhar o Mario com esse tipo de conversa, mãe! Ele vai pensar que você é doida! E, que eu sou uma puta vadia que não sei controlar meus instintos. Caramba, mãe! Nem sei como vou encará-lo depois disso! – devolvi irado.
- Olha essa boca suja, Bruno! Ele pode pensar o que quiser, mas o recado está dado, para vocês dois! Não vão aprontar outra confusão aqui dentro de casa, entendeu mocinho? – continuou ela.
- E fora de casa, a gente pode? – provoquei
- Bruno! Eu não estou brincando! Ou você toma jeito ou eu proíbo o Mario de vir aqui, o que vai magoar ainda mais a minha irmã. É isso que você quer, fomentar a discórdia na família com esse seu comportamento sem-vergonha? – advertiu ela.
- Sossega mãe! Você vê maldade em tudo, nunca vi coisa igual, credo! Até parece que eu sou um pervertido! – retruquei
- Um pouco de juízo não lhe faria mal! Veja essa história com o vizinho, Deus me livre só de pensar o que vocês dois estão aprontando. – enveredou ela, sabendo que eu gostava do Betão e ele de mim, pois não fazíamos segredo dessa paixão.
- Vai começar a implicar com o Betão também, mãe? Eu já me abri com vocês e falei que a gente se gosta, se gosta muito, se você quiser saber! Não estamos fazendo nada de errado, não estamos atropelando os acontecimentos, não estamos nos precipitando em nada, apenas deixando o amor que sentimos um pelo outro fluir livremente. Vai botar defeito nisso também? – questionei.
- É esse fluir livremente que me deixa com a pulga atrás da orelha! Vocês têm pouco juízo na cabeça e muitos hormônios circulando nas veias, e isso nunca dá em boa coisa! – proferiu ela.
- Pai, dá um jeito na mãe, pelo amor de Deus! Tudo é motivo para ela criticar. Até parece que vocês só começaram a transar depois de casados, uns santos até então! – exclamei, fazendo meu pai rir.
- Felipe, coloque freios nesse moleque! Era só o que me faltava, ter que dar explicações do nosso comportamento para esse fedelho que mal saiu dos cueiros! – exclamou ela zangada, querendo a anuência do marido.
- Já está na hora de vocês dois encerrarem esse bate-boca. Sua mãe deixou claro que exige que você e o Mario se comportem decentemente. Quanto a esse namorico com o vizinho, é bom que tudo continue tão discreto como está, para a própria segurança de vocês dois. – sentenciou meu pai, sempre sensato e ponderado e, principalmente, torcendo pela minha felicidade. Eu fui abraça-lo e o beijei.
- Eu sempre sou a malvada! Você sempre passa a mão na cabeça dele e é aí que reside o perigo, Felipe! – afirmou minha mãe. Quando fui abraça-la e beijá-la dizendo que a amava ela fez cara de zangada. – Não adianta querer me bajular, comporte-se que é isso que eu prefiro. – dei uma piscada para o meu pai e rimos das preocupações dela.
O Betão não precisou de muito tempo para sacar que entre o Mario e eu havia algo mais que uma simples fraternidade entre primos, mesmo que nos comportássemos apenas como primos muito chegados. Quando bateu o ciúme ele me mostrou um lado que eu desconhecia da personalidade dele, um autoritarismo ditatorial implacável. Foi um custo convencê-lo de que tudo o que rolou entre o Mario e eu havia ficado no passado, apesar de eu não ter omitido nenhum detalhe do nosso relacionamento.
- Também não precisa ser tão específico! Não estou a fim de ouvir esses detalhes sórdidos que aquele pilantra fez com você. – afirmou ele, quando lhe contei toda a história.
- Só estou contando tudo em pormenores para você ver que aquilo tudo é passado. Hoje o Mario e eu somos apenas primos como quaisquer outros. A gente se gosta, é claro, mas se gosta como irmãos, como primos mesmo, só isso. Não há a menor chance de voltar a rolar alguma coisa entre a gente de novo, esteja certo disso. Hoje eu amo você, é você quem eu quero, é você o meu homem. Não tem porque você ter ciúme de uma coisa que ficou lá para trás. – asseverei sincero.
- Que fique claro que continuo não gostando desse gabiru frequentando a sua casa e sendo tratado com todos os mimos pelos seus pais e, quem sabe por você também quando não estou de olho em você. – retrucou ele, enciumado.
- Sabe que você fica um tesão quando fica bravo desse jeito? Será que eu não consigo fazer você entender o quanto eu te amo e o quanto eu te quero? – perguntei, enfiando a mão dentro da calça e, rumando direto para o cacete dele, onde mesmo um sutil toque dos meus dedos tinha o poder de provocar uma ereção descomunal e instalar uma urgência primal naquele macho.
- Não me provoque! Você não me viu bravo, não sabe do que sou capaz! Trate de ficar bem longe desse seu primo tarado, entendeu? – devolveu ele, sem fazer o menor gesto para evitar que eu chegasse a afagar sua rola pesada e consistente dentro da cueca.
- Durão, insensível! Eu não quero ninguém além de você, seu bobinho ciumento! Se você soubesse a comichão que estou sentindo no cuzinho nesse instante, não ficaria aí perdendo tempo me recriminando por algo que nunca mais pretendo fazer com outro homem, que não você. – afirmei, massageando com as pontas dos dedos a glande que já começava a ficar melada.
- Já vou te mostrar o que é durão! Depois não reclame, meu tesudo! – devolveu ele, me lançando sobre o sofá da casa dele onde me possuiu até eu estar com o cuzinho todo esfolado e galado até a borda.
- Amo você, seu brutão! – sussurrei, ao cobri-lo de beijos apaixonados que ele recebia refestelado contra o encosto, enquanto suas mãos acariciavam minhas nádegas roliças. Um indisfarçável sorriso de satisfação dava um contorno sensual aos seus lábios que há pouco estavam colados nos meus enquanto ele me estocava a vara rija nas entranhas.
- Você é o que eu tenho de mais precioso, tesudinho! – ronronou ele.
O ciúme continuava ali, mas ele o administrava civilizadamente. A certeza do meu amor estava em cada gesto, em cada beijo, em cada coito que o satisfazia como nunca havia imaginado ser satisfeito por outra pessoa. Também não havia motivo para esse ciúme, eu não tinha olhos para ninguém além dele. Mesmo seus defeitos eu procurava sublimar, fingir não me deixar incomodar por eles, superá-los da melhor forma possível, focando apenas naquele sentimento puro e verdadeiro que tinha por ele.
Surgiu, porém, depois de mais de um ano que rolava aquela espécie de namoro, um conflito de maior proporção. Esse tempo todo juntos, me fez perceber que o Betão era pouco ambicioso, ao contrário de mim. Não que eu fosse obcecado pela ambição a qualquer preço, mas eu sonhava com um futuro melhor do que aquele em que havia sido criado. Embora nunca tivesse me faltado nada, eu queria ir além, queria progredir na vida tanto financeira quanto socialmente, e isso não era nem cogitado pelo Betão. Para ele, aquela vidinha classe média e aqueles amigos de infância com os quais havia passado os anos jogando futebol society numa quadra próximo de casa eram suficientes. Toda vez que eu o instigava a procurar novas amizades, que pudessem abrir novos horizontes no futuro dele, ele desdenhava e ignorava meus apelos. Na faculdade, através de uma amiga, Rita, passei a conhecer uma galera que não tinha as mesmas contingências financeiras dos meus pais. Tudo começou quando a Rita me convidou para o aniversário de um carinha com o qual ela estava saindo, Maurício. Ele havia organizado uma festinha no tríplex de cobertura onde morava num bairro abastado da cidade. Particularmente, não simpatizei com o sujeito, um cara arrogante de nariz empinado e sem nenhum atrativo que não o da conta bancária da família. Mesmo assim, tentei me entrosar com a galera da festa, amigos dele e até alguns parentes cuja idade competia com a nossa. A Rita suspeitava que o Betão e eu tínhamos um caso, e acabou estendendo o convite a ele, mesmo eu nunca tendo revelado a minha condição sexual.
O Betão me acompanhou depois de muita insistência e, mesmo assim, foi relutante e de cara amarrada. Começou a reclamar depois de meia hora de chegados à festa. Com cara de poucos amigos, cumprimentava as pessoas sem nenhuma empatia. Virou um mala que ficava pelos cantos demonstrando o quanto estava enfadado com aquele lugar e aquelas pessoas.
- Seu amigo não é de muito papo, não é? Ele me pareceu mais descolado nas vezes em que o vi te buscando na saída da faculdade. – observou a Rita
- Ele anda meio preocupado com umas questões no curso dele e, me disse que estava com uma puta dor de cabeça que ele acha ser o começo de uma gripe. – menti, para não fazerem mal juízo dele.
- Coitado! É um saco quando começam os sintomas de uma gripe. – anuiu ela, sem engolir a mentira que eu havia inventado.
A maior parte da galera da festa ou participava do karaokê ou da brincadeira verdade/consequência em dois grandes grupos instalados nos extremos da piscina da cobertura. Eu havia me juntado ao grupo da verdade/consequência não por vontade própria, mas induzido pelo namorado da Rita que já devia ter compartilhado com ele a desconfiança de que eu era gay. O Betão ficou puto quando me viu aceitando a brincadeira, me chamou de lado e quis me obrigar a deixar a festa.
- Isso aqui está uma merda, não sei como você aguenta ficar no meio dessas pessoas escrotas. Vamos embora agora! – determinou.
- Só mais um pouquinho, vai? Se você conversasse com alguém talvez ia perceber que não é tão ruim assim conhecer algo diferente daquela sua turma do futebol. – retruquei
- Não estou a fim de conhecer ou falar com nenhum desses babacas metidos a besta. Vamos embora!
- Custa você dar um tempinho? Vem participar comigo do verdade/consequência, depois a gente vai para casa. – pedi fazendo dengo, o que significava que depois ele teria um crédito comigo para me enrabar.
- Vamos embora agora, Bruno! Essa é a última vez que eu te intimo! – ordenou
- Pois eu não vou! Vá você se quiser! Eu vou ficar mais um tempinho me divertindo, ao invés de ficar aguentando seu mau humor. – devolvi resoluto
- Você é quem sabe! Depois trate de voltar sozinho para casa, que eu estou indo! – exclamou ele, me deixando falando sozinho.
- Eu te dou uma carona, não se preocupe, eu te levo para casa mais tarde. – a voz que veio do carinha que estava atrás dos ombros do Betão era firme e decidida e, ele parecia ter ouvido boa parte da nossa discussão.
- Quem é esse sujeito, Bruno? Que porra é essa de dar carona? Ele não precisa da sua ajuda, ele está comigo e vai embora comigo! – eu já previa uma briga entre os dois, do jeito que o Betão havia se comportado a noite toda era o que faltava para ele descarregar a raiva sob a forma de socos na cara daquele sujeito ousado.
- Eu, eu, eu não sei...juro! – balbuciei, temendo que virássemos o centro das atenções quando a briga irrompesse.
- Lucas! Sou primo do anfitrião, prazer! – exclamou o carinha boa pinta que se postou diante de mim dando as costas para o Betão. – Não esquenta que sua carona está garantida! – emendou ao me cumprimentar.
- Vamos, Bruno! – não permiti que o Betão agarrasse meu braço e me conduzisse para fora como se eu fosse um garotinho levando uma carraspana do pai.
- Eu não vou, Betão! – respondi
- Então foda-se! Nem precisa aparecer lá em casa amanhã pedindo desculpas. A escolha foi sua! – revidou furioso, deixando a festa.
Embora não estivesse me sentindo confortável na presença do Lucas, ele tentou amenizar a situação e me fazer descontrair. Vi que se esforçava para ser um carinha legal, e acabei entrando na dele.
A brincadeira era mesmo para ver se eu ia confessar que era gay. O namorado da Rita fez de tudo para ouvir as palavras saindo da minha boca com o objetivo de me constranger diante de todos aqueles desconhecidos. Driblei as perguntas que me fizeram sem responder a verdade, depois de algum tempo, se convenceram de que daquele mato não saia coelho. Estava quase amanhecendo quando o Lucas me levou para casa em seu Audi RS e-tron GT cinza, desfilando sem nenhuma pressa pelo caminho traçado pelo GPS. Ele estava querendo me impressionar, e conseguiu. A vasta cabeleira negra com ondulações que emolduravam seu rosto másculo, o jeans ligeiramente ajustado às suas coxas grossas e, a camiseta que aderia feito uma segunda pele sobre seu tronco musculoso se encarregavam de fazer o restante. Havia algo por detrás do sorriso constante dele, algo enigmático que me atraia feito um imã. Ele já sabia que eu era gay e estava a fim de descobrir todo o potencial que meu corpo sensual e minha bunda carnuda podiam oferecer para a pica dele.
- Dentro de duas semanas vou reunir uma galera na casa de praia dos meus pais na praia do Pontal na ilha do Araújo em Paraty e gostaria que você fosse com a gente. Venho te buscar na sexta-feira à tarde, combinado? – aquele par de olhos verdes não me permitiram recusar o convite, mesmo sabendo que talvez houvesse um pagamento por essa generosidade toda.
- Posso te dar a resposta dentro de alguns dias? – eu não queria que ele pensasse que eu estava doido para ser admitido naquela galera, nem que aquele olhar estava me fazendo questionar uma porção de coisas.
- Claro! Vou deixar meu celular, a gente vai se falando.
- Valeu! Obrigado pela carona! – exclamei, antes de descer do carro.
- Eu é que vou adorar a sua presença! Prometo não ser tão mala quanto seu namorado! Acho que você merece ser tratado de uma maneira bem menos agressiva. – sentenciou ele.
- Ele não é meu ... ! O Betão é um amigo, apenas um amigo! – devolvi. Não era hora de ele ter certeza que eu era gay, não naquele momento, não naquelas circunstâncias. E, ademais, eu estava puto com o Betão por ele ter me abandonado na festa daquele jeito grosseiro.
- Melhor ainda! Fico contente de saber que aquele cara é só um amigo! – havia verdade nas palavras dele, elas não escondiam o que ele pretendia de mim, mas eu não estava pronto para encarar o que eles carregavam.
O Lucas esboçou a intenção de me dar um beijo antes de eu descer do carro, mas acabei me esquivando a tempo. Eu não ia trair o Betão só por causa daquela briga, por mais bravo que eu estivesse com ele.
O Betão cumpriu a promessa de não aceitar minhas desculpas, como havia declarado. Nem atendeu minhas ligações e mensagens, nem estava em casa quando fui procurar por ele. Tinha saído com aqueles amigos do futebol sabe-se lá para onde, só para me dar a desforra. Era tarde da noite do domingo quando o vi chegando, pois havia ficado de tocaia esperando pelo regresso dele.
- Custava ter atendido minhas ligações ou respondido minhas mensagens? Fiquei te esperando o dia todo! – afirmei quando fui ter com ele no portão da casa dele.
- Esperando para que? Não foi se divertir com seus novos amigos? Ou, com o tal sujeitinho da carona? Por que não foi dar o cu para ele, em vez de ficar me ligando? – devolveu irado
- Credo, Betão! Do jeito que você fala até parece que eu trepo com o primeiro que aparece. Você sabe que eu te amo, jamais ia fazer uma coisa dessas! Só por que eu queria me divertir um pouco mais com aquela galera, não significa que não gosto mais de você! Seja mais compreensivo!
- Você foi compreensivo quando eu disse que não estava a fim de ir naquela porra de festa cheia de babacas? Foi compreensivo quando pedi para virmos embora? Foi compreensivo quando aquele filho da puta deu em cima de você debaixo das minhas fuças? Ora, Bruno, vá a merda! Eu não sou um boneco, um paspalho com quem você faz o que quiser. – a raiva dele só crescia à medida que despejava tudo que estava entalado na garganta dele.
- Não dá para conversar com você desse jeito! Você é turrão e não aceita nada se isso não estiver de acordo com a sua vontade. Você estava me humilhando na frente daquela gente falando aquelas grosserias para mim e tentando me arrastar à força para fora dali. – afirmei.
- O negócio é o seguinte, o que foi que eu te disse ontem? Que não adiantava vir pedir desculpas, e você está aqui querendo justificar o injustificável! Eu enchi, se quer saber! Quer se meter com aqueles grã-finos do caralho, vai! Mas, não conte comigo! Vá se foder sozinho! – berrou
- Isso é jeito de falar? Eu não mereço isso, você bem sabe. Não fiz nada de errado para você me tratar dessa maneira! – respondi exaltado
- Quer saber do que mais, dá um tempo, eu estou cheio disso tudo!
- O que você quer dizer com isso, Betão? Pelo amor de Deus, de onde vem tanta raiva?
- O que você ouviu! Para mim deu, vamos dar um tempo! Vá fazer o que bem quiser que eu vou seguir em frente do jeito que me convém. – ele não podia ser tão duro, senti um nó sufocando minha garganta. Eu o amava mais que tudo e não queria perder tudo o que havia entre nós por conta de uma bobagem.
- Não diga uma coisa dessas, por favor! Eu te amo! Não quero ficar longe de você nem por um dia. – implorei
- Pensasse nisso antes! Minha decisão está tomada! Ah, e a partir de manhã, trate de ir para faculdade sem contar comigo. Não quero te ver tão cedo. Portanto, não me procure. Quero um tempo e espero que ao menos isso você saiba respeitar! – acrescentou numa insensibilidade chocante.
- Se é isso que você quer! Não vou te incomodar mais. – mal terminei a frase e o choro veio, o que me fez voltar correndo para casa, pois o gosto de me ver aos prantos eu não ia dar a ele.
Fiquei arrasado. Eu tinha desaprendido a viver sem o Betão ao meu lado. Aquele enorme vazio em meu peito doía mais que tudo. Nos primeiros dias tentei me convencer de que ele voltaria assim que sentisse a falta das minhas carícias, do aconchego do meu cuzinho agasalhando sua rola sempre carente e necessitada. Mas, ele não deu sinal de vida. Minha tristeza estava estampada no rosto e foi logo notada por quem convivia comigo. Não abri o jogo com ninguém, nem em casa, pois tinha a certeza de que era uma crise passageira e, que logo o Betão estaria nos meus braços pedindo cafuné. Não foi o que aconteceu.
Eu ia desistir da viagem para Paraty, não tinha ânimo para me divertir com pessoas que mal conhecia. Poucas horas depois de ter comunicado minha decisão para o Lucas, ele apareceu em casa, veio reforçar o convite pessoalmente sem me dar a chance de recusar.
- Aposto que essa tristeza no seu rosto é culpa daquele seu namorado! – afirmou ele, matando a charada.
- Ele não é meuTá, não é seu namorado, é seu amigo, pouco importa! O que importa é que eu estou aqui e vou colocar um sorriso nesse seu rosto tesudo custe o que custar. – ele já não se preocupava em medir as palavras, estava escancarando seu desejo.
Tomar decisões quando se está com raiva de alguém nunca é uma boa pedida. O viés da minha briga com o Betão só fazia o Lucas parecer ainda mais atraente. Segui com ele para Paraty conforme o combinado, fomos os primeiros a chegar na casa espetacular que se debruçava na encosta da ilha e, cujos jardins chegavam até a praia onde um píer de madeira avançava mar adentro e também servia de atracadouro bem como de um deque onde se podia tomar sol.
Logo que chegamos o Lucas colocou uma sunga e me chamou para um mergulho, a tarde estava quente, o ar estagnado e a água em tons de verde e azul era um convite sem igual. Os olhos cobiçosos dele cresceram em cima da minha bunda assim que me aproximei dele numa sunga que deixava mais da metade das minhas nádegas protuberantes expostas. O jeito que ele me olhou me fez compreender que, pelo restante do final de semana, eu não voltaria e vestir uma sunga, tomaria meus banhos de mar numa bermuda que cobrisse minha bunda que sempre foi alvo de olhares e comentários libidinosos. Por ora eu continuaria com a sunga, ia dar muito na cara se fosse trocá-la agora. Mergulhamos ao redor do píer onde peixes multicoloridos rondavam as pilastras de concreto cravadas no fundo do mar e, onde cresciam algas das quais eles se alimentavam. Apesar da profundidade, dava para ver a areia de fundo, tão transparente era a água. Duas tartarugas curiosas se aproximaram de nós antes de eu emergir. Ele emergiu a pouca distância de mim, podendo me alcançar com os braços esticados. Um sorriso, o rosto dele se aproximando do meu, as duas mãos dele me puxando pela cintura, o raio dourado do sol vespertino fazendo as ondulações entre nós cintilarem e as nossas bocas começaram a se encontrar num longo e devasso beijo, onde parecia que ele ia me foder com a língua, tão ávida e profundamente ele a meteu na minha boca. Não sei o que me levou a não resistir. Só consegui pensar na falta que o Betão estava me fazendo naquele instante, e me entreguei aos braços que me envolviam e me mantinham junto daquele tronco sedutor. Saímos da água e nos deitamos sobre o ripado morno do deque, um quarto de hora depois eu gemia debaixo dele levando a rola dele no cu numa luxuria sem tamanho. O sol havia se posto no horizonte quando me levantei com o cuzinho quase transbordando da porra do Lucas e puxei a sunga para cima, seguimos na direção da casa para tomar uma ducha antes que o restante da galera chegasse.
O pessoal foi chegando aos poucos, umas quinze pessoas no total estavam ao redor da mesa do jantar. O bate-papo entrou noite adentro e, ao me recolher, nem consegui vestir a bermuda do pijama; o Lucas, de pau duro, me enrabou antes que a pudesse vestir. Gemi com ele socando a verga no meu rabo antes de conciliar o sono, e acordei com a umidade máscula dele formigando no fundo do cuzinho. Ela serviu de lubrificante para o coito que aconteceu assim que ele acordou todo priápico, ainda esfregando os olhos sonolentos, metendo o cacete na minha bunda antes que conseguisse pronunciar um – bom dia! Passei o restante do dia sentindo um remorso como nunca havia sentido antes, senti que havia traído o Betão de alguma forma, apesar de ele ter me dispensado, algo com o que eu ainda não havia me conformado.
Pouco depois de o Lucas me deixar em casa, após aquele final de semana agitado em Paraty, fui procurar o Betão novamente. Ele só me atendeu por insistência da mãe dele que, sem compreender o que poderia ter havido entre nós, estava visivelmente do meu lado nessa questão, por gostar muito de mim.
- Oi! Senti sua falta. – afirmei desajeitado e tímido. Era verdade, os dias na casa de praia teriam sido muito melhores se ele estivesse lá comigo.
- Por que? O riquinho não deu conta de comer o seu cu. – devolveu ele
- Não vamos brigar, Betão, por favor! Eu te amo e fica faltando tudo quando você não está perto de mim. – retruquei conciliatório.
- Eu deixei bem claro que era para você não me procurar mais. Não estou interessado no que você fez ou deixou de fazer, para quem deu ou não deu o rabo, isso é problema seu. – ele nunca havia me tratado assim antes.
- Você é um grosso, um cafajeste, para ficar me dizendo essas coisas absurdas. Você sabe que não sou esse tipo de cara vulgar. Além de não merecer ouvir esses insultos gratuitos depois de tudo que rolou entre a gente. – respondi, perdendo a paciência
- Vai negar que o cara te enrabou? Você viajou com ele para dar o cu e quer me convencer que está só ampliando seu rol de amizades. Vá se foder, Bruno! Para cima de mim não!
- Não vou insistir mais! Fiz o que achava ser o certo, vir me reconciliar com você em nome de todo amor que tenho por você. Mas, agora deu, vá se foder você, seu cabeça dura! Fique com suas convicções é vá a merda! Não sou seu saco de pancadas. – revidei furioso.
- Ok, beleza! É só me deixar em paz que está tudo bem! – ouvi-o dizer quando me afastava. Chorei feito uma criança desamparada, estava mesmo tudo acabado.
O Lucas se fazia cada vez mais presente, me levando para uma porção de lugares bacanas que eu desconhecia, ocupando todos os meus finais de semana com alguma programação agitada, me levando para a casa de praia da família dele sem que ninguém mais estivesse lá, só para ficar me namorando livremente. Eu estava começando a gostar dele, não se comparava ao amor intenso que eu sentia pelo Betão, mas era um alívio me sentir desejado por um cara como ele, que podia ter as garotas e os carinhas que bem quisesse com a grana que ele tinha. Apesar de tudo aquilo ser um mundo novo para mim, não era a grana dele, o luxo dos lugares onde ele me levava que faziam a minha cabeça, era apenas o fato de eu estar vivenciando isso na companhia de alguém legal e, sem mencionar que ele era bonitão.
A primeira vez que voltamos à casa de praia sozinhos fazia uma noite estrelada e bastante quente. Ele arrumou um vinho branco gelado, umas taças, frutas e mantas sobre o deque do píer para que pudéssemos apreciar o céu e sentir a brisa refrescante que vinha do mar azul prateado iluminado por uma lua cheia. Gostei do romantismo dele, pois não me parecia que ele era adepto dessas coisas aparentemente superficiais. Ele parecia mais um cara movido pela razão, por fatos concretos e decisões frias e calculistas. Antes da garrafa de vinho chegar ao fim, ele tirou minha bermuda e veio feito um touro ensandecido para cima da minha bunda. Deitado de costas sobre a manta fofa, ele me abriu as pernas e se encaixou no meio delas, me beijou como se quisesse me devorar, chupou e mordeu meus mamilos até deixar marcas de seus dentes circundando os peitinhos inchados e, meteu a pica no meu cuzinho de uma só vez, me fazendo ganir e me agarrar aos seus ombros espadaúdos. Ele me fodeu sem dó nem piedade, socando o cacete fundo no meu cu, o que gerava dores lancinantes. Acariciei-o o mais que pude na tentativa de fazer com que toda aquela fogosidade arrefecesse um pouco, mas meu empenho parecia ser insuficiente para isso. Enquanto olhava para o céu estrelado e aquela lua tão cintilante, só pensava no Betão, era ele quem eu queria que estivesse preenchendo minhas entranhas, era ele quem eu queria estar afagando, pois por mais tesão que as preliminares com o Lucas me fizessem sentir, faltava aquela eletricidade na pele que percorria todo meu corpo e soltava pequenos choques quando a pele do Betão roçava na minha. Naquela noite à beira mar, compreendi que nenhum outro homem me faria sentir uma felicidade tão plena quanto aquela que o Betão inculcava no meu coração e no meu rabo com sua verga colossal.
Meses foram passando, eu havia tentado a reconciliação com o Betão mais algumas vezes, por pura teimosia, e ganhava sempre a mesma resposta – que o deixasse em paz e fosse dar o cu para caras que pudessem me dar o que ele não podia. Como se eu quisesse outra coisa que não apenas o amor dele.
Por outro lado, o Lucas estava sempre ali, me fazendo mimos, me presenteando com presentes caros e se mostrando o cara perfeito, o namorado dos sonhos de qualquer gay. O primeiro desses presentes foi um Jaeger LeCoultre Master com calendário lunar que beirou os cinquenta mil Reais na joalheria sofisticada na qual também estavam presentes a Rita e o namorado no dia em que ele resolveu me dar esse mimo, como ele mesmo o definiu. Não só achei estranho como tremendamente descabido um presente desse vulto para uma relação que ainda engatinhava apesar do ano e meio de duração. E, mais esquisito ainda, essa saída conjunta com a Rita e o Mauricio, que também gastou os tubos com uma pulseira que deu a ela. Lembro-me da euforia e ansiedade da vendedora que nos atendeu, pensando na polpuda comissão que receberia. Assim como, depois de mais de duas horas nos dedicando sua atenção, ter se perdido ligeiramente com as inúmeras gavetas de madeira forradas de veludo onde trazia as luxuosas e caríssimas peças que nos apresentava.
- Não posso aceitar um presente desses, Lucas! Não tem cabimento você gastar uma fortuna dessas comigo, nem sei onde usar um relógio tão sofisticado. – argumentei
- Quero te mostrar o quanto gosto de você, o quanto você me faz feliz! Não seja um estraga prazeres, escolha o que mais te agrada e não falemos mais nisso, OK? – devolveu ele, meio impositivo.
- É que me sinto desconfortável com essa situação. Tente me entender. – retruquei
- Bobagem! Se você não escolher, escolho eu! Não vamos discutir isso aqui, não é, na frente de uma vendedora! – era um ultimato, minha única opção era concordar, ou certamente teríamos uma discussão.
Enquanto isso, a Rita não se cansava de pedir mais e mais modelos de pulseiras para a pobre infeliz que corria do cofre da joalheria à mesa em que nos atendia feito uma escrava do luxo alheio. Acabou por se decidir por uma que custou mais de trezentos mil Reais e, após um beijo devasso na boca do Mauricio diante da atendente constrangida, mas nas nuvens pela comissão, ela sussurrou sem muita discrição no ouvido dele que já estava com a bucetinha molhada, só pensando na hora de lhe devolver o agrado.
Não sei o que me fez pensar naquela saída esquisita por quase uma semana, as cenas se repetiam na minha mente e, apesar de ter achado tudo aquilo muito estranho, eu não encontrava uma resposta adequada para esses presentes tão caros. Ao contrário da Rita que, além de feliz da vida, me pareceu já ter passado por situações semelhantes num passado não muito distante, pois também ela não estava com o Mauricio a mais do que uns dois, talvez três anos.
A coisa não se restringiu ao relógio. Poucos meses depois, no meu aniversário, o Lucas me deu um Jeep Renegade S Turboflex At9 novinho em folha, me deixando de queixo caído e ainda mais desconfiado desses presentes sem sentido. Voltei a questioná-lo, e recebi novamente como resposta algo que me pareceu outra imposição contra a qual eu não deveria argumentar.
- Não quero que você faça isso, Lucas! Eu não vou aceitar esse carro! – exclamei quando ele colocou as chaves na minha mão.
- Amor, é só um presente! Não me custa nada te cobrir com o que há de melhor, eu te amo e quero que você saiba disso. – sentenciou ele, quando me apertou contra o tronco maçudo e me fez sentir a força de suas mãos me esmagando de forma nada carinhosa, mas obstinada e dominante. – Você vai aceitar esse carro e não vai ficar enchendo meus ouvidos com seus mimimis, entendeu? – emendou num tom ditatorial. Em vez de ficar feliz com o presente, fiquei assustado. Pela primeira vez tive a sensação de que ainda pagaria caro por esses tais mimos.
Até meus pais se revoltaram quando me viram chegando em casa com o carro. Mandaram que eu o devolvesse e até chamaram o Lucas para uma conversa, pedindo que ele levasse o carro, pois eu não ia aceitar o presente por determinação deles. Depois de alguma conversa, ele os acabou convencendo a me deixar com o carro. Se havia algo que o Lucas sabia fazer muito bem, era levar as pessoas no bico, seus argumentos dificilmente eram ignorados e acabavam sendo aceitos, mesmo pelas pessoas mais relutantes.
- Por que meteu seus pais nessa história? Se eu, como seu namorado, estou te dando um presente, você não tem que ficar pondo essa minha decisão em jogo, entendeu? Não faça mais isso!
Quem é esse sujeito, perguntei-me pela primeira vez. Ele estava tomando conta da minha vida, dizendo o que eu podia ou não podia fazer com ela. Por mais rico e poderoso que pudesse ser, ele não tinha esse direito. Nossa relação não me parecia tão firme e consistente a ponto de resultar numa união mais perene, mas eu já me sentia encurralado e sufocado dentro dela. Ademais, ainda não estava bem claro de onde vinha a fortuna da família dele, bem como da maioria daquela galera de jovens que gastava a rodo, como se dinheiro fosse como água que brota de uma nascente. Os pais dele eu vi uma única vez, de passagem, quando passamos um feriadão na casa de Paraty, pois sempre estavam viajando e passavam a quase o ano todo no exterior. Que o Lucas era um jovem solitário e jamais tinha sido a prioridade dos pais ficou evidente já nos primeiros meses do nosso relacionamento. Acho até, que foi por isso que comecei a gostar dele e tentar lhe dar um carinho que nunca recebeu dos familiares. Ia ficando claro que era isso que nos unia, mais do que um amor verdadeiro propriamente dito.
Nesse interim, descobri que o Betão estava saindo com um carinha que eu havia conhecido numa ocasião em que ainda namorávamos e esse carinha estava dando em cima de um daqueles amigos do Betão com os quais jogava futebol society. Na época, esse amigo chegou a dar umas enrabadas no carinha, o que o fez virar um grude, mesmo sabendo que o amigo do Betão estava interessado numa garota da faculdade. Confesso que fiquei puto com o Betão, por ciúme, é claro. Me trocar por um viadinho biscateiro era duro de aceitar, ainda mais que eu sempre fui discreto e apaixonado por ele. Eu não conseguia enxergar que tipo de relação podia haver entre eles, sendo tão diferentes um do outro e, muito menos, o que levou o Betão a trazer esse sujeito para sua vida.
- O que você pretende me esfregando na cara esse seu namoro com esse sujeitinho? Se acha que vou sentir ciúmes, pode tirar o cavalinho da chuva! – respondi, quando ele fez questão de me dizer que estava saindo com o carinha.
- Longe disso! Só quis te mostrar que a carruagem andou, que estou em outra! Você não está feliz com o seu mauricinho abonado que está te enchendo de presentes, pois bem, eu estou com quem me satisfaz! – retrucou ele.
- Ele te satisfaz? É sério isso? Bela piada! Quem sempre te satisfez fui eu! Você pode mentir o quanto quiser, até para si mesmo, mas não convence. O que nós sentimos um pelo outro é único, nunca vai haver nada parecido, e você sabe disso tanto quanto eu. – revidei sincero e despeitado.
- Se é assim, por que você foi se meter com aquele babaca cheio da grana?
- Por que você é um cabeça-dura! E, por que me mandou à merda terminando com o nosso namoro sem querer ouvir o meu lado. Foi por isso! – respondi.
- Claro! O vilão tenho que ser eu. Você é o inocente da história, a vítima! O seu querer é sempre uma ordem. Foi por isso que mandei você se catar! – exclamou ele, ainda na defensiva, ainda achando que era o único a ter razão.
- Não, você mandou eu me foder! Foram essas as tuas palavras, rudes, brutas e grosseiras, para quem só fez te amar desde o primeiro dia que te conheceu. – respondi exaltado. – Mas é inútil perder tempo com você, nada mudou depois de meses do tempo que você me pediu, sua cabeça dura continua a mesma.
Última semana de férias de julho do último ano da faculdade e a galera do Lucas resolveu passar uns dias numa fazenda de um deles no interior paulista. Era mais uma daquelas propriedades suntuosas, de cair o queixo, onde reinava uma mordomia sem tamanho. Eu já não conseguia mais me divertir com aquela turma, me sentia enfastiado cada vez que surgia um desses programas e não conseguia me esquivar deles.
- Novamente essa cara amarrada! O que está acontecendo com você? Toda vez é essa mesma ladainha. Porra, Bruno, isso cansa! – disse o Lucas a caminho da tal fazenda.
- Eu queria um tempo só com você! Nunca estamos sozinhos, sempre tem esse monte de gente que mal conheço a nossa volta. É cansativo ficar sorrindo e fazendo gracinhas quando não se está confortável com a situação, procure me entender. – revidei
- Então trate de conhecê-los! Vá se entrosando! Não fique feito um bicho do mato se escondendo de tudo e de todos. – retrucou ele
- Não estou me escondendo! Também não estou a fim de ficar o tempo todo com essa galera! Quero ficar com você, que é meu namorado e de quem eu gosto. Isso é pedir demais?
- Passamos a noite toda juntos, como seu cuzinho toda vez que sentimos tesão, o que mais você quer?
- Quero você, quero sua atenção, quero te cobrir de afagos sem ter uma plateia inteira feito um circo ao nosso redor. – afirmei
- É meio piegas, não acha? Estamos num mundo real, não num filme meloso de romantismo barato. Você não enxerga isso? – questionou ele, com aquela falta de sentimentos que ia se tornando cada vez mais evidente.
Eu contava os dias, eles pareciam intermináveis com aquele pessoal que já não me atraia mais. Me sentia enfastiado com tudo, nem a beleza do lugar conseguia melhorar meu ânimo. Estava sendo uma semana longa e tediosa, e eu jurava para mim mesmo que não aceitaria mais nenhum convite que envolvesse todo esse pessoal conosco.
- Preciso levar um papo com você. – disse o Lucas, numa noite após o jantar, me tirando da rodinha onde um carinha tocava violão enquanto uma garota de voz afinada cantava umas canções ecléticas ao redor de uma fogueira armada próximo as varandas que cercavam a casa sede da fazenda.
- O que foi, aconteceu alguma coisa? – perguntei, pois o Lucas estava com uma cara séria como há tempos eu não via.
- Meio que aconteceu! E preciso que você me ajude!
- Então diga de uma vez, o que precisa que eu faça?
- Vou direto ao ponto, porque não tem como falar isso dando voltas. Preciso que você se deite com o Mauricio! Perdi uma aposta que fizemos, e esse é o jeito de saldar a minha dívida com ele. – eu mal podia acreditar naquelas palavras pronunciadas com uma frieza desconcertante.
- Como é que é? Você fez uma aposta onde eu tenho que me deitar com aquele pulha desgraçado? Você sabe que nunca fui com a cara dele, que eu o detesto. Como pode me propor uma imundice dessas, Lucas? E o que a gente sente um pelo outro, onde fica? Você quer que eu me deixe enrabar por um canalha feito aquele? Não dá para acreditar! Juro, não dá! – eu estava atônito, furioso e desolado.
- Desculpe! Foi uma aposta, eu perdi, e ele quer seu cu como pagamento. – revidou ele
- E você aceitou! Que tipo de cara é você, Lucas? Um corno? Um cara que não sente nada por mim, e que tolera que outro homem me foda? Santo Deus, eu não te conheço! Nunca ouvi nada tão bizarro e indecente. – exclamei incrédulo – E a Rita, ela é namorada do desgraçado, ela está sabendo dessa aposta, o que ela vai achar disso tudo? Vocês já pensaram nela?
- Isso é entre eles, não tenho nada a ver como vão se entender. Ele que se resolva com ela. Eu preciso resolver a questão é com você.
- Pois eu não posso te ajudar! Não com um absurdo desses! Eu estou fora, Lucas! Fora! E quero voltar para São Paulo hoje mesmo. Para mim já deu, aturei tudo o que estava ao meu alcance. Agora chega! – despejei irritado.
- Não precisa ficar tendo chilique! Pronto, já entendi que você não topa. Vou dar outro jeito de resolver a situação, sem a sua ajuda. Só trate de se acalmar e não fazer disso um melodrama mexicano. – devolveu ele
- Vamos embora Lucas! Não quero ficar aqui nem mais um minuto, vamos para casa. – pedi, ainda atordoado com aquele descalabro.
- Está muito tarde para pegar a estrada, trate de se acalmar e amanhã a gente decide. Agora vou levar um papo com o Mauricio e você trate de ficar na sua.
A primeira coisa que fiz, foi procurar pela Rita. Achei que ela precisava saber que tipo de canalha era o namorado dela, achava que devia isso a ela, em nome da nossa amizade.
- Esses caras são assim, não vão mudar, eles têm seus próprios conceitos de moral. Vá se acostumando! Em vez de questioná-los, aproveite o que eles têm a te oferecer. Onde você ia viver cercado desse luxo e mordomia todos, de ganhar os presentes que eles estão dispostos a te dar em troca de algumas fodas. Pense bem, acaba saindo barato! – me respondeu ela quando lhe contei sobre o absurdo da aposta.
- Não acredito que você não se importa de aceitar uma imundice dessas! – exclamei estupefato com a falta de caráter dela.
- Esses caras são todos uns galinhas, é o jeito deles, usam o dinheiro que tem para conseguir tudo o que querem. Temos que ser tão espertos quanto e aproveitar o que eles nos dão. – sentenciou ela. – Eu já havia notado o tesão que o Mauricio sente por essa sua bundona, deixe ele tirar uma casquinha, afinal você não vai perder nenhum pedaço dela. – acrescentou a depravada.
- Eu tenho nojo do Mauricio, você consegue entender isso? Só de pensar nesse cara me tocando eu tenho ânsias. Não consigo nem imaginar ele dentro de mim, acho que prefiro morrer. – devolvi convicto
- Bruno, você é um cara super legal; mas cara, você é gay e tem um puta de um tesão de homem querendo teu rabo, vá se divertir, e não seja um moralista de séculos passados. – afirmou ela.
Não sei e nem me interessei em saber como o Lucas resolveu a questão com o Mauricio. Só sei que ele ficou zangado comigo, enquanto o Mauricio me lançou olhares ainda mais revoltados e desprezíveis do que já vinha fazendo desde que fomos apresentados. Por um tempo o Lucas deixou de fazer programas com aquela galera, como se estivesse se redimindo da proposta que havia me feito. Eu já não sentia mais o mesmo que antes por ele, até começava a me questionar se realmente algum dia senti algo por ele, ou se foi apenas um deslumbramento passageiro pela vida opulenta que ele levava.
Então veio a formatura na faculdade e como comemoração, uma viagem para Paris. Seriam quinze dias curtindo a cidade e seus arredores e meu fascínio renasceu das cinzas por essa oportunidade glamorosa. Obviamente tive que aceitar no pacote a presença da galera de amigos dele, uma trempa de mais oito pessoas, inclusive a Rita e o Mauricio, outra entojada a Laura e o namorado Armando, mais o Leandro e o Tadeu, a Luciana e a Débora, cujo pai latifundiário no Mato Grosso do Sul tinha enricado desde que entrou para a política, sido senador pelo Estado e agora ligado diretamente ao Ministério da Fazenda num cargo escuso, mas aparentemente muito rentável para sua conta bancária. Eu estava decidido a não deixar que a presença deles me tirasse o prazer daquela viagem, e concordei com o pacote todo. Viagem na classe executiva para todos, suítes com vista para a Torre Eiffel num hotel cinco estrelas e gastos e mais gastos com roupas em butiques da cidade se entremeavam a passeios de barco pelo Sena e jantares em restaurantes sofisticados, além de outras atrações, voltaram a me fazer questionar a origem de toda aquela grana, com a qual a minha família passaria folgadamente por um ano de despesas conjuntas. Era uma riqueza ostentada, o que me levou a pensar que ricos verdadeiramente ricos, não tinham esse tipo de comportamento, mesmo eu nunca tendo convivido com ricos desse naipe. Mas, era o que me dizia o bom senso, era o que parecia verdadeiro.
O que havia por detrás daqueles gastos estapafúrdios ficou claro quando estávamos voltando para casa após 15 dias de muita zoação. O Lucas havia me comprado tantas coisas que precisei adquirir uma mochila grande, além da minha mala, para trazer tudo de volta. Na noite da véspera da nossa partida, ele fodeu tanto o meu cuzinho que o deixou em petição de miséria, estourando uma porção das minhas preguinhas anais que continuaram sangrando quando me vesti para a viagem. Ele, de uns tempos para cá, vinha fazendo um sexo selvagem comigo, como se estivesse me cobrando por tudo que me dava e fazia. Por sorte não era um cara dotado como o Betão. O cacete dele era bem normalzinho, com uma glande afilada que se juntava ao restante do cacete ligeiramente curvo para cima sem formar uma saliência que a destacasse; porém, a selvageria no coito acabava me machucando, e minhas reclamações eram completamente ignoradas.
- Para com isso Lucas, por favor! – implorei ganindo quando ele começou a enfiar a mão no meu cu, querendo me fistar.
- Será que depois dessa viagem e de todos esses presentes eu não mereço que meu namorado me dê um pouco de prazer? – questionou ele, sem interromper a penetração daquela mão que definitivamente não tinha como passar pelos meus esfíncteres sem estraçalhá-los.
- Eu te suplico, Lucas! Não faça isso, está me machucando! – continuei ganindo, pois a dor da minha carne se rasgando se assemelhava a uma tortura.
- Você deveria ser mais generoso comigo, sou seu macho e tudo o que faço é te cobrir de atenção e regalias. Seja um viadinho obediente e bonzinho com seu homem. – ele não se deixava comover com a minha aflição e minha dor
- Fui tão carinhoso com você todos esses dias, fizemos amor todas as noites e eu me entreguei plenamente a você. Isso não é ser generoso? – devolvi, me contorcendo tentando escapar de seus braços que me retinham debaixo de seu corpo.
- Eu quero mais! Sei que você pode me oferecer muito mais do que umas trepadinhas básicas e chochas. Seja um bom menino com seu macho, Bruno! Só um pouquinho! – insistia ele, sem se deter na obstinação de colocar toda sua mão dentro do meu cuzinho.
- É assim que você vê o sexo carinhoso que fazemos, trepadas chochas? Você é um sádico, Lucas! Não vê que isso está me machucando e me causando muita dor. Pare, por favor, não estou aguentando mais, para suportar uma coisas dessas é preciso treinar. – afirmei aos gritos, que ele sufocava enfiando meu rosto no travesseiro para que meus ganidos não saíssem das quatro paredes da suíte.
- Então encare isso como um treino! Logo, logo deixo esse rabo bem elástico!
No instante em que a mão cerrada dele trespassou os esfíncteres eu achei que fosse desmaiar, senti minhas forças se esvaindo com aquela mão vasculhando impune minha ampola retal distendida. Mas, subitamente me lembrei que no quarto ao lado, conjugado ao nosso e, separado apenas por uma porta que podia ser destrancada a qualquer momento, estavam o Leandro e o Tadeu, nos quais eu não depositava um centavo sequer de confiança e, a quem o Lucas poderia liberar meu corpo para que se aproveitassem dele como bem pretendessem, se eu perdesse a consciência. Me mantive forte e aguentei o sexo sádico até ele se dar por satisfeito, terminando com um coito violento que esfolou minha mucosa anal já totalmente anestesiada pela devassidão que seu punho havia provocado.
Portanto, além da umidade que as esporradas dele haviam deixado no meu cu, eu me sentia incomodado com as pregas feridas soltando aquele plasma típico de uma ferida cicatrizando, ligeiramente amarelado e turvo que molhava minha cueca. Precavi-me enfiando umas cuecas extras de fácil alcance na mochilona que iria comigo no compartimento de bagagens do avião. Assim que chegamos ao aeroporto e estávamos aguardando o voo na sala de embarque, a umidade entre as bandas da minha bunda voltou a me incomodar. Procurei um banheiro para trocar de cueca e, quando abri parte dos bolsões da mochila, encontrei dois enormes pacotes plásticos cheios de comprimidos multicoloridos de ecstasy num dos compartimentos e que deveriam pesar mais de dois quilos cada um. Fiquei em choque ao ver os pacotes. Se fosse pego pela polícia do aeroporto estaria fodido. Se conseguisse embarcar com a droga, seria certamente pego ao chegar no Brasil e igualmente estaria perdido. Fiquei tão apavorado que não sabia o que fazer, não tinha a quem recorrer, pois já tinha certeza de que fora o Lucas que enfiou isso na minha mochila, ele era o único que teve acesso a ela enquanto eu tomava banho antes de deixarmos o hotel. No desespero, joguei os dois sacos plásticos na lixeira do banheiro e os cobri com uma porção de toalhas de papel que fui arrancando afoitamente do dispensário preso à parede ao lado dos lavatórios. Por sorte, naqueles momentos angustiantes e intermináveis, não havia mais ninguém no banheiro e, quando, de repente, um sujeito entrou, eu me assustei tanto que quase tive uma síncope. Tremendo da cabeça aos pés, voltei a me juntar ao grupo, procurando disfarçar meu nervosismo o melhor que podia, pois se desconfiassem saberiam que eu tinha descoberto a carga que estavam me obrigando a trazer clandestinamente para o Brasil.
Repentinamente, me lembrei da Rita, ela também precisou comprar uma mala de tanta coisa que havia comprado nas butiques. Deviam ter feito o mesmo com ela, fazendo-a de mula para aquela carga ilegal.
- Você tem algum absorvente aí com você? – sussurrei no ouvido dela, para que ela também pudesse se livrar de algo ilegal que porventura estivesse entre sua bagagem. Fui discreto, mas não o suficiente.
- A bichinha está menstruada? – perguntou o Mauricio num tom sarcástico.
- Não, não tenho! – respondeu a Rita. – O que está acontecendo, por que quer um absorvente? – emendou, desconfiada da minha agitação.
- Vai ver que é porque o Lucas deve ter arregaçado o cu do viadinho na noite passada! – intrometeu-se o Maurício, num deboche para o qual buscou, com uma piscadela, a anuência do Lucas que apenas esboçou um risinho conivente.
- O que está acontecendo? Você continua sangrando? – questionou o Lucas, deixando público que havia me arregaçado todo.
- Pode vir comigo procurar por uma farmácia no aeroporto, fico constrangido de pedir absorventes. – pedi à Rita. Ela me acompanhou mal conseguindo ficar ao meu lado com os passos largos que eu dava.
- O que deu em você, Bruno? Parece maluco! – perguntou ela, quando havíamos nos afastando a uma distância segura do grupo.
- Você precisa conferir a sua bagagem, toda ela, rápido! Veja se encontra algum pacote que não tenha sido você que colocou nas malas. – despejei afobado.
- Por quê? Que pacote? Do que você está falando? – ela não atinava com a minha aflição.
- Não importa, só faça o que estou falando e, principalmente, não comente nada disso com ninguém. Ninguém, ouviu Rita, especialmente com o Mauricio! Não fale nada, absolutamente nada!
- Você endoidou, Bruno! Eu já despachei todas as minhas malas quando fiz o check-in, só estou com essa mochila, não tem nada dentro dela que eu não saiba. Por que está me perguntando tudo isso? – respondeu ela.
- Mesmo assim, vá até o banheiro e confira tudo o que há dentro dela, rápido! Se encontrar alguma coisa estranha, livre-se dela com a maior discrição! – ela seguiu minha orientação, mas voltou dizendo que não havia nada de estranho dentro da mochila.
- Eu dava tudo para ver esse cuzinho menstruado! – exclamou o Mauricio quando voltamos a nos juntar ao grupo. Eu estava arrasado, e algo me dizia que ainda teríamos surpresas desagradáveis antes de chegarmos às nossas casas.
A ideia de a polícia francesa encontrar os sacos no banheiro do aeroporto Charles de Gaulle antes de o avião decolar me deixava numa agonia sem precedentes. Comecei a olhar para todos os lados, procurando por câmeras que pudessem ter me captado entrando no banheiro, havia montes delas pelo saguão do aeroporto e, certamente, minha imagem estava gravada nelas, iam me encontrar, era só no que eu pensava. Meu coração parecia querer sair pela boca quando o avião decolou e começou a ganhar altura, mostrando uma Paris lá embaixo envolta num nevoeiro que demorava a se dissipar entre as nesgas de sol que conseguiam atingir os edifícios e as ruas.
- Você está se sentindo bem? Parece pálido. Colocou um absorvente no meio do reguinho? Fico de pau duro só de imaginar um absorvente entalado no meio das tuas nádegas. – disse o Lucas, quando pegou na minha mão gelada após o piloto avisar que os cintos podiam ser desafivelados, me exibindo uma ereção em curso.
- Não é nada disso, seu pervertido! Acho que comi alguma coisa que não me caiu bem, no jantar de ontem. – respondi, me esforçando para parecer natural.
- Ou serão os efeitos tardios das minhas estocadas nesse seu cuzinho estreito? Aliás, você estava uma delicinha essa noite, do jeitinho que eu gosto, levando vara e gemendo gostoso para o teu macho. – sentenciou ele, com um sorriso depravado na cara.
- Talvez isso também! – retruquei tenso. Eu não estava a fim de falar sobre nada com ele, só queria chegar em casa.
- Sabe que é assim que eu gosto de você, submisso e carinhoso comigo. Estive pensando, o que você acha de procurarmos um lugar só nosso, uma casa ou um apartamento, para irmos morar juntos? – propôs ele.
- Podemos pensar nisso. Mas, agora que estamos formados, seria mais importante procurar um emprego, já estive fazendo contato com aquela empresa na qual estagiei durante a faculdade e, parece que se mostraram interessados em ficar comigo. E você, já pensou nisso? – questionei.
- Tenho a vida toda para pensar nisso! Vou ver com os amigos do meu pai se algum deles têm uma dica para me dar. – era óbvio que ele não estava interessado num empreguinho, que já tinha suas fontes de renda, mesmo que ilegais. Como eu não havia percebido isso antes?
Mas essa era a menor das minhas preocupações. O que ia acontecer ao chegarmos no Brasil e ele constatar que os pacotes que havia enfiado na minha mochila haviam desaparecido? Havia uma fortuna dentro daqueles sacos de drogas, como ele ia reagir quando descobrisse que estava sem eles? Ele dormia tranquilo ao meu lado, o rugido das turbinas do avião, apesar de monótono, não me deixava relaxar, muito menos adormecer. Eu ia revivendo cada lance inexplicável que tinha vivido ao lado dele, a compra do relógio e dias depois, ele com um também novo tão ou mais caro do que aquele que havia me presenteado e, que eu podia jurar, estava entre as peças que a vendedora havia trazido nas gavetas forradas de veludo. O par de brincos que a Rita usara numa noite em que fomos jantar num restaurante chique de Paris, também me recordaram de um par igualzinho na joalheria; assim como o relógio Rolex que estava no pulso do Mauricio e que eu podia ver da poltrona onde eu estava. Nenhuma dessas peças havia sido paga, e eu procurava entender como tinham sido surrupiadas da joalheria debaixo das vistas da infeliz da atendente que nem percebeu que estava ocorrendo um roubo de joias bem mais caras dos que as que ela estava vendendo.
Quando a cabeça do Lucas pendeu sobre o meu ombro e ele ressoava num sono tranquilo, eu ia desvendando todo o mistério que havia por trás daquelas supostas fortunas familiares que eles alegavam ter. Estava com um bandido dormindo sem nenhum remorso no meu ombro, tinha passado a noite agasalhando o cacete indolente de um marginal cuja complexidade e extensão dos crimes eu desconhecia por completo.
Não preguei o olho durante todo o voo, também não consegui engolir um naco sequer da comida de bordo, tão angustiado e tenso eu estava. Não foi surpresa alguma para mim quando vi um batalhão de agentes da polícia federal inspecionando os passageiros que passavam pelo corredor de desembarque. Iam nos deter, pensei de imediato. Foi o que aconteceu. Fomos sendo retidos à medida que nos aproximávamos deles, e sendo obrigados a mostrar nossos passaportes que foram examinados em minúcias. Também fomos bombardeados de perguntas, quanto tempo estivemos viajando, onde fomos, o que fizemos, o que estávamos trazendo nas bagagens, se estávamos trazendo algo ilegal e por aí vai. Por mais que eu tentasse responder com uma voz firme, ela se recusava a sair, e meu nervosismo era evidente.
- Está nervoso? – perguntou descaradamente um dos agentes que me interrogava
- Não! – balbuciei, contrariando as evidências.
- Se não fez nada de errado, não tem porque ficar nervoso, não acha? – continuou ele, me espicaçando o quanto podia.
- Sim!
- Traga sua bagagem e me acompanhe, vamos fazer uma inspeção numa área mais reservada. – disse ele, como se já tivesse usado essa frase rotineiramente milhares de vezes.
- Por que? Eu não trouxe nada além da cota permitida. – consegui dizer
- Então não haverá nenhum problema e você será liberado em seguida. – respondeu ele.
Sem nenhuma exceção, estávamos todos sentados num corredor diante de duas salas para as quais íamos sendo chamados um a um e, onde tivemos nossa bagagem inspecionada minuciosamente e tivemos que tirar todas as nossas roupas, ficando apenas de cueca diante dos agentes. Nunca senti tamanha humilhação, o agente que havia me conduzido até aquela área fazia parte de uma nova leva de agentes federais que se distinguiam pelo porte atlético, rostos másculos e viris, corpos sarados por horas em academias. Era um parrudão musculoso e tinha uma carinha indubitável de gato com aqueles olhos verdes destacados no rosto hirsuto e anguloso.
- Você colocou alguma coisa dentro do seu corpo? – questionou ele, quando viu minha cueca branca com uma mancha se destacando no tecido que cobria parcamente meu rego.
- Não! – gaguejei, diante dele e do outro agente que olhavam fixamente para a minha bunda como dois lobos famintos encarariam uma ovelha desgarrada.
- Venha comigo, você vai passar pelo bodyscan para verificarmos se está transportando algo dentro do corpo. – sentenciou ele, me obrigando a segui-lo naquela nudez vergonhosa.
- Posso me vestir? – perguntei encabulado. Ele negou, o que eu tinha quase certeza que se devia não ao regulamento, mas a sua necessidade de continuar admirando minhas nádegas prodigiosas e sensuais, tão deliberadamente usadas num sexo recente.
- Não há nada! Você disse a verdade! Agora pode se vestir e aguardar junto com seus amigos no corredor. – disse ele, desta vez com uma voz mais amistosa e, até um pouco sensual, como se estivesse se redimindo pelo vexame que me fez passar. – Só por curiosidade, o que houve com seu ânus, parece ferido? – emendou, bloqueando propositalmente a minha passagem até a porta de saída. Eu desabei.
- Sou gay e meu namorado me sodomizou com o punho cerrado na noite passada. – revelei aos prantos, pois uma vez que a humilhação estava escancarada, que fosse completa. Já não me importava mais nada.
- Calma, não precisa ficar assim! Venha, sente-se ali, vou te trazer um copo d’água para se acalmar. – disse ele, me conduzindo gentilmente até uma das cadeiras rente à parede.
Minhas mãos tremiam quando peguei o copo das mãos dele. Ele as cobriu com as dele, quentes e firmes, como se quisesse me compensar pela humilhação pela qual me vez passar. No dedo anular da mão esquerda reluzia um anel de ouro. O tesudo era casado, mas isso não o impediu de secar com o polegar a lágrima que descia pelo canto do meu olho e contornar suavemente meu rosto com as costas dos demais.
- Talvez fosse melhor você dar o fora nesse seu namorado. Você é tão bonito, tem um rosto tão meigo e um corpão tão perfeito que posso pensar em centenas de maneiras de aproveitar essa sensualidade toda sem te machucar. – sentenciou o depravado que, juntamente com o colega que acompanhava a ação, procuravam abrir uma brecha para um possível encontro futuro, esse, certamente, sem nenhuma conotação profissional. Um gay vulnerável é presa fácil para garanhões de olho no potencial sexual dele, se não for esperto o suficiente para perceber as insinuações.
Numa das malas despachadas pela Rita foram encontrados dois sacos plásticos semelhantes aos que estavam na minha mochila, cheios de comprimidos de ecstasy, 5,6 Kg no total. Mais dois foram encontrados nas bagagens do Leandro, um de 2,5Kg e, da Debora, outro de 3,4Kg. Ninguém foi liberado enquanto apuravam o total da droga apreendida e faziam os trâmites burocráticos para a prisão em flagrante por tráfico internacional de drogas dos que transportavam os pacotes. Por uma infeliz coincidência, uma equipe de televisão fazia uma reportagem no aeroporto e foi acompanhando todo flagrante de apreensão das drogas, o que originalmente não era o objetivo da reportagem, mas do qual se valeram para lançar como um furo de reportagem em edição que foi levada ao ar em rede nacional num dos telejornais da emissora. Como de costume, sem nenhum cuidado, apenas pensando na audiência e no prestigio que isso traria às suas próprias carreiras, os repórteres foram filmando todos, mesmo os que, como eu, tinham sido liberados pela polícia federal, mas ainda estavam junto ao grupo que transportava as drogas. Não consegui pensar em nada que não nos meus pais assistindo o filho sendo tachado de traficante de drogas em rede nacional. Mais uma vergonha para a família, que eu protagonizava. Foi a isso que me levou uma ambição desmedida, que agora já não tinha a menor importância. Eu só queria aquela minha vida tranquila e corriqueira de volta, ela era mais glamorosa e me trazia mais felicidade do que jamais senti convivendo com essa galera criminosa.
Tive pena da Rita, ela soluçava desesperada quando foi colocada num carro da polícia e levada para um centro de detenção provisória onde ficaria aguardando a sentença de um juiz. Ela era a mais vulnerável dos presos, a que menos tinha condições de lutar e pagar por sua liberdade; como eu, se tivesse sido pego com a posse das drogas. O Leandro tinha meios mais consistentes de se safar, não sairia totalmente ileso, mas seria sentenciado a uma pena, pro forma, por um juiz que lucraria muito com a sentença branda. Já a Debora, essa talvez nem chegasse ao centro de detenção provisória, a influência do pai em Brasília se encarregaria de inocentá-la de qualquer culpa, movendo os pauzinhos certos para isso.
Meu relacionamento com o Lucas terminou ali, não havia mais como manter essa relação perniciosa. Alguns dias depois do nosso regresso, procurei-o para devolver os presentes caros, o relógio e o Jeep Renegade, o que ele não quis aceitar.
- São seus! Não os quero de volta! Também quero que saiba que não fui eu quem colocou a droga na sua mochila, foi o Mauricio, como vingança por você ter se negado a dar o cu para ele. Eu nem sabia que ele tinha entrado na nossa suíte e colocado os pacotes lá, juro para você. Você foi o cara mais decente que eu já conheci, sinto muito por ter te colocado nessa enrascada. Sinto de verdade, Bruno. Quem sabe a gente não possa continuar juntos, eu juro que vou procurar ser um cara legal com você, um cara que mereça o amor que você tem a oferecer. É a primeira vez que encontro alguém que realmente se envolve sem ficar visando a grana e os luxos que eu posso oferecer. Sei que está zangado comigo, mas repense a sua decisão, vamos ficar juntos. – aquelas foram as primeiras palavras sinceras que ouvi dele, mas eu sabia que ele não abriria mão daquele estilo de vida. Não era da índole dele fazer fortuna de maneira honesta, talvez por ter sido esse o legado que os próprios pais haviam lhe incutido.
- Não vou ficar com nada que tenha vindo de maneira ilícita, Lucas! E, não existe mais “a gente”, só existe você para um lado e eu para o outro. Nunca daríamos certo, somos muito diferentes, temos valores e expectativas de futuro muito diversas. Esse é um – Adeus – torço para que você seja feliz, sinceramente, do fundo do meu coração. Você poderia ser um cara muito legal, se quisesse.
- Você vai voltar para aquele seu namoradinho proletário? – questionou ele.
- O que importa isso agora, especialmente para você? Ele já está em outra, talvez até esteja feliz por ter terminado comigo antes de me ver nos telejornais apontado como um bandido. Ele merece alguém mais digno de respeito do que eu, que me deixei seduzir por uma vida que jamais trará felicidade para alguém. – afirmei
- Então fica comigo! Me ajude a mudar. Eu prometo que com você do meu lado eu mudo! – afirmou ele.
- Não, Lucas, não muda não! Se você quisesse mudar teria feito isso por si só, você não precisa que alguém o faça mudar. Isso está dentro da gente. – afirmei. Terminamos ali.
Em meu depoimento, dado reservadamente, eu apontei o Mauricio como responsável pela aquisição das drogas e por fazer a Rita de mula. Também apontei o apartamento suspeito no dix-neuvième arrondisement habitado por imigrantes predominantemente africanos no qual ele se detivera por mais de uma hora durante um dos nossos passeios; bem como, uma casa nos arredores da cidade, na qual fizemos uma refeição rápida de queijos, vinhos e pães sob um arvoredo no jardim, enquanto ele conversava a certa distância com um sujeito de origem hispânica. Apesar de ter sido liberado naquele dia, a polícia não saiu mais da cola dele. Semanas depois, noticiaram a prisão dele, do Leandro, do Tadeu, Laura e Armando, como participantes de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas e por enriquecimento ilícito capitaneado pela Débora cuja influência os fez lesar a Receita Federal em milhões. Ao que pareceu, o Lucas não estava tão envolvido com as fraudes quanto eu pensava, era mais um espectador conivente, um cúmplice passivo, do que propriamente um bandido com ações efetivas.
Dessa vez meus pais não foram tão indulgentes quanto na questão do flagrante trepando com o meu primo. Tinham me visto na televisão antes de eu pisar dentro de casa, receberam ligações da parentada que também me vira envolvido noutro escândalo e, as más línguas, foram despejando suas opiniões a meu respeito sobre os pobres coitados que estavam mais aflitos com o meu envolvimento com uma quadrilha de traficantes do que com as opiniões despeitadas. Minha mãe era a mais destemperada, como sempre. Mal pisei dentro de casa e ela veio sobre mim com toda a fúria e angustia que havia acumulado desde que soubera do acontecido. Meu pai me deu um sermão, não daqueles triviais de sempre, que mais se pareciam com uma troca de pontos de vista, mas com um acusatório, me chamando de leviano, irresponsável e indigno de tudo aquilo que ele tentou me ensinar na vida. Ele estava furioso, de um jeito como nunca o tinha visto antes. Não contra argumentei, sabia que tinha pisado na bola, sabia que tinha me deixado levar por pessoas sem nenhum caráter. Apenas os deixei despejar todas as preocupações e ressentimentos sem dizer palavra.
Na rua pequena virei o assunto do momento, nossos vizinhos me encaravam com um misto de recriminação e pena pelos meus pais que eram tidos em alta conta por todos, devido à maneira discreta e educada com que tratavam a todos. Dei pouca importância ao que pensavam a meu respeito, mas procurei os pais do Betão que sempre me trataram como a um filho e, embora o pai dele tivesse se mostrado reticente ao meu envolvimento amoroso com seu filho, nunca deixou de me tratar de forma amistosa; enquanto a mãe dele me paparicava abertamente e achava que eu tinha feito desabrochar no Betão o seu lado mais impulsivo. Ela me ouviu e me abraçou quando não consegui conter as lágrimas ao lhe contar que tinha feito a maior cagada da minha vida deixando o Betão escapar como areia por entre os meus dedos. Já o pai dele, se mostrou seco e distante, talvez preferindo que essa distância se mantivesse de sua casa e seus membros. Não falei com o Betão, havia os procurado justamente quando sabia que não o encontraria em casa. Não saberia o que lhe dizer, tudo que dissesse me parecia inconsistente, fora de contexto. Também não perguntei por ele, podia parecer que estava querendo voltar com ele e, ele havia deixado bem claro que não queria mais nada comigo em todas as oportunidades anteriores em que voltei a procurá-lo. Tinha que me conformar com o fato de que o havia perdido para sempre. Tinha jogado fora a chance de ter uma vida feliz ao lado do único homem que amei de verdade, era tarde para me lamentar.
Conforme havia imaginado, a empresa onde estagiei durante a faculdade acabou me dando uma devolutiva, havia uma vaga definitiva em aberto e eu seria bem-vindo a ocupá-la. Ela ficava na filial da empresa em Porto Alegre, e estava disponível após a entrevista online que fiz com o diretor regional.
- Tem certeza de que é isso que você quer? – questionou meu pai, sobre uma mudança tão radical na minha vida.
- Acho que sim! Em todo o caso, vai ser o melhor para todos, eu ficar fora dos holofotes por um tempo. A família vai dar graças a Deus por não ter que olhar mais para a minha cara depois de tudo que aconteceu. Eu vou me adaptar, tenho certeza. Vai ficar tudo bem. – eu até queria acreditar nisso, mas em meu íntimo tinha lá as minhas dúvidas.
- Não é nos outros que você deve pensar, mas em você mesmo, se é realmente o que quer, se vai se sentir bem longe de casa, se essa é uma chance de incrementar sua carreira, o resto é secundário. – asseverou meu pai que, ao que me pareceu, não estava tão contente com essa minha saída definitiva de casa.
- Vai ser bom, sim, pai! Não se preocupe comigo, já sou grandinho e tenho que me virar. – devolvi
- É exatamente isso que me preocupa! Ultimamente você não tem demonstrado nenhuma capacidade de gerir a sua vida sem se enfiar em complicações, sejamos bem claros e sinceros. – retrucou ele.
- Aprendi a lição, não se aflija! Vai tudo dar certo.
- E como fica a sua situação com o Betão? – eu jamais pensei que ele fosse tocar nesse assunto delicado.
- O que tem ele? Não temos mais nada. Ele me dispensou uma porção de vezes e quer distância de mim, tenho certeza disso. – respondi.
- Se isso fosse verdade, ele não teria vindo aqui inúmeras vezes fazendo suas objeções ao tipo de gente com quem você havia se envolvido. Ele gosta de você, se preocupa com a sua felicidade, você deveria ter uma conversa com ele antes de tomar essa decisão de se mudar para Porto Alegre? – sugeriu meu pai. Nunca me passou pela cabeça que o Betão pudesse procurar meus pais para falar sobre nós, era uma novidade para mim.
- Vou pensar no assunto! Contudo, acho que ele já está noutra. – devolvi desesperançado. Não o procurei como havia sugerido meu pai, não queria ser escorraçado mais uma vez com um monte de impropérios sobre a minha conduta.
Tive uma surpresa quando, em pleno meio de semana, o meu primo Mario me ligou pedindo que fosse me encontrar com ele em seu apartamento naquela noite. Fazia tempo que não nos encontrávamos ou batíamos um papo, embora eu muitas vezes tenha pensado nele quando o Lucas judiava de mim. Por ser mais velho, o Mario muitas vezes havia se posto a me defender os meus outros primos, o que, em parte, foi o responsável por nos sentirmos sexualmente atraídos um pelo outro e começarmos a transar às escondidas. Ele havia chegado em casa pouco antes, tomado uma ducha e vestido um short confortável quando veio abrir a porta. Um jantarzinho comprado às pressas a caminho de casa estava disposto sobre a mesinha da sala, ao redor da qual nos sentamos. O Mario, que raramente usa cueca, sentado ali no chão com as pernas bem abertas que permitiam ver seus genitais pela abertura ampla das pernas, evidenciava que o short não comportava o baita, o baita não, o colossal detalhe que pende entre suas coxas musculosas e peludas, algo que sempre me fez estremecer e sentir espasmos no cuzinho desde que o senti pela primeira vez adentrando voluntarioso no meu corpo. Precisei respirar fundo algumas vezes para poder me concentrar em nossa conversa e não começar a relembrar o quanto aquele caralhão havia me dado prazer.
- Seu pai comentou com você sobre um papo que o Betão teve com a gente? – questionou ele
- Não! Nunca mencionou que vocês conversaram. Quando foi isso? – devolvi surpreso
- Foi num dia na semifinal do campeonato nacional entre Corinthians e Flamengo. Seu pai e eu íamos assistir ao jogo quando ele apareceu displicente como se não quisesse nada além de também assistir à partida com seu pai. De início, foi meio embaraçoso nós três ali reunidos; seu pai ciente de que os dois tinham te enrabado, eu e ele sabendo que já tínhamos sido seus parceiros sexuais enquanto agora outro carinha tinha o privilégio de comer seu cuzinho tesudo. Para piorar, ele não escondeu que era flamenguista e torcia abertamente pelo time nas nossas fuças. No fim, achamos hilário e começamos a curtir a companhia dele. Tomamos algumas cervejas e ouvimos sua mãe reclamando de algum lugar da casa. Findo o jogo, formou-se um silêncio meio tenso antes de ele começar a falar. Ele expôs ao seu pai o quanto estava preocupado com você, e com aquele sujeito inescrupuloso com quem você estava se relacionando. Obviamente ele falava movido pelo ciúme, mas sua preocupação era real e fazia todo o sentido, nisso seu pai e eu concordávamos com ele. Mas, então, veio o mais inesperado, ele confessou o quanto te amava, queria que seu pai desse o aval para vocês namorarem novamente, pois ele queria ficar definitivamente com você, chegou mesmo a usar a palavra casamento para expressar a maneira como queria se unir a você. Quando falou em voltarem a namorar, frisou que queria que seu pai concordasse que você e ele dormissem juntos vez ou outra, tanto na sua casa quanto na dele. Pediu para seu pai intervir a favor dele, a fazer com que você deixasse o tal do Lucas para ficar com ele. Mesmo seu pai afirmando que concordava com ele, mas que não ia determinar com quem você podia ou não se relacionar, ele manteve a insistência. Confesso que a princípio, quando o conheci, senti um pouco de inveja, talvez até ciúmes dele por estar se engraçando com o priminho delicioso que eu tive o privilégio de desvirginar e, que sempre me mostrou com suas inúmeras e intensas carícias, o quanto eu era importante e único na sua vida. Porém, vendo-o ali se abrindo sem nenhuma vergonha de admitir o quanto te amava, eu percebi que ele estava sendo sincero. Não é comum, nós homens, confessarmos tão abertamente os nossos sentimentos mais íntimos, acho que é uma maneira nos blindarmos, de mostrarmos que somos durões, de expressarmos que não somos fracos nos deixando conduzir por sentimentos típicos de mulheres. Esteja muito certo do que vou te falar agora, esse Betão te ama de verdade. Naquele papo seu pai e eu tivemos a certeza de que ele era o homem certo para você, o homem que faria você feliz com todo aquele amor que carregava dentro de si. Por isso, ouça meu conselho de primo, de ex-apaixonado por essa sua bundona tesuda, de um cara que ainda se preocupa com seu futuro, não aceite esse emprego em Porto Alegre, procure pelo Betão e volte para ele, tenho certeza que ele vai te receber de braços abertos e coração explodindo de felicidade. Ele é seu homem, o macho certo para você. – revelou o Mario, me deixando abismado com essa confissão.
- Faz tempo que eu também tenho essa certeza! Porém, foi o Betão quem me expulsou da vida dele e, não poupou palavras duras para me jogar isso na cara. Não sei se ele está tão convicto de que eu possa ser sua cara metade por toda uma vida. – argumentei.
- Aprenda uma coisa! Nós machos somos implacáveis quando tomados pelo ciúme, dizemos o que não devemos sem medir as palavras. Não damos o braço a torcer para reatar por mais que isso esteja nos afligindo, é estupido de nossa parte, é; mas somos assim. O Betão é assim! Use seu charme, seu sex-appeal, seu jeitinho meigo de expressar o que sente por ele, que eu duvido que ele resista e deixe o orgulho de macho de lado para te ter de volta. Só não cometa a besteira de partir! – ponderou ele.
- Vou te dar a mesma resposta que dei ao meu pai, não sei se ele ainda pensa tanto em mim quanto faz parecer, talvez ele já esteja realmente em outra. Tem aquele carinha na parada com o qual ele anda ou andou saindo. – devolvi
- Você fez ciúmes nele, ele devolveu na mesma moeda! Infantilidade, amadorismo, sem dúvida! Só que amor, paixão ele sente por você, só por você! Não desperdice esse amor, Bruno! – depois desse papo, passei a não ter mais certeza de nada, só queria acreditar que ainda podia ter uma chance com o Betão.
Passadas algumas semanas, aproximava-se o dia da minha partida sem que eu tivesse coragem de procurar o Betão. Ele sabia que eu havia voltado, mas também não me procurou. Que sinal eu ainda precisava para compreender que ele não queria mais nada comigo?
Estava fazendo as malas quando a campainha tocou, era o Betão. Um misto de euforia e tristeza se apossou de mim. Estava feliz por vê-lo, mas constrangido por tudo que tinha feito de errado. Ele entrou, me sorriu e ficou um bom tempo sem dizer nada. Minhas mãos suavam com aquele silêncio. Será que ele tinha vindo para me jogar na cara que sempre estivera certo a meu respeito, quando dizia que eu era ambicioso demais e me deixava levar por qualquer caminho, mesmo que escuso, para conseguir o que queria? O que, no fundo, não era verdade. Ambicioso eu sou, admito; mas não a qualquer custo. Depois dessa experiência horrível, até essa ambição eu estava revendo.
- Parto na segunda-feira. Tenho uma semana para ajeitar as coisas em Porto Alegre antes de começar a trabalhar, lugar para morar, aquisição de alguns móveis básicos, essas coisas que uma mudança dessas exige. – sentenciei, para quebrar aquele silêncio.
- Sei! – ele caminhou pela sala, deslizando a mão sobre o espaldar do sofá, seus pensamentos estavam distantes.
- Eu ia passar na sua casa para me despedir dos teus pais .... e ... de você! – afirmei, embora não pretendesse fazê-lo.
- É atencioso de sua parte! – cara, como ele pode ser tão lacônico e frio? Deve estar dando graças Deus de eu sumir da vida dele.
- É o mínimo que posso fazer, sempre me acolheram muito bem. – devolvi. Mais um período de silencio constrangedor pairou no ar.
- Você ia partir sem me procurar, sem me dar nenhuma explicação por tomar essa decisão de me abandonar de vez. – disse ele, como que adivinhando minha intenção.
- Eu não te abandonei! Você me mandou sair da sua vida. – exclamei sincero
- O que você queria, que eu aceitasse seu envolvimento com aquele babaca sem esboçar nenhuma reação? Não sou homem com tendência a virar corno! – retrucou ele
- Você jamais foi corno, não por minha causa! Eu nunca te trai, nunca!
- Mas, se engraçou todo pelo bandidão cheio da grana! – acusou
- Há uma diferença entre se engraçar por alguém ou achar que esse alguém, com bons relacionamentos que possam alavancar a sua carreira, possa vir a ser uma amizade que vai abrir algumas portas futuras. Não é simplesmente ser um interesseiro, mas construir relações de troca. Você bem sabe como funcionam as melhores posições dentro das empresas, uma indicação vale mais do um processo seletivo convencional. Esse era meu único interesse com aquela galera, antes de eu descobrir que não se tratava de pessoas honestas, mas de criminosos, o que eu não tinha como saber antes de conviver com eles por um tempo. Eu estava errado, eu me enganei, confesso. – afirmei
- Você se apaixonou pelo cretino?
- Não! Você sabe que é o único homem que amei, e amo verdadeiramente. – confessei
- Então por que vai me deixar? Onde ficou aquele Bruno destemido cheio de ambição que lutava pelo que queria?
- Se perdeu depois que você o afastou de sua vida, se desesperou quando viu que você o havia substituído por outro carinha, ficou arrasado quando você o expulsou como se fosse indigno do seu amor. – minha voz saia falhada, enquanto eu me esforçava para engolir aquele nó que crescia na minha garganta.
- E você acreditou que eu estivesse falando sério? Passou pela sua cabeça que eu deixei de te amar por um segundo sequer? Você é minha razão de viver! – ele me encarava com aquele olhar sincero e cheio de amor que me fazia perder o chão.
- Eu nunca duvidei de você! Quando afirmou que não me queria mais, por que eu duvidaria?
- Porque tinha que acreditar mais no meu amor por você do que nas minhas palavras ditas quando eu estava louco de ciúmes e furioso com suas escolhas! Só por isso! – revidou.
- Então ... você ... ainda ... me ama? – ousei questionar com a voz embargada.
- Nunca volte a duvidar disso! Te amo desde o dia em que me deixou ser seu homem. – eu não sabia se caia no choro ou se me atirava nos braços dele.
Não tive muito tempo para me decidir, ele se lançou na minha direção, me puxou para junto de si e colou sua boca desesperadamente na minha, como se quisesse sugar a minha essência, devorando a mim e a tudo que eu representava na vida dele.
- Será que um dia você consegue me perdoar por ter sido tão irascível com você, por não compreender as tuas necessidades, por ter te atirado nas mãos e nos braços daquele estrupício? Me perdoe, Bruno! Perdoe por ter deixado meu ciúme e acomodação ter feito você se afastar de mim, quando eu queria justamente o contrário. – disse ele, enquanto me apertava com força contra seu tronco maciço. – Fui eu quem quase acabou com o nosso amor, perdão, querido, perdão!
- É você quem deve me perdoar por não ter tido paciência, por me deixar levar pela ilusão de que haveria uma vida melhor ao lado de alguém que não fosse você. Eu não deixei de te amar um dia sequer! Em todos os lugares deslumbrantes onde estive esses últimos meses sempre faltava algo, faltava você ao meu lado. Se há algo que eu descobri com isso tudo, é que sempre vou te amar. – devolvi, deixando que as mãos dele deslizando elo meu corpo instigassem meu tesão.
- Sinto tanta falta de você! – exclamou ele, esfregando sua ereção nas minhas nádegas.
- E eu a sua! – murmurei, empinando a bunda de encontro a virilha dele, como uma égua deixa o garanhão se esfregar nela antes de fodê-la.
Ele foi me conduzindo ao quarto, conhecia esse caminho como a palma de sua mão, pois havia me levado a ele inúmeras vezes e me feito sentir toda sua virilidade desde que cursávamos o ensino médio. Essas paredes assistiram e acompanharam a evolução da nossa paixão, reverberaram meus gemidos e seus urros de prazer, guardaram os aromas do sexo impregnados em seu ar, testemunharam o crescimento desse sentimento que nos uniria para sempre, por mais distantes que viéssemos a ficar um do outro.
Deixei-o despir-me lentamente, seu olhar tinha aquele brilho de cobiça e libertinagem que fazia minha pele se aquecer e arrepiar, à medida que minha nudez ia se evidenciando. Eu afagava seu rosto, onde um sorriso ia crescendo com o deleite que meu corpo lhe proporcionava. Eu o beijava de quando em quando, a umidade e a vermelhidão dos lábios dele tinham uma exuberância luxuriosa, devassa, que eu queria saborear. Quando completamente nu, ele me puxou pelas ancas, meteu a língua na minha boca e começou a movê-la me lambendo e capturando meus lábios com mordidas sensuais. Um calafrio percorreu minha coluna quando senti um dedo entrando no meu cu, me fazendo travar instintivamente a musculatura anal. Ele gemeu com a boca prensando a minha, estava perdendo o controle, só queria copular com aquela fendinha quente e úmida onde seu dedo se movia numa luxuria destemperada. As contrações do meu ânus se tornaram tão pungentes que toda a minha pelve sentia as ondas de espasmo reverberando nela. Eu o queria por inteiro ali dentro, onde o pudesse acolher com mais intensidade do que a dos meus braços o envolvendo. Deslizei minhas mãos por baixo da camiseta dele, trazendo-a até a cabeça para que ele pudesse se livrar dela. Ali estava aquele torso musculoso com seus redemoinhos de pelos dando sensualidade e exibindo toda a masculinidade do meu homem. Eu o cobri de beijos, ao mesmo tempo em que o acariciava fazendo meus dedos deslizarem entre os pelos. A repercussão dos meus afagos podia ser vista nas contrações de seu abdômen trincado que se movia excitado, como se fossem ondas quebrando na praia. Ele arfava feito um touro, uma respiração ruidosa e gutural, que indicava a testosterona sendo injetada aos borbotões em suas veias, colocando todo seu corpo em prontidão, especialmente o caralhão aprisionado dentro do jeans. A minha mão que roçava sensualmente seu ventre desceu lentamente por sobre o jeans, abriu-o e foi se fechar ao redor da pica que imediatamente saltou quando o zíper foi aberto. Ela já estava toda babada quando a envolvi na palma da mão retirando-a de vez daquela clausura. O Betão bufou ruidosamente e voltou a me beijar.
- Quanta falta eu não senti dessa mão brincando com a minha rola! – exclamou ele, num balbucio rouco.
À medida que ia me ajoelhando a seus pés, fui arriando o jeans e a cueca, ajudando-o a se livrar deles. Com o cacetão ereto e latejando diante do meu rosto, eu capturei a cabeçorra estufada com os lábios e sorvi sua umidade cheirosa, era o cheiro do meu macho, um cheiro que eu seria capaz de identificar entre milhares, um cheiro que havia se impregnado na minha mente e no meu corpo desde a primeira vez em que ele me possuiu. Não à toa o Betão era um cara tão cobiçado; garotas e gays que tivessem colocado os olhos naquele caralhão reto, pesado e maciço, jamais o esqueceriam; outros machos se sentiam inferiorizados diante das proporções daquela pica e seu sacão taurino. Eu me sentia um privilegiado pelo cacetão dele enrijecer pelo mais sutil toque de nossas peles, pelo mais delicado beijo roçado em nossos lábios, ele endurecia voluntarioso e inclemente querendo meu cuzinho com uma sofreguidão sem paralelo. Depois de todos esses meses, ele ainda tinha aquele sabor inconfundível de castanhas maduras que se dissipava por toda a minha boca enquanto eu o chupava com fervor e devoção. O Betão apenas se contorcia, grunhia e tentava enfiar a jeba toda na minha garganta. Eu não poupava nenhum centímetro do caralhão, cobria-o de lambidas sobre as grossas e sinuosas veias saltadas que o revestiam, mordiscava-o com carinho ao mesmo tempo em que lambia o abundante pré-gozo que minava da cabeçorra, abocanhava, um a um, daqueles testículos globosos e consistentes mantendo-os dentro da boca enquanto minha língua os massageava me enchendo de pentelhos. Minha mão espalmada abaixo do umbigo dele começou a sentir o retesamento da musculatura pélvica dele. O Betão grunhia alto sinalizando que o gozo era iminente e irreversível. Eu fitei seu olhar prazeroso e continuei chupando a caceta com afinco, até ser brindado com a porra cremosa que ele despejou em jatos fartos na minha boca, onde eu os ia engolindo apressadamente para não me sufocar. Nada me parecia mais sublime e íntimo do que sentir o esperma do meu macho deslizando pela minha garganta como um néctar precioso.
- Caralho, Bruno! Ninguém faz isso como você! Isso sim é ter a caceta mamada, o resto é apenas devaneio. Você chupa com amor, o que faz nada se comparar às tuas mamadas. Prometa que nunca vai deixar de chupar a minha rola, prometa! – ronronou ele, satisfeito com aquela ejaculada cavalar.
- Prometo, querido! Prometo! Amo você, Betão! Amo muito, querido! Amo o sabor do teu sêmen! – devolvi, enquanto terminava de limpar a porra que havia se espalhado sobre a verga indômita.
Ficamos um tempo deitados lado a lado olhando para o teto, falando sobre tudo aquilo que havia nos afastado durante todos esses meses, prometendo que não nos separaríamos mais, fazendo planos para o futuro. Naquela conversa percebi que ele já não era mais aquele Betão acomodado, que seu lado ambicioso havia aflorado, sem ser desmedido e inconsequente como havia sido o meu. Ele confessou que foi a minha quase perda que o tirou do marasmo, que o fez perceber que precisava conquistar mais do que apenas a mim. Por meu lado, eu confessei que só vivi momentos de insegurança ao lado do Lucas e daquela galera, que temia nunca mais sentir a segurança que ele me conferia.
- Como ele te tratava? – como eu queria que ele não tivesse feito essa pergunta.
- Friamente! – respondi lacônico, pois não queria que ele soubesse de detalhes do sexo bruto que o Lucas fazia comigo.
- Só friamente? – ele desconfiou que eu estava escondendo alguma coisa.
- Prefiro não falar mais sobre isso!
- Olha para mim, sou o Betão, sou seu homem! Quero que me conte tudo o que aquele crápula fez com você. – exigiu
- Sexo quase sempre bruto. – respondi sincero, mas desejando parar por ali, o que não o satisfez pelo olhar inquisitivo com o qual continuava a me cobrar respostas. – Me compartilhar com outros caras, mas não deixei rolar. – continuei, percebendo que estava ficando com os olhos marejados. – Fistando meu ânus sem nenhum preparo prévio ou lubrificação, até eu quase perder os sentidos enquanto implorava para ele parar. – concluí, desabando no choro.
Foi só ouvindo as minhas próprias palavras para eu me dar conta do quanto me deixei humilhar pelo Lucas em troca de algumas regalias e alguns presentes que, por mais caros que tenham sido, não representavam nada para mim. O Betão rolou para cima de mim, tomou meu rosto entre as mãos e o afagou, foi colocando beijos carinhosos e apaziguadores sobre as minhas faces.
- Ei, ei, ei, eu estou aqui agora! Nada nem ninguém vai mais te fazer mal, eu juro! Isso passou, vou cuidar de você! – a doçura na voz dele só fazia eu me sentir mais culpado e arrependido pelas decisões erradas que havia tomado, experimentando um lado cruel da vida que até então nunca fizera parte da minha.
- Eu sei! Amo você, Betão, amo muito! – devolvi abraçando com força aquele corpão quente e sólido como uma rocha.
Fui sendo apossado por calor que agitava as minhas entranhas, ele se iniciava na pele, nos lugares onde a pele do Betão roçava a minha, surgia como uma descarga elétrica que a percorria por inteiro antes de lentamente se entranhar em mim. Nenhum outro homem produzia esse efeito em mim, era algo que só ele magicamente conseguia. Devolvi-lhe o sorriso encorajador com o qual me fitava e, movido pelo fogo que ardia em mim provocando contrações ritmadas no meu cuzinho, comecei a abrir as pernas deixando-o encaixado entre elas, até meus joelhos tocarem meus ombros. O sorriso dele se alargou ao perceber que eu estava me entregando, o convidando a alojar seu cacetão duro de desejo em mim. Enquanto um demorado e lascivo beijo nos permitia saborear nossas salivas, ele fazia a jeba impulsiva deslizar dentro do meu rego apartado. A excitação só aumentava, tanto ele quanto eu sentíamos nossos corpos clamando um pelo outro. Segurando minhas pernas abertas, ele foi descendo seus beijos tórridos pelo meu tronco, abocanhava meus mamilos e os sugava volutuosamente antes mastigá-los até me ouvir gemer de tesão, descia obstinadamente lambendo e beijando meu ventre, o que me provocava cócegas me obrigando a afundar os dedos em sua cabeleira na tentativa vã de detê-lo. Por alguns segundos ele olhou para o meu cuzinho exposto, a fendinha piscava intrépida, rosada e com as bordas ligeiramente intumescidas pelo tesão. Afundando o rosto entre as minhas coxas, ele começou a lambê-la como um macho conferindo o cio. Eu me contorcia, gemia e tinha minhas coxas e nádegas pinicadas pelos pelos de sua barba cerrada, enquanto ele umedecia minhas pregas anais com sua saliva. Puxei-o pelos ombros até ele me cobrir, gemi um – te amo – e o beijei, enquanto ele aproveitava para enfiar o caralhão grosso e maciço no meu cu. A dor cruenta me fez ganir, durante as arremetidas vigorosas que ele dava para atolar a rola inteira no meu rabo, fazendo-a desaparecer dentro da minha carne, à exceção do sacão que ficava aprisionado entre as bandas da minha bunda quando eu contraia os esfíncteres anais procurando reter e sugar aquela verga para dentro do meu cu. A dor, mesmo intensa, era apenas a trilha que me levaria ao prazer; por ter essa certeza, eu a suportava e aceitava com submissão. Essa era uma das minhas características que o Betão mais gostava, a entrega irrestrita mesmo que inicialmente dolorosa que seu cacete cavalar impunha ao meu cuzinho apertado, sem que isso me impedisse de cobri-lo de carícias e, demonstrando o quanto o desejava e amava.
- Não vá! Fica comigo! Ninguém precisa mais de você do que eu! – sussurrou ele, antes de começar o vaivém cadenciado com o qual me possuiu a seguir.
Meus gemidos devassos enchiam o quarto de vida e luxuria, exaltando nosso amor. Ele arfava e grunhia intensificando as arremetidas à medida que o tesão o cobrava. Começamos a procurar por posições que aumentassem aquela necessidade crescente de conjunção, das exigências urgentes que meu cu e sua rola pediam. Me puxando até a beira da cama pelas ancas, eu fiquei de quatro com as pernas apenas ligeiramente abertas, ele em pé, mergulhou energicamente mais uma vez a pica exigente no buraquinho lanhado do meu cuzinho. Parecia que junto com meu grito a cabeçorra ia aflorar na minha boca de tão empalado que me sentia. Minhas vísceras se revolviam no meu ventre contraído que ia se retesando aos poucos, provocando a explosão e expulsão do gozo que eu vinha retendo. Com a pica balançando a cada arremetida vigorosa do Betão, eu esporrei sobre o lençol, liberando todo o prazer que havia se formado em mim, enquanto gemia feito uma cadela deliciada por seu macho. Aos poucos, os movimentos largos com os quais o Betão socava meu cu foram se abreviando, ele mal tirava o cacetão do fundo do meu rabo, as estocadas curtas atingiam profundamente meu ânus e comprimiam minha próstata contra o púbis. Meus ganidos iam superando os esforços dele para retardar o gozo, mas os espasmos anais com os quais eu mastigava sua verga superavam seus esforços. Com um urro emergindo do peito insuflado, ele começou a despejar sua porra em mim. O escroto dele se contraia fazendo com que o sêmen alojado nele fosse liberado em jatos potentes que iam escorrendo e aderindo à minha mucosa anal, até meu cuzinho ficar tão cheio que a muito custo eu conseguia reter sem que vazasse, travando as pregas dilaceradas e sensíveis.
O Betão demorou a tirar a rola do meu rabo, esperando-a amolecer até ficar à meia-bomba. Puxou-a lentamente para fora até sentir que apenas a cabeçorra continuava engatada na minha musculatura anal, então a sacou com um puxão abrupto, enquanto admirava satisfeito minha fendinha vermelha se fechando. Ao me virar na direção dele, a caceta ainda gotejava um restinho de porra, enquanto ele, arfando e suado, tinha a carinha sedutora brilhando no mais sublime e amoroso sorriso. Nunca meu sentimento por ele tinha sido tão profundo e forte, eu o amava com todas as forças de minha alma. Jamais conseguiria viver longe dele sem ter a certeza de que minha felicidade não era completa. Eu ia ficar, estava decidido. Meu lugar era ali, junto do meu homem, onde ambos teríamos uma vida plena.