Como estava programado, na última semana de junho ocorreu o vestibular na Faculdade onde eu estava estudando e a Isabel se inscreveu para o curso de Agronomia. As provas aconteceriam de quinta a sábado de modo que tia Luiza e Isabel foram para lá, ficando hospedadas num hotel, desde a tarde de quarta-feira. Como o primeiro semestre já havia se encerrado, minha tia dispensou o motorista que voltou para a fazenda e eu fiquei de dar atenção às duas e levá-las de volta para Rio Preto, no sábado. Bel estava bem nervosa e logo depois do jantar, deixei-as no hotel e fui pra república. No dia seguinte, cedinho fomos, os três para o campus e exatamente às oito horas os portões se fecharam. A saída dos vestibulandos só seria permitida depois das onze horas, de modo que tínhamos, pelo menos, três horas pra gastar. Ao entrarmos no carro, minha tia me disse:
- Motorista, vamos para o motel mais próximo.
Eu não pude segurar o riso, pois esperava que ela propusesse que ficássemos a sós, mas não dessa forma, tão cômica.
- Tá rindo de que, menino, eu estou morrendo de saudade de você. O que esperava.
- Não é isso tia, sua forma de falar foi muito engraçada.
Peguei um atalho até chegar ao único motel que havia por perto. No caminho fui pensando que aquela mulher gostosa e carinhosa deveria ter passado um perrengue danado com a situação da gravidez que teve. Ao mesmo tempo, ao que tudo indicava, já estava recuperada e eu esperava que ela estivesse se precavendo. No caminho eu me atrevi a perguntar:
- Tia, tem uma coisa que me preocupa. A gente se curte faz tempo e eu adoro isso. A senhora ainda é uma mulher jovem e meu medo é de uma gravidez. A gente não usa camisinha e...
- Fique tranquilo, Pasé, a tia tem experiência com isso. Eu uso pílula. Fica tranquilo que não vai acontecer.
Ela deve ter passado a tomar pílula depois do acontecido. Fiquei mais tranquilo, mesmo!
Assim que fechei a porta do apartamento ela se agarrou em mim e começou a beijar como se nunca tivéssemos feito nada. Estava desesperada e me dizia que nunca sentiu tanto a falta de alguém e de um pau como naqueles dias. Ela praticamente arrancou minhas roupas me deixando nú em segundos e começou a chupar meu pau como se fosse um aspirador de pó. Dizia que estava cheia de tesão e queria que eu a comesse com força. Foi um negócio muito maluco. Quando ela percebeu que meu pau já estava duraço, levantou o vestido e mostrou que estava sem calcinha. Se virou, ajoelhou na cama disse:
- Vem, Pasé, come essa buceta que é só sua. Mete, rapaz, sem dó. Me come!
Eu me aproximei e me coloquei em posição e resolvi aproveitar aquele estado de excitação que iria fazer aquela mulher gozar como nunca.
- Então tá, sua putona, você quer gozar, então goza nesse pau que é só seu, vai.
Dei um tapão gostoso na bunda dela, segurei pela cintura e penetrei com força. O encontro dos nossos corpos foi forte e ela quase caiu de bruços.
- Isso, assim mesmo, meu macho, com força.
Comecei a bombar devagar, mas cheio de energia, cada vez que penetrava era com força. Eu adorava comer aquela mulher. Tinha uma ternura toda especial pela minha tia, mas ela me despertava um tesão sem comparação. Fui metendo desse jeito e ela experessando seu tesão, com cada vez mais intensidade.
- Pasé, você sabe, mesmo, como fazer a tia feliz. Esse seu jeito de me comer vai me fazer derreter de tesão.
Seus suspiros e gemidos aumentaram de intensidade rapidamente até que , pouco tempo depois ela gozou. Foram urros longos e altos, como eu estava acostumado a ouvir, daquela mulher que era minha amante improvável. Seu corpo começou a tremer e seus músculos enrigeceram de forma fenomenal. Eu continuei, forte e lento, bombando aquela buceta gostosa sem dar trégua. Ela foi se acalmando e voltando ao normal. Seu corpo relaxou mas ela continuou ali, de quatro sobre a cama.
- Não para, continua assim, quero mais, me fode mais, desse jeito, vai, mete, safado.
Com muita calma, continuei meu trabalho de meter forte e lento naquela buceta, que eu sentia quente e molhada. Minha tia gozou mais duas vezes, na próxima meia hora. Foi uma metida longa, mas ao final eu fiquei cheio de satisfação.
- Ai, Pasé, agora chega! Você me esfolou toda, quero água. Pega ali pra tia, vai.
Fui até o frigobar buscar água e quando voltei ela havia tirado o vestido e me esperava nua. Eu fiquei parado de pau duro ao lado da cama enquanto ela tomava metade da garrafa de água de um gole só.
- Que sobrinho lindo que a tia tem. Eu adoro olhar pra você desse jeito. Vem cá, agora é sua vez, deita aqui do ladinho da tia que vou te fazer carinho.
Subi na cama e deitei. Ela se acomodou e foi direto pro meu pau. Pegou nele delicadamente, sorriu, me olhou com cara de safada e disse que queria leite. Em seguida, iniciou um boquete sensacional. Eu fiquei deitado observando aquela cena deliciosa. Não demorou e eu gozei. Meus jatos foram totalmente absorvidos pela garganta da minha tia, que limpou até a última gota da minha porra. Depois veio se deitar ao meu lado.
- Pasé, que divino que é estar com você. Você me faz sentir mulher de verdade. Senti que nasci pra gozar, pra ter prazer. E o mais interessante é que meus sentimentos por você não mudaram. Pra mim você ainda é aquele menino lindo, gostoso, que corria pela minha casa brincando de carrinho ou jogando bola. Pra mim você é um sobrinho querido e, é lógico, muito especial.
- Que bom que sente isso, tia. De minha parte posso dizer a mesma coisa. Você é minha tia, por quem sempre senti imenso respeito e admiração. É claro que na minha adolescência, seus peitos me chamavam muito a atenção, mas isso é coisa de moleque. Adoro estar com você e fazer essas nossas traquinagens. E, olha, foi bom que você levantou esse assunto. Tem algo que gostaria de te contar.
- Hummm, vai dizer que arrumou namorada! Nem pense que isso vai afastar nós dois. Pode namorar quem quiser, casar e tudo mais. Mas vai continuar sendo meu homem. Fique sabendo que não abro mão disso, de jeito nenhum.
- Pois é tia, você adivinhou. É isso mesmo, mas acho que é um pouco mais complicado.
- Ah, não, vai dizer que ela tá grávida!?
- Não é nada disso. Ainda bem, aliás, nem poderia, porque ainda não aconteceu.
- Ah, bom, então me conta. Agora fiquei curiosa.
- Pra ser sincero, tenho até medo de contar.
- O que é? Tá com medo de que? Vai, desembucha rapaz!
- Tá bom, é o seguinte... É a Bel, tia. Ela é minha namorada.
- A Bel? Que isso, menino, eu jamais poderia imaginar... Você e a Bel... Valha-me Deus. Mas eu nunca desconfiei de nada, nem que ela estava namorando. Vocês nunca demonstraram... Tá falando sério?
- Sim, é sério. Aconteceu naquele dia em que fomos ao show das Frenéticas. A gente se acertou como namorados naquele dia. Mas temos muito medo do que vai acontecer. Ou melhor do que viria a acontecer, quando vocês todos soubessem. Mas, a verdade é que a gente se gosta e se curte. Já faz um tempo, viu.
- Você tá comendo ela também, Pasé?
Aí eu tive que mentir, algo que não estava costumado a fazer. Na realidade, se você leu os outros contos, sabe que é uma meia verdade. Comer, mesmo, até então, era só a bundinha.
- Não, tia, de jeito nenhum. Nem daria, porque a gente nem tem chance de ficar sozinho, né?!
- Puta que pariu, Pasé, justo a Bel? Meu Deus... E agora? Como vamos lidar com isso?
Depois disso, ela ficou imóvel e calada. Fizemos um silêncio, daqueles que a gente diz "passou um anjo". Eu nem queria saber o que aconteceria depois daquela revelação. Esperei que ela se manifestasse, o que não demorou.
- Pasé, é o seguinte, presta atenção: eu preciso pensar um pouco pra resolver essa situação, mas uma coisa é certa: você vai continuar sendo meu macho. Como eu disse agora mesmo, não abro mão. Essa é uma questão fora de discussão e uma condição pra eu aceitar o relacionamento de vocês e dar um jeito na coisa, concorda?
- Claro que sim tia, claro que concordo. Eu já disse que tenho muito tesão em você e não gostaria de perder nossas estripulias. Pode acreditar nisso. Eu quero ser seu macho, porque gosto muito da fêmea que você é.
- Safado!!! De qualquer forma, o que você me disse me abalou e vou arrumar uma saída boa pra situação. Seu safado, você é de morte, viu.
- Além disso, tia, tem mais uma coisa que me preocupa. Por a gente ser primos, tenho medo da consanguinidade, com filhos e tal.
- Bom, quanto a isso você fique tranquilo, vocês não são primos de sangue.
- Como não, a Bel não é sua filha? Ou eu sou adotado?
- Nem um nem outro, lindo. Eu e sua mãe não somos irmãs. Nós duas somos filhas de criação, assim como a Renata. Acontece que sua mãe nunca soube disso. Ela pensa que nós somos filhas legítimas dos nossos pais. Mas... Vem cá, parece que é sério o negócio, né?! Você está pensando em filhos? Em casar?
- Sim, tia, lógico, mas o que me contou agora é de cair o queixo. Quer dizer que meus avós não tiveram filhos naturais?
- Não, Pasé, eles não tiveram filhos e resolveram nos adotar, portanto, você e a Bel não são primos de sangue. Quando sua mãe foi adotada eu já era grandinha e me lembro que ela era um bebê ainda. Meus pais nunca contaram a ela e me fizeram jurar não falar nada. E, naquele tempo, juramento era uma coisa séria. Mas, agora, depois disso, vou ter que revelar esse segredo.
Aquilo virou minha cabeça no avesso. Foi um choque saber que eu ainda poderia descobrir muitos outros segredos sobre minha própria família. Na realidade, acho que essas revelações chocaram nós dois.
- Pasé, depois dessa, acho que não tenho mais clima pra ficar aqui. Vamos embora. Tenho que botar minha cabeça pra pensar, sozinha, no meu canto. Por enquanto, não diga nada pra Bel. Deixa que vou traçar um plano pra amenizar o impacto.
Levei minha tia pro hotel. Ela me disse pra ir buscar Bel na faculdade, dizer que ela estava cansada e não falar nada a respeito do que acontecera. Foi o que fiz. Deixei minha namorada no hotel onde elas almoçaram e ficaram a tarde toda. Como combinado, fomos jantar juntos e tudo transcorreu como se nada tivesse acontecido, até a manhã seguinte.
*******
Na manhã seguinte, deixamos Bel na sala de exames e ao entrar no carro, ouvi o mesmo pedido.
- Motorista, vamos rápido para o motel mais próximo.
- Gostei de ver. Essa é minha tia querida. Parece que superou o impacto de nossa conversa.
- Sim, Pasé, já sei exatamente o que fazer. Vai dar tudo certo. Confie em mim, siga minhas instruções e não se preocupe. Mas, agora, só quero uma manhã linda e cheia de sacanagem com você. Acelera.
Fomos pro motel e trepamos como nunca. Tia Luiza, parece que estava ligada no 220V. Ela me sugou toda energia sexual naquela manhã. Depois, pediu para que não comentasse nada com a Bel, para que ela pudesse terminar os exames tranquila. Me disse que teria uma conversa com o tio Cacá, no sábado mesmo e que tudo se resolveria no domingo. No entanto, disse que era pra eu me preparar pois ele deveria querer uma conversa a sós comigo e que eu teria que pedir a ele pra namorar sua filha, o que era mais que normal naquele tempo. Foi o que fiz, na tarde de sexta: fiquei preparando a conversa.
Tudo se repetiu, da mesma forma na manhã de sábado: uma manhã de fodas homéricas. Aquela mulher tinha um fogo inapagável. E dizia que a culpa era minha, por ser um gostoso metedor, o que eu não achava, mas aproveitava pra dar vazão aos hormônios da minha juventude.
********
O PEDIDO
A partir de agora, você vai saber, num breve relato, tudo que ocorreu com os personagens dessa saga, até os dias de hoje. Espero que haja interesse de sua parte. São muitas surpresas até o final.
Após pegar Bel na faculdade, no final a manhã de sábado, fomos direto pra fazenda em Rio Preto. Quando chegamos passava de 13:00h. Bel estava muito nervosa e se recolheu, sem almoçar. Depois de comer, tia Luiza também subiu para o quarto e eu fui pra labuta, na mangueira. Tio Cacá já estava por lá e conversamos numa boa. Bom, pelo menos pra mim foi numa boa, porque ele me perguntou se havia algo errado, me achando um pouco diferente. Eu devia estar meio ressabiado, mas foi tudo dentro dos conformes.
Depois do banho, desci para o jantar e tia Luiza me chamou pra varanda. Ela estava sozinha, sentada na mesa de frente para o por do sol, que caia no horizonte. Assim que me sentei, ouvi o canto do acauã. Forte e longo o pássaro fazia sua reverência ao por do sol.
- Pasé, falei com ele e já te adianto que ele gostou da ideia mas, bronco que é, vai se fazer de difícil. Você tem que fazer ele pensar que está totalmente no comando. Então, mostre-se um garoto sério e acuado, mas seja firme nas suas propostas. Fale com convicção, que ele vai gostar ainda mais de você.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Bel apareceu. Estava linda, como sempre, camiseta de malha branca, jeans desbotado, cabelo preso em rabo de cavalo e um sorriso enorme nos lábios.
- Tá vendo o sorriso da garota, Pasé. Eu já falei com ela também e ela tá sabendo de tudo. Agora vai lá na geladeira e trás uma cerveja pra vocês e um suco pra mim.
Quando ia saindo da cozinha com as bebidas e os copos, tio Cacá apareceu.
- Opa, Pasé, aí sim. Nada como uma gelada pra gente refrescar esse calor de Rio Preto.
Coloquei as coisas sobre a mesa e nos servi. O primeiro copo meu tio virou sem tirar da boca.
- Bel, pega o whisky pro pai, meu anjo. Tá la no bar da sala.
Enquanto Bel saiu pra pegar o whisky ele falou:
- Bom, hoje temos que conversar sério, né meu rapaz. Tenho uma boa notícia pra você e espero que tenha uma boa notícia pra mim.
Nesse momento Bel voltou com a bebida e os copos.
- Sim tio, acho que o senhor tem razão. Mas me deixou curioso. Qual é a boa notícia que tem pra mim.
- É que você me pediu pra ver se eu podia ajudar você a mudar seu curso de vetarinária pra agronomia. Já tá resolvido: meu amigo falou com o reitor que já espediu a ordem de migração. Quando for fazer matrícula já é agronomia. Vai ter que se adequar com as disciplinas, mas nada de especial. Só questão acadêmica. Agora é sua vez. Podemos começar?
Foi difícil de começar, confesso, mas depois a conversa rolou numa boa. Expliquei direitinho a situação e depois de umas cervejas e uns goles de whisky ele disse:
- Bom, então é o seguinte. Com filha minha não tem esse negócio de namorico, se é pra ser vamos fazer direito. Marcamos o noivado em família, ainda esse mês. Vocês vão pensando aí, pra no dia do noivado a gente marcar o casamento.
- Eu topo, tio. Se depender de mim tá combinado e sacramentado. Mas acho que, agora, a gente tem que perguntar pra noiva. E aí, Bel, que diz?
É claro que ela topou na hora. Nossa noite foi até tarde, uma alegria só. Bebemos todas e fomos todos dormir de pileque.
********
O NOIVADO
O noivado foi no último final de semana das férias. Nem por isso a marcação do Cacá comigo e com Bel foi relaxada. Parece que ele ficou ainda mais arisco. Tinhamos pouquíssima liberdade, mas o que aconteceu depois foi um alívio. Bel foi aprovada no vestibular e, no próximo semestre estaria junto comigo, longe de casa. Meu tio fez menção de ir até Jaboticabal para alugar um apartamento para Izabel mas, com muito jeitinho eu o convenci a deixar que ela morasse numa república. Liguei para umas amigas e escolhi um lugar legal pra ela. No dia da matrícula fomos todos para lá, de modo que os meus tios conhecessem o local, que foi aprovado.
O casório foi marcado para o começo de dezembro de modo que voltássemos da lua-de-mel antes do natal. No decorrer daquele semestre minha noiva se fez, mesmo, de noiva. Regulou sexo do jeito que pode. Deu a bundinha pra mim somente duas vezes e fez questão de guardar seu cabacinho para após o casamento. Não fosse as estripulias de tia Luiza, eu tinha ficado na seca por muito tempo.
********
O CASÓRIO
A festa de casamento foi simplesmente de arromba. A fazenda estava mais iluminada que o estádio do Morumbi. Tinha banda sertaneja, comida e bebida a rodo. Durante a festa, Cacá fez um único pedido a nós dois: que nunca e por nenhuma razão abandonássemos a faculdade. O seu maior gosto seria ver nós dois formados. Saímos da fazenda pela meia noite e fomos para um hotel na cidade. Na manhã seguinte pegamos um voo para São Paulo e nossa lua-de-mel foi em Recife.
********
A TRAGÉDIA
Tudo ia muito bem. Recomeçamos a faculdade, mas agora tínhamos nosso apartamento pra morar. As despesas foram todas bancadas com a ajuda de custo que Cacá nos pagava por trabalhos na fazenda nos feriados, finais de semana e férias.
No entanto, na última semana de maio tudo mudou. Num acidente estúpido, um caminhão de cana bi-trem atropelou a caminhote de Cacá que estava no acostamento, esperando para fazer a conversão e meu tio morreu na hora. Foi uma comoção nacional no meio da pecuária. O cara era muito bem quisto e veio gente do Brasil inteiro pro velório.
Quando o enterro terminou, um senhor muito bem vestido procurou a mim e Izabel, dizendo ser o advogado e guardião do testamento de Cacá e que, de acordo com a vontade dele, precisava marcar a leitura do documento até o final da semana seguinte. Mesmo abalados, nós decidimos que seria feito na quinta-feira seguinte, aproveitando o feriado de corpus christi. Ele nos avisou que deveríamos levar um advogado de nossa confiança e que deveriam estar presentes somente Tia Luiza, Bel e eu, que seríamos as pessoas interessadas e comtempladas na herança.
*********
A HERANÇA
Pontualmente, às 10 horas da manhã o advogado começou a explicar os procedimentos que seriam tomados naquele momento e o que deveríamos fazer dalí para a frente. Como todos estavam de acordo, ele leu o testamento e para resumir, os bens foram divididos ficando 60% para Bel, 20% para tia Luiza e 20% para mim. A mim ainda coube a entrega de um envelope que aparentava ser muito antigo e estava lacrado. A orientação do testamento era para que deveria ser aberto depois de encerrados aqueles trabalhos, de preferência quando eu estivesse sozinho, ou então na presença de pessoas da mais alta confiança.
Depois que os advogados se foram, chamei minhas "duas mulheres" e abrimos o envelope. Nele havia uma carta curta e objetiva que dizia: "Se você está lendo isso é porque não estou mais por aqui. Nós já conversamos sobre sua posição de meu homem de confiança no que se refere à adega e tudo o mais que se encontra naquele recinto. Portanto, agora você é o dono de tudo que está por lá, inclusive da porta secreta. Deixo anexo as instruções para que ela seja aberta. Tudo o mais que você necessita é um pouco de curiosidade para descobrir todo o mistério. Todas as instruções estarão disponíveis dentro da porta. Faça bom proveito e que o proveito seja feito com sabedoria."
********
AS REVELAÇÕES
Chamei tia Luiza e Bel pra me acompanhar. Usando as instruções contidas no envelope, abri a grande porta de madeira, sem muito problema. O que se revelou por detrás dela foi de perder o fôlego. Uma enorme porta de cofre, que certamente dava acesso a uma sala fortificada, pois tinha medidas maiores que uma porta padrão de residência. Atrás da porta de madeira havia alguns compartimentos escondidos que foram revelados pelo envelope e, para descobrir o segredo da porta, tive que usar de dicas que Cacá havia me dado quando visitamos a adega, em diversas ocasiões. Alguém que tivesse a posse daquele envelope, sem saber das dicas que recebi nas conversas com Cacá, teria que dinamitar o cofre, pois não seria capaz de desvendar o mistério. Depois de muita procura e muito suspense, abrimos o cofre.
Para nosso total espanto, por trás da porta havia uma sala grande, de 12 metros quadrados, que guardava uma imensa fortuna, muitas vezes maior do que aquilo que estava sobre a terra, as fazendas e o gado. Atrás da porta um quadro dizia: "O que está guardado aqui é fruto do trabalho de muitos homens, durante várias gerações. Todo esse tesouro, um dia terá que ser adequadamente usado para o bem e, portanto, se você está aqui é porque merece saber que ele existe e certamente dará a ele bom caminho. Ele é seu agora, só seu e de mais ninguém, portanto, sabedoria é necessária para dar andamento à essa revelação". Em seguida estavam escritos os nomes de cinco homens que eram os ancestrais do Cacá e por último o nome dele. Também havia um envelope com o meu nome e instruções de como proceder se a decisão fosse transformar aquele tesouro em dinheiro. Havia muito ouro de garimpo, em pó, em petitas, purificado em lingotes. A soma ultrapassou duas toneladas. Também havia sacos com pedras brutas de diamantes e esmeraldas, que seriam suficientes para deixar qualquer um loucamente rico. Como se não bastasse, fardos de dólares americanos, libras esterlinas e francos suíços, as moedas mais fortes da época. Seriam necessários alguns caminhões para tirar tudo aquilo dali. Nós ficamos sem palavras e não conseguíamos conversar uns com os outros, tamanha era nossa surpresa.
Resolvi que deveríamos deixar o local e, depois de um breve período, conversar sobre o destino daquilo tudo. É claro que pedi segredo total às duas e disse que, em caso de revelação do conteúdo do cofre, nossas vidas correriam perigo.
********
O DESFECHO
Depois de muita conversa e considerações, ficou resolvido que toda a fortuna do cofre seria transformada em dinheiro e levada para Suíça, como sugeria a carta que estava atrás da porta. Não preciso dizer que isso custou uma pequena fortuna em propinas e taxas, mas 90% foi salvo. A grande sorte é que a pessoa que tinha o poder de fazer o cambio entre as moedas e esquentar a grana na Suíça, era um cara maluco por vinhos e grande parte da adega foi usada como moeda de troca.
Nunca mais ouvi o canto do acauã.
As duas fazendas foram arrendadas para cana-de-açúcar e continuam até hoje rendendo uma bela grana anualmente. Reservamos uma pequena parte da fazenda de Rio Preto para lazer e criar alguns cavalos.
Logo depois do meu casamento, Renata assumiu seu caso com Sassá e, tendo se formado naquele semestre, foi morar em Milão.
No fim de 1980 Bel e eu nos formamos Agrônomos, como prometemos a Cacá e, pouco tempo depois, transferimos residência para uma bela casa de campo na região de Beaune, na França. Minha tia, agora minha sogra, foi junto conosco e alugou uma bela villa na cidade. Continuei dando assistência a ela por 11 anos, até que uma doença grave a levou.
No ano de 2006 foi Bel quem se foi, me deixando viúvo e completamente rico. Não tivemos filhos.
Hoje, com mais de 65 anos moro na mesma casa e curto as delícias dos vinhos da Borgonha.
Fiquei imensamente grato em poder contar essa saga a você. Obrigado, de coração, por ter me seguido até aqui.
Sucesso, saúde e vida longa a todos.