Nos embalos dos anos 60

Um conto erótico de Valéria Leme
Categoria: Heterossexual
Contém 2025 palavras
Data: 20/08/2022 16:35:35

Que saudades dos anos 1960! Foi quando me casei, porém não interrompi minha vida de loucuras! Eu, ainda adolescente, não completara dezoito anos, e embora não fosse mais virgem, resolvi me casar de véu e grinalda... com um homem homossexual! O fato é que, como uma amiga havia me revelado, todos menos eu, que “inocente” era!, conheciam no bairro da Tijuca, onde morávamos, a má fama do meu futuro marido. Os colegas do colégio e alguns amigos e vizinhos, curiosos e intrigantes, também sabiam ou desconfiavam da minha condição de bissexual, da minha preferência por homens e mulheres. Mas a família, a parentada, não. Na época, nos idos da década de 60, eu procurava um emprego, ao mesmo tempo em que estudava para o vestibular de Psicologia. O fato é que, não suportando mais as cobranças familiares, “e aí, já tem noivo?”, “quando é que vai virar mamãe, Valéria?”, “não tem ninguém ainda?”, etc., resolvi: um casamento seria um cala-boca nessas aporrinhações. Seria minha tábua de salvação. Tudo, menos a fama de “galinha”, um verdadeiro estigma naqueles primeiros anos, em que o sexo era um verdadeiro tabu. Só no final da década de 60, é que, com as mudanças nos comportamentos e nos costumes, começava a revolução sexual que transformaria o mundo!

Havia em nosso bairro, esse garoto, com cerca de dezoito anos, que cursava o Colégio Pedro II, e que possuía fama de “viado”, igual ou pior que aqueles que a gente via na então badalada Cinelândia. Sandro, era esse o nome do “boy”. Diziam que os rapazes faziam fila, não sei se é verdade, para foder com ele, nas escadas do prédio da Rua Conde de Bonfim, onde o putinho morava, ou, então, levavam-no para um local bem escondido, numa pedreira, no meio do mato do Alto da Boa Vista, ou num terreno baldio do bairro. Parece que ele chupava e dava o cu. Mas eu não encontraria outro rapaz em melhores condições que quisesse casar comigo – por causa da minha “fama” de putinha... Não vou entrar muito em detalhes a respeito do nosso rapidíssimo namoro e casamento, no civil. Acredito que Sandro tenha vislumbrado no casório a possibilidade de ser sustentado por meu pai, um comerciante rico, e com uma esposa que não iria exigir muito dele. Ao contrário, provavelmente pensava que tal esposa, no caso eu, com minha vida sexual ativa e com má fama, se conformaria, como, de fato, viria a acontecer comigo, com a condição de “viado”, já que, nutrindo nítida preferência por homens, também não se importaria com os possíveis futuros amantes da mulher. Creio que era como ele pensava.

A princípio, meu pai foi contra o meu namoro com um “pederasta”, como se dizia. Mas, depois, conversando com a minha mãe, mostrou-se aliviado por desencalhar a filha “piranha”, e bancou tudo: bodas, aluguel, despesas da casa etc. Passou a não se incomodar muito com os comentários que corriam na vizinhança sobre o fato de o genro ser “viado”, atribuiu-os aos intrigantes de plantão e às “vizinhas faladeiras”. Além disso, ele era de boa família, classe média, futuro estudante universitário... E eu, a filha – bem, todos sabiam da minha má fama!

Eu não tinha muita experiência com homem. Só havia transado com poucos rapazes, e sempre preferi meninas. Mas, eu dava a boceta, a bunda, chupava cacete, e para isso não tinha necessariamente que fazer nada, os meninos ficavam de pau duro e enfiavam. Não tinha medo de engravidar, pois surgira a maravilhosa pílula anticoncepcional, uma das melhores invenções dos anos 60, ou melhor, do século! Mas me apavorei ante a perspectiva de ter de transar com Sandro, por ele ser homossexual, apesar de eu ser “feminista” e apoiar o movimento gay, que então se iniciava. Eu, bem no espírito do tempo, buscava a liberdade, sobretudo a liberdade de transar com quem quisesse. Era contra a moral vigente, os costumes “caretas”, a sexualidade vigiada!

Eu e a torcida do flamengo sabíamos que ele era escolado na arte do amor... com homem!

Conhecemo-nos numa festa, uma dessas festinhas típicas dos anos 60, em que se tocava Ray Conniff, Jorge Ben, Tamba Trio, Ed Lincoln, o frenético Elvis Presley, ídolo maior do rock and roll, a Jovem Guarda de Roberto, Erasmo e Vanderleia etc. Bebia-se então Cuba-Libre ou cerveja. Pois bem. Nessa tal festinha, no bairro vizinho do Grajaú, fui com minha irmã, que estudava na Escola Normal, assim como a dona da casa, e que se destacavam das outras meninas. Ambas eram muito bonitas e com belos corpos juvenis. Tentavam se parecer com as atrizes Jean Seberg e Natalie Wood... A minha irmã foi com o namorado, aluno brilhante do Colégio Militar. Eu, sozinha, já meio “altinha” de algum rum com Coca-Cola, dançava com praticamente todos os rapazes da festa. Alguns esfregavam-se em mim descaradamente, e eu não fazia por menos.

Naquela época, algumas meninas, umas vestidas com minissaias, outras com calças cigarette, ficavam apostando umas com as outras se o menino com quem iriam dançar, agarradinhas – dança de salão, bolero, samba-canção e que tais –, se esses meninos iriam ficar ou não de pau duro!

Até que, para minha completa surpresa, Sandro dirigiu-se a mim, saindo de onde estava estacionado, num canto, meio isolado dos outros, e me chamou para dançar! Ele vestia blusão de couro e uma apertada calça jeans à moda do ídolo James Dean ou do astro selvagem Marlon Brando. Usava um franjão, imitando o corte dos Beatles. Não podia recusar, apesar de não saber dançar muito bem nem o twist nem o rock, mas fiquei – tenho que confessar – bastante gratificada pelo fato de ele, um garoto muito bonito – dezoito aninhos, magro, alto, um rosto expressivo meio que puxando ao sacana, corpo bem proporcionado, enfim, um “gato”, como se dizia – ter me “escolhido”.

Mais tarde, soube que Sandro me “escolhera” para não ficar em situação de inferioridade ante os outros rapazes da festa, que não o conheciam.

É claro que Sandro sabia da minha “má fama”. Mas, e daí? Ele era e sempre foi ousado. Dançamos. Conversamos. Ficamos juntos até o fim da festa. Na saída, enquanto esperávamos o táxi que nos levaria para o nosso bairro, nos beijamos. Ele passou a mão nos meus peitinhos. Cheguei a tirá-los para fora, desabotoando minha fina blusa, e ele chupou-os, protegido pela escuridão da rua. Delicioso! Me disse mais tarde que nunca experimentara beijar na boca e chupar peito de mulher. Confesso: Sando foi uma agradável surpresa. Senti tesão por ele. Para encurtar a história, ali mesmo começamos a namorar. A “piranha” e o “viado”...

Passamos a nos encontrar, quase sempre acompanhados da minha irmã e do tal namorado do Colégio Militar. Nessas ocasiões, raramente saíamos apenas eu e ele. Comparecíamos a shows de bossa nova, sessões de “cinema de arte”, barzinhos. Íamos ao Cine Paissandu, ao Roxy, em Copacabana, ao Metro Tijuca, à praia do Arpoador, aos primeiros Bob’s...

Eu e Sandro ainda não tínhamos transado. Apenas tirávamos sarros, trocávamos carícias, dávamos ardentes beijos. Eu me comportava como autêntica heterossexual. Para falar a verdade, me apaixonei pela garoto, apesar – ou por causa disso mesmo – de sabê-lo “viado”. Mas ele teria que demonstrar “macheza” na prática: foder comigo.

Um belo dia, em que minha família não estava em casa, convidei-o para vir ter comigo. Estava visivelmente nervoso. Como seria seu desempenho? Seu pau iria ficar duro? Ele gozaria comigo? E eu, gozaria?

Sandro chegou por volta de umas três horas da tarde. Fazia calor. A casa, vazia. Eu vestia um short jeans curtíssimo e um top, que me destacava os seios. Estava muito bem maquiada, bonita mesmo, mas não perdi a cara de “piranha”, meio safada, e um jeito típico de menina da Zona Norte.

Recebi-o com um tímido beijo, apenas encostando os lábios em sua boca. Sandro estava bem descontraído, muito falante, botou logo um LP para tocar na vitrola.

Nas minhas “brincadeiras” com garotos, eu chupava as picas deles, batia punhetas, e deixava alguns comerem minha boceta e minha bunda, ou seja, eu era quase sempre passiva. Muitas vezes, nessas transas, o pau de alguns nem subia, mas eu, ou próprio menino, me masturbava e eu gozava. Meu medo era se o pau de Sandro iria ficar duro para me comer...

Bebemos uns Grapettes, enquanto conversávamos sobre coisas banais, sentados no sofá da sala. Durante todo o nosso namoro, nunca Sandro mencionara o fato de ele ser “viado”, e ele sabia que eu sabia.

Acho que para animar a cena, pretextando calor, eu tirei o top, ficando com os peitinhos de fora. Não satisfeita com isso, fiquei em frente à imensa janela da sala, que estava aberta, e postei-me de frente para a rua. Acho que essa atitude ousada animou Sandro. Senti que ele começou a ter tesão ao me ver exposta aos olhares das pessoas que passavam na calçada lá embaixo – eu morava no terceiro andar. Seu pau começou a dar sinais de vida, vi sua bermuda “armar a barraca” – e saber que outros podiam estar vendo os meus seios desnudos também fez subir minha temperatura. Seria já sinal do futuro “corno” em que ele se transformaria?

Sandro veio para trás de mim e colou-se, ainda vestindo a bermuda. O contato com a minha bunda, animou seu pau, que endureceu. Eu, sentindo que ele começava a ficar disposto, passei a mexer o traseiro em sua pica; virando-me, me dei nele um beijo de língua e arrastei-o para o meio da sala. Fiz com que deitasse no tapete e despi o short. Agachando-me, me ajudei-o a tirar a bermuda. Eu desci minha calcinha preta – que me deixava com metade da bunda descoberta – e vi surgir seu pau a meia bomba. Beijamo-nos novamente, e eu, ainda de calcinha, comecei os trabalhos. Primeiro, peguei seu pau e fiz alguns movimentos ritmados, para cima e para baixo, fazendo com que ele crescesse e ficasse duro o suficiente para me penetrar. Em seguida, tirei a frágil calcinha de nylon. Sentei em sua pica e, sem qualquer outra preliminar, fui enfiando seu avantajado membro em minha boceta peludinha. Naquele tempo, não era comum as mulheres se depilarem na região genital. Pouquíssimos minutos depois, Sandro gozou no interior da minha vagina. Eu até gozei também, neste primeiro encontro. Pude respirar aliviada da minha angústia: ele ficara de pau duro para mim, não broxara, eu havia finalmente conseguido superar o medo de ser fodida por um homossexual! Assim, surpreendentemente, nossa primeira transa significou uma vitória em termos de prazer sexual. No decorrer de nossa futura vida de casados, nossas relações sexuais foram melhorando muito, ele foi ganhando mais experiência de transar com mulher e, principalmente, não pairava mais o fantasma de ele conseguir me excitar. Aquela primeira vez foi bem interessante – sobretudo para ele, acredito. O fato é que, pouco depois, Sandro despediu-se com um beijo e foi-se embora. Continuamos o namoro por mais alguns meses, e tenho certeza de que, durante esse tempo, Sandro saía com outros caras. Mas, que fazer?

Casamos. Sandro veio morar comigo e minha família, numa rua próxima à casa dos nossos pais, no mesmo bairro. O imóvel era grande, com quatro bons quartos, sendo um com suíte, dois banheiros sociais, lavabo, cozinha, área de serviço etc. Com a chegada de Sandro, passamos eu e ele – “o casalzinho”, como a família debochadamente nos apelidara – a ocupar o melhor aposento. Sandro, por algum tempo, desconfiava que eu – embora já casada – mantivesse relações sexuais com mulheres. Mas tudo era feito em segredo, na ausência dele. E ele também, pois à noite, quando eu ia ao cursinho pré-vestibular, ele muitas vezes saía, provavelmente ia à Cinelândia ou a Copacabana, pretextando encontrar-se com “amigos”.

Durante as primeiras semanas, eu me portei muito bem, nem parecia a vadia que de fato era. Cumpria direitinho o meu papel de dona de casa e esposa amantíssima. Porém, pouco tempo depois, por puro prazer, e a convite de uma amiga, comecei a fazer “programas”...

Hoje, Sandro, além de “gay”, é um “corno” conformado. Até escolhe na rua e nos bares homens para transar comigo. E quando eles topam, à vezes, fodem com ele também.

Mas confesso que tenho saudades dos felizes e loucos anos 60!

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Comentários

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Por que este conto não consta da lista dos candidatos ao 3º desafio - o dos anos 60?

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Gostei. Eu e minha esposa, eu nascido no final dos 50, ela no final dos 60, temos hoje essa vida que você descreveu no final desta parte do conto, inclusive nos detalhes, sabia? (espero que continue). Só muda o estado.

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