Era para ser um dia perfeito. Enzo deveria ter arrasado na reunião, feito os clientes felizes e finalizado à noite com um encontro. Por outro lado, Noslen, deveria ter conseguido os últimos R$ 40 para pagar o seu aluguel. Nenhum deles alcançou seus objetivos, porém, nada mais importava, pois os seus olhares se encontraram.
Depois de um tempo, Noslen pegou o celular no chão e entregou para Enzo, por alguns instantes suas mãos se tocaram. O clima estava ótimo, a música continuava tocando, entretanto, uma moça chamou a atenção do vendedor venezuelano.
Naquela noite, poucos compraram os bombons de Noslen. Educado, ele agradeceu a cliente e procurou um assento, o único disponível era ao lado de Enzo, que ficou aparentemente nervoso.
— Que calor, não. — soltou Noslen, que fez uma careta engraçada, sem ter ideia de como iniciar uma conversa com um garoto bonito.
— O quê? Desculpa, eu não entendi. — perguntou Enzo, sem entender no primeiro momento.
— Desculpe, meu portunhol é horrível. — lamentou Noslen, ficando mais nervoso ainda.
— Ah. — retrucou Enzo pensando um pouco. — Eu sei falar espanhol.
— Que bom. E sem sotaque. — comentou Noslen, que aprovou o espanhol de Enzo.
— Morei com a minha família muito tempo na fronteira com a Colômbia, então, arrisco um pouco. — explicou o jovem, ainda falando em espanhol.
— Entendi.
— De onde você é?
— Sou da Venezuela. Pelo menos, eu acho. É uma longa história. — Noslen contou, mas mudou de assunto para não deixar o clima pesado.
— Entendi. — falou Enzo, rindo um pouco e fazendo os olhos de Noslen brilharem.
Quem diria. Um dia que tinha tudo para terminar de forma horrível mostrou uma luz no fim do túnel. A conversa fluiu entre os dois. Enzo adorou o senso de humor de Noslen.
— Cara, comecei o dia com o pé esquerdo, entretanto, estou feliz que te conheci. — Enzo não queria soar desesperado, mas foi sincero com o venezuelano.
— Que bom...
Novamente, o bate-papo foi atrapalhado, só que dessa vez, o problema era mais sério. Quatro homens entraram no ônibus e anunciaram um assalto. Noslen, meio sem entender, ficou olhando para Enzo, que engoliu seco e falou para o rapaz sobre o roubo. Os ladrões começaram a se espalhar no coletivo e pediram os celulares.
— O que fazemos? — perguntou Noslen, tentando parecer corajoso na frente de Enzo.
— Entrega tuas coisas para ele. — pediu Enzo, tirando os documentos da carteira e guardando no bolso. — Eles podem nos machucar.
Enzo nunca se imaginou naquela situação, ainda mais, em uma das raras vezes em que pegava um ônibus. O grupo começou a coletar os pertences dos passageiros, uma moça que estava próxima a ele começou a chorar. O coração de Enzo acelerou, ele queria fazer alguma coisa, porém, naquele momento, o certo era não reagir. Um dos meliantes pegou o celular e a carteira dele.
— Olha só, alguém resolveu trabalhar honestamente. — ironizou um dos assaltantes, pegando a caixa de Noslen e jogando no chão.
— Seu... — balbuciou Noslen, sem reagir.
— É o seguinte, ainda tem pouca coisa aqui. Vamos abrir essa mão, povo! — gritou o ladrão que estava com a arma.
— Não temos mais nada. — respondeu a cobradora do ônibus com a voz trêmula de medo.
De longe, luzes vermelhas e azuis piscaram. Por coincidência, uma patrulha da polícia passava e percebeu que algo não estava certo, porque o ônibus parou no meio da avenida. Eles saíram da viatura e se aproximaram. Preocupados, os assaltantes ordenaram que os passageiros fossem para a traseira do coletivo.
Ao perceber que se tratava de um assalto, um dos policiais tentou conversar com os bandidos, mas foram recebidos à balas. De repente, os assaltantes iniciaram uma discussão. Um deles queria se entregar, o resto não.
— Sentem! — gritou o ladrão armado, que usava uma máscara verde para cobrir o rosto. — Eu vou matar eles! — avisou o meliante para os policiais.
— Calma, rapaz. Não faça nada que dificulte a sua vida. Ninguém aqui quer machucar vocês. Queremos negociar. — explicou um dos policiais, o mesmo que iniciou a conversa.
O número de curiosos crescia e não demorou muito para que a imprensa chegasse. Um perímetro foi montado para manter a segurança de todos. O ônibus estava próximo ao Terminal do Centro, ou seja, em um dos pontos mais movimentados da cidade. Enzo começou a passar mal, ele precisava da sua bombinha de inalação. Noslen percebeu que algo não corria bem, ele tentou chegar até a mochila de Enzo, só que foi impedido pelos bandidos.
— Por favor, não vê que ele precisa do remédio. — implorou Noslen, tentando apelar para os bandidos.
— Vocês estão entendendo alguma coisa que esse leproso tá falando? — questionou um dos ladrões, coçando a cabeça com uma faca.
— Eu... — soltou Enzo, tossindo bastante e sentindo falta de ar.
Em um ato de bravura, Noslen levantou, pegou a mochila de Enzo, vasculhou a parte interna e encontrou o inalador, entretanto, isso lhe custou um soco e um chute. "Maldito, seu verme venezuelano de merda!", gritou o ladrão, enquanto chutava o rapaz.
Desesperado, Enzo, acionou a bombinha e pode respirar novamente. Do lado de fora, a polícia, mais uma vez, tentou manter contato com os meliantes. A resposta chegou através de um disparo vindo de dentro do coletivo. Todos buscaram abrigo e os policiais abrangeram a área de segurança.
— Deixa eu limpar isso. — pediu Enzo, limpando o sangue do supercílio de Noslen. — Assim fica melhor, mas precisamos buscar atendimento médico.
— Vocês estão conversando muito! — gritou o bandido da máscara verde, apontando a arma para a cabeça de Enzo.
— Não, espera, por favor. Eu tenho dinheiro... você quer dinheiro? — questionou Enzo, assustado ao ver o aro da arma perto de seu olho.
— Eu quero que vocês calem a boca! — ordenou o ladrão, andando de um lado para o outro. — Eu preciso pensar.
— Pega leve cara, ficar nervoso só vai piorar toda a situação. — interveio outro bandido, um que usava a máscara branca. — Temos que nos organizar.
Na viatura, Erick recebeu um chamado de rádio. Se tratava de uma situação com reféns, então, alguns policiais foram convocados para dar apoio. Ele não demorou muito para chegar ao local. O Tenente Jurandir, que funcionava como uma figura paterna para Erick, foi o responsável por contextualizar toda a situação.
Para ações mais perigosas, a Polícia Militar usava uma vestimenta diferente. Com a ordem do Tenente Jurandir, a equipe de Erick vestiu os coletes à prova de bala. Depois os policiais colocaram máscaras pretas e, alguns, pegaram armas de efeito moral.
Naquele tipo de operação, a adrenalina transitava pelo corpo de Erick. O seu coração palpitava forte e o suor escorria pelo corpo. Uma das poucas coisas, que conseguia acalmá-lo era cantarolar a música de Pokémon.
***
"(Pokémon! Temos que pegar)
Isso eu sei
Pegá-los eu tentarei! (Pokémon!)
Juntos teremos que
O mundo defender!"
***
— Ei, Erick! — gritou um dos companheiros do policial para chamar sua atenção. — O Pikachu não vai te ajudar!
— Vai se lascar, Ferreira! — esbravejou Erick, caminhando na direção do ônibus.
Na verdade, Erick, nunca quis ser um policial. O seu sonho era fazer medicina, salvar vidas, porém, de outra formas. Só que ele nunca alcançou as notas necessárias para estudar em uma universidade pública, então, tchau sonho de se tornar cirurgião.
— Ei, colega! — gritou Erick para um dos meliantes. — Queremos negociar, não estamos armados.
— Escuta aqui! Não cheguem perto! Eu mato alguém. — ameaçou o bandido de máscara verde, o mais exaltado e violento do grupo.
— Precisamos agir. — aconselhou outro meliante.
A cabeça do líder dos bandidos parecia que ia explodir devido a pressão. Ele olhou para os policiais fora do ônibus e, em seguida, observou as pessoas sentadas na parte de trás do coletivo. Ele tentou puxar umas das moças para usar como escudo humano, mas ela fez um escândalo. Noslen se prontificou para ir no lugar dela, mas os bandidos debocharam dele, "Quem ia ajudar um venezuelano?", eles perguntaram. O ladrão armado pegou Enzo pelo pescoço e colocou seu rosto contra a janela de vidro.
— Se vocês não cumprirem a nossa exigência, a gente vai começar a pipocar geral aqui! — gritou o meliante, pressionando o rosto do jovem na janela, como forma de ameaçar às autoridades.
— Meu Deus, Enzo. — pensou Erick ao ver o irmão. — O que eu faço? — questionou a si mesmo, desesperado com a possibilidade de perder Enzo.
— Soldado Souza?! — O Tenente Jurandir tentou chamar a atenção de Erick pela escuta, sem sucesso. — Erick?!
— Meu irmãozinho!!!! — Erick gritou, batendo na janela do ônibus, deixando todos confusos, principalmente, os bandidos.
Os outros policiais arrastam Erick para fora do perímetro, os bandidos ficaram sem reação, por isso, voltaram a fazer ameaças contra os passageiros. Com violência, o ladrão lança o jovem para perto de Noslen. Ele voltou a atenção para o policial e avisou que atiraria em alguém nos próximos 20 minutos.
No quartel-general que a PM montou, Erick, também, não tem o melhor tratamento, o Tenente Jurandir foi áspero com ele.
— Tenente... é o Enzo. Ele está no ônibus. — explicou Erick retirando a máscara e mostrando preocupação pela vida do irmão.
— Não pode ser. Ele tem carro, o seu pai ele... — o Tenente Jurandir fica sem reação com a nova informação.
O tempo passava e, para Erick e o Tenente Jurandir, aquilo virou um caso pessoal. O irmão de Enzo colocou a máscara de volta e jurou que faria de tudo para não prejudicar a operação de resgate.
No ônibus, a incerteza tomava conta de todos, principalmente, de Noslen, ele sempre se sentiu diferente, mas, naquele momento, Enzo, era um motivo de preocupação para o venezuelano. Noslen não entendia aquele sentimento e, constantemente, olhava para verificar se Enzo estava bem.
— Vai dar certo. Não se preocupe. — ele disse pegando na mão de Enzo que tremia bastante.
Novamente, uma equipe se aproximou do ônibus, um dos policiais entrou no coletivo, ele estava com as duas mãos erguidas. Após ser revistado pelos bandidos, o policial sentou em uma das cadeiras e ficou frente a frente com o líder dos ladrões. A negociação parecia nunca ter fim e as coisas se complicaram, quando não queriam deixar o policial sair.
— E que tal se a primeira vítima for um policial? — questionou o bandido da máscara verde, agindo de forma estranha e rindo, enquanto apontava a arma para o policial.
— Qual é, mano. – interveio outro o meliante de máscara branca. — Se a gente matar um fardado, tipo, ferrou total.
— O que a gente tem a perder?
— Eu não quero ir para a cadeia, caralho!
— Então, vai pro inferno! — gritou o ladrão, disparando contra o próprio colega que caiu sem vida no chão.
Todos se assustaram, principalmente, os reféns. Erick suava frio, mas percebeu que o irmão continuava bem. O Tenente Jurandir pediu para que policiais de elite se posicionassem em pontos estratégicos. A imprensa já anunciava o fato em todas as mídias, um cinegrafista conseguiu pegar imagens das pessoas dentro do coletivo.
— Olá, internautas do Ligeirinho, o seu canal de conteúdos exclusivos. Estamos aqui acompanhando ao vivo um assalto com reféns. Aparentemente, são quatro homens armados. Ouvimos alguns disparos, mas não temos nenhuma informação de refém morto. — explicou uma jornalista de um blog que cobria ao vivo o assalto.
A imagem de Enzo sendo ameaçado viralizou nas redes sociais. A primeira pessoa que viu foi o André, que enviou mensagem para o seu grupo de amigos. De casa, o Kleber pediu para o namorado, Santino, acessar o blog para ter mais informações sobre o assalto.
— Meu Deus, mozão! — exclamou Kleber assustado ao ver a foto de Enzo na tela.
— Será que o Erick está sabendo? — questionou Santino pegando no ombro de Kleber.
Entre tantas pessoas lamentando, uma achou o assalto esplendoroso. Dentro da Tech Land, Ian pediu para Diana servir outra rodada de champanhe para comemorar outra vitória sobre Enzo.
— Obrigado. — agradeceu Ian, levantando a taça para cima e bebendo.
— Está agradecendo quem? — questionou Diana.
— À Deus, oras, graças a Ele, o meu plano foi encurtado. O Enzo deve estar surtando com a situação, por isso eu digo, não pegue ônibus. Acho que todos deveriam ter um carro, qual é a grande dificuldade? — Ian se perguntou, falando como se estivesse em um monólogo.
— Tadinho, deve ser assustador. — comentou Diana vidrada na transmissão do blog e torcendo para Enzo não morrer.
— Vai ficar com peninha do inimigo? Não fale mais besteiras, pegue meu sushi. Vou assistir essa transmissão. Ah, depois, cancele meus compromissos. — ordenou Ian, sentando na cadeira e cruzando as pernas em cima da mesa.
Quatro horas, o sequestro do ônibus 200, já durava quatro horas. O Brasil parou para acompanhar o desfecho. Enzo e Noslen continuavam de mãos dadas, um dos bandidos reparou e começou a fazer brincadeiras homofóbicas com eles. O ladrão de máscara verde chegou próximo e chutou os dois.
— Agora tem duas bichinhas aqui?! — ele questionou, bastante alterado. – Traz o viadinho aqui.
— Qual deles, chefe? — quis saber um dos bandidos.
— Não machuque os garotos. — pediu o policial, que pensava na melhor maneira de atacar.
— Traz o de óculos.
— Pra já. — falou o bandido, segurando Enzo pela camisa e o arrastando até o líder.
Os policiais perceberam a movimentação no ônibus. Ao ver Enzo sendo carregado daquele jeito, Erick explodiu e tentou correr em direção ao irmão, mas foi impedido pelos colegas. Noslen ficou com muita raiva e partiu para cima do bandido, ele derrubou o mais baixinho e depois, sem medo nenhum, atacou o ladrão armado. O policial, que estava dentro do coletivo, aproveitou o momento para derrubar o último marginal, que usava máscara branca.
Enzo caiu no chão, bastante transtornado com a situação, ele havia perdido os óculos. O motorista correu para a frente do ônibus e liberou as portas do coletivo. Os passageiros fugiram rapidamente, quer dizer, menos, Noslen, Enzo e o policial, que continuavam a lutar contra o bandido.
O venezuelano conseguiu tirar a arma e apontou para o meliante, o policial pediu calma ao rapaz, Enzo achou seus óculos e ficou horrorizado com a cena.
— Não faz isso, deixa a justiça resolver tudo. — pediu Enzo, preocupado com uma possível atitude impulsiva de Noslen.
— Escuta seu namorado, me dá essa arma. — interveio o policial com as mãos para frente.
— Vai, atira. Você sabe como a situação é difícil para a gente. — pediu o bandido batendo no peito e rindo.
— Eu... eu... — entregando a arma para o policial.
— Idiota, devia ter me matado. — socando o policial e pegando a arma. — Ei, ceguinho, preparado para morrer? — atirando na direção de Enzo.
— Não!!!! – gritou Noslen, pulando na direção de Enzo e sendo atingido.
— Noslen?! — Enzo soltou e, ao mesmo tempo, precisou segurar o jovem venezuelano.
Erick correu em direção ao ônibus, sacou a arma e atirou na cabeça do bandido. O policial pensou que o irmão havia sido atingido pela bala, o seu coração acelerou, aquela era a primeira vez que o policial matava alguém. Ele entrou no coletivo e encontrou Enzo no chão. Tremendo, ele o abraçou e o beijou na testa. Em seguida, o outro oficial levantou e chutou o ladrão morto.
Com muita dificuldade, Erick e o colega, ajudaram Noslen a chegar até a ambulância. O tiro acertou o ombro do venezuelano e a ferida sangrou bastante. No meio da confusão, Enzo conseguiu pegar os seus pertences e o de Noslen, pois ele sabia que a caixa era a única forma dele ganhar dinheiro.
Finalmente, o pesadelo havia acabado, quem não gostou de nada foi Ian que, com um ódio descomunal, lançou um copo de champanhe contra a parede.
— Maldição! Essa imitação de Steve Jobs escapou. — ele disse batendo na mesa e respirando fundo. — Calma, Ian, a raiva dá rugas, ninguém gosta de gays velhas.
— Vamos continuar com nosso plano? — questionou Diana, escondida atrás de uma mesa.
— Claro. Você não perde por esperar, chefinho. — desdenhou Ian, puto da vida.
Os paramédicos fizeram os primeiros atendimentos em Noslen na ambulância, mas precisaram levá-lo ao hospital para uma cirurgia. Enzo se aproximou do irmão e percebeu seu estado. Ele apenas o abraçou e disse que ficaria tudo bem. O Tenente Jurandir ficou feliz por ver que Enzo saiu ileso do sequestro.
— Eu vou com o Noslen. Acho que ele não tem família aqui. — anunciou Enzo, colocando a mochila nas costas.
— Entendi. Eu vou ter que ficar por aqui, acho que não volto hoje para casa, a confusão foi grande. — disse Erick dando mais um abraço no irmão.
— Ei, você está bem mesmo, né? — perguntou Enzo.
— Sim, acompanha teu amigo. E não esquece de verificar a situação do carro com o seguro. — lembrou Erick pegando no ombro de Enzo e andando em direção ao quartel-general.
Na ambulância, Noslen parecia muito pensativo. A dor havia passado, mas ele continuava a derramar algumas lágrimas. Enzo agradeceu e disse estar admirado com o amigo, principalmente, por causa da coragem e determinação. Ele pegou na mão do Venezuelano e lhe entregou um dos lados do fone, meio sem entender, Noslen colocou no ouvido. Enzo deu play e eles foram ouvindo música, enquanto seguiam a caminho do hospital.
***
E não há palavras para explicar
O que você me dá
Você e eu, lá no fundo
Nosso amor é um mar
E quando a noite cai
As invenções acordam
Como casa assombrada
Fantasmas e memórias
Eu passo por tudo isso
Antes de eu acordar
É bom saber que você estará comigo se eu tiver medo
E eu vou correndo rápido
Não sei aonde estou indo
Sinto algo e minha mente
Foge por toda parte
Essa é a sensação
Que as pessoas tanto falam
É como sentir tudo e estar sonhando
E pelos meus olhos, eu vejo
Embora estejam fechados
E sem nos dizer nada
Você me pega em seus braços
Me faça descansar, me dê um abraço
E então, finalmente, finalmente estarei flutuando
Flutuando, flutuando, flutuando
(Flutuando, flutuando), flutuando