Sentaram-se à mesa os quatro, com Heloísa de frente para Lúcia. Arnaldo, banana que era, mal notou o olhar de tensão de sua esposa. Alegre que só, perguntava tudo sobre a vida de sua nova nora, em uma empolgação tremenda. Heloísa contava-lhe a maior das histórias da carochinha, que havia nascido de uma família tão bem abastada quanto a deles, que havia estudado em um bom colégio e conseguido passar para medicina na mesma universidade de Afonso.
Lúcia queria desmascarar aquela farsante ali mesmo, dizer que ela não passava de uma mera manicure que morava em um muquifo no outro lado da cidade, mas sabia que se fizesse isso, estaria jogando toda a sua vida no ventilador. Se via em uma sinuca de bico e pensava quais eram as intenções de Heloísa.
Ao final do jantar, Lúcia começou a recolher a mesa, enquanto que Arnaldo e Afonso sentaram-se no sofá da sala. Afonso colocou na vitrola para tocar o disco de vinil dos Beatles, Please Please Me, que ele comprou na última vez que havia ido na Inglaterra.
– Esses caras são um estouro lá na Europa, pai, você precisa ouvi-los. – Disse Afonso.
A primeira faixa começou a tocar, I Saw Her Standing There, enquanto Lúcia se dirigiu à cozinha com os pratos sujos. Heloísa chegou então com mais louça suja e colocou ao lado da pia.
– Você é uma cozinheira e tanto, sogra! – Disse Heloísa, em tom provocativo.
– Não se faça de sonsa, garota. Diga logo, o que você quer aqui.
Em um tom mais sério, Heloísa respondeu:
– É você quem eu quero. Sempre foi você.
– Mas eu não te quero mais. Pode acabar com o seu teatrinho e deixar minha família em paz. Principalmente o meu filho, ele não merece ser manipulado dessa forma por minha causa.
– O Afonso? É tão tapado quanto o próprio pai. Eu só preciso dar a ele 30 minutos de alegria todos os dias que ele fica mansinho. Eu estava até pensando em me casar com ele, assim eu poderia ficar com você pelo resto da vida.
Em um ato de raiva, Lúcia empurrou Heloísa contra a geladeira, segurando em seu pescoço. Queria esbofeteá-la até a sua raiva passar, o que levaria um bom tempo.
– Me solta agora, ou eu conto tudo! – Ameaçou Heloísa. – Eu conto mesmo, se eu não posso ter você, então Arnaldo também não terá! Eu só quero te fazer feliz, Lúcia, do jeito que a gente era. Não lembra do quão apaixonada nós éramos? De quantas vezes fizemos amor na sua cama?
Heloísa roçou de leve sua coxa no meio das pernas de Lúcia, a provocando. Lúcia sentiu um calafrio percorrendo todo o seu corpo, não conseguia parar de lembrar de todos os momentos em que ela realmente teve prazer na companhia de Heloísa. Mas naquele momento, ela só sentia raiva e frustração. Raiva por todo o teatro que sua amante fizera para reatar o seu relacionamento, e frustração por se sentir impotente diante de toda a chantagem.
Lúcia soltou o pescoço de Heloísa, sentindo-se culpada por tudo aquilo estar acontecendo. Se ela tivesse sido sempre fiel e se contentado com sua vida monótona, nada disso estaria acontecendo, pensou ela.
– Você pode estar sentindo raiva agora. Eu entendo, também sentiria se estivesse no meu lugar. Mas daqui a pouco você esquecerá isso tudo, e vamos voltar a viver o nosso amor escondido novamente. E a melhor parte, não precisamos mais nos ver somente às terças-feiras. Eu posso te ver aos finais de semana, ou em qualquer dia! Nós vamos ser muito mais felizes juntas.
Heloísa segurou as mãos de Lúcia. Os olhos dela marejaram, ameaçando chorar, mas Lúcia se manteve forte. Heloísa ameaçou beijá-la, se prostrando para frente, mas foi interrompida por Afonso, que lhe chamou à sala para se juntar a ele e seu pai. Ela então deixou Lúcia sozinha na cozinha.
Ao final da noite, Heloísa se despediu da família, deu um beijo no rosto de Lúcia, mas não em sua bochecha. Um pouco mais abaixo, perto do seu pescoço, onde ela sabia que Lúcia adorava e lhe deixava arrepiada.
– A gente vai ser uma família maravilhosa. – Disse Heloísa ao pé do ouvido.
Na volta para casa, Heloísa estava tão excitada que seu plano havia funcionado que agarrou seu namorado postiço enquanto ele o dirigia. Começou com alguns beijos em seu rosto, mas logo foi lhe abrindo o zíper da calça. Colocou para fora o membro de Afonso e começou a chupar. Heloísa chupava toda a extensão de seu pênis, o engolindo com tesão, adorava sentir os pelos de Afonso roçando em seu rosto – embora preferisse os de Lúcia.
Quando parou o carro, em frente há um apartamento de frente para a praia de Ipanema, Heloísa pulou em seu colo, ajeitando o membro em riste de Afonso dentro de sua boceta. Colocou os seus seios para fora para que o rapaz pudesse lhe chupar, enquanto ela começava o seu lento rebolar sobre o membro.
Os lábios de Afonso em seus peitos não eram nada comparados aos de Lúcia, pensou ela, mas ainda assim, davam para o gasto, tamanha a excitação de Heloísa. Estava com tanto tesão que chegou a esbarrar na buzina umas três vezes durante suas quicadas, mas Afonso não se importou. Heloísa sentiu o leite quente de Afonso jorrar dentro de si e foi tirando devagar. Limpou suas partes com a própria calcinha e entregou ao Afonso, como recordação.
Quando ela saiu do carro, e viu ele indo embora, sabia que não tinha com o que se preocupar com Afonso desconfiar. Enquanto pudesse lhe dar prazer, ele seria o seu fantoche ideal.
Em frente ao apartamento onde Heloísa dizia ser sua casa, ela pegou o ônibus em direção ao seu verdadeiro lar, há 1 hora e meia de distância dali.
Naquela noite, Lúcia virou de um lado para o outro na cama, mas não conseguia dormir. De camisola foi até a cozinha, pegou um copo d 'água e acendeu um cigarro, para ver se lhe acalmava. Foi em vão. Pensou em tudo o que lhe acontecia e no meio de uma paranóia, começou a confabular um plano para se livrar de todo aquele problema. Pensava estar ficando louca, talvez estivesse de fato. Mas não podia deixar que sua vida acabasse por causa de uma amante possessiva.
Em ansiedade, pegou o telefone e ligou para Heloísa. às duas da manhã, não sabia se atenderia. O telefone tocou 1, 2, 3, 4 vezes. Na quinta, Heloísa atendeu.
– Alô? – Disse Heloísa, com a voz trêmula de sono.
– Encontre-me no motel Dunas, amanhã às duas da tarde.
(Continua…)