Continuando... (Nesta parte o Leon já cria a história e acrescenta novas situações)
Eu não sabia o que fazer, Guido havia saído contrariado sem falar nada e eu não queria acordar ou incomodar o tio. Entrei de volta em nossa casa apavorada. Vi a minha calcinha melada com a gozada do tio jogada ao chão perto do sofá onde eu a havia atirado. O silêncio da minha casa se tornava opressivo. Peguei a calcinha suja relembrando os últimos minutos que fizeram o meu marido se revoltar. Fui ao banheiro e lavei a calcinha na pia, tentando me ocupar com algo, como se com aquilo pudesse reparar algum dano ou incômodo ao Guido. Eu chorava, pois, em nenhum momento eu pensara em ofender ou humilhar o meu marido. Eu adorava provocar a libido do Guido, e mexer com o seu fetiche de corno, e o tio me ajudava nisso, às vezes dando ideias e sugestões. Mas eu nunca poderia imaginar que ele iria se revoltar e se ofender naquela noite. Talvez, o fato de eu ter feito sexo com o tio sem a presença dele fosse o verdadeiro motivo de sua revolta. Mas eu achava que ele havia permitido, pois eu avisei que iria lá no tio e demorei, o que para ele seria um sinal de que nós estávamos transando e ele poderia ir espreitar ou participar, como já havia feito. No entanto, as palavras dele me deixavam muito em dúvida: “E não sou um boneco que o tio faz o que bem quer. Por favor. ”
Aquilo indicava que ele achava que eu e o tio o estávamos manipulando, e mesmo que eu soubesse que não era a minha intenção, pois só queria despertar nele o tesão, seria difícil provar minha inocência. E me destruiu o jeito que ele agiu me impedindo de abraça-lo, dizendo: “Não me faça ter nojo dos dois”.
Eu fiquei transtornada. Tentei ligar para ele, mas o celular dele tocou no nosso quarto, indicando que ele saiu até sem levar o próprio celular. Isso mostrava como ele ficou transtornado também. Nunca pensei que meu marido teria nojo de mim, e a alegria que eu estava para fazer sexo com ele ali no sofá, muito excitada, virou uma nódoa na minha emoção. Minha alma se sentia destruída. A vontade era nunca mais brincar com o fetiche de corno.
Fiquei perto de uma hora esperando o Guido voltar, bastante deprimida e sem condições de fazer nada. Não entendera muito bem a reação do meu marido.
Ao mesmo tempo, a certeza de que o Guido ficava a cada dia mais entrosado com a sua parceira de trabalho, a fura-olho da Melzinha, me deixava muito mais insegura.
O Guido poderia mesmo ter ficado tão magoado comigo e com o tio que talvez partisse para o tudo ou nada com ela. Naquela sensação de desamparo e angústia acabei relembrando do que aconteceu.
Eu naquele dia estava com muito desejo e o Guido havia chegado em casa e não me dera muita atenção. Estava preocupado em responder um questionário que ele recebera para a preparação do curso que iria fazer em breve. Ele se sentou à mesa da sala e ficou ali escrevendo, sem me dar atenção. Eu recolhi a roupa que deveria entregar na casa do tio Silvio e com a pilha de roupas passadas na mão falei para ele:
— Vou lá no tio levar a roupa passada e guardar. Ele está em casa. Você vai comigo?
O Guido abanou a cabeça negando, mas não falou nada, muito atento ao que estava escrevendo. Eu me virei e saí da casa indo para a casa do tio. Lá chegando, fui para o quarto dele e bati na porta. O tio mandou eu entrar. Quando entrei ele estava de cueca sobre a cama, vendo alguma coisa na TV. O quarto cheirava a sabonete, indicando que ele acabara de tomar banho. Fui ao armário para guardar a roupa passada e dobrada e o tio ficou me olhando. Eu usava um vestidinho simples, leve e curto e com uma calcinha bem pequenina. Conforme eu me abaixava para guardar as roupas nas gavetas do armário, o tio me olhava. Quando eu acabei de guardar a roupa, o tio levantou da cama e me abraçou por trás. Senti o volume grosso do pau dele pressionando minhas nádegas. O tio falou:
— Onde está o seu marido corninho Lucinha?
— Está ocupado lá em casa tio. Escrevendo. Nem ligou para mim.
O tio me beijou o pescoço e sussurrou:
— Eu estou com muita saudade de você minha delícia.
— Eu também sinto saudade tio.
— Então vem, minha delícia, que o Tiozão está trincando de tesão.
Naquele pondo eu já estava bem excitada também, principalmente por notar que o tio estava muito tarado. Coloquei a mão para trás e apalpei o volume do pau duro do tio. A rola já quase não cabia mais dentro da cueca. Eu pensava que iria brincar um pouco e logo o Guido estaria ali na sala, atrás da porta, espreitando nós dois. Eu sabia que muitas vezes ele preferia assistir do que participar. Segurei no pau duro do tio e retirei da cueca. O pau estava lindo, rijo, grosso, com a glande toda estufada.
Senti a rola pulsando e me deu uma onda de tesão enorme. O tio pegava nos meus peitinhos por trás e acariciava e eu sentia um calor me subindo pelo corpo. A outra mão do tio veio para o meio das minhas coxas. Minha xoxota pulsava.
Me virei e deixei o tio me abraçar. Começamos a nos beijar. O tio cheirando sabonete, me dava muito desejo. Sempre fiquei muito excitada com o cheiro ou a sensação do corpo banhado e limpo. O tio perguntava no meu ouvido:
— Vai dar essa bocetinha gulosa para o tio, safadinha?
— Ah, tio, que vontade! Hoje eu quero dar gostoso! Meu corninho deixa.
Na mesma hora o tio me suspendeu e colocou de pé sobre a cama. Ele me ajudou a despir o vestido e a calcinha que desceu pelas minhas pernas. Senti os beijos do tio nos meus mamilos e gemi profundamente. Aos poucos o tio descia sua boca para a minha xoxota e eu me deixava sustentar por suas mãos me agarrando na bunda
— Ah, que delícia de bocetinha safadinha. Vou chupar ela todinha.
— O Gui gozou nela hoje cedo tio.
— Eu não ligo Lucinha. Eu não tenho nojo nem preconceito. Pra mim uma bocetinha gozada é como uma ostra com um caldinho de azeite e limão. Eu chupo com muito prazer.
Ouvir aquilo do tio me deu muito tesão, e deixei ele me lambendo e chupando. O tio gemeu:
— Senti mesmo um cheiro de porra e de caralho nessa bocetinha sobrinha. O Guido anda muito guloso, e não deixa muito para o tio.
— O meu corninho está cada dia mais tarado tio, e depois que a gente brinca ele fica até com mais desejo.
— Então, vem safadinha, está toda meladinha já.
O Tio me fez deitar sobre a cama e me chupou gostoso, me fazendo gozar na sua boca com um dedo dele enfiado no meu cuzinho. Aquilo me deu mais vontade ainda de sentir a rola grossa dele me fodendo. Eu não sabia se o meu corninho estava espiando ou escutando, mas fazia como se ele estivesse ali:
— Ah, tio gozei gostoso, agora eu quero a sua pica, me deixa chupar.
Fiquei de joelhos sobre a cama e peguei a pica do tio para lamber, morder um pouco e chupar, enquanto segurava o saco dele por baixo. Eu adorava pegar as bolas por baixo e sentir os movimentos dos bagos na palma da minha mão. Exclamei:
— Eu estava com saudade dessa rola tio. Até o cheiro é gostoso.
Comecei a lamber e chupar a rola do tio, claro que eu não conseguia enfiar tudo na boca, a cabeça encostava no fundo da minha garganta, mas eu estava acostumada e gostava de chupar.
— Gosta do cheiro da minha rola sobrinha? Sente saudade?
— Sinto sim tio. O meu corninho também gosta de sentir o cheiro e o gosto na boca da putinha dele.
O tio ficou muito excitado ao ouvir aquilo e quase gozou. Me fez ficar de quatro na beira da cama e veio por trás. Começou a passar a rola na minha xoxota e eu empinava a bunda pedindo pica.
— Vai tio, mete, soca essa pica grossa na minha “pepekinha”! Estou tarada.
O tio não demorou, estava também com muita vontade, e encaixando a cabeça do pau na minha xana foi tratando de forçar a entrada. Eu ofeguei com aquela jeba me alargando, me esticando a xoxota toda, e me invadindo.
— Ahhh, que delícia tio, mete, isso, atola a putinha do corninho, me faz gozar na sua rola.
O tio Silvio também já estava há dias no desejo, então parecia tomado por uma fúria indomável, enterrou a pica e me agarrando pela cintura, passou a socar forte. Ele às vezes dava tapas na minha bunda, e me chamava de putinha safada.
Com aquele ímpeto de suas socadas, me chamando de putinha gostosa e safada, eu fui sendo tomada por ondas enormes de prazer. Senti que ia gozar e comecei a gemer em voz alta:
— Isso, tio, soca forte amor, que é gostoso!
Ele também batia na minha bunda, e me puxava com força contra a base do pau.
— Soca tio, goza na minha xaninha, que o meu corninho vai gostar!
Eu achava que o Guido estava vendo ou ouvindo e caprichava nas provocações e aquilo deixou o tio mais tarado e logo estávamos os dois gozando muito, ele não conseguiu segurar:
— Ah, safada! Que putinha mais gostosa, goza na minha rola, estou gozando Lu!
Senti os jatos fortes na minha xoxota e o tio urrando agarrado na minha bunda. Eu estremecia de prazer e falei:
— Isso, tio, enche a minha xoxota de gala! Vou ficar toda gozada para o meu corninho!
— Ele vai gostar de sentir minha putinha, fala para o corninho que eu gozei muito dentro, e chama ele para chupar. Seu corninho precisa perder o medo e a vergonha e acostumar com tudo que é safadeza.
Eu estava totalmente arriada de tanto prazer, minhas pernas estavam bambas quando o tio retirou o pau de dentro e a porra escorria pelas pernas. O tio falou:
— Veste a calcinha e segura a gala para o seu corninho chupar Lucinha. Vai lá e mostra você toda gozada. Ele vai ficar muito tarado.
Ele me estendeu a calcinha e eu vesti quase no automático. Depois me levantei e senti mesmo muita saudade do meu Gui, coloquei novamente o meu vestido e dei um beijo no tio:
— Tio, obrigada, foi muito bom. Estava com saudade. Agora estou com saudade do meu corninho.
O tio me deu uma palmada na bunda e me despediu:
— Vai lá. Chama o seu corninho para sentir a esposa putinha bem gozada por outro macho. Ele precisa aprender a ser um corninho bem safado e sem vergonha.
Eu saí para a nossa casa, no maior entusiasmo achando que o Guido ia ficar todo tarado quando eu contasse o que eu tinha feito. E deu tudo errado...
Eu pensando naquilo, deprimida, triste, acabei adormecendo. E como estava bem cansada da relação sexual intensa que eu tivera com o tio, dormi direto até de manhã. Acordei e senti cheiro de café na casa. Me levantei para ver se encontrava o Guido, mas não o vi. O celular dele também tinha sumido. Vi que ele esteve em casa, tomou banho, trocou de roupa e saiu. Tentei ligar, mas ele não atendeu. Mandei mensagem: “ “Mô’, por favor, fala comigo, me responde. ”
A mensagem chegou, mas ele não abriu.
Nisso, escutei o tio chegando para o café e corri para o quarto para me vestir melhor. Quando saí do quarto usando um short e uma camiseta o tio me deu bom-dia com um beijo leve, um tapa na bunda e perguntou do Guido. Eu olhei para ele totalmente desanimada e desatei num choro intenso. O tio me olhava assustado:
— O que foi Lucinha? O que se passa?
Eu estava me segurando para não chorar.
— O meu Gui ficou bravo tio, e saiu de casa ontem. Não dormiu aqui.
— Como é? Me explique melhor.
O tio se mostrava também perplexo. Me olhava preocupado e tenso. Eu contei:
— Ontem quando voltei da sua casa, e contei para ele o que tínhamos feito ele não gostou, e quando eu chamei para me chupar gozada ele ficou bravo. Eu disse que você tinha falado que era para chamar que e ele ia gostar, e deu ruim tio. O Guido ficou muito bravo.
— Me diz, o que ele disse?
— Disse que tinha nojo de mim tio. E me mandou tomar banho para tirar a gala e o cheiro de outro macho. E quando eu saí do banho ele não estava mais.
O tio ficou calado. Percebeu que era sério e também se sentiu muito mal. Sentou na cadeira da cozinha e ficou olhando para o nada. Tomou o café em silêncio, constrangido, e eu chorava de soluçar. Ele me puxou pelo braço, me faz sentar no seu colo e disse:
— Lucinha, não chore, vamos resolver. O Guido ama você. Vai entender. Deixa ele serenar. Não ligue mais. Vou ver se encontro com ele na empresa. Falarei com ele. Fica calma e me desculpe. Você sabe que a ideia não era essa, era o contrário, criar clima de excitação.
Eu tentava parar de chorar e ele foi muito carinhoso comigo, sem abusar nem ter nenhum gesto libidinoso. Aos poucos eu me acalmei. A calma e a segurança do tio me ajudaram. Ele disse:
— Vou trabalhar. Fique bem. Não pense no momento ruim. Evite pensar nisso e ficar triste. Faça o inverso. Se concentre no momento bom. Essas coisas têm poder. A mente se conecta com fluxos positivos. As energias que você emitir pensando no Guido feliz com você farão bem a ele. Acredite. Somos pessoas conectadas e isso funciona.
Fiquei olhando para aquele homem maduro, cheio de conhecimento, de experiências, e que se ligara à nós de forma tão intensa. Por alguns instantes pensei que talvez fosse o melhor a gente se afastar dele. Mas não deu tempo porque o tio se levantou, me deu um beijo na testa e saiu para o trabalho.
Fiquei ali em casa, e para não me deixar dominar pela angústia, me distraí com o trabalho, buscando sempre lembrar do Guido e de momentos felizes nossos. Aos poucos o meu coração foi serenando, e eu fui sendo invadida por uma vontade enorme de que ele voltasse logo. Saudade e ternura me dominavam. Caprichei, arrumei a casa, as roupas, fiz comida, fiz bolo, tomei banho e esperei que eles voltassem. Mas as horas iam passando e eles não voltavam. Imaginei que talvez o tio estivesse com o Guido tendo uma conversa depois do trabalho. Mas pouco depois das dezoito recebi uma mensagem do Gui no meu celular:
“Lu, vou demorar a voltar hoje. Tive uma conversa com o tio aqui, ele vai contar se quiser, mas eu só vou falar com você quando voltar. Não me espere para jantar. Chegarei tarde. Um beijo. ”
A emoção de receber a mensagem era grande, mas a angústia de não saber o que se passava era maior ainda. Fiquei angustiada e tentei ligar para ele, mas não atendeu. Tentei três vezes. Aí quando estava quase desabando de novo em desespero ouvi o barulho do tio que estava chegando. Ele apareceu e me cumprimentou como sempre, me abraçou, um abraço apertado, que me fez tirar os pés do chã, deu um beijinho de leve nos lábios e sem mais nenhuma intimidade me colocou no chão de volta, dizendo:
— Sobrinha, fica tranquila. O Gui está bem agora. Conversamos e nos entendemos, e ele vai conversar com você quando chegar. Ele estava o dia todo com uma ansiedade grande, não dormiu essa noite, estava esgotado, a pressão subiu, e eu recomendei que ele passasse pelo departamento médico. Ele foi, tomou um medicamento para baixar a pressão, melhorou e depois agendou uma hora de atendimento com um analista que tem convênio com a empresa. Com orientação ele voltará bem. Fica tranquila. Ele vai voltar e conversará com você.
Eu olhava para o tio apavorada. Jamais poderia imaginar que teria desencadeado aquele vendaval. Eu disse:
— Meu deus, tio, que tempestade que eu provoquei...
O tio me tranquilizou enquanto nos servíamos para lanchar:
— Não foi você, foi todo um conjunto de fatores. Acho que muito mais do que algo que você tenha feito, mas sim, o que ele vai ter que decidir, que trouxe toda a tensão.
— Como assim tio? O que está dizendo?
— Posso estar enganado, mas o Guido não ficou bravo com você por provocar e mexer com o fetiche dele. Isso ele tira de letra. Acho que ele está num momento de grandes definições e isso fez pressão. Está precisando tomar decisões. Então ele transbordou.
— Mas você falou com ele, o que ele disse?
— Lu, eu prometi a ele não entrar em detalhes sobre isso com você. O meu papo com ele foi entre eu e ele. Nos entendemos. Mas ele pediu não falar nada até ele falar com você. Acho justo e vou respeitar. É somente você com ele, sem eu no meio.
Fiquei na mesma, embora um pouco mais calma ao saber que ele viria falar comigo. Mas me deu um medo assustador. Medo dele dar um basta, virar a mesa, cortar tudo, se rebelar contra tudo o que nós havíamos construído.
— Tio, acha que fizemos merda?
— Não, não acho. Não fizeram nada de mal e nem eu, tudo é uma questão de ver com mais calma. Relaxa Lucinha.
Acabamos nosso lanche e o tio se despediu me dando um abraço afetuoso, um beijo na testa com carinho, sem nenhuma atitude de falta de respeito ou de abuso. Ele insistiu:
— Relaxa, Lucinha, faça o que eu disse, pense coisas boas, relembre momentos bons. Isso ajuda. Depois fale com ele sem medo e com o coração tranquilo.
Ele saiu para a casa dele e eu novamente me senti muito sozinha. Tentei fazer como o tio Silvio havia sugerido e me sentei na cama pensando nas nossas situações felizes, gostosas, emocionantes. Pensei no tio Silvio e como ele tinha sido importante para a nossa vida, nos permitido ter e fazer coisas que seriam impossíveis sem ele. E também nos permitiu vivenciar emoções, experiências, relações que seriam muito difíceis de ter sem ele. Eu escutava o tio, as ideias que ele tinha, as sugestões que ele dava, para provocar nossas fantasias, e não sentia no tio uma maldade, e sim apenas uma safadeza que ele dosava conforme a gente aceitasse. Com aquelas lembranças, até me recordei de momentos gostosos de sexo entre nós e me excitei um pouco.
Estava distraída e não vi que as horas haviam passado. Escutei a chegada do Guido e fui para a sala recebê-lo.
Guido entrou na sala e eu saí do quarto. Nos olhamos e ele parecia meio triste, e não agressivo. Eu fui dar um abraço. Guido me recebeu bem, abraçou e beijou normalmente:
— Ah, “mo”, que saudade! Estava angustiada esperando você voltar.
Guido estava calado, apenas sorriu com simpatia, mas eu senti que ele estava triste.
Ele falou:
— Tem jantar? Estou com fome.
Peguei em sua mão e o levei para a cozinha, mas ele disse que iria ao banheiro lavar as mãos. Enquanto eu arrumava o jantar para ele, o Guido foi ao banheiro e pouco depois regressou. Fiz questão de servir o prato dele enquanto ele se sentava à mesa da cozinha. Carne assada fatiada, arroz de tropeiro com farinha de mandioca e torresmo picadinho pequenino, banana frita empanada e salada de alface com tomate. Teve um momento em que eu fui até à geladeira para pegar uma garrafa de suco e reparei que ele me olhava pensativo. O olhar do Guido estava diferente, e eu me sentia muito tensa, mas tive a paciência de esperar ele comer. Quando ele acabou a refeição, e tomava um café com bolo eu me sentei diante dele e fiquei à espera que ele dissesse algo.
Guido me olhava com atenção e resolveu falar:
— Lu, eu acho que temos que resolver algumas coisas entre nós.
Eu não ousei falar nada. Estava morrendo de pavor do que ele pudesse dizer. Mas queria saber o que ele tinha para questionar. Guido falou:
— Eu hoje tive uma conversa com o tio, na sala dele na empresa. Você já deve saber disso.
Fiz que sim, concordando com a cabeça, esperando que ele continuasse:
— Eu disse a ele que eu achei que ele extrapolou os limites da minha confiança e você foi na onda. Então, eu estou decidido a resolver isso de uma vez por todas.
Eu sentia uma pedra de gelo no estômago. Não tive coragem de dizer nada. Não senti ternura na postura do Gui, o que me mostrava que ele havia ficado mesmo magoado. Engoli em seco e esperei que ele completasse o que tinha a dizer:
— Na conversa o tio disse que não fez nada por mal, não foi mal-intencionado, não tentou abusar, apenas propunha novas provocações, e achava que estávamos todos de acordo. Você concorda com isso?
Nem tive dúvidas:
— Eu acho que ele foi sincero sim, e pensei a mesma coisa.
Guido respirou fundo, e parecia estar frio, eu nunca havia visto ele agir daquela forma. Ele falou:
— Vou considerar que vocês estão sendo verdadeiros, então eu que estava errado de me incomodar. Não havia maldade. Mas eu disse ao tio o que eu senti e o que eu não quero. E vou dizer a você também. Quer ouvir?
Eu não sabia o que esperar daquilo. O Guido retirou o celular do bolso e desbloqueou, clicou em um arquivo de áudio e deixou o celular sobre a mesa. Ouvi a voz do tio dizendo:
“ Bom dia sobrinho, entre, você não quis vir comigo hoje? O que se passa? ”
Guido respondeu com voz fria e seca:
“O senhor que me chamou aqui, o que deseja? ”
“Guido, você saiu de casa ontem, contrariado, a Lucinha me contou agora de manhã. Quero saber o que o está incomodando. Se ofendi ou fiz algo errado, me desculpe, mas, me diga. ”
Guido respondeu:
“Tem muita coisa errada, e eu quero dar um final nisso. Mas não sei como resolver, e estou com vontade de dar um basta nessa história. Acha que podemos falar de nossa vida pessoal aqui? Ou deixamos para falar lá fora? ”
“Podemos falar aqui, estamos só nós dois. É seguro. ”
Guido falou em tom mais baixo:
“Tio, você tem que terminar o seu namoro com a Lucinha. Vai ter que assumir isso para todos aqui na empresa. Quem vai ficar com a Lucinha sou eu. Essa história tem que acabar.
Ouviu-se um silêncio constrangedor, e uns dez segundos depois a voz do tio Silvio responder:
“Sim, está certo. ”
Guido prosseguiu:
“Vou falar com a Lucinha, hoje, mas vamos ter que definir, de uma vez por todas, essa nossa relação íntima. Perdi a confiança no tio e na Lucinha. Estão fazendo as coisas à revelia da minha decisão. Eu já havia avisado. Isso me contrariou. É falta de respeito, e me desagradou muito. Sei que os dois gostam de fazer sexo quando sentem vontade, e eu não sou mais consultado. Já fui cúmplice disso antes, então, não tenho como reclamar. Sei que não depende só de mim. Se a Lucinha pretende continuar, é uma decisão dela. Eu vou falar com ela hoje e se a Lucinha decidir continuar ficará por conta dela. Não me envolverei mais com vocês. ”
Ouvi a voz do tio soando muito indignada:
“Que é isso Guido. Que disparate. Eu não faço parte disso, vocês são o casal, e eu só entrei para brincar com vocês quando vocês concordassem. Já falamos sobre isso, adoro vocês, não quero ser o elemento desagregador. ”
Guido falou com uma expressão de cansado na voz:
“ Olha tio, eu até gostei bem por um bom tempo, foi muito bom, mas eu também fui muito flexível e o tio se aproveitou e forçou um pouco, e a Lucinha acabou que entrou na sua, e eu me senti manipulado. Percebi isso ontem. A Lucinha hoje já se deixa influenciar pelo tio. Não gostei, me magoou e me deixou contrariado. Assim, eu saí de casa para pensar com calma, andei pela rua pensando por três horas, e não vejo outro jeito. Vou colocar um ponto final nisso.
Houve uma parada na fala dele e eu olhava apavorada para o Guido. Ele apontou para o celular e a voz dele prosseguiu:
— Se a Lucinha quiser continuar se encontrando com o tio, ela terá que me dizer claramente que deseja isso. Eu não posso mudar nada agora, pois estou no meio da preparação de um treinamento, mas pretendo me mudar em breve daquela casa, vou procurar um lugar para viver, que caiba no meu salário e deixar a sua casa, e se a Lucinha quiser ir comigo muito bem, se quiser ficar na casa do tio, tudo bem. ”
A voz do tio interrompeu com ênfase:
“Para com isso rapaz Não precisa nada disso, Guido! Que loucura! Por favor. Não estrague a sua vida. Fiquem na casa, eu não quero mais envolvimento. Desculpe. Botamos um final nisso. Vocês sempre souberam que a decisão era vossa. Eu sempre disse isso. Encerramos e pronto. Eu não volto lá e vocês ficam em paz ”
Guido respondeu de forma bem serena e calma:
“Não depende só de nós tio. A Lucinha foi envolvida, e tem que ser ouvida. Vou falar com ela hoje e...
Nisso ouvi a voz do tio perguntando incisivo:
“Guido você está bem? O que está sentindo? ”
“Estou meio zonzo e com uma forte dor de cabeça. Me deu enjoo. Acho que é falta de sono”.
“Guido, você está vermelho, não está bem, vai agora no departamento médico, depois a gente se fala. ”
Houve um silêncio por alguns segundos e depois a gravação parou.
Eu olhava para o Guido assustada, não esperava nada daquilo. Guido sem demorar mais nada explicou:
— Fui no ambulatório da empresa e estava com pressão muito alta. Tomei um medicamento e fiquei em repouso por uma hora até a droga começar a fazer efeito.
Eu estava gelada, estiquei a mão para pegar na mão do Guido e ele deixou. Eu falei num fio de voz:
— Que isso, amor, que loucura é essa?
— Lu, eu não sei. Ontem eu me senti péssimo. Já fazia um certo tempo que estava angustiado, e ontem a situação piorou. Me veio uma onda de revolta repentina e transbordou. Hoje, antes de sair da empresa, avisei o tio que ia numa consulta com um analista. Eu precisava de orientação. Estou muito deprimido.
— Mas amor, o que houve? O que aconteceu com você?
Tentei acariciá-lo e o Guido estava bem abatido. Ele comentou:
— Lu, eu não quero mais viver com mentiras, eu não quero ficar inseguro, eu não quero mais sentir desconfiança de você e do tio, e eu não quero viajar para o curso de treinamento, com essa situação mal resolvida. Eu fui falar com um analista. Precisava de uma orientação profissional.
— Que analista? Quem é ele? Como conseguiu isso?
— A Mel me indicou. Eu disse que estava com questões pessoais me incomodando e ela me indicou o analista. Ele tem convênio com a empresa. Mas não comentei nada com ela.
Eu olhava para ele sem acreditar que aquele pesadelo estava acontecendo. E pior que a Melzinha estava envolvida. Algo me dizia que ela tinha alguma culpa naquela mudança do Guido. Fiquei mais apavorada ainda, mas me subiu uma onda de raiva e eu disse:
— Só podia ter o dedo dessa sirigaita, fura-olho. Você mudou Guido, e acho que é por causa dela.
Guido me olhava sereno. Ainda triste, mas acenou com a cabeça:
— De certa forma, de modo indireto sim. Depois de falar com o analista eu entendi muita coisa.
Eu não queria mais ouvir nada. Fiquei transtornada. Comecei a chorar e fui para o quarto.
Guido continuou sentado na sala pensativo.
Continua.
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