Chego no hotel no final da tarde, depois de curtir a viagem fazendo umas paradas para esticar as pernas e comer um lanche num posto a beira da estrada, algo que particularmente não abro mão de fazer quando estou viajando. Feito o check-in, subo para o meu quarto, e quando entro a primeira coisa que penso é que o Fábio não economiza mesmo quando é para tratar bem seus funcionários. Não é um simples quarto de hotel, mas sim um mini flat, com uma saleta na entrada com escrivaninha para trabalho, sofá, televisão, e um quarto grande com cama "king-size". Isso fora o banheiro completo e também espaçoso. O time todo do projeto, composto por 5 membros aos quais eu me somei agora, está também ali hospedado, usufruindo desse conforto. Não admira que tantos profissionais estejam sempre querendo trabalhar conosco, sendo tratados assim com respeito e carinho, o que me dá um orgulho danado de nossa empresa.
Aproveito o restante da noite para estudar os detalhes do projeto, entendendo as demandas técnicas, atividades já concluídas, processos pendentes, etc... O projeto já vem andando há algumas semanas, com esse pessoal na rotina de vir e voltar para nossa sede toda a semana. Amanhã planejo me reunir com todos eles, e ver onde posso contribuir e dar uma acelerada para que possamos cumprir as metas, gerando o benefício que nosso cliente espera conquistar com nossa solução. Como o Fábio adiantou, é um projeto de médio porte, com entregas padrão. O fato de ter um time júnior trabalhando nele não me preocupa, pois mesmo com pouca experiência é um pessoal selecionado a dedo e que recebeu um treinamento interno de excelência na empresa antes de ficarem aptos a ir a campo. Após isso relaxo um pouco, tomando um banho, ligando a TV e tentando me desconectar do meu drama. As lembranças da manhã com a Laís me ajudam, e é inevitável sentir uma ereção gostosa ao manipular o meu membro de olhos fechados revendo tudo o que fizemos, o que acaba embalando meu sono.
Acordo cedo, colocando a tradicional armadura de trabalho, tomando um café rápido no restaurante do hotel e já indo para a empresa do nosso cliente. Achei melhor me adiantar e esperar todos do meu time lá mesmo, e assim fazer as devidas considerações numa reunião matinal, por mais que eles já tenham recebido mensagens informando a minha participação. Lá chegando, logo encontro na recepção um dos vice-presidentes da empresa, conhecido meu de longa data, e com quem mantenho um ótimo relacionamento. Conversamos rapidamente e ele fica satisfeito ao saber que estarei no projeto agora, mais confiante ainda no sucesso dele. Combino de passar na sala dele em 15 minutos, pois quer dividir comigo outras potenciais oportunidades de negócio. Pego meu crachá de visitante com a recepcionista, além das orientações de onde é a sala de projeto onde estamos baseados, e me dirijo para lá.
Vou lendo distraído algumas mensagens no meu celular, quando encontro a porta da sala que nos foi reservada, e que está aparentemente vazia. Abro a porta e entro, tendo contudo uma visão inesperada: uma loira de costas para mim, apoiada e inclinada sobre uma bancada, vestindo uma calça justa riscada preta com uma camisa social branca. Paro por alguns segundos observando aquele quadro, que não encontro outras palavras para descrever senão como sendo de uma "baita raba carnuda", com coxas grossas que estão agora levemente afastadas, com ela na pontinha dos pés empinadinha tentando encaixar algum cabo ou coisa assim atrás de um monitor de TV de 50 polegadas. Me aproximo dela, perguntando:
- Você precisa de uma ajuda?
Sem me ver, ela reclama:
- Não precisa, eu dou um jeito. É uma merda mesmo, já pedi para não mexerem nisso mas toda semana tiram essa bosta do lugar. Que raiva viu? Mas pronto... encaixou!
Sorrio pela forma como ela briga com o aparelho, reclamando e xingando o pessoal. Então ela se apruma, se virando para mim. Quando me vê empalidece:
- Ai meu Deus, sr. Roberto! Desculpa!!! Eu não sabia que era o senhor que estava aqui... ai que vergonha! Não queria dizer aquilo!
Fixo-me nos olhos azuis dela, na pele branquinha, linda, jovem, chutaria que na casa dos 20 e poucos anos. Treinado pelos muitos anos de experiência profissional, me controlo para assimilar o impacto da beleza daquela garota. Que fica se ajeitando e puxando a camisa no lugar, tentando buscar alguma dignidade e melhorar a impressão que passou para mim.
- Imagina, não tem problema. Fica tranquila, eu também solto os meus palavrões de vez em quando. Ah... como é seu nome mesmo?
Pergunto apontando para o seu crachá, que está virado ao contrário, e bem na frente de um par de peitos que parecem querer rasgar a camisa de nossa empresa.
- É Larissa, senhor Roberto. Trabalho na equipe do Mateus... ah... e do senhor agora também. Sou analista júnior no projeto.
- Muito prazer Larissa. Ah, e não precisa me chamar de senhor não. Isso vai me fazer sentir mais novo!
Rimos do comentário, e então digo que vou dar uma passada na sala do meu conhecido, mas que volto para termos a reunião matinal com todo o time, quando chegarem.
- E se você precisar de mais ajuda com esses equipamentos, é só me procurar, ok? - digo piscando um olho.
Ela responde sorrindo e levemente enrubescida:
- Combinado, pode deixar… Roberto!
O dia segue normal. Mapeio alguns potenciais negócios, já reportando para o Fábio. A reunião com o time é tranquilo, alguns pequenos problemas na pauta mas que rapidamente defino o que deve ser feito, em acordo com o Mateus. O trabalho segue, cada um em sua atividade, boa parte dele envolvendo reuniões ou tarefas em conjunto com pessoal da empresa cliente, alguns gestores e também pessoal mais operacional. O pessoal se desloca para diferentes departamentos, indo e retornando de nossa sala de projeto que é o local de apoio para nós. Chegando perto do final do dia, estou de volta para a sala onde dois analistas conversam com o Mateus acertando alguns pontos técnicos, enquanto a Larissa está cabisbaixa olhando para o teclado do seu notebook, perdida em pensamentos. Estou do outro lado da mesa, e pergunto a ela se está tudo bem.
- Não é nada não, está tudo bem senhor... que dizer, está tudo bem Roberto. Eu só estou um pouco cansada mesmo.
Sei que a pressão para entregar resultados e cumprir metas às vezes impõe um esforço maior por parte de todos, mas meu instinto me diz que por trás daqueles olhos agora tristes há mais do que simples cansaço.
De qualquer forma, o expediente se encerra, e seguimos para o hotel. Mateus e outro gestor vêm no meu carro para conversamos mais alguns pontos trabalhados hoje, enquanto os demais vão em outro carro alugado por nossa empresa. Alguns mais cansados, outros com atividades atrasadas, todos resolvemos ficar no hotel essa noite, o que agradeço pois terei a oportunidade de falar com a Laís e ver se depois de um dia ela descobriu algo. É estranho que quando viajamos a trabalho acabamos meio que nos desconectando por um tempo da vida pessoal. Era isso mesmo que eu estava procurando quando pedi o favor para o Fábio, e funcionou perfeitamente o dia inteiro. Mas isso não apaga ou resolve os nossos problemas, que continuam lá, "vivinhos da Silva".
Tomo um banho, coloco um shorts e camiseta para ficar relaxado, pedindo no restaurante do hotel para me levarem um lanche no quarto. Aproveito o tempo para ligar para a Laís numa chamada por vídeo no WhatsApp. Dou sorte, pois ela está com o celular e me atende na hora.
- Oi Laís tudo bem? Pode falar comigo agora?
- Oi Betinho, tudo bem com você? Posso, lógico, deixa eu me ajeitar aqui...
- Então, você deve saber que estou te ligando para perguntar se você descobriu algo... e ai? Alguma novidade?
- Sim, tenho novidade. Usamos a parcial da placa da SUV que você marcou para cruzar dados no sistema do DETRAN e ai...
- Espera ai Laís... vocês invadiram o sistema do DETRAN???
Ela dá uma risada e me responde:
- Betinho, Betinho... eu te disse que tenho ótimos contatos, pessoal que me deve favores. Não sou fraca não meu bem!
- Ai Jesus, só espero que além de corno eu não termine preso também... bom, vamos lá, o que vocês descobriram?
- Olha, cruzando a placa com os modelos de SUV e a cor, chegamos em 2 veículos. Um deles descartamos, pois está licenciado para uma senhora que mora em outro estado. Já o outro é exatamente daqui da cidade.
- Sério? Então você já sabe que é o FDP?
- Então, o problema é que esse carro está em nome de uma empresa e não no nome de uma pessoa física. Isso descobrimos agora à tarde. Então vai demorar um pouco mais, pois agora vamos cruzar os nomes de todos os nossos amigos que estavam na festa da Cris com os dados dessa empresa e ver se chegamos em alguém... Estou confiante que até amanhã ou no máximo na quarta-feira desvendamos isso.
- Laís... quando você diz "nós" a quem você se refere especificamente? Olha lá, hein?
- Ah como você é cagão Betinho! Para você ficar tranquilo, quem está fazendo isso para mim é um hacker conhecido meu, de confiança mesmo. Já me fez uns serviços antes e também tem uns favores que me deve por ter ajudado ele no passado. Mas é 100% confiável, uma pessoal que nunca vai me trair. E ele é fera, não deixa rastros, invade o que você imaginar.
- Bom, se você diz isso, quem sou eu para duvidar.
- Mas e ai Betinho... estou vendo na câmera... está sozinho ai no quarto é? Hum, esse corpinho deixou saudades aqui em casa, viu?
- Ah, para Laís! Depois o Ricardo escuta isso e pode não gostar...
- Não gostar? - e ela cai na gargalhada - Ele adorou saber de tudo o que fizemos. Aliás, não me lembro dele me ter comido com tanto tesão antes. Eu ia contando para ele, e ele ficando mais e mais excitado, me virou do avesso. Estou amando essa coisa com vocês dois, só sai ganhando nessa história!
- Nem sei o que dizer... você contou tudo mesmo? Todos os... detalhes?
- Tu-di-nho amor, sem esconder nadinha como sempre fazemos aqui. Eu já sabe de tudo que você fez comigo!
- Agora que eu nunca mais vou conseguir falar com ele...
- Seu bobo. Algum dia você vai entender melhor essa minha relação com ele. Olha, vou ter que desligar agora meu amor. Mas fica com meu beijo especial, e se cuida viu? Curte esse isolamento ai. Adoro você!
- Também te adoro, minha amiga! Tchau!
Bom, ao menos o plano da Laís está começando a dar certo. Fico com um pé atrás dessa coisa toda de mexer com o submundo, esses hackers e "cyber criminosos". Mas se não for assim ia ser mais difícil descobrir algo. Então que seja. Comi meu lanche, assisti um pouco de TV e fui dormir dando uma zapeada nas redes sociais, vendo fotos dos amigos e amigas, encaixando a vida deles na minha. E pensando, dentre todos eles, quem seria o traíra que fodeu minha esposa... e a vida que eu tinha até então.
O café da manhã no hotel foi o ponto de encontro do nosso time, eu já mais integrado e conhecendo as incumbências de cada um, além de um pouco mais também de suas vidas pessoais, depois das conversas em intervalos e em outros momentos do dia anterior. Vamos em dois carros novamente, agora com a Larissa tendo se apresentado para ir comigo e com o Mateus. Durante o trajeto conversamos, e continuo encantado pela beleza dela, com nossos olhares se cruzando quando preciso checar o retrovisor.
Seguimos com a agenda do dia, que envolvia diferentes reuniões e atividades de revisão com certas pessoas chaves das áreas de negócio da empresa. Fiquei coordenando algumas ações e trabalhando no planejamento estratégico de dentro da sala de projetos, percebendo a Larissa um pouco nervosa se instalando numa sala de reuniões anexa, separada apenas por uma parede de vidro da minha. Depois de um tempo chega o Agenor, gerente de produção da unidade - um sujeito tampinha e gordinho, e com cara de folgado. A agenda com ela era para validar o fluxo do processo produtivo, e vejo quando ele se senta do lado da Larissa numa posição que considerei estranha e um pouco próxima demais dela. Resolvi ficar discretamente de olho. Ela vai apresentando na tela do notebook as mudanças, mas ele pouco atenção dá ao que ela explica. Com o braço apoiado nas costas da cadeira dela, ele toca levemente o cabelo dela, brincando e enrolando os fios com o dedo. Ela se incomoda e puxa o cabelo para o lado, mas ele ri e não desiste. Percebo que ele coloca então a mão na perna dela, e fala algo baixinho para ela, que se levanta nervosa e sai da sala deixando o notebook aberto. Bom, se eu tinha alguma dúvida, aquela reação dela deixou tudo claro para mim: era hora de entrar em ação.
Enquanto vi ela tomando um copo d’água com as mãos tremendo no corredor, eu me dirijo calmamente para aquela sala. Ela congela quando me vê entrando na sala. Chego me apresentando para ele, ganhando sua confiança, cumprimentando-o e já puxando a cadeira do lado dele.
- Bom dia, como vai? Meu nome é Roberto e fui enviado pela minha empresa para atuar como facilitador do projeto. Garantir que as coisas aqui funcionem para tudo dar certo.
- Ah que bom, isso vai ajudar muito. Sou o Agenor, gerente de produção dessa unidade - e fala isso com a boca cheia, com um certo ar de arrogância.
- Sim, eu sei. Já fui informado que você é a pessoa chave para o nosso projeto, e que dependemos do seu conhecimento para conseguirmos configurar o sistema como tem que ser. Estou certo, não? Estou falando com “o cara”, não é verdade?
E dou um tapinha nas costas dele. Como esperado ele estufa o peito, ajeitando a calça na cintura.
- Sim Roberto, aqui na empresa sou o braço direito e homem de confiança da diretoria. Se você precisar de algo é só falar comigo.
- Sim, eu sei bem. São pessoas como você em que temos que confiar.
Nesse momento vejo a Larissa parada do outro lado do vidro, com um olhar assustado pelo que está vendo e não entendendo nada. Eu me aproximo mais dele, falando mais baixo em tom de confidência:
- Então Agenor, eu vi você conversando animado com a Larissa agora há pouco, e depois me pareceu que ela não se comportou como uma profissional. Está tudo bem com vocês, ela está te tratando bem? Logo no início do projeto, quando soubemos que você era o “patrocinador” do projeto, já escalamos nossa funcionária mais gabaritada… e convenhamos, você não pode negar que ela é tem um baita gabarito, não é? Fala a verdade, hein?
Digo tudo isso num tom machista típico, chamando a atenção dele e apontando para ela, que agora em pânico nos olha pelo vidro, do lado de fora da sala. Ela não nos escuta, mas em nossa linguagem corporal está explícita a boçalidade. Complemento então:
- Sabe como é, não quero que nada complique a relação entre nossas empresas, e como chefe dela posso resolver qualquer coisa… facilitar alguma necessidade sua… e aqui o cliente é quem manda, não é verdade?
- Roberto, né? Então, você sabe que sou a pessoa chave desse projeto. Mas a Larissinha parece que não percebeu isso….
- Hummm… em que sentido?
- Você sabe como é, ela está fazendo jogo duro, fugindo digamos… das obrigações dela. Veja só, ela não está ajudando seu time. Eu só preciso de um favorzinho dela, nada que ela não esteja muito acostumada a fazer por ai, entende? E outra, Roberto, tem um polpudo orçamento que eu gerencio. Esse favorzinho dela, uma tardezinha exclusiva comigo, uma brincadeirinha assim, sabe? Pode destravar vários projetos interessantes para vocês. E quem sabe até uns mimos para ela, se ela for muito boazinha comigo! Todos saem ganhando, eu, você e ela… já pensou, trabalho e prazer tudo junto? Quem tem isso hoje amigo?
E ele solta uma risada escrota, recebendo de volta um sorriso de cumplicidade de minha parte.
- Olha Agenor, vem cá. Que tal a gente fazer um acordo então?
- Agora gostei, está falando minha língua. Diga lá meu amigo!
- Então, escuta só - e seguro no braço dele, falando com calma.
- Você sai daqui agora e vai falar com o seu chefe que não quer mais trabalhar nesse projeto. Fala que você não se sente à altura do desafio, que não tem competência e nem capacidade de trabalhar com nosso time. Você faz isso e eu te livro não apenas de passar uma vergonha perante todos da sua empresa, mas também te livro de sair daqui todo arrebentado depois de eu te moer no pau, seu merdinha! - aperto o braço dele que se agita e não consegue se livrar de mim.
- Você não sabe com quem está falando, eu vou…
- Cala a boca que quem não sabe com quem está falando aqui é você! Não vou tolerar esse tipo de atitude com meus funcionários e muito menos com essa garota a quem você deve respeito e um grande pedido de desculpas por ter te aguentado essas últimas semanas. Agora vaza daqui seu bosta!
Nessa altura a conversa já havia se transformado em discussão, e todos nas salas mais próximas escutam o bate-boca no final e não entendem o que aconteceu. Todos, com exceção da Larissa, que viveu um inferno desde que pisou nessa empresa. Ele sai nervosinho, xingando e ameaçando que ia cancelar tudo, que nos iria colocar para fora da empresa, transtornado e fora de si.
Saio dali e encontro a Larissa escondida sozinha na área do café. Ela chora nervosa, e quando me vê diz que não queria que nada disso acontecesse. Que era culpa dela, que sempre fazia tudo que podia para ser discreta e profissional, mas sempre dava tudo errado. Que agora íamos perder o contrato, iam cancelar tudo, que ela queria ser demitida, que merecia isso… Eu a levo para sentar junto a uma mesinha, pegando um copo com açúcar tratando de acalmá-la. E digo que ela é que foi a vítima, e que o único erro dela foi o de já não ter nos procurado para denunciar o assédio logo no primeiro dia. Que se perdêssemos o contrato com eles, o que eu duvidava muito, seria então um sinal de eles é que não nos mereciam, e eu ficaria muito feliz por não termos mais nenhum negócio com essa empresa. E que eu tinha certeza de que o Fábio e demais sócios assinavam embaixo tudo isso que falei. Ela se acalmou aos poucos, e me agradeceu inúmeras vezes por tudo que fiz. E no final o que esperava aconteceu: o tal do Agenor tentou melar o contrato e foi confrontado pelo vice-presidente meu conhecido. Esse precisou de apenas uma conversa de um minuto comigo para entender o que aconteceu e colocar o dito cujo no olho da rua. Depois ele mesmo formalizou um pedindo desculpas, e em particular falando diretamente com a Larissa. Nesses momentos, ter valores e comportamentos impecáveis faz toda diferença.
Durante o resto do dia a Larissa vai recuperando seu equilíbrio, e conversando mais animada com a Paula, outra profissional do nosso time. A sensação de alívio a revigora, e ela segue motivada com as atividades, deixando o assédio que sofreu para trás. Em alguns momentos trocamos olhares, nos quais ela parece me ver como um protetor… tipo um paizão que estava ali presente quando ela precisava. Não que me sinta um herói, mas a sensação de usar um pouco de poder para fazer o que era o certo massageia o meu ego. E ser recompensado com alguns sorrisos discretos até o final do expediente melhora ainda mais meu estado de espírito.
Retornamos ao final do segundo dia para o hotel, com algumas histórias a mais na vida, e o sentimento de grupo mais fortalecido ainda. No hall do hotel, o pessoal combina animado de ir a um barzinho que já estavam querendo conhecer há algumas semanas, e no qual combinaram de se encontrar com alguns colegas da empresa cliente, com quem já tinham alguma amizade. Convidam-me para ir também, insistem um pouco, mas eu dou uma desculpa diplomática e digo que prefiro jantar por aqui mesmo, no restaurante do hotel. Eles terminam respeitando minha vontade e seguem para se arrumar para a balada.
Agora no refúgio do meu quarto eu abaixo a guarda do dia agitado, tomando um banho demorado e pensando se haveria mais novidades hoje. Tento contato com a Laís, que lê minhas mensagens, e depois de um tempo responde que ainda estavam trabalhando com novas informações, mas que não podia me passar nada ainda. Esse “ainda” me angustia, peço para ela me dizer alguma coisa mas ela se recusa, e combinamos de voltar a falar amanhã. Um pouco frustrado, me arrumo para o jantar no restaurante, optando por uma roupa social não muito informal, pois como o Fábio me ensinou “nunca se sabe quando um novo cliente vai aparecer”. Não acredito muito que num jantar ali algo assim aconteça, mas desço vestido de forma decente para o salão, ao invés de bermuda, camiseta e chinelo que era a minha vontade. Apesar de ser um restaurante do hotel, ele atende também pessoal de fora, e assim há uma mistura de hóspedes, visitantes e até casais sentados à mesa. Com muitos lugares vazios, escolho um mais reservado ao fundo, onde posso ficar sozinho me escondendo do mundo. Roberto, o fera na vida profissional, e o fracasso na vida pessoal!
Escolho meu prato e peço um vinho para acompanhar. Bebida servida, aguardo a refeição quando minha atenção toda se volta para a entrada do restaurante. Na verdade, como um efeito em cascata, a atenção de todos ali presentes se volta para aquele mesmo ponto, tanto os sozinhos, grupos de amigos, e até mesmo casais. Num mesmo instante o salão todo se cala, num silêncio que pode ser tocado, sentido como algo material, físico. O único som a se escutar são os dos saltos dela caminhando pelo chão, vindo direto em minha direção, aqueles mesmos olhos azuis fixos em mim, o andar lento mas firme e confiante. Larissa usa um vestido branco "semi-longo", com fendas nas laterais suficientes para ser muito sensual sem ser vulgar. O corte do vestido se molda perfeito no corpo dela, e apesar de não totalmente justa permite antever realces da lingerie que ela usa por baixo, o sutiã de renda brigando para manter os seios volumosos. A marca da calcinha contorna o ventre, subindo estreita na lateral e sendo engolida atrás pela bunda perfeita e torneada. Isso tudo sendo ofuscado pela beleza do seu rosto coroado pelos cabelos loiros, compridos e soltos, e o batom vermelho realçando seus lábios finos, que se abrem o suficiente para mostrar um discreto sorriso que ela me lança.
- Posso jantar com você Roberto?
Demoro alguns segundos para me recuperar da parada cardíaca misturada com um leve engasgo em que estava:
- Hã, sim.... Não... quer dizer, lógico Larissa! Nossa, não esperava que você fosse ficar por aqui.
Digo isso me levantando para puxar a cadeira para ela se sentar, o que só termina por piorar a situação ao sentir o perfume que ela usa, e o cheiro dos cabelos sedosos.
- Eu preferi não ir, acho que ia ser um programa muito balada, e não estava no clima para isso.
- Nossa, poxa... que bom, pois não gosto de jantar sozinho. E assim podemos fazer companhia um ao outro.
Quebramos o gelo numa conversa alegre, falando sobre coisas do trabalho e do dia-a-dia. Pedimos os pratos, comida ótima que saboreamos juntos. Á nossa volta o pessoal chega e sai, alguns esticam mais os olhos para ela, mas nada invasivo. O mais importuno que acontece é o jovem garçom que vem a cada 5 minutos se oferecer para completar nossas taças de vinho, aproveitando para tirar uma casquinha do decote do vestido da Larissa, na esperança de ter algum flash mais revelador dos peitos dela. Na última das vezes dou um olhar severo para ele, que engole seco e se vai deixando-nos a sós a partir dai.
O tempo passa que nem sentimos, falamos de nossas vidas, ele me conta que tem 24 anos, tendo nascido no sul do país e sendo descendente de alemães. Fala dos sonhos profissionais, de sua formação e carreira que se iniciou agora com o estágio e o primeiro emprego em nossa empresa, onde já está há 1 ano e meio. Eu me pergunto como nunca a notei antes por lá. Conta que namorou um bom tempo com um rapaz, mais de 6 anos e esteve prestes a se casar.
- Mas vimos que não ia dar certo, e foi melhor para ambos seguirmos nossas vidas sem um compromisso desses tão cedo na vida.
Falo de minha vida também, conto algumas das muitas histórias que carrego comigo, comento sobre minha família, falando dos filhos.
- E sua esposa? Você não me falou dela...
Minha fisionomia muda, algo que não consigo esconder. Naquela conversa tão boa, havia me desligado do meu drama, que puxa uma cadeira e se senta à mesa junto com nós.
- Ah bem... é complicado, coisas acontecem sabe? Para ser sincero, apesar de oficialmente casado, eu nem posso garantir que ainda esteja...
- Hum, que bom!
Olho para ela não acreditando no que escutei. Ela fica vermelha, engasga e tenta consertar:
- Quero dizer, quando não está bom, tem que separar, não é? Não que seja o seu caso... quer dizer... mas se for, melhor ser feliz longe.
Eu me divirto um pouco como ela fica sem jeito com o que disse, talvez com o vinho contribuindo um pouco. Acabamos rindo e levando a conversa para outros assuntos, e aqueles momentos se mostram deliciosos, cheios de espontaneidade, dois corações abertos, tão diferentes e criando uma ligação. Quando reparamos no horário, já são 23h00, e praticamente todas as mesas estão vazias. Concordamos em subirmos para nossos quartos, já que o dia seguinte começa cedo, cheio de tarefas na agenda.
Pegamos o elevador e saímos no mesmo andar, onde descobrimos que nossos quartos são praticamente um de frente para outro. Ainda temos algum assunto, e quando entramos no corredor eu vou esticando a conversa e ela fica em silêncio, praticamente apenas concorda com a cabeça com o que digo. Paramos na porta do quarto dela, que passa o cartão-chave na fechadura e abre a porta entrando no quarto sem olhar para trás, me deixando parado na frente da porta aberta. Ainda falo alguma coisa sem sentido completando alguma frase que dizia vendo enquanto ela some para dentro do flat, passando pela antessala e indo para o quarto. Fico como um bobo ali no corredor do hotel, a porta aberta, ela lá dentro e eu completamente sem ação. Não consigo julgar quanto tempo passa, antes que eu coloque a cabeça para dentro e a chame:
- Larissa? Tudo bem com você?
Mais alguns segundos e finalmente escuto ela chamando do quarto:
- Roberto, você pode vir aqui um instante?
Bom, todos os cenários passam pela minha cabeça. O mais provável que eu julgo estar acontecendo, é que a comida ou a bebida não caiu bem e ela pode estar com algum problema, sei lá... precisa de algo. A situação é estranha, e eu, com uma timidez totalmente incompatível com a imagem que ela formou de mim, entro no flat pedindo licença:
- Ah... ok Larissa.
- E fecha a porta, por favor, Roberto.
- Hã, a porta do flat?
- Isso!
- Ah, tá certo - tem razão, não faz sentido deixar aberta...
Vou caminhando devagar, passando pela antessala, tomando cuidado para não tropeçar em nada pelo caminho. Vejo o notebook da empresa sobre a mesa e blocos de anotações do trabalho ao lado. Sinto o ar-condicionado ligado, resfriando o ambiente, diminuindo um pouco a febre que me sobe pelo corpo. Já na entrada do quarto dela, antes da porta divisória que está meia aberta, aviso mais uma vez:
- Larissa? Estou entrando, tá? Com licença...
Ela não responde e vou abrindo lentamente a meia porta. A imagem dela vai se formando aos poucos à minha frente, à meia luz do quarto. Ela parada em pé defronte à cama, o vestido escorregando pelo corpo e caindo aos pés dela. Já descalça, as pernas vestidas com meias 7/8 presas numa cinta liga branca, que coroa a calcinha de renda meio transparente que pouco esconde uma xaninha carnuda abaixo do ventre reto. "Horas" se passam no caminho dos meus olhos subindo pelo corpo dela, onde um sutiã também branco deixa exposto, através de sua renda, seus seios com os biquinhos marcando o tecido. O colo do peito, os ombros nus, a pele branca… isso tudo me enfeitiça por completo. Vejo sua boca entreaberta e seu olhar demonstrando o receio de seu ato, de sua audácia ali para com seu chefe. Isso tudo num flash que entra na minha mente e explode no meu membro, sentindo o sangue bombeando para dentro dele, esquentando e o endurecendo numa ferocidade que não sabia ter. Não sei qual o lado do cérebro controla o que, mas nesse momento o racional vai a nocaute, e eu me esqueço de qualquer resquício de moral, princípios e valores. Apenas meu instinto e desejo passam a guiar as minhas ações... e as dela.
Sorrio para ela, respondendo sem falar, sem pronunciar uma palavra. Não tem como mentir com os olhos, com o corpo. Ela sente isso também, me sorri e suspira, agora certa que não estava errada em arriscar essa cartada. Ela vem caminhando em minha direção. São 2 ou 3 metros num suave andar, cada vez mais perto, sincronizando nossas batidas de coração, nossas respirações… Ela se encosta em mim, e então me beija com ternura, com um toque tímido e suave de sua língua, eu correspondendo. As minhas mãos não se controlam e descem para a cintura dela, convidando-a para se aninhar no meu corpo, conduzindo a entrega dela. Esse beijo é só a fagulha que acende o rastilho de pólvora, e em questão de segundos arranco com a ajuda dela a minha roupa, e a jogo sobre a cama, nos beijamos com desejo, com amor, rindo e sérios ao mesmo tempo. Ela tira o sutiã e me revela finalmente os seios, com as aréolas grandes e rosadas, onde caio de boca sugando, mamando, mordiscando com ela acariciando e agarrando meus cabelos. Minha boca desce, e me ajoelho com ela deitada à minha frente, as pernas encolhidas, para me ajudar a tirar a calcinha. Vou apreciando e curtindo cada centímetro desse ato, eliminando a última proteção que ela tem para meu desejo. E vislumbrando ela abrindo totalmente as pernas para me mostras sua bocetinha carnuda e fechadinha, de pelos bem aparados e loiros como os cabelos dela.
- Larissa, que tesão!
- Ah chefinho, me chupa vai... por favor!
Sorrio desse jeitinho submisso dela falar, fazendo biquinho como uma menininha, e faço valer minha posição de comando, caindo de boca naquela boceta suculenta, já molhada e melada. Existem muitas coisas boas nessa vida, mas nada se compara a sentir o sabor da boceta de uma mulher. Fico um bom tempo a chupando, medindo suas reações, procurando em cada ponto onde ela sente mais prazer. Minhas mãos a segurando pela bunda, o que me dá uma sensação deliciosa de controle sobre ela, me esbaldando com o néctar dela. Ela geme baixinho, se torcendo na cama, até tremer contida, e jorrar pulsando em minha boca. Eu a olho nos olhos, ela respirando fundo de boca aberta, e me diz:
- Agora é a minha vez!
Nos ajeitamos na cama, eu deitado por baixo, mas a puxando de costas para mim:
- Não terminei ainda Larissa...
Ela entende e adora a ideia de fazermos ali um 69. Sinto ela abocanhando o meu pau, a boca trabalhando com a língua explorando cada parte dele. Mas quase perco o interesse nisso ao ver a raba daquela loirinha gostosa no meu rosto. Abro meu presente expondo ainda mais a bocetinha dela, e ganhando de brinde um cuzinho também rosadinho (atestando sua procedência) e delicado, com o qual passo a brincar. Sinto o seu gosto, ele piscando e mordiscando a ponta da minha língua quando forço a entradinha. Ela se ajeita melhor e empina a bunda, certa de me propiciar uma melhor visão de seus segredos mais íntimos. Toco com meus dedos, com minha boca, ela rebolando suavemente, se excitando. Lá embaixo, meu pau quase explode na boca dela, sentindo a mãozinha dela me punhetando, me sugando e engolindo até onde consegue.
- Quero te foder Larissa. Agora!
Ela sai de cima de mim, e se vira para pegar uma camisinha na necessaire de viagem, e com destreza e carinho encapa meu pau e se deita de pernas abertas para mim:
- Vem chefinho, fode minha buceta com esse seu pauzão, fode!
Eu me ajeito sobre ela e a penetro bem devagar, sentindo cada centímetro da minha pica invadindo aquela bocetinha linda. Entro e saio algumas vezes, até ele se acomodar dentro dela, e então começarmos a foder. Nos beijamos, nos acariciamos, nos agarramos nesse "papai-mamãe" delicioso. Minhas mãos não se decidem, ora nos seios dela, ora a puxando pelos ombros, ora apertando sua bunda. Entramos numa maratona de posições, onde o mais difícil era me controlar para não gozar dentro dela, aproveitando cada troca para ganhar mais um fôlego. Ela com os pés sobre os meus ombros, de "franguinho-assado" toda arreganhada cruzando as pernas nas minhas costas, de ladinho beijando comigo beijando a nuca dela e acariciando seus peitos...
- Me come de quatro, Roberto!
Era o que eu mais esperava ouvir, e me ajeito atrás dela, as pernas afastadas, a raba empinada, jogando os cabelos para trás. Pincelo mais uma vez o pau na boceta dela, que agora entra mais gostoso ainda, socando até o fundo dela. Ela geme e arfa, quando sente a cabeça do meu membro tocando o útero dela. Eu a seguro pela cintura e passamos a meter, com as batidas das minhas coxas nas dela marcando nosso ritmo perfeito. Olho para frente e vejo a imagem de nós dois no espelho da porta do armário, a expressão de tesão no rosto dela, os peitos grandes batendo um contra o outro a cada fincada minha dentro dela. Eu me abaixo, beijando-a no pescoço, e falando para ela olhar no espelho. Só nessa hora ela repara, e isso acende mais ainda o seu tesão, se vendo no espelho comigo a comendo, os dois fodendo com paixão. O gozo vem forte na sequência, ela se abaixando para tocar o próprio grelo:
- Ai Roberto, estou gozando... tô gozandoo... aiiiii....
E eu, no limite do controle me solto de vez, acelerando mais as metidas, meu pau inchado ao máximo, até esporrar dentro dela, em vários espasmos que tiram a minha força por completo. Caímos os dois na cama, eu sobre ela que desmorona de bruços. Consigo me virar depois de alguns minutos, a respiração ainda funda, olhando para o teto e procurando mais ar. Nos olhamos e rimos:
- Uau, que foda gostosa, chefinho!
- Hahaha... ah Larissa, você é um tesão de mulher! Nossa, nunca podia imaginar que esse dia ia terminar assim.
- O que, com a mocinha dando para o herói dela? Isso sempre acontece nos filmes!
- Verdade, não tinha pensado nisso. Então fui seu herói?
- Sim... e não só hoje, mas eu já vinha te desejando há muito tempo na empresa. Achei que nunca você sequer ia saber da minha existência. Mas a vida sorriu para mim. Não sabe como estou feliz... e relaxada, assim toda gozada...
- Nunca vou me esquecer dessa nossa noite juntos, Larissa.
- É bom mesmo! Não quero ser largada de lado assim... viu, chefinho? E, quem sabe depois que você resolver seus problemas eu... não possa cuidar de você?
Não respondo nada, dando contudo um beijo caloroso nela, um beijo de corpo, de alma. Ficamos mais um pouco assim, eu tiro a camisinha de forma apropriada, jogando no cesto de lixo ao lado da cama. Ela se vira para mim na cama e pergunta:
- Posso te pedir só mais uma coisa, Roberto?
- Sim, lógico. O que é?
- Dorme aqui comigo hoje? Por favor?
Não resisto ao pedido dela, e assim nos abraçamos do jeito que estávamos, na típica posição de conchinha, com minha mão sobre os seios dela. Nem nos preocupamos em tomar banho, nossos corpos impregnados pelo cheiro do sexo gostoso, do suor, do tesão trocado nessa noite. Na noite em que nos conhecemos da forma mais íntima que um homem e uma mulher podem se conhecer.
Eu desperto mais cedo e me é um desafio enorme largá-la ali, linda e nua na cama, dormindo um sonho de anjos. Dou um beijo nos seus lábios e deixo um recado anotado brincando: “Não se atrase senão será descontada do salário! 7:00 no restaurante!", assinando com um coração. Já no meu quarto, tomo meu banho lembrando com desejo da noite com a Larissa, e uma forte ereção no box me obriga a bater uma punheta em homenagem a ela (coisa de adolescente, concordo... mas inevitável nessa hora...). O time se encontra no restaurante, alguns meio de ressaca da balada, e comigo trocando olhares de cumplicidade com a Larissa, que não consegue tirar um sorriso bobo do rosto, levantando algumas suspeitas por parte da Paula, mas que sabe ser discreta e não toca no assunto.
Seguimos para o trabalho junto aos clientes, com nada fora da rotina tirando um ou outro problema de fácil resolução. Tento tirar a Larissa da cabeça, o que é quase impossível ao vê-la constantemente entrando e saindo da sala de projetos, ainda mais com as roupas justas que sempre usa. Rolam sorrisos e algumas graças, e até um beijo rápido na sala do café, quando não havia ninguém por perto.
Perto do final do almoço, entretanto, sou arrastado de volta para o meu mundo, ao receber uma ligação da Laís.
- Oi Beto, você pode falar? Está sozinho?
- Oi Laís. Sim, estou sozinho na sala.
Escuto ela parar e respirar fundo antes de dizer:
- Vou ser direta que você sabe como sou. Descobrimos tudo.
- Quem é o FDP, Laís? Conta logo, desembucha mulher!
- Olha Roberto, eu falei com o Ricardo e não vou te contar isso por telefone. Você consegue voltar hoje?
- Para com isso Laís, me conta logo!
- Não Roberto... ah, caralho... a coisa é mais complicada do que parece. Eu só te contarei os detalhes com você aqui. Você pode ou não pode vir?
- Eu posso sim, vou agora logo depois do almoço.
- Ok. E outra coisa: quero que você venha direto para minha casa, entendeu?
Concordo com ela, e nos despedimos. Chamo imediatamente o Mateus e invento uma desculpa que terei que voltar hoje, e assim ele volta a assumir a condução geral das atividades. Falo com a Larissa em particular, explicando para ela que tenho que resolver meus problemas... "aqueles problemas". Ela fica triste, tinha feito planos para a noite, mas entende. Mais um beijinho em particular e corro para o hotel arrumar minhas coisas e fazer o "check-out". Se a viagem de vinda tinha sido maravilhosa, a de volta é um tormento. Minha cabeça processa tudo na velocidade da luz, embaralhando os assuntos, pensando no futuro, tentando antever o que farei depois de saber a verdade toda. Nada me acalma, e vou sem paradas até a casa da Laís, chegando lá depois de algumas horas já no final da tarde.
A Laís me espera na porta da casa, com o Ricardo do lado dela. Na hora sinto um certo constrangimento, depois de ter comido a mulher do cara e ele sabendo de tudo. Mas ele logo me dá um abraço e fala no meu ouvido:
- Obrigado por ter sido tão carinhoso com ela.
Dou um sorriso forçado, e quando olho para a Lais ela sorri de forma safada, piscando olho para mim.
Entramos e eles me levam para o escritório da casa, onde sentamos para conversar.
- Você quer um drinque Beto? - a Laís me oferece.
- Não, estou bem, obrigado.
Perguntam da viagem, se foi tudo bem. Querem saber do trabalho no projeto, se a empresa é grande, e etc
- Você quer um drinque Beto? - a Laís me oferece novamente.
- Não, obrigado Laís.
Eles puxam outros assuntos a esmo, rodeando enquanto o que eu quero mesmo saber é da história toda. Saber com quem a minha esposa me traiu.
- Você não quer mesmo um drinque, Beto? - agora mais nervosa ainda
- Olha Laís, você já me ofereceu e eu já disse que não quero um drinque. Só o que quero é que você me conte o que descobriu sobre a Fernanda.
Eles se olham de forma apreensiva, ficando tensos. Então a Laís se vira para mim:
- Tá bom, Beto. Vou te contar. Como te disse, conseguimos chegar na SUV pela placa. e depois fomos cruzando as informações de nossos amigos.
- Sim, eu sei disso, você já me contou.
- Então... O hacker amigo nosso conseguiu ontem descobrir de quem era.
- E por que você não me chamou ontem?
- Não chamei pois ele foi mais a fundo... esse pessoal não tem freio, e depois de descobrir ele não ficou satisfeito e deu um jeito, não me pergunte como, de invadir o computador da casa dele, para procurar alguma evidência, e ter certeza que era quem a gente estava procurando. Bom, ele acabou encontrando Beto.... e a coisa é bem pior do que podíamos imaginar.
- O que ele achou lá Lais? Fala logo!
Ela olha para o Ricardo que diz:
- Não tem jeito amor, mostra para ele.
- Roberto... você vai ter que ser forte. Tem um vídeo aqui no meu celular, que vou deixar você assistir. É um dos vídeos que o hacker copiou do computador lá da casa. Tem mais coisa gravada, mas acho que esse é o que você tem que assistir. Ele é dessa semana, de segunda-feira, Beto, de quando vocês estava fora.
A Laís me entrega o celular e, com o Ricardo se levantam.
- Acho que você deve ver isso sozinho, então vamos te deixar aqui no escritório. Depois conversamos, ok?
- Tá bom Lais...
- E Beto... a vida é difícil, mas a vida continua. Você não está sozinho, e tem amigos em quem se apoiar. Lembra disso.
Fico segurando aquele aparelho nas mãos, olhando os dois saindo e fechando a porta do escritório. Fico vários minutos pensando no que fazer, já intuindo que, depois de ver aquele vídeo a minha vida nunca mais será a mesma. Como já não era a mesma desde sexta-feira quando peguei a Fernanda indo para o motel. Como também mudou durante a festa na casa da Cris, quando dancei com a Bia e a Laís. E quando terminei noite com a minha esposa naquele sexo forçado. Como mudou depois nessa casa, na cama com a Laís, e também na viagem ao conhecer a Larissa. Bom Roberto, se você achava sua vida parada, em menos de uma semana tudo aconteceu de uma só vez.
Respiro fundo e aperto o "play". As cenas se sucedem, e meu peito vai se apertando, apertando com a sequência. Em determinado momento eu sinto que não respiro mais, com as lágrimas vertendo dos meus olhos sem um mínimo de controle. Elas embaçam minha visão e eu choro como uma criança, dificultando mas não me impedindo de entender tudo o que via na minha frente. Em algumas vezes eu pauso o vídeo, sentindo enjoos, me segurando para não vomitar. Como ela pôde fazer ISSO comigo, com ela, com nós dois? Com quem eu estava casado todo esse tempo? Consigo terminar o vídeo, um filme de uns 15 minutos mas que pareceu ter horas de duração...
A Laís e o Ricardo estão na sala, e se levantam quando eu abro a porta do escritório, andando devagar na direção deles. Sou a imagem perfeita de um homem acabado, destruído, fracassado. Entrego o celular para a Laís, que segura e me olha sem saber o que fazer. Ela então me abraça com ternura, com o Ricardo ao lado consolando. Naquele momento, com os três em silêncio, caio num choro compulsivo nos braços dela. Só uma pergunta fica ainda sem resposta: por que Fernanda?