Jornada de um Casal ao Liberal - Capítulo 15 - Alvorecer - Parte 5

Um conto erótico de Nanda
Categoria: Heterossexual
Contém 7214 palavras
Data: 09/08/2022 11:09:33
Última revisão: 09/08/2022 12:21:58

[...]

Entretanto, neste virar de celular, não pude deixar de notar que havia mais pessoas no ambiente. Meu cunhado, irmão do Mark, e sua família, que já eram esperados naturalmente, mas o que me surpreendeu foi ver o primo dele, Marquinhos, sua esposa, uma outra senhora idosa e uma morena espetacularmente bonita. Depois que ele seguiu um pouco as meninas enquanto “caçavam” os gatos, voltou o celular para si:

- Elas vão passar a noite correndo atrás desses bichos. O Mocorongo foge da Miriam como o diabo da cruz. - Falou sorrindo: - E a Elke subiu no telhado de tarde e não desceu mais…

Inconscientemente fechei a cara para ele e fiquei em silêncio. Meu marido sacou na hora o óbvio, tanto que vi que ele saiu de perto das demais pessoas para continuarmos nossa conversa:

- Você viu, não viu? - Se adiantou e, vendo minha cara emburrada e como ainda me mantinha em silêncio, continuou: - Sim. É a Iara. Estou na casa de meus pais. Não tenho como escolher quem ele convida.

Fechei meus olhos, colocando a mão sobre minha boca e desci o celular para meu colo. Quando fico brava ou bêbada, minhas bochechas mudam de cor, passando de rosa para vermelhas. Eu estava quase explodindo, então acredito que estivessem quase roxas. Quando abri os olhos, as três me olhavam em silêncio com olhos arregalados. Eu não sabia o que falar e uma raiva crescia exponencialmente dentro de mim. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e a sequei com as costas de minha mão. Respirei fundo, fiz minha melhor cara de paisagem e levantei o celular novamente. Mark ainda estava lá e sua cara mostrava que ele já estava pronto para receber minha fúria:

- Ela é bonita… Bem bonita, né? - Tentei ser polida, mas não aguentei: - Você nunca me falou que ela era uma puta mulata linda de morrer, Mark!

- Ela não é exatamente uma mulata. Além disso, ela é passado, Nanda. Você é meu presente e futuro. Não quero que você se estresse por algo que não existe mais.

- Mas ela é um mulherão da por…

- Verdade! - Me interrompeu: - E você também! Não perde em nada para ela e ainda tem uma grande vantagem…

- Que vantagem, o quê? Do que você está falando? - Eu queria briga, mas ele não reagia: - Eu vi ela, Mark. Eu vi.

- De vocês duas, só você tem meu coração. - Me calou bonito agora: - E claro o meu amor, que espero que signifique alguma coisa para você.

“Filho da puta! Homem liso do caralho!”, pensei comigo enquanto o encarava pelo celular:

- Tá. Tá bom, Mor. Você tá certo. - Falei, tentando não explodir: - Eu vou desligar agora, porque preciso… Pensar. Isso! Preciso pensar.

- Pensar em quê, Nanda? Se tem alguma pergunta ou algo para me falar, fale.

- Ah, Mark, Mark, Mark… - Falei tentando me conter: - Tudo o que não quero é discutir com você e vou acabar fazendo isso mesmo sem você ter culpa. Só me deixa quietinha. Depois a gente conversa. Prometo!

- Tá bom, então. Beijo. Se cuida.

- Beijo também. Juízo. - Falei e cobrei: - Não vai falar mais nada?

- Falar? Ah, eu te amo, bobona!

- Também te amo. Tchau.

- Tchau.

Desliguei a chamada e encarei as três que pareciam estátuas de tão amedrontadas. Antes que perguntassem, me adiantei:

- Não aconteceu nada! Só descobri que meu marido está num churrasco, na casa dos pais dele e lá também está uma ex-namorada dele, linda de morrer, uma típica cavalona… - Respirei fundo e continuei: - Fora isso, tá tudo bem.

Elas continuaram em silêncio. Verônica, a mais irreverente de todas, também não parecia disposta a conversar, mas ainda assim perguntou:

- Você vai sair com a gente, né? Acho que você está precisando dar uma distraída.

- Cê acha mesmo que estou com cabeça pra bater perna, Verônica?

Ela me encarou um pouco e aí sua experiência de vida falou mais alto:

- Ela é tão bonita assim, Nanda?

- Linda, linda, linda. A desgraçada é linda! - Me interrompi: - Cê não ouviu o que eu disse, Vê? A globeleza tá no churrasco paquerando meu marido! Só tá faltando rebolar na cara dele…

- Nossa! Que delícia, hein!? - Disse, zombando, mas falou bem séria depois: - E por que ele não casou com ela?

- Porque… Porque… Sei lá o porquê, Verônica! Só não casou e pronto, uai!

- Não, sua tonta! Ele simplesmente escolheu a melhor: você!

Fui pega literalmente de calças curtas e fiquei sem reação. A mais louca da turma agora parecia ser a mais equilibrada também. Suas palavras faziam sentido, mas ainda assim minha insegurança balançava incessantemente uma luzinha de “atenção” dentro de mim. De qualquer forma, eu não poderia fazer muito à distância a não ser confiar no meu marido. Verônica, vendo que ainda não havia conseguido me convencer, se sentou ao meu lado e pôs sua mão sobre a minha:

- Ele pode até transar com ela, como você fez com aquele bonitão do shopping... - Me encarou nos olhos agora: - E não adianta negar, porque eu sei o que vi. Agora… Da mesma forma como você o ama e vai voltar para ele, ele, se te amar também, vai voltar para você. Fica tranquila, boba.

Eu estava com a perna direita cruzada sobre a esquerda, balançando o pezinho como costumo fazer quando fico nervosa e, nesse momento, ela deu dois tapinhas na minha panturrilha direita, fazendo minha tornozeleira balançar. Eu a encarei e ela me piscou um olho de forma bastante cúmplice, demonstrando entender o significado daquela joia:

- Confia! - Disse e, logo em seguida, voltou a ser a velha Verônica de sempre: - E vai se arrumar, dona Fernanda. A farra nos aguarda.

[...]

- Merda! - Xinguei baixinho enquanto olhava minha caçula vibrar por ter pegado o Mocorongo.

Eu estava irritado e entendi bem o sentimento no olhar daquele gato. "Somos dois injustiçados, meu caro! Aguenta firme!", pensei comigo. Acabei ficando chateado com toda a situação e decidi ir embora bem na hora que uma picanha saia da churrasqueira. Meu pai, naturalmente, estranhou:

- Você tá doente? - Vendo que neguei com a cabeça, emendou: - Brigou com a Nanda?

- Não também, pai. Só estou cansado.

- Iara? - Me encarou com a expressão da certeza de ter acertado.

- Não, pai, e sim, por tabela.

- Você não fez nada. Come um pouco e vai depois. - Disse já me dando duas lascas com aquela gordurinha estrategicamente queimada: - Mas se for fazer, capricha pra não ser pego.

Eu o olhei surpreso enquanto ele gargalhava de minha cara. O cheiro daquela carne me laçou e acabei ficando. Aproveitei para salvar Mocorongo dos carinhos da minha caçula. Ele se refugiou no meu colo enquanto ela aproveitava para comer um pouco também:

- Miau! - Me olhou mais tranquilo e interpretei como um obrigado.

Acabei mimando os gatinhos com um pouco de carne e logo minhas filhas vieram ficar comigo e com eles. Aproveitei para dar uma aula sobre calma e paciência para elas, principalmente para minha caçula, a fim de evitar que os gatos vivessem fugindo dela. Não adiantou nada! Intempestiva como a mãe, mal acabou de comer, saiu correndo atrás dos bichos novamente. Algum tempo depois, Iara se aproximou com a justificativa de se despedir e se sentou ao meu lado para conversar um pouco. Maryeva, claramente incomodada com sua presença, saiu de perto, indo para dentro da casa. Mocorongo fugia pelo quintal ao lado de Elke com minha caçula em seu encalço. O "enfim sós" que eu tentava evitar acabou chegando junto de cobranças:

- Por que está me evitando, Má?

- Impressão sua, Iara?

- A gente podia ter conversado, pelo menos, né? Fomos namorados. Poxa! Me senti como se fosse uma inimiga sua.

Estranhamente, aquilo até fazia sentido. Apesar da distância dificultar um pouco nossa convivência, até hoje eu não sabia direito porque nós havíamos nos separado. Ela era e é uma mulher lindíssima, alta, de curvas acentuadas, pele parda quase cor de jambo e um cabelão cacheado lindo. Completava a escultura um rosto de formas delicadas, nariz levemente arrebitado e lábios carnudos, tudo iluminado por lindos olhos cor de mel. Eu nunca fui o estilo “gatão”, mas sempre fui bem arrumadinho. Além disso, sempre fui do tipo intelectual, com respostas prontas para qualquer situação. Isso sempre me favorecia nas paqueras. De qualquer forma, ali não era hora, nem local para ter uma DR com uma mulher que nem era mais minha:

- Desculpa, Iara. É só cansaço mesmo, eu acho. - Falei sem convencer sequer a mim mesmo.

- Vou ficar até domingo. Só te desculpo se me convidar para uma pizza. Só nós dois, velhos amigos. Toma meu telefone. Vou esperar sua ligação. - Insistiu com um sorriso encantadoramente enigmático, transitando entre a malícia e a timidez: - Se eu tiver um bom motivo, talvez a titia me deixe ficar mais uma semana.

Meu celular vibrou e vi uma mensagem dela chegando com seu contato:

- Quem te passou meu celular, Iara? - Perguntei curioso.

- Sua cunhada. - Me respondeu na inocência, sorrindo.

Não pude evitar de olhar em direção a Sandra e vi que ela desviou o olhar da gente, fingindo conversar com meu irmão. Não vou esmiuçar a relação entre a Nanda e minha cunhada, mas, só resumindo, as duas se odeiam veladamente. Agora, vi que minha “cu” podia estar tentando tirar partido da distância da Nanda para prejudicá-la.

Marquinhos e Maria se aproximaram para se despedir. Nos despedimos e Iara, por último, caprichou no abraço e num beijo próximo ao meu ouvido:

- Vou esperar sua ligação, AN-SI-O-SA!

Ela, esperta, ainda fez questão de procurar minhas filhas para se despedir. Miriam era fácil de localizar, basta olhar em direção aos miados inconformados de Mocorongo. Maryeva, por sua vez, se trancou num quarto e não saiu mais. Soube que ela teve que se despedir através da porta. Eles se foram e praticamente no mesmo momento, meu irmão e sua família foram atrás, puxados pela minha cunhada que inventou várias desculpas para não ficar, talvez temerosa de uma abordagem minha. Assim que se foram, minha mãe começou:

- Essa moça é um amor! Até hoje não sei porque terminaram…

- Só não deu certo, mãe. Só isso.

- Mas eu vi ela dando umas olhadas para o seu lado.

- Eu falei que ela estava dando em cima de você, pai! - Disse Maryeva alterada se aproximando sem que a tivéssemos notado: - E você me falou que ela era só uma amiga antiga, não namorada.

- Ex… - A corrigir e frisei bastante: - Ex-namorada, Morzinho.

Maryeva voltou bufando para dentro da casa e eu só olhei chateado para minha mãe:

- Muito obrigado, mãe. Valeu pela ótima noite. - Ironizei indo em direção ao quarto da minha filha.

Maryeva se trancou e não queria abrir a porta de forma alguma. Após bons minutos de argumentação e explicações que eu nem precisaria dar, ela abriu a porta só para se despedir de mim. Enquanto eu saía de casa, minha mãe veio me pedir desculpas e dizer que conversaria com ela depois. Nem me dei ao trabalho de respondê-la e balancei negativamente a cabeça enquanto saía. Meu pai me conhece e, sabendo que eu estava irado, veio dizer que eles resolveriam tudo.

Cheguei em casa alguns minutos depois e mandei uma simples mensagem para Nanda:

Eu - “Já estou em casa.”

Pensei que pudéssemos conversar um pouco, mas o tempo passou e nada dela me responder. Tentei ligar para ela e não consegui, mesmo insistindo três vezes. Decidi ficar na minha e dar tempo ao tempo, afinal eu não havia feito nada de errado mesmo.

[...]

Apesar de eu não estar muito a fim, Verônica acabou me convencendo a sair. Fui até meu guarda roupas e peguei um vestido normal, bonito, mas normal, sem ser chamativo, insinuante ou muito sensual:

- Não mesmo! - Verônica protestou: - Até a Cíntia, que é sem graça, está vestida pra matar.

- Poxa! Obrigada, hein! - Cíntia resmungou, fazendo todas cairmos na risada.

Verônica veio até meu guarda roupas e pegou um vestido tubinho preto meio curto, fechado na frente e rendado atrás, e ainda com uma fenda na frente fechada por rendas:

- Eu vou parecer uma biscate! - Resmunguei.

- Sem essa! Você vai servir de chamariz pra gente… - Verônica insistiu.

- Boi de piranha, você quer dizer… - Rebati.

- Eu não tinha pensado por esse lado, mas até que é! - Verônica riu de si mesma: - Três piranhudas aqui. Aliás, quatro.

Coloquei uma meia calça preta convencional, uma pequena calcinha preta rendada, o vestido e sapatos de salto alto. Prendi meu cabelo com uma piranha meia-lua e coloquei dois brincos grandes de argola dourados:

- Cê não vai com essa correntinha, né? - Apontou Verônica para minhas duas menininhas no pescoço.

- Vou! E não negocio minhas filhas. - Falei seca, pegando umas pulseiras para completar o visual.

Peguei ainda uma bolsa pequena de ombro, preta com correntes douradas, onde coloquei meu celular, cartões, identidade e preservativo. Não sei se rolaria alguma coisa, mas estava pronta para qualquer coisa. Pedimos um Uber e Verônica deu um endereço. Logo, chegamos a uma casa de shows com uma grande fila na frente. Descemos do carro e eu já queria voltar, desanimada com o tamanho daquela fila:

- Nanda, vai lá na porta. Canta o segurança e passa a gente pra dentro. - Propôs Verônica.

- Vai você, Verônica. Eu nem queria ter vindo… - Falei na lata.

Verônica fez aquela típica cara de quem já está se cansando de tentar ajudar e foi mesmo. Logo, ela apontou para nós e gesticulou alguma coisa para o segurança, que também apontou para a gente e depois voltou a conversar com ela. Pouco depois, ela veio toda sorridente conversar conosco:

- Tá vendo, sua boba? Consegui! Ele vai passar a gente. - Disse sorridente e depois se voltou especificamente para mim: - Mas ele disse que quer um beijo seu.

- Oi!?

- É um beijinho só. Beija o homem para a gente cortar a fila, Nanda. Para de puritanismo, mulher! - Insistiu, sorrindo.

- Beija você, caramba! - Falei.

- Se ele tivesse me pedido, eu já teria beijado. Não viu que morenão? - Ela o apontou: - Só que ele gostou da morenona alta da minha “tchurminha”.

Olhei para Aline e Cíntia procurando algum apoio por a bisca da Verônica ter me vendido para conseguir entrar e ambas fizeram caras de paisagem, olhando para tudo e todos, menos para mim:

- Verônica. Você é uma filha da puta! - Esbravejei, já sendo arrastada por ela até o segurança.

Quando chegamos perto, ele automaticamente abriu um sorrisão para mim. Se aproximou, me beijou o rosto de apresentando e eu, sinceramente, não ouvi seu nome, ou se ouvi o apaguei completamente da memória. Ele me olhava como se tivesse ganhado na Mega Sena. Me lembro dele ter nos conduzido até a porta e, antes que eu entrasse, me puxou para seus braços. Então, balbuciei algo do tipo: “Que feiúra isso, hein!?”, mas ele nem ouviu, me segurando pela nuca enquanto beijava minha boca. Nem sei quanto tempo ficamos naquilo, mas, pelo menos, ele não tinha bafo e até beijava bem. De qualquer forma, eu queria que acabasse logo e quando ele se cansou de me beijar, me soltei dele e saí andando com as meninas, agora mais emburrada que nunca.

Verônica quis tentar alguma brincadeira comigo para tentar me descontrair, mas quando a encarei, ela viu o tamanho da burrada que havia acabado de cometer. Sentamos em uma mesa próxima a um palco onde haveria alguma apresentação e Verônica, por mais que tentasse, não tirava mais que resposta monossilábica de mim. Aline vendo que eu estava um pilha de nervos, enlaçou meu braço no dela e ficou acariciando minha mão. De certa forma, eu e as outras duas ficamos queimadas com Verônica que, vendo que havia se tornado “persona non grata”, saiu andando pelo salão:

- Fica calma, Nanda. Já passou. - Aline tentava me acalmar.

- Eu achei uma sacanagem! - Cíntia rebateu.

Eu estava deslocada com tudo que havia acontecido. Talvez até estivesse exagerando com a Verônica. O beijo em si não foi nada demais. Se eu estivesse de boa, teria caprichado e dado uma boa lembrança para aquele segurança. Acredito que o fato dela ter feito uma brincadeira errada, num momento, com a pessoa mais errada possível, no caso eu, tenha direcionado toda a minha raiva para ela. Um garçom veio nos atender e pedi uma Espanhola para ele de cara, sem nem olhar para o cardápio. As duas me olharam curiosas e eu bati de pronto:

- É uma batidinha doce. Muito doce. Dociiiiiiinha! Tudo que eu preciso agora é adoçar um pouco minha vida.

Elas concordaram e pediram o mesmo. Menos de dez minutos depois, fomos servidas. Elas aprovaram imediatamente. Ficamos ali bebericando e eu pedi desculpas para elas por estar chata naquela noite, mas justifiquei, sem contar quase nada, que problemas íntimos tinham me abalado um pouco, aliás, muito. Eu estava perdida no tempo e peguei meu celular para ver as horas. No campo de notificação uma última mensagem do Mark me chamou a atenção: “Já estou em casa.”. Vi também que ele havia tentado me ligar três vezes, mas eu não havia escutado nada. Retornei a ligação:

- Oi, Mor.

- Oi, morena.

Eu não sabia exatamente o que falar e ele, estranhamente, também ficou em silêncio por alguns segundos. Depois me falou:

- Onde você está? Que barulho é esse aí?

Então me dei conta novamente que havia ficado brava com ele por nada e, logo na sequência, saí para vadiar com minhas amigas. Fui o mais honesta possível:

- As meninas praticamente me obrigaram a vir para uma casa de espetáculos, Mor. Eu queria ter ficado no meu quarto.

- “Obrigaram”, Nanda!? Quantos anos você tem? Dez!? - Ele ironizou.

O barulho interno do salão não me deixava interpretar exatamente sua entonação, mas pelo teor da conversa era óbvio que ele não estava contente:

- Fiquei sem jeito, Mor. Ah, sei lá… - Respondi, tentando desviar o assunto: - Por que me ligou?

- Eu queria conversar com você, papear, matar a saudade, mas acho que não é a melhor hora para isso. - Depois, acho que ele próprio viu não ter sido justo e tentou se corrigir: - Quase não estou conseguindo te ouvir…

- Espera aí! - Pedi.

Me levantei e saí em busca de um lugar mais calmo. Fumódromo eu abominava. Um cantinho com cara de abatedouro de casais não era um lugar indicado também. Fui então ao banheiro e me fechei num reservado:

- Está me ouvindo melhor agora? - Perguntei.

- Estou. - Respondeu, já tentando terminar a ligação: - Eu vou desligar. Vai aproveitar sua noitada. Depois a gente conversa.

- Não! Espera… - Pedi porque eu precisava me explicar: - Queria te pedir desculpas. Eu errei com você.

- Oi!? Não ouvi direito.

- Para, engraçadinho! Você entendeu, sim.

- Só queria confirmar… - Falou rindo do outro lado da ligação: - Mas que milagre foi esse?

- Milagre algum… Deixa eu te perguntar só uma coisa?

- Manda.

- Tem algum risco de você se apaixonar de novo pela Iara?

- Nenhum! - Ele respondeu imediatamente: - Aliás, eu nem sei se um dia fui apaixonado por ela.

- Verdade, Mor!? - Perguntei, frisando uma certa desconfiança.

- Estou sendo sincero.

- Tá bom, então. - Suspirei fundo, tentando controlar meu nervosismo, mas continuei: - Aproveite as chances que tiver, mas não me conta. Ainda estou pensando se quero saber. Só tome cuidado para proteger as meninas e a gente.

Ele ficou em silêncio, acho que ficou surpreso comigo por liberá-lo novamente. Então o chamei:

- Mor!?

- Laura deu em cima de mim… - Falou.

- Come ela! A Laura é legal.

- Denise também ligou para mim.

- Adoro a Denise! Se eu estivesse aí, ia junto com você. - Falei e ri de mim mesma, ainda que meio nervosa.

- E tem a Iara que…

- Ah, Mor. Para! - O interrompi: - Aí você já tá querendo me torturar.

- Então, Iara não? - Ele perguntou, rindo baixinho.

- Se me prometer que não vai me trocar por ela, Iara sim. - Falei e não pude conter uma lágrima que brotou sei lá de onde: - Se você soubesse o tanto que me dói imaginar você pegando aquela mulher…

- Nanda, eu…

- Tá tudo bem, Mor. - O interrompi novamente: - Eu te amo e sei que você me ama. Eu preciso passar por isso. Eu sei que vai doer um pouco, mas eu vou me curar quando você estiver comigo novamente.

Novamente ele ficou em silêncio. Depois de um tempo, ele próprio falou:

- Você tem certeza do que está me falando?

- Tenho! Só não sei ainda se vou querer ouvir suas histórias. Estou pensando e te falo quando voltar. - Falei, mesmo me doendo, mas sabia que era o certo a fazer: - Você vai esperar e me dar a chance de te reconquistar?

- Me reconquistar!? Você está louca, Nanda? Não tem nada que eu ame mais na minha vida que você e nossas filhas! Não quero te trocar por ninguém. Nunca!

Aquelas palavras pareciam um bálsamo para minha alma e chorei em silêncio para mim mesma porque não quis que ele me ouvisse sofrer, pois mesmo o melhor dos bálsamos, se aplicado numa ferida aberta, arde imensamente. Por mais bem que suas palavras me fizessem, ainda assim doíam, mas era o certo a se fazer. Ele confiou em mim e eu estava louca para voltar para ele, por que ele não faria o mesmo comigo se eu confiasse nele? Eu precisava passar por aquilo! Eu tinha que confiar nele e dar a chance dele me mostrar que eu estava certa em acreditar nele. Nos despedimos aos beijos e reafirmando nosso amor. Retoquei minha maquiagem e saí leve daquele banheiro.

Verônica havia voltado para a mesa e somente Aline e Cíntia conversavam entre si. Acho que ela se tocou da mancada e acabou sendo deixado meio de lado pelas demais. Fui até ela e a abracei, pedindo desculpas por qualquer excesso de minha parte e ela me sorriu feliz pela iniciativa. Aliás, ela quis chorar e eu tive que consolá-la. Me sentei na mesa e sob os olhares atentos de todas falei:

- Eu estou bem, meninas. Já conversei e me acertei com meu Mozão. Vamos esquecer a “cagada” da dona Verônica. - Fiz questão de frisar e rir depois de sua cara: - E vamos aproveitar a noite. Cadê o show, Verônica? Viemos aqui pra nada?

Algum tempo depois realmente começou uma apresentação temática folclórica de boi-bumbá. Tudo muito colorido e bonito, minha caçula adoraria, já Mark e Maryeva, talvez. Depois da apresentação, começou uma espécie de “mini-rave” no interior do estabelecimento e os grupinhos começaram a se formar, circular, alguns dançavam, outros sensualizavam, outros só paqueravam a distância. “Credo! Eu fazia isso quando era mais nova?”, pensei e comecei a rir sozinha.

Lógico que uns “meninos” mais abusados tentavam aproximação com a gente também, inclusive de mim, mas eu não estava a fim de trocar fralda de ninguém naquela noite. A certa hora da noite, o segurança que havia me extorquido um beijo veio até nossa mesa e tentou uma aproximação comigo. Fechei a porta na cara dele sem a menor piedade. Talvez se ele não tivesse sido escroto no começo, eu até daria uns beijos nele ali, mas depois de ter forçado a situação, perdeu qualquer chance comigo.

Depois de um tempo e sei lá quantas batidinhas, resolvi ir ao banheiro. Aline me acompanhou. Na saída, fui pega a força e beijada por uma morena tão alta quanto eu, mas com feições bem indígenas mesmo. Apesar de ter sido um beijo gostoso, não gostei da abordagem forçada dela e a dispensei também. Ela ainda tentou se desculpar, dizendo que o tesão do momento a fez perder a cabeça, mas acho que era mais efeito da bebida e eu não estava a fim de servir de babá depois.

O salão não se enchia mais, mas o movimento era bastante intenso. Chegando em nossa mesa, acabamos cruzando com um grupo de quatro carinhas, três bem brancos e loiros, com cara de turistas e um moreno, tipicamente brasileiro. Eles nos encaravam enquanto nos aproximávamos e quando estávamos passando por eles, um me segurou pelo braço, pedindo para conversarmos com eles. Aline solteira e tímida precisava de um empurrãozinho e a segurei comigo.

Mateus era o brasileiro, os demais eram alemães. Só me lembro dos nomes do Andreas e do Thomas. O outro era tão estranho que acabei me esquecendo. Ficamos papeando diversos assuntos. O Thomas e o outro que esqueci o nome e vou chamar de “Zé” só falavam inglês, meu grande tendão de Aquiles. Então acabei ficando de conversa com o Mateus e o Andreas que falava um português ruim e arrastado, mas pelo menos falava. Surpreendentemente, Aline engatou uma conversa com o Thomas e depois de um tempo vi que se beijaram. Com o sentimento de dever cumprido, me despedi deles, dizendo que precisava voltar à minha mesa. Houve um protesto, mas me despedi e saí.

Verônica e Cíntia paqueravam da mesa. Aliás, Cíntia depois que beber se soltou bastante, ao ponto de, se alguém chegasse nela, acredito que cederia fácil. Mal me sentei e comecei a conversar com elas, o Andreas veio me convidar para dançar. Tocava um funk nessa hora e eu recusei porque não sou muito amante do estilo. Ele insistiu e as duas praticamente me tocaram da mesa:

- Só vou se você convencer seus amigos a dançarem com minhas amigas. - Cochichei no ouvido dele.

Ele sorriu, balançando afirmativamente a cabeça e saiu atrás de seus amigos. As duas me olharam chateadas por eu ter dispensado o “bofe”, como disse Cíntia. Fiquei bebericando de leve minha batidinha e logo ele voltou com seus amigos. O “Zé” convidou Verônica para dançar, fazendo com que ela ficasse roxa, mas, carente, quase desesperada, aceitou sem pestanejar. Cíntia deu um pouco mais de trabalho para convencer, mas como Mateus foi aparentemente educado, acabou aceitando dançar “só uma” com o rapaz:

- E ai? Dançar comigo? - Andreas me cobrou.

- Danço, Andreas. Você mereceu. - Respondi, me levantando e o seguindo para o salão.

Os alemães pareciam postes pregados no chão, nem para os lados balançavam. O pancadão corria solto e logo Cíntia começou a mostrar gostar do ritmo, requebrando maliciosa, aliás, maldosamente na frente do Mateus. Ele, brasileiro, começou a mostrar para o gringos como se faz, mas ainda assim eles se mantinham imóveis. Comecei a rebolar um pouco mais ousadamente e até arrisquei um “quadradinho”, mas de vestido tubinho curto, era praticamente impossível. Ele subia a toda hora e eu tinha que me policiar, puxando-o para baixo sempre. Ainda assim, curtimos um bom tempo ali com eles.

Depois de um tempo, Andreas ousou um pouco mais e também começou a roçar atrás de mim. Uai! Roçar não é trair. Aliás, ele queria capinar bem fundo, porque sua enxada parecia ter um cabo de bom tamanho. Fiquei curtindo aquele contato e depois de me levantar para descansar a coluna um pouco, ele começou a cheirar o meu cangote. Eu gosto disso e me arrepiei na hora:

- Muito loucura! - Ele falou no meu ouvido.

Me virei de frente para ele e comecei a me esgueirar para cima e para baixo, praticamente esfregando meus seios em seu corpo. Num momento em que me levantei e fiquei observando a Aline engolindo ou sendo engolida por seu parceiro, não notei que Andreas estava preparando um bote, tanto que quando me voltei para ele, de surpresa, me pegou num abraço forte e me beijou a boca sem pedir permissão. Só então notei que o cara era bem alto, certamente mais de um metro e noventa, pois teve que se curvar um pouco para me alcançar e eu não sou baixa. Além disso, o cara era um linguarudo de primeira grandeza. Acho que sua língua alcançava facilmente meus sisos. Acabei me deixando levar e aproveitei um pouco. Após um tempo nos roçando e sentindo que seu pau endurecia cada vez mais, ele falou:

- Meu hotel ser perto.

- Que bom! - Respondi no embalo e já me corrigi: - Para você, é claro.

- Vir comigo. Eu querer você.

- Não. Só quero curtir de leve.

- Não entendo “curtir de leve”?

- Namorar, sem sexo.

- Eu estar louco por você, Nanda.

- Andreas, não! - Respondi e balancei negativamente a cabeça para ele entender que eu não estava brincando.

- Namorar no escurinho, pode? - Pediu com uma cara de bobão.

- Pode… - Acabei concordando.

Fomos então de mãos dadas até o “abatedouro”, um canto estrategicamente mal iluminado, com vários bancos duplos onde alguns casais já se agarravam sem cerimônia alguma. Ele foi bem para o fundo e se sentou no primeiro que encontrou. Eu nunca gostei desses lugares porque sei que a higiene é péssima. Não me surpreenderia nem um pouco se encontrasse com alguma camisinha usada ou uma gozada na poltrona. Não estava a fim de sentar ali e ele me puxou para seu colo. “Menos mal!”, pensei comigo.

Ficamos nos beijando e ele me apertava de todas as formas que podia. Depois de um tempo senti sua mão me procurando pela saia e facilitei sua busca, abrindo um pouco minhas pernas. Ao fazer isso, minha saia só não foi parar na cintura, porque eu estava sentada sobre parte dela. Ele, bem experiente, alcançou fácil meu clítoris e o alisou gostoso, tirando alguns gemidos de mim:

- Você me deixar louco! - Ele resmungava.

- É!? Então aproveita que vai ser só aqui.

Ele continuava me bolinando e, depois de um bom tempo, senti dois longos dedos entrando fundo em mim. Suspirei fundo, abafando meus gemidos em seus lábios, mas quando ele fechou seus dedos em formato de anzol e apertou meu clítoris com o dedão, não consegui me segurar e o abracei forte pelo pescoço, gemendo em seu ouvido:

- Ai, caralho! Não faz assim que eu vou acabar gozando. - Resmunguei.

- Enton, goza, sua gostosa. Goza. - Me mandou, puxando meu cabelo para trás e beijando forte meu pescoço.

- Ai, ai, ai. Hummmm. Ai. Assim. Devagar… Não! Forte, forte. Vai, rápido. Ahhhhhh!! - Falava enquanto ele me manipulava sem parar e cada vez mais rápido.

Gemi alto e tremi nas mãos daquele homem, forçando novamente minha cabeça para o lado da dele, choramingando em seu ouvido pela gostosa gozada que havia dado. Gentilmente, ele puxou minha saia para baixo e me abraçou enquanto eu ainda respirava pesado. Gostei da gentileza dele! Achei respeitoso o que ele fez comigo e decidi que iria retribuir.

Depois de um tempo, o olhei nos olhos e o beijei com vontade, literalmente chupando aquela baita língua que ele tem. Mudei de posição e me sentei de frente para ele. Desabotoei sua calça e tirei um belo pau para fora, maior, mas não mais grosso que o do Mark e nada exagerado também. Comecei a masturbá-lo com as mãos enquanto o beijava:

- Só vou te masturbar. - Avisei e pedi: - Tem uma camisinha aí?

Ele me deu e eu o encapei. Passei a masturbá-lo com minha mão, às vezes, esfregava minha boceta, como se estivéssemos transando, enquanto o beijava incessantemente. Além disso, eu fazia questão de respirar e gemer em seu ouvido, deixando cada vez mais louco:

- Eu vou gozar assim! - Ele falou.

- A ideia é essa, querido. - Respondi.

Ficamos nessa brincadeira gostosa um bom tempo e o fiz gozar enquanto esfregava freneticamente minha boceta nele. A brincadeira estava tão boa que continuei me esfregando depois que ele havia gozado até eu própria conseguir gozar novamente. O danado era bem disposto, pois seu pau não amoleceu nem um pouquinho, nem mesmo depois dele ter gozado. “Danado! Parece o Mor!”, pensei comigo e sorri enquanto nos recuperávamos, abraçados. Depois disso nos arrumamos e voltamos para o salão. As meninas haviam sumido. Só depois de um tempo, encontrei Verônica sentada numa cadeira de canto:

- Que cara é essa, Vê? - Perguntei.

- Cara de quem não conseguiu dar de novo, Nanda! - Falou chateada: - Só pode ser macumba, o que fizeram comigo. Caralho, meu…

Tive uma imensa vontade de gargalhar, mas me contive. Seria uma sacanagem fazer isso com ela, porque ela parecia realmente chateada. De qualquer forma, eu já estava saciada. Aliás, saciada e cansada. Disse que estava indo embora e ela se dispôs a vir comigo. Me despedi do Andreas que me pediu meu telefone, mas eu não dei. Ele então me passou o dele e me pediu para ligar quando quisesse. Inclusive, quis marcar almoço para nos encontrarmos novamente, mas disse ser impossível por meu trabalho. Demos um último beijo gostoso e voltei com Verônica para o hotel. Nos despedimos depois e fomos cada uma para seu quarto. Tomei um banho relaxante e desmontei na cama, que era tudo o que eu precisava naquele momento.

[...]

- Essa mulher é louca! Pirada na batatinha… - Falei para mim mesmo no silêncio de minha casa após desligar o telefone: - No mínimo, bipolar! Só pode…

Ainda assim, aquela conversa tinha sido muito boa e aliviado bastante a tensão que nos envolveu depois da chegada de Iara à minha cidade. Fui dormir tranquilo e tive uma ótima noite de sono. Acordei de manhã e, depois do café, fui para meu escritório atender um compromisso excepcional, agendado por um cliente. Lá, enquanto o atendia a portas fechadas, ouvi o interfone sendo acionado. Qual não foi minha surpresa em encontrar Iara prostrada em frente a minha porta. Pedi licença ao meu cliente e fui atendê-la:

- Iara! O que você está fazendo aqui? - Perguntei, realmente surpreso.

- Você não me ligou e eu esqueci meu celular. Então, vim pessoalmente.

- Estou atendendo um cliente agora.

- Eu fico na sala de espera. Sem problemas… - Disse e já foi entrando no escritório.

Respirei fundo, fechei novamente a porta e voltei para dentro. Ela já havia se sentado e pegado uma revista qualquer nas mãos para ler. Nem me olhou enquanto eu voltava para minha sala e fechava a porta para continuar meu atendimento. Fiquei quase mais uma hora discutindo alguns detalhes de um complicado caso de divórcio com meu cliente. Depois de concluída nossa reunião, fui acompanhá-lo até a porta e foi impossível não notar aquela quase mulata sentada, com a perna direita cruzada sobre a esquerda, balançando o pezinho exatamente como a Nanda fazia quando estava incomodada com algo, inclusive, tive a impressão de ter visto uma tornozeleira naquele momento. Após me despedir do cliente, voltei até ela:

- Vamos entrar? - A convidei, indicando o caminho de minha sala com a mão.

Ela abriu um sorrisão e se pôs a caminhar em minha frente. Aquela bunda magnifica parecia ainda maior que no nosso tempo de namoro. Por estar usando uma blusa tomara que caia, as marcas do biquíni ficaram muito visíveis. “Essa danada tem um jeitão de hotwife!”, pensei comigo e voltei a focar minha visão para baixo, procurando uma confirmação em seu tornozelo direito. Em vão, pois sua calça agora impossibilitava meu trabalho. Já em minha sala, ela se sentou languidamente na poltrona em frente a minha mesa. Segui para minha cadeira, mas ela me interrompeu, segurando meu braço:

- Senta aqui comigo.

Me sentei noutra poltrona ao seu lado e perguntei objetivamente:

- O que você está fazendo aqui, Iara?

- Oxi! Venho te fazer uma visita e sou recebida com pedrada. Credo…

Ouvir aquele “Oxi!” me fez sorrir involuntariamente pois denunciava sua ascendência baiana. Aliás, ela toda exalava uma baianidade, quase gritava para quem quisesse ver:

- Desculpa! É que pensei que você estivesse na chácara dos seus tios. - Justifiquei.

- Vieram fazer umas compras e eu infernizei minha tia até ela me mostrar onde era seu escritório. Daí, dei um perdido neles e vim parar aqui.

- Eles não sabem que você está aqui?

- Não. Até me empresta teu celular para eu avisá-los?

Peguei meu celular e lhe entreguei. Ela fez uma ligação rápida, informando onde estava, e combinaram de se encontrar em alguns minutos:

- Tá! Mas você não veio só para conhecer meu escritório? - Perguntei.

- Não. Eu vim cobrar meu convite para uma pizza. Se tivesse um bar com karaokê, então seria perfeito!

Sorri e depois comecei a rir, lembrando que uma de nossas diversões era ficar cantando num karaokê em sua casa, quando eu a visitava. Não que eu fosse um bom cantor, mas ela, aliás, eles todos eram horríveis, um pior que o outro:

- Adorei suas filhas. Sua caçula é tudo de bom. Já sua mais velha parece não ter ido muito com minha cara.

- Ciúmes do papai aqui, acredito eu…

- Provavelmente… - Disse enquanto cruzava sua perna direita sobre a esquerda novamente: - Poxa, Mark. Eu podia ser a mãe delas. Já pensou?

Fui pego de surpresa por aquela afirmação e fiquei sem resposta. A encarei por um momento e me levantei, indo até uma mesa de apoio onde havia água, café, biscoito, bolacha. Queria mudar o rumo daquela prosa:

- Água, café, Iara? - Perguntei.

- Não. Agora não. Obrigada.

Peguei um copo com água e fui me sentar em minha cadeira, de frente para ela e agora protegido por uma mesa. Não queria ser indelicado, mas precisava me posicionar melhor naquela conversa inesperada:

- Mas e você… - Tomei um gole de água: - Já casou? Quantos filhos?

- Me divorciei há uns meses. Estou dando um tempo para mim. - Me encarava com um olhar carente: - E filhos, nada ainda. Meu marido… Aliás, meu ex, não queria e não tivemos.

- Idiotice dele! Filhos são uma benção.

- Com a pessoa certa, sem dúvida. - Falava, sempre me encarando.

Nesse momento, ela começou a balançar o pezinho direito e consegui ver, mesmo que de relance, uma tornozeleira com uma pimentinha vermelha. Acabei sendo indiscreto e a olhei fixamente. Acredito que até tenha sorrido discretamente para mim mesmo com a confirmação de minhas suspeitas, mas não falei nada. Nem precisei, pois ela própria, vendo minha reação, já emendou:

- É para dar sorte!

- É! Claro…

Na verdade, a tornozeleira de pimentinha tem mesmo esses dois sentidos: na perna direita de uma mulher, pode significar apenas sorte ou proteção, ou um hotwife à disposição. Na esquerda, quase sempre cancela a última parte da primeira hipótese:

- É que li em algum lugar que também pode ter outro significado. - A testei, curioso com sua reação.

- É mesmo? E qual seria? - Me perguntou com um sorriso malicioso.

- Acho que você já sabe. - Respondi ao ver seu sorriso.

- E isso te incomoda? Te decepcionei por isso?

- Então, você é!

Ela escancarou ainda mais a malícia naquele sorriso, sempre me encarando, e começou a brincar com um cachinho de seu cabelo, enrolando-o com a ponta dos dedos indicadores, como fazia em nossa época de namoro quando queria me instigar. Saquei na hora que ela estava tentando me seduzir:

- Iara, olha só! Acho que…

Antes que eu pudesse completar a frase, ela se levantou e veio em minha direção, sentando-se no meu colo e passando seu braço por meu ombro. Sem pedir permissão, me beijou a boca. Um beijo cheio de luxúria. Ela transpirava estar excitada e carente de uma boa pegada. Gemia baixinho enquanto nossos lábios estavam grudados:

- Iara, por favor. - Pedi, quando tive chance.

- Me chama de anjinha!

- Caramba, Iara!

- Anjinha! Sou sua anjinha. Só anjinha. Fala pra mim. - Sussurrava em meu ouvido.

Eu não sabia o que fazer. Aliás, eu sabia, só não tinha certeza se devia. Transar com a Laura, uma mulher por quem não nutria sentimento algum, era uma coisa tranquila para mim, mas minha ex, uma deliciosa baiana de mais de um metro e setenta, me deixou sem jeito. Eu podia até não sentir mais nada por ela agora, mas já senti e ali me vi com medo de minhas próprias reações. Meu pau, belo parceiro vacilão, deu um forte sinal de vida e ela vibrou:

- Ai, Má. Estou vendo que você me quer tanto quanto eu quero. - Disse rebolando suavemente no meu colo: - A gente nunca transou quando namorava.

- Não tivemos chance de ficar a sós. - Justifiquei uma verdade doída para mim porque realmente eu sempre tive muito tesão por ela: - Além disso, a distância… Sei lá. Acho que ficamos pouco tempo juntos, Iara.

- Anjinha! Fala anjinha pra mim.

- Mulher, calma!

Vendo que eu ainda não estava cedendo fácil, ela mesmo apelou puxando sua blusa para baixo, desnudando aqueles lindos seios não mais médios, marcados com um triângulo do biquíni e com lindos mamilos marrons escuros, quase negros, no centro:

- Não eram desse tamanho. - Falei, embasbacado e com água na boca.

- Não ficaram bons? - Ela os acariciou em frente a minha boca.

Fiquei boquiaberto e sem resposta. Ela aprovou o impacto causado e ousou ainda mais, esfregando-os em meu rosto. Colher aquele fruto era inevitável. Quando abocanhei seu mamilo esquerdo e o suguei forte, ela se arrepiou e gemeu na mesma hora. Passei a lambê-lo com vontade, apertá-los ainda mais e revezá-los em minha boca, enquanto acariciava suas costas e tentava baixar ainda mais sua blusa. O clima esquentava cada vez mais e fomos interrompidos pelo interfone novamente. Nos assustamos e Iara se levantou. Depois, se arrumou e me encarou, passando os dedos em meus lábios para verificar se havia me sujado com batom e me pedindo para confirmar se o dela estava borrado:

- Devem ser meus tios. - Ela falou e, antes que eu pudesse atendê-los, abriu o fecho de sua calça, mostrando estar calcinha e exibiu um pequena parte de sua púbis depilada e marcada pelo biquíni: - Para você ter um motivo a mais para me convidar.

Eu, que já não estava conseguindo abaixar uma ereção proeminente, agora já me dava quase por derrotado. Fui ao banheiro e joguei uma água no rosto. Nada! Tentei mijar, me beliscar. Nada também! Só depois do terceiro toque no interfone e de me preocupar em alguém imaginar o que obviamente estávamos fazendo, é que consegui me tranquilizar o suficiente. Controlado, abri a porta e já vi seus tios me esperando. Fui cumprimentá-los e os trouxe para dentro de meu escritório, onde ficamos conversando brevemente algumas amenidades. Iara fez questão de ser a última a se despedir e, depois de me beijar a face, ainda sussurrou em meu ouvido:

- Fico até o final de semana. - E deu uma piscadinha: - Talvez até a próxima também.

Eles se foram. Aquela mulher me desestabilizou de uma forma que não consegui mais tirá-la de minha cabeça. Nosso namoro, apesar de curto, foi muito gostoso. Ela beijava muito bem. Infelizmente, realmente não tivemos a chance de ficar a sós e isso impossibilitou minhas chances de aproveitar melhor aquelas carnes, cada vez mais tenras e suculentas e… Caramba! Eu precisava me controlar. “Sexo sem sentimento, Mark! Não inventa história!”, eu tentava me convencer:

- Ela vai embora, seu idiota! - Comecei a me repreender: - Mete o pau e parte pra galera.

Ainda assim, teria toda uma logística envolvida: teríamos que desviar dos parentes, sair da cidade, deixar minhas filhas com meus pais, etc, etc. Decidi esfriar a cabeça, acalmar os hormônios e pensar melhor. Aliás, planejar melhor porque eu já estava certo que queria dar uma primeira última vez com minha ex. Já em casa, enquanto almoçava, aquela morena não me saía da cabeça. Resolvi mandar uma mensagem para ela:

Eu - “?”

Não queria me comprometer. Então, preferi um contato sem conteúdo. Nenhuma resposta retornou e assim permaneceu por um tempão. Após mais de trinta minutos, eu já havia desistido de esperar e comecei a achar que fosse mais “fogo de palha”. Passei a aproveitar para dar uma geral na cozinha e pouco antes das treze horas, ouvi uma notificação de mensagem em meu celular:

Ela - “Oi!”

Eu - “Posso te ligar?”

Ela - “Pode.”

Preferi ligar pessoalmente para evitar qualquer mal entendido:

- Oi, Iara.

- Oi, Má. - Falou, já resmungando em seguida: - Você não vai me chamar de anjinha mesmo, né!?

- Quem sabe… Podemos conversar sem medo de sermos surpreendidos.

- Claro! Quer que eu te faça uma chamada de vídeo pelada para provar?

- Para com isso, Iara! - Falei com seriedade, ouvindo um “Ahhh!” de lamento baixinho do outro lado, mas já partindo para o ataque: - Sou um cara criado à moda antiga. Eu mesmo tiro a roupa das minhas mulheres, anjinha.

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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 272Seguidores: 631Seguindo: 24Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Bom conto. Eu esperava uma aparição do Rick nesse episódio, mas não aconteceu. Acredito que a história com o Rick teve, a princípio, um ponto final. Creio que ele não será tão louco de aparecer em Manaus, mais provável na volta a São Paulo. Aguardemos os próximos capítulos...

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A pedido da Nanda, só uma palhinha, galera:

"Quando aquela morena se deitou sobre aqueles lençóis brancos, fingindo esconder seus seios com um braço e a púbis com a mão do outro, não tive como não me lembrar da pintura "O Nascimento da Vênus" de Botticelli. A imagem era deslumbrante! O contraste da sua pele super bronzeada, quase negra, com os lençóis claros deixaria qualquer homem aos seus pés... E eu fiquei (...)"

"Ela cantarolava feliz pela suite, balançando de leve aquela magnífica bunda na minha frente, coberta somente com uma toalha:

"O que é que a baiana tem?

Que é que a baiana tem?

Tem saia engomada, tem (Tem)

Sandália enfeitada, tem (Tem)

Tem graça como ninguém

Como ela requebra bem"

E bem nessa parte da música parou de costas para mim e sambou com capricho, rebolando em minha direção enquanto me olhava por sobre os ombros (...)"

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🙄

Tá de brincadeira, né!?

Não pedi nada! Aliás, pedi sim: EU QUERO LER TUDO!

😠😡🤬

Beleza! Se é guerra que você quer... Estou de GREVE a partir de hoje.

🤣🤣🤣

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Acho que não dura muito esse bico, daqui a pouco vcs se acertam! É só brincadeira saudável! 😉😄😄😄

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Viajo legal nas narrativas de vocês. São verdadeiras pérolas. Continuem, queremos muito mais.

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Sou fã do casal e acho Nanda um espetáculo, a narrativa é tão perfeita que é impossível não enlouquecer imaginando ela.

Cada aventura dela é um deleite de prazer, essas da viagem têm sido espetaculares. Espero que tenha curtido ainda mais nesse um mês e nos brinde com as histórias.

Parabéns ao casal que vive a vida e mostra que mesmo com todos os percalços, o amor deve prevalecer sempre!

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Na torcida pelo casal desejo tudo de bom

Mas essa história de liberal me parece o marido sempre leva desvantagem não o falo no direito a igualdade mas ele nunca deu motivo para desconfiança

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Mulher sempre é mulher. Mesmo confiando a gente desconfia, só que às vezes não fala.

😂

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Mark acabei de ler o comentário que você postou na página das meninas Jaque, Ellen e Fernanda sobre o ocorrido com sua menina e só quero que saiba ainda bem que tudo acabou bem. O que gosto muito nessa história de vocês é que você e a Nanda mesmo que pouco incluem a relação de toda família e vocês conseguem mostrar o quanto amam as duas e que vc deve ser um paizão babão. Apesar de ser ateu,caso exista um Deus entre nós que ele proteja essas crianças.

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Obrigada, Marcelomotta.

E ele é mesmo, babão, bobão, mas tudo de bão!

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Me desculpe Mark, mas as descrições das pegações da Nanda me deixam num estado de "louvor", que não resisto a prestar homenagens a ela.

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Bom capitulo. Vou deixar para comentar melhor no proximo, pois o próximo promete. So digo uma coisa.

Vai que é tua Mark!!! Aproveita pra pegar a leoparda, enquanto a onça foi caçar longe.

Ta na hora de degustar um acarajé bem apimentado que arde na boca e pica no c*.

Nanda me perdoe ficar pilhando, mas já passou. Tudo isso é passado, e o Mark está até hoje com você. Então, leia junto com seu homem, do ladinho dele fazendo bastante carinho. Tenho certeza que vai ser gostoso.

Aproveita.

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Depois de ler esse episódio comecei a refletir e agora acho que entendo esse casal.

Se não me engano foi o Mark que levou esse relacionamento ao liberalismo e no fim das contas a Nanda se joga mais do que ele nisso tudo, não muito mais se formos contar os parceiros diferentes.

Ele que eu me lembre até esse texto teve só a Denise e a Laura contando tudo sexo ou só uns pegas não me lembro de mais nenhuma a Nanda já se divertiu mais teve o Kadu os policiais, caio, o juiz, o stripper, o pauzudo dessa temporada e agora o Andreas.

Não me lembro de outros ou outras.

Será que tem sido assim por ela ter mais ciúmes do que ele ou o maior tesão dele é ver ela com outro ou saber que ela está com outro. Nos textos tenho essa impressão que ela tem muito ciúmes quando é uma mulher diferente mas pra ele parece que o importante é ela não repetir pra não criar vínculo e opinião minha por prazer também.

Não sei se estou certo mas se estiver vejo como mesmo em um relacionamento aberto casais sentem desejos bem diferentes.

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Nanda e mark vcs são espetacular me falta palavras para comentar sobre cada episódio postado por vcs,cada episódio supera o outro, mas só falo uma coisa quem experimentar uma mulata e baiana, não esquece nunca,falo por experiência própria sou casado com uma, já namorei loiras,ruivas e morena, me desculpe vcs, mas uma mulata é uma mulata, mas o importante que vc conquistou o Mark de todos os jeitos, é uma pena votar só 3 estrelas 🌟 vcs merece um constelação inteira

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A Maryeva está super esperta com a situação !!!

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Tomara q Mark curta um pouco de aventura, desejo q ele encha mais algumas

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Ele curtiu.

Curtiu, sim.

Só não sei o que ele fez, mas que curtiu, curtiu!

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Agora dou razão a Nanda por ficar puta com o Mark, porque convenhamos tu tem 3 opções(Laura, Denise e Iara) e escolhe justo o que deixa sua esposa puta da vida? Ai e brinca com o perigo meu camarada Mark.

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Ele já transou com as outras duas, é logico que o interesse é na namoradinha de infância.

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to ligado, mas msm assim se vc sabe q aquilo pode irritar sua esposa pra que fazer

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Oras mais a Nanda já fez tenta coisa que o Mark não queria e que deixava ele chateado ou com ciúmes, quem sabe assim ela aprende um pouco mais sobre cumplicidade entre casal

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Meu amigo a Nanda se diverte a torto e a direito, além de que o Mark está segurando a onda em casa, e não pode dar seus pulos!!

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mas eu não disse que ele não deve dar seus pulos ou não se divertir, disse que das opções que apareceram ele escolhe justamente a que mais deixa a Nanda puta da vida.

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