Ma Petite Princesse - Especial Helena Toledo

Um conto erótico de Ana_Escritora
Categoria: Heterossexual
Contém 16215 palavras
Data: 03/08/2022 10:24:39
Última revisão: 11/05/2023 22:48:28

Uma quarta-feira comum de atendimentos na matriz da clínica...

Como ficou decidido no ano que se passou que eu iria filtrar os meus horários, na intenção de dar mais oportunidades de atendimentos para as outras esteticistas da equipe, a minha lista de espera aumentou de modo considerável. Com esse filtro, havia um espaço maior entre um atendimento e outro e assim cada cliente era atendida com mais tranquilidade e foco da minha parte. Eu não me incomodava, muito pelo contrário. Se a lista estava grande era porque eu realizava o meu trabalho corretamente e mais mulheres depositavam confiança na minha dedicação.

Sophia era a cliente que estava marcada para o primeiro horário logo após o almoço em sua primeira consulta. Tinha 25 anos e era uma dentre várias mulheres que procuraram a clínica para a realização do novo procedimento estético que eu estreava. A técnica de biorejuvenescimento consistia em revitalizar e firmar a pele do rosto, realizada em etapas.

Por diversas vezes, além de esteticista, eu servia de terapeuta pois muitas dessas clientes confidenciavam sobre a vida, rotina de trabalho, anseios e tristezas. Com Sophia não foi diferente.

Eu estava na última parte do tratamento, deslizando calmamente com o pincel a máscara de safira em gel pelo seu rosto, enquanto ela desabafava comigo um drama em sua vida pessoal.

- Acha justo, Helena, os meus pais interferirem tanto assim na minha vida? - ela me questionava e o meu olhar estava atento na sua pele - Eu já sou adulta e independente! Tudo bem que eu ainda moro com eles mas é absurdo não aceitarem o meu namoro com o André.

- É difícil eles aceitarem, Sophia - minha voz saía abafada por conta da máscara descartável que eu usava - Acredito que o problema maior nessa relação, ao menos para os dois, é o fato do André ser dez anos mais velho como você me contou - afirmei no instante em que terminei de passar o produto e analisei todo o rosto - É complicado.

- O André é um bom homem - ela justificou e falava com certa dificuldade, quase sussurrando, devido ao produto estar em volta dos lábios - É de boa família e me ama muito. Nós dois nos amamos.

- Não duvido.

- Desculpe a indiscrição mas você tem filhos?

- Tenho uma filha adolescente - sorri. Falar do meu anjo aquecia o meu coração - Nívea vai fazer dezessete anos no início de Fevereiro.

- Pois bem, se acontecesse com a sua filha, o que você faria?

Aquele questionamento me pegou de surpresa.

- Bom... - suspirei lentamente, sentada na cadeira e pensativa, sendo observada por ela deitada na maca - Dependendo da diferença de idade entre eles, iria ouvir os dois. Aceitar ou não, seria uma outra história.

- Entendi - ela relaxou, tombando a cabeça no encosto - Você estaria fazendo o seu papel de mãe que é escutar a sua filha.

- Claro que sim. Eu iria ficar chocada é óbvio, mas iria tentar entender os sentimentos dela. E claro, conhecer o rapaz.

- Exato - foi a vez dela suspirar - Você é uma mulher aberta ao diálogo. Eu não estou tendo essa sorte.

Deixei o produto agir por mais alguns minutos no seu rosto e em meio a isso me peguei pensando na Nívea. O susto que ela deu ao conversar comigo e com o Jacques, logo após o Natal, fez com que o meu ano não começasse da melhor maneira, mas felizmente ela mudou de ideia e recebi a notícia de sua volta no dia anterior logo pela manhã.

Adolescentes, suas euforias e crises de indecisões.

Terminei o atendimento com a Sophia e o resultado mais uma vez ficou incrível. Orientei, dizendo à ela que o ideal era fazer o tratamento a cada três meses para que a aparência de jovialidade da pele pudesse se manter e evitasse tomar Sol por uma semana após a sessão. Contente, me agradeceu de todas as formas, confirmando que iria continuar e fez questão de marcar a próxima consulta.

Nos despedimos e após ela deixar a sala, pude finalmente relaxar um pouco até o horário da próxima cliente. Tirei a máscara do rosto, a fina touca que protegia os meus cabelos, as minhas luvas, todos descartáveis, e joguei fora no cesto de lixo.

Ao retornar para a minha mesa, pus minha bolsa em cima dela e, quando peguei o meu celular, visualizei a tela com cinco chamadas perdidas do Jacques. Que estranho, ele não é de me telefonar esse horário pois sabe que estou em atendimento. Desbloqueei a tela e retornei. Após dois toques, ouvi sua voz.

- Helena.

- Meu amor, o que houve? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- Desculpe te ligar, eu sabia que deveria estar ocupada. Não sabe que dia é hoje?

- Quarta-feira, dia dezenove.

- Exactement! E não se lembra o que temos marcado para esta noite?

- Hoje? - me peguei pensando, puxando pela memória, sem ter a mínima ideia do que ele estava falando.

- Imaginei que não se lembraria... - ouvi sua risada seca - Estes últimos dias foram difíceis. É a noite do coquetel da empresa, mon amour...

- Por Deus, não me fala isso!

Desde a promoção que Jacques recebera no ano retrasado, a presença dele no coquetel que a empresa realizava no início do ano se tornou obrigatória. Não apenas dele mas também a de todos os Diretores. E claro, acompanhados de suas esposas. Era um evento que tinha como objetivo comemorar o crescimento das vendas no ano anterior, o que deixava o Presidente e seu respectivo vice bem humorados a ponto de realizarem extravagâncias para seus homens de confiança da alta cúpula. A presença dos gerentes regionais de várias partes do país também era confirmada assim como empresários de diversos outros setores.

- Você ainda tem muitos atendimentos hoje?

- Eu não sei. Vou verificar com a Marina.

- O evento será no salão nobre do mesmo hotel do ano passado. Vai começar às nove da noite.

- Acho que dá tempo, sim. Eu espero que dê.

- O meu traje está alugado e eu vou me arrumar antes de ir te buscar.

- Como assim? Não vamos sair juntos?

- Apenas faça o seguinte, mon cher: assim que você chegar em casa, arrume uma pequena mala com o suficiente para uma noite.

- Jacques, o que você está aprontando?

- Eu? Nada. Apenas faça isso. Quando estiver pronta, me avise que eu vou pedir ao motorista para ir buscar.

- Motorista? - aquela conversa estava ficando cada vez mais confusa - Tá bom, não vou perguntar mais nada - e rimos juntos na linha.

- Acredite, essa noite vai valer a pena. Para nós dois.

- Se você está dizendo... - suspirei.

- Em algum momento eu te decepcionei?

- Nunca.

- Que bom. Não se preocupe com nada.

- Não vou.

- Je t'aime.

- Je t'aime aussi.

Encerrei a ligação e a tensão daquela notícia se dissipou um pouco. Mas para ter certeza eu precisava confirmar como estavam os meus horários para aquela tarde. Peguei o telefone fixo, discando o ramal específico.

- Alô.

- Mari, tá ocupada?

- Não, por quê?

- Pode vir até a minha sala?

- Agora mesmo!

Desliguei e me sentei na poltrona, relaxando todo o meu corpo como se estivesse na minha cama. De olhos fechados, comecei uma massagem lenta nas têmporas com os cotovelos apoiados nos dois descansos.

- Diga! - olhei e vi a Marina já entrando com uma caneta em mãos e fechando a porta, se sentando em uma das cadeiras de frente pra mim.

- Como está a minha agenda hoje?

- A próxima cliente está marcada para as duas e quarenta, que é uma limpeza de pele e depois às quatro e quinze, uma sessão de drenagem linfática.

- Só isso?

- Só. Se quiser eu telefono para a primeira da lista e encaixo ela pra hoje depois de cinco de meia. Pode ser?

- Não, por favor! Sessões de drenagem são mais demoradas. Vou atender essas já marcadas e depois vou para casa. Então vai dar tempo.

- Tempo de quê?

- Você acredita que hoje é o coquetel anual da empresa do Jacques? Ele acabou de me telefonar.

- Puta merda mulher, e agora??? Espero que você tenha roupa para este evento!

- Tenho, isso é o de menos. A questão é que eu tinha me esquecido. Essa história da Nívea em querer ficar na França me deixou totalmente sem rumo.

- Eu fiquei boba quando você me contou. Do nada ela pedir pra ficar com os avós?

- Pois é, mas aí ontem eu li a mensagem dela dizendo que iria voltar. E então foi aquela correria que tu viu, saí daqui igual um foguete para renovar a matrícula no colégio.

- Dá um desconto Lena, já tivemos a idade dela.

- Só estou mais tranquila de ontem pra hoje pois esse mês de Janeiro está sendo terrível.

- Por quê?

- Espera, deixa eu trancar a porta - me levantei e fui até ela trancando com a pequena chave.

- Lá vem bomba...

- Sshiiuu - fiz o sinal com dedo indicador na boca e me sentei de volta - Quando foi a última vez que você transou?

- Sábado passado no banheiro da boate que eu fui com a Heloísa e mais duas meninas da equipe daqui da Barra. Eu te contei, não lembra? O barman era um tremendo gato e tive que desenrolar com o gerente pra arrastar o boy comigo pro banheiro! Nossa, eu quicava feito doida naquele homem. Maravilhoso!

Só em ouvir aquele rápido relato de mais uma das aventuras sexuais da minha amiga, senti o pulsar delicioso entre as minhas pernas, a ponto delas se afastarem uma da outra de modo involuntário. Tudo começou a esquentar e molhar a calcinha. Um calafrio percorreu a minha coluna me forçando a respirar fundo.

- Então você está com mais sorte do que eu...

- Como assim? Você e o Jacques...

- Desde a noite do dia 25... Foi a última vez.

- QUASE UM MÊS SEM DAR UMA TREPADA???? - sua voz se exaltou junto do olhar arregalado.

- Marina, fala baixo! - joguei uma pequena borracha escolar branca que estava na mesa em cima dela já arrependida de ter contado - Sai da minha sala - pedi apontando na direção da porta.

- Sair? Mas nem morta! Tu vai me contar direitinho isso! Anda, desembucha!

- Eu te disse que fiquei sem rumo por causa da Nívea. E isso nos afetou.

- Tudo bem, eu posso entender mas... Nem uma rapidinha pela manhã?

- Nada. Esfriamos totalmente esses dias.

- Esses vários dias você quer dizer né? Mas nem um brinquedo?

- Eu não estou ouvindo isso. - balancei a cabeça em negação.

- E qual o problema? Eu tenho um mini vibrador que não sai da minha bolsa. Uso sempre antes de dormir, eu gozo que é uma beleza e durmo feito um anjo.

- Você está solteira, Mari. Bem diferente de mim.

- É mesmo? E esse tesão todo acumulado entre as suas pernas? Vai aliviar como? Melhor, quando?

- O Jacques disse que era para eu deixar uma mala preparada para esta noite e que iriam buscar lá em casa.

- Aaaah, minha amiga, eu e você não somos a cantora Ludmilla mas vou te dizer: É hoje!

- Ah, eu não sei. - franzi o cenho confusa - Será?

- Meu Deus, é mais grave do que eu pensei... - ela me analisava como se eu fosse uma criatura exótica - A falta de sexo te deixou mesmo desnorteada... Lena, acorda! Teu marido já preparou algo para essa noite! - ela afirmou e sorri sem graça. Era uma coisa que não tinha passado pela minha cabeça.

- E o evento vai ser em um hotel...

- Aí, tá vendo só? Por isso que ele pediu pra você preparar uma mala. Vai tirar o atraso e ficar com essa buceta dormente de tanto gozar!

- Marina, para! Eu já entendi.

- Não entendeu não. Vai usar que vestido?

- Quando eu chegar em casa e escolher eu te envio a foto.

- Quero só ver... - E se levantou indo em direção à porta - Vou te enviar por email uma planilha com o que falta de suprimentos aqui para a clínica. Mas não precisa ter pressa com isso. Hoje é a sua noite!

- Tá bom.

Nem todos os furacões que passam pelo Caribe e Estados Unidos seriam tão devastadores como esse chamado Marina.

***

Os dois atendimentos marcados para aquela tarde ocorreram dentro do horário como esperado. Drenagem linfática era uma técnica mais demorada e portanto requeria uma atenção redobrada. Eram cinco e meia da tarde quando finalizei com a cliente e então, pude focar meus pensamentos naquela noite.

Marina ficou encarregada de fechar a clínica e eu pude ir embora. O trânsito estava um pouco lento mas para o horário que o evento iria começar eu não tinha motivo para ficar aflita.

Ao chegar em casa, a tranquilidade por não sentir a presença da Nívea começava a me incomodar. Era a saudade. Suspirei após entrar no seu quarto, ir até o mural de fotos e ver tudo devidamente em seu lugar. Precisava lembrar de chamar a diarista dentro de alguns dias para faxinar o cômodo.

Eu não podia perder tempo. Fui para o meu quarto, tirei meus scarpins colocando os meus chinelos e deixei minha bolsa em cima da poltrona, seguindo direto até o closet e buscando uma mala de tamanho pequeno no compartimento de madeira do alto dele. Deixei-a aberta em cima da cama e precisava pensar rápido sobre o que colocar dentro dela para uma noite.

Uma camisola de seda?, pensei e na dúvida escolhi uma cujo comprimento ia um pouco acima do joelho na cor branca, de alças finas e com um decote de renda costurado no colo. Necessaire com produtos de limpeza para o rosto, roupas íntimas, uma muda de roupa para o dia seguinte, um par de sandálias discretas... Poderia parecer exagerado da minha parte mas como eu iria passar a noite fora, o que eu tinha arrumado dentro da mala era o suficiente.

Com tudo devidamente pronto e munida do celular, fui com a bagagem até a porta da sala e no mesmo instante telefonei para o Jacques dizendo que a mala estava pronta. Enquanto esperava o funcionário responsável por ir buscá-la,voltei para o quarto e segui para a suíte. Comecei a encher a banheira de hidromassagem mas não poderia desfrutá-la no momento em que estivesse pronta.

- Hora de escolher o vestido!

Lembrei dos modelos que havia comprado durante a viagem para São Paulo em comemoração ao meu aniversário e quando vi um deles na ala específica do closet onde ficavam os vestidos de noite, decidi que era ele.

Um preto longo e justo que ressaltava as minhas curvas, com o decote profundo em V. Era ousado mas sem apelar para a vulgaridade. Os recortes do tecido em renda eram responsáveis por dar a impressão de transparência. Lindo. Ainda no cabide, coloquei ele com cuidado na minha cama e pensei no par de sapatos e na bolsa de mão ideais para a ocasião. A sandália bem alta e uma bolsa de veludo com um pequeno pacote de lenços de papel, documento e um cartão de débito para uma eventual emergência.

Tudo devidamente colocado em torno do vestido, peguei meu celular, tirei uma foto e enviei para a Marina na mesma hora. Fui conferir e a banheira já estava devidamente cheia, bastou apenas colocar os sais relaxantes de banho.

''O motorista já está em frente ao prédio esperando pela bagagem.''

Li a mensagem enviada pelo Jacques, lhe respondendo com um ok junto de um emoji de coração e fui ligeira com a mala para a portaria e vi o motorista me aguardando na calçada. Reconheci o carro preto do meu marido no mesmo instante e o rapaz me cumprimentou muito simpático, pegando a minha bagagem e colocando-a no porta malas.

- Voltarei com o Senhor Martin para buscá-la às oito e meia da noite - ele avisou após fechá-la.

- Ótimo. Estarei pronta.

- Certo.

***

Aquela correria fez com que eu implorasse mais e mais pela banheira que aguardava por mim e no instante em que pus os pés dentro da água morna, me abaixando lentamente e recostando meu pescoço na pequena toalha branca colocada na borda, o alívio começou a pulsar em cada músculo do meu corpo. Finalmente teria um momento a sós comigo mesma e estar pronta para os acontecimentos que aquela noite me reservava.

''Teu marido já preparou algo para essa noite!''

A conversa que eu tive com a Marina mais cedo na clínica voltou a dominar os meus pensamentos e comecei a tentar adivinhar o que o Jacques estaria preparando para nós dois. Seria antes do coquetel? Durante? Depois? E por que a pequena bagagem? O fato de eu não questioná-lo no telefone não significa que eu não havia ficado curiosa.

Foram inúmeros os momentos maravilhosos que tive ao lado daquele homem o qual o meu coração escolheu para viver lado a lado, pelo resto da vida. Viagens, palavras doces, presentes... Vários gestos onde nosso sentimento um pelo outro era demonstrado. E devido à nossa conversa com a Nívea, essa conexão que tínhamos foi perdida. Jacques estava preocupado e eu também. Saber que nossa filha poderia não voltar para casa e concluir os estudos longe de nós e dos amigos dela nos entristeceu e muito. E com isso, mergulhamos no trabalho. Em casa, à noite, trocávamos algumas breves palavras sobre coisas rotineiras mas nossos olhares dizia algo mais além de uma mera conversa. Um caloroso abraço e um breve beijo antes de dormir. Nosso emocional estava abalado para irmos além disso. E assim, os dias foram passando até o momento em que recebi a mensagem da Nívea. A névoa cinzenta entre nós dois começou a se dissipar lentamente e pude ver uma expressão de tranquilidade no rosto do Jacques no instante em que contei para ele sobre sua volta.

Terminei a hidro e saí da banheira, indo para o chuveiro apenas para retirar o excesso de sais da minha pele e lavar os meus cabelos. Estava me sentindo ótima.

Vestindo o meu roupão bege e felpudo e com os cabelos enrolados em uma toalha, passei pelo closet e ao ver meu celular na cama, Marina havia me retornado.

- Vestido perfeitoooo, mulher! Vai arrasar!

Enviei um emoji piscando o olho e deixei o aparelho de lado, começando a me arrumar. O vestido ficou lindo no meu corpo. Olhando para o espelho, ajeitando o decote, me dei conta que não seria necessário nenhum colar. Apenas um par de brincos bem extravagantes para quebrar a sobriedade do vestido. Escolhi um com pedras de esmeraldas e soltei os cabelos da toalha, secando-os com o vento frio do secador e penteando com um pente de dentes largos.

Decidi por uma maquiagem bem leve e apenas uma borrifada do meu perfume especial para ocasiões de festa. Devidamente pronta no alto do par de sapatos e com a bolsa em mãos, enviei mais uma mensagem para o Jacques avisando que estava pronta. E de novo um ok dele.

Caminhando tranquilamente pelo corredor em direção à sala, tomei um susto ao chegar no cômodo. Ele estava parado de costas para mim, encostado no sofá com os olhos atentos no seu celular.

- Jacques?! - sorri surpresa e ao me ouvir, virou o olhar e sorriu de volta. Impecável em seu terno black-tie - Como assim? Chegou há muito tempo?

- Mais ou menos - guardou o aparelho em um dos bolsos e veio até mim com os olhos escaneando o meu corpo - Entrei e quando fui no banheiro, te vi no chuveiro. Achei melhor não te incomodar e deixar você se arrumando sem pressa.

- Podia ter me chamado... Mas de novo, está me surpreendendo. - um selinho apertado e demorado foi o bastante para nos reconectar.

Conexão que pude sentir se tornar quente por entre as minhas pernas. Deixei minha bolsa de lado e ajeitei sua gravata borboleta enquanto suas mãos firmes deslizavam pela lateral do meu corpo até pousar na minha cintura.

- Helena... - me olhava de um modo questionador, não acreditando no que estava sentindo ao passar suas mãos na altura dos meus quadris.

- Acha que só você vai me fazer surpresas?

Não havia nada debaixo do vestido. Absolutamente nada.

Seu olhar diante daquilo que ele havia constatado se tornou mais intenso, como se estivesse lendo a minha alma e a proximidade do seu corpo com o meu me deixou em chamas. O beijo aplacou a vontade que há dias nos consumia. A sua língua quente explorava cada canto da minha boca com ferocidade e suas mãos afundaram no meu bumbum, junto da excitação que senti apontando na sua calça social. Me esfreguei sem o menor pudor, querendo mais da pulsação deliciosa que crescia, umedecendo o tecido do vestido.

- Jacques... - sussurrava o seu nome enquanto sua boca e a língua deslizavam pelo meu pescoço me tirando o mínimo de sanidade que eu ainda procurava manter.

- Cette nuit va être terrible...

(Essa noite vai ser terrível...)

- Terrível? Mas por quê?

- Vou ter que ser o executivo comportado diante de todos - me dizia deixando um rastro de beijos pelo meu rosto - Sabendo que a minha mulher está sem nada por baixo desse vestido. - confessou com a respiração ofegante e a sua testa colada na minha - Existe tortura pior?

- Quer que eu coloque uma calcinha? Eu volto no quarto rapidinho e coloco - e ri.

Um tapa forte queimou um dos lados do meu bumbum e ecoou pela sala. Doeu, mas me deixou ainda mais excitada.

- Se vai ser a minha esposa para aquelas pessoas e uma puta só para mim, então que seja.

E outro beijo delicioso selou o início daquela noite.

***

Na entrada do hotel onde iria ocorrer o coquetel, chegamos na recepção e apenas nos identificamos rapidamente como um dos casais convidados. A jovem recepcionista nos orientou, apontando a direção do salão através do longo tapete vermelho.

O local estava friamente climatizado o que me fez alisar de leve meus braços com as mãos e pude sentir o mesmo frio em outras partes do meu corpo que estavam desprotegidas.

- Chegamos e algumas pessoas já nos viram. Será que agora podemos ir pra casa? - de mãos dadas comigo, Jacques perguntou baixinho no meu ouvido em forma de sarcasmo.

- Já esteve aqui a primeira vez no ano passado. Não vai ser difícil, meu amor.

- Isso me dá nos nervos! - desabafou ajeitando sua postura, respirando fundo e tentando demonstrar simpatia em seu rosto.

- Não se esqueça de que é um dos Diretores! - esbocei o meu melhor sorriso e entramos no local.

Tudo estava elegantemente impecável. A iluminação decorada com lustres de cristais cuja meia luz se fazia a ideal para o ambiente e cada uma das mesas redondas com cadeiras brancas e assentos estofados para seis pessoas onde pratos, talheres e as mais variadas taças estavam arrumadas em volta de um pequeno arranjo de flores brancas bastante discretos.

Em meio aos sorrisos de convidados, uma agradável música ambiente e bebidas sendo servidas pelo enorme salão, avistamos o Presidente da empresa e seu vice, concedendo uma entrevista para um jornalista também trajado como a ocasião pedia, munido de um pequeno gravador.

- Martin! Helena! - a voz do Simon chamou nossa atenção e um pequeno alívio tomou conta de nós dois ao encontrarmos um rosto conhecido. Ele e Denise, vieram em nossa direção nos cumprimentando com discreta euforia.

- Que bom vê-los aqui!

- Eu pensei que você não viesse, minha querida! - comentei ao observá-la à vontade ao lado do marido. Será que estavam bem? Ou era apenas fingimento diante das pessoas? pensei comigo mesma. Seu vestido vinho a deixava mais bonita.

- Sentem-se conosco! Nossa mesa já estava reservada.

Sarah e Nicolas era o outro casal que completava os seis lugares onde nos sentamos e eu iria aproveitar o melhor daquelas próximas horas. Jacques, por sua vez, faria de tudo para tornar a situação minimamente suportável.

- E Frederik? Como está? - perguntei estando sentada entre o meu marido e ela.

- Viajando - sorridente, ela me respondeu.

- Mesmo? - me surpreendi com aquilo.

- Exato. Ele, Patrick e mais um amigo lá do prédio viajaram para o Canadá na sexta-feira passada. Mas eles voltam nesta sexta a tempo de comemorar o aniversário dele.

- E estamos esperando por vocês! - Simon, com um copo de whisky e gelo na mão, nos fez questão de confirmar o convite.

- Iremos sem falta! - Jacques passou um dos braços por trás do meu ombro e entrelaçamos nossas mãos junto de um beijo seu nos meus cabelos - Apenas lamentamos muito pela ausência da Nívea.

- Ela estará descendo dos Alpes com os avós apenas no domingo e espero de verdade que o Frederik entenda. Mas levaremos a Melissa!

- Ah, que bom! Tenho certeza de que ela vai amar o tema da festa. Vamos fazer tudo no mesmo salão onde foi a festa do Patrick e da Gabi com a diferença de que a temática será a Itália. Serviremos um rodízio de pizzas e massas.

- Pra ela que não dispensa uma boa comida... - e rimos.

Um funcionário da festa todo vestido de preto se aproximou da nossa mesa e falou algo para o Jacques que eu não consegui entender.

- Vocês me dão licença? - ele se levantou e beijou a minha mão - Mas o nosso chefe quer falar comigo. Um deslize meu não ter ido cumprimentá-lo.

- Claro, meu amor.

Ao lado do rapaz, Jacques foi até onde estavam o presidente e o vice do outro lado do salão. Ainda que eu estivesse o vendo de longe, pude sentir o quanto ele ficou desconfortável em ter que conceder uma breve entrevista para aquele jornalista. As mãos enfiadas nos dois bolsos do paletó eram a prova.

- Ser considerado o terceiro homem da empresa não deve ser fácil pra ele.

- Não - admiti o que Simon havia comentado ainda com os olhos naquela cena - Jacques sempre foi reservado e para ele estar aqui hoje acreditem, é um filme de terror!

- E Nívea herdou isso dele?

- Sem sombra de dúvidas, Denise. É incrível como ela e o pai possuem essências tão parecidas.

- Bom, eu poderia ter ido falar sem problemas mas não foi a mim que chamaram! - Nicolas disse de forma bem humorada, erguendo o seu copo.

Mais alguns minutos se passaram e aquele momento de tortura para ele se encerrara. Cruzando o salão feito um foguete, parando apenas para pegar um copo de whisky com gelo com um garçom, Jacques sentou-se de volta ao meu lado, bebendo tudo em um só gole.

- Fait Chier! - ele esbravejou colocando o copo na mesa com irritação.

- Tenho certeza de que se saiu bem - beijei o seu rosto como uma forma de tranquilizá-lo daquela situação.

- Eu não esperava ter que dar entrevista! Falta muito para este coquetel acabar? - O desabafo fez todos na mesa começarem a rir incluindo eu.

- É um momento de festa, Martin! Relaxe e aproveite!

Jacques girava os ombros, tentando fazer o que Nicolas sugeriu e então uma música romântica começou a tocar. Foi o suficiente para alguns casais irem para o meio do salão, se permitindo dançarem de forma romântica.

- Por que você não relaxa comigo? - me pediu em voz baixa, enquanto sua mão deslizava tranquilamente pelo meu braço e seus olhos eram atraídos pelo meu corpo - Dança comigo.

- Perfeito.

Levantamos juntos, seguindo para onde estavam os outros pares e nos deixamos embalar pela melodia que tocava. Envolvi seu pescoço com os braços e ficamos de rosto colado, no que ele carinhosamente deixou um beijo na minha bochecha.

- Fazer valer a pena... Foi que você me disse no telefone hoje mais cedo além de ser a frase do meu filme favorito.

- Uhum - Jacques começou um caminho de beijos discretos pelo meu pescoço até o ombro - E você faz valer todos os dias.

- Hum... - dançávamos lentamente e não me importei ao perceber que estava surgindo algo mais intenso fisicamente entre eu e ele e o que os outros poderiam pensar - Estou fazendo valer agora? - era uma mistura deliciosa de sensações que percorriam o meu corpo naquele momento que pertencia somente a nós dois.

- Esta calça social me apertando entre as pernas está dizendo que sim...

Foi impossível conter uma risada ainda que ela não fosse escandalosa a ponto de chamar a atenção das pessoas.

- Era isso que você preparou pra mim? - olhei nos seus olhos - Ficar excitado com uma dança no meio do salão?

- Digamos que... Você me surpreendeu fazendo que fez e eu não sou um homem de ferro - suas mãos mais uma vez percorreram os meus quadris.

- Que bom que não é.

- E depois do evento um cartão magnético de uma bela suíte, aqui no meu bolso, está à espera para ser usado.

- Como assim? - me peguei ficando levemente boquiaberta com aquela revelação - Você...

- Com direito à pétalas vermelhas espalhadas pelo chão, pela cama enorme e um balde com champagne no gelo. Talvez não seja um dos melhores, é claro...

- Então era isso?

- Oui. Era isso. - e sorriu, me beijando.

Meu coração começou a bater acelerado e eu não conseguia segurar as lágrimas que dominava os meu olhos.

- Teremos uma pequena lua-de-mel, Helena Toledo Martin. E não aceito um não como resposta.

- Eu seria uma louca em recusar - esfreguei a ponta do meu nariz na dele - Agora todo o mistério está fazendo sentido. Mas eu fiquei curiosa com uma coisa...

- Com o quê? Pode perguntar.

- Apenas nós dois teremos uma noite perfeita? Ou os nossos amigos também terão? - olhei para o lado e Simon e Denise conversavam com tranquilidade na mesa. Nicolas e Sarah haviam saído. - Eles dois parecem estar bem.

- Acha que estão?

- Na verdade eles parecem estar desde o ano passado quando eu comentei com você o que a Nívea tinha me contado. Que eles foram juntos para um sítio comemorar o aniversário de um sócio da Denise.

- Bom, é isso o que eles precisam mostrar para todos.

- Ela já sabe da Carina e estão de aparências???

- Não faço a menor ideia, Helena. Mas o que eu vi ontem após o fim do expediente acaba com qualquer fio de esperança da sua parte.

- O que você viu?

- O meu amigo CEO Jurídico trepando com a secretária em cima da mesa do seu escritório.

- Meu Deus... Você flagrou???

- Infelizmente. Fui até a sala dele para me despedir como sempre, coisa de rotina e então quando cheguei na porta... Claro, preferia não ter visto.

- Chega a ser inacreditável o quanto que ele se arrisca. - dei um abraço pelo pescoço no que ele correspondeu. Realmente, a minha esperança de vê-los bem se foi por água abaixo. - Eu tenho tanta sorte em ter você...

- Eu que sou um homem sortudo. Enquanto uns preferem trair suas esposas com a secretária ou com moças de luxo, eu tenho você. Ma femme parfaite !*

Ficamos mais um tempo juntos dançando lentamente, me sentindo a mulher mais privilegiada do mundo. E com isso, foi a minha vez de questionar:

Será que faltaria muito tempo para o coquetel acabar?

***

A decoração era composta por móveis brancos com alguns detalhes em tons pastel. Havia um sofá de dois lugares com uma mesa de centro e uma grande TV na parede. A mesa para dois próxima à janela e as cortinas também brancas, de tecido pesado, harmonizavam com o lugar escolhido para a noite a qual eu tive certeza de que seria muito especial.

Contudo, o que chamou minha atenção e fez o meu coração bater mais forte foi o caminho de pétalas vermelhas que começava na porta de entrada, seguindo até o quarto.

- Até onde esse caminho tão perfumado vai nos levar? - perguntei enquanto observava a delicadeza e o tom vermelho das pétalas.

- Até onde você quiser... - senti minha cintura ser envolvida pelos seus braços e beijos quentes no meu pescoço, me causando calafrios - Para onde quer ir? - Não resisti e inclinei minha cabeça em seu ombro, querendo mais do que estava sentindo.

- Com você? Até o paraíso...

Sem pressa, tirei os meus sapatos e Jacques girou o meu corpo, fazendo com que eu ficasse de frente a ele. Aqueles olhos azuis que sempre me encantaram desde a primeira vez que eu os vi em meio à tantas pessoas aglomeradas e com uma música ensurdecedora.

Ao invés da minha boca, ele pegou na minha mão e deixou um beijo delicado no dorso, me conduzindo até o quarto.

Fiquei sem fôlego ao entrar e ver apenas as luzes dos dois abajures acesas, em cada lado da enorme cama que estava repleta de pétalas. Eram tantas que chegou ao ponto de formar um tapete vermelho em cima do edredom. No assento branco e acolchoado na ponta da cama, havia um balde de prata com uma garrafa grande de champagne no gelo e duas taças colocadas em uma bandeja também prateada.

O ambiente à meia-luz era o que eu mais gostava desde sempre, quando eu e o Jacques nos hospedávamos nos hotéis durante nossas viagens. Ele preparou cada detalhe cuidadosamente.

- Se eu soubesse que tudo isto estava à minha espera, não precisaria ficar no coquetel... - falei hipnotizada com tudo ao meu redor.

- Era a minha vontade desde o início da noite...

Senti o zíper do meu vestido ser aberto com calma e respirei fundo, apertando meus lábios. Suas mãos deslizaram pelas duas alças do vestido rendado e o esforço que fiz para tirá-lo foi mínimo. Apenas movi os meus quadris e em questão de segundos ele estava no chão cobrindo os meus pés.

Não precisava de palavras para entender o que Jacques queria, fiz o que minha intuição pedia, fui para cama e mergulhei naquelas pétalas macias e aveludadas que fez o meu corpo afundar por inteiro no meio delas. Beleza Americana nunca esteve entre os meus filmes favoritos mas tive a chance de refazer a cena mais clássica e lembrada daquela obra do cinema.

Me deixei anestesiar pelo perfume delicioso que elas exalavam e peguei um punhado em cada mão, deixando-as cair pelo meu corpo.

Com um dos joelhos dobrados na ponta da cama, Jacques já havia se livrado das suas roupas, com os seus olhos congelados em cada detalhe do meu corpo nu e pronto para o que nós dois mais queríamos.

- Como eu desejei isso...

- Não apenas você... - concordei sorrindo, com o meu corpo apoiado pelos cotovelos.

Com as mãos, ele afastou o quanto pôde as minhas pernas uma da outra, me deixando completamente entregue àquele momento. Sua boca deslizava pela parte interna de uma das minhas coxas e eu sentia a ansiedade e o tesão crescerem ainda mais no meu ventre. Meu corpo inteiro se contorcia na cama, gemidos cada vez mais altos saíam da minha garganta e, com os braços abertos, minhas mãos amassavam um punhado de pétalas em cada lado.

Senti sua boca e pequenos beijos na minha virilha e com paixão, sua língua me invadiu movimentando-se devagar por todos os cantos, socando e lambendo, provando do néctar mais saboroso.

- Jacques... - sussurrei pelo seu nome quando me senti sendo chupada e a ponta da língua brincando onde eu era mais sensível. Pulsava sem controle e com as suas mãos nos meus seios, cujos dedos brincavam com os bicos, ele lambia devagar na intenção de me fazer enlouquecer. Como era bom!

Me deixando fervendo, sua boca deliciosa seguiu um caminho por todo meu corpo chegando até o meu seio onde repetiu o gesto por entre as minhas pernas. Minhas mãos afundaram pelos fios dos seus cabelos em um claro sinal para que ele não parasse. Após uma leve mordida no bico, sua boca continuou a seguir pelo meu colo e pescoço até finalmente chegar junto da minha. O desejo naquele beijo era avassalador assim como todas as reações que ele causou nos nossos corpos.

Seu peitoral amassava os meus seios mas o que eu mais ansiava se tornou uma tortura. A ponta do seu membro brincava na minha entrada encharcada e eu me esfregava querendo mais. Muito mais.

- Vira de costas... - ele pediu baixinho na ponta do meu ouvido junto de um beijo. Se afastou e fiz o que pediu.

Sua boca continuou a explorar o meu pescoço e ao erguer o meu corpo, me deixando de quatro, senti um tapa estalar, fazendo tremer a minha bunda e não contive o riso de excitação. Agarrei o tecido do edredom com as pétalas e empinei mais meu corpo, permitindo que o meu marido se juntasse a mim.

Comecei a ser invadida por onde eu não esperava.

A cabeça melada do seu membro brincava onde eu era mais apertada mas que já havia sido penetrada muitas vezes. Mordi o lábio quando aos poucos Jacques se uniu ao meu corpo e aquele lado piscava cada vez mais até recebê-lo por inteiro.

O meu quadril grudado no seu me fez rebolar sem o mínimo de pudor. As mãos do Jacques afundaram na minha bunda e ele gemia enlouquecido de prazer, socando firme, querendo se perder dentro dela.

- Ah, Helena...

- Esqueceu como se come um bumbum igual o meu? - perguntei de forma atrevida e mais uma vez senti o peso da sua mão na minha carne, me castigando pela provocação.

Meu corpo começou a reagir às primeiras sensações antes de gozar. Meu coração batia forte e minha buceta piscava sem qualquer estímulo da minha parte.

- Vai gozar pra mim com o meu pau na sua bunda? - a voz provocante surgiu no meu ouvido - Como uma boa puta obediente faz?

Rebolava mais rápido, com o prazer crescente dentro de mim e os gemidos do meu marido apimentava mais o momento que eu tanto queria.

Mergulhei na onda do orgasmo que dominou o meu corpo e Jacques fez o mesmo, segundos depois onde o senti jorrar dentro de mim e o seu corpo relaxando devagar com a respiração alterada. Ambos ainda unidos pelo prazer.

Desabei na cama ofegante e Jacques fazendo o mesmo por cima de mim, afastava os meus cabelos, inspirando o perfume da minha pele tomada pelo suor. Muitos chamavam de cheiro de sexo. Para mim, era paixão e desejo aquilo saía dos nossos poros. E era amor o que estava fazendo os nossos corações baterem mais rápido após o momento de luxúria.

- Que trepada... - foi o que consegui desabafar após relaxar por completo.

- E a noite só está começando... - sua boca sugava a minha pele e suas mãos se juntaram às minhas no alto da minha cabeça.

- Jacques...

- Hum...

- Imagina se naquele sábado o seu irmão não tivesse conseguido te arrastar para fora de casa e ir com ele até aquela boate?

- Que bom que ele conseguiu. E graças à ele, te trouxe até mim no meio de tanta gente. A dona dos olhos azuis mais lindos daquela noite.

Ele se ergueu, saindo de cima de mim e me virei para encará-lo. Me aproximei, deixando um beijo úmido e lento nos seus lábios e admirando cada detalhe do seu rosto.

- Me espera ir até o banheiro? - e beijou o meu rosto.

- Claro.

Ele saiu da cama e foi ligeiro até o cômodo, fechando a porta.

Respirei fundo e meus olhos se voltaram para a champagne dentro do balde. Me sentei em posição de borboleta e percebi que algumas pedras de gelo haviam derretido, mas a maioria delas estavam inteiras.

Nem tive tempo de arriscar em abrir a garrafa pois imediatamente senti mãos envolvendo a minha cintura e me abraçando por trás.

- Quer fazer as honras?

- Como quiser... - ele abriu o pequeno arame envolvido no lacre dourado e o retirou cuidadosamente, abrindo a tampa e felizmente a bebida não espirrou como acontece nas festas de Réveillon.

Serviu a primeira taça, me entregando e em seguida fez o mesmo com a outra colocando a garrafa de volta no balde.

- E a que vamos brindar? - me virei de frente, ficando sentada de joelhos.

- Bonne question. Pode ser... Um brinde à esta noite. E a todas às outras iguais daqui pra frente. - sorri e o tintilar do som das taças ecoou pelo quarto. Olhamos dentro dos olhos um do outro enquanto sentíamos o primeiro gole.

Era uma champagne de gosto delicioso e que iria conduzir com um efeito do maior e mais puro êxtase pelo meu corpo o início daquela noite.

***

Acordei com o doce perfume das pétalas na cama e com a incrível sensação de sentir o meu corpo nas nuvens. As cortinas estavam fechadas deixando o quarto na penumbra, mesmo assim pude observar a luz pela pequena fresta entre elas. Já era de manhã. Inspirei profundamente e ao olhar para o lado da cama, não vi o Jacques. Me levantei, caminhando devagar quase na ponta do pé, cheguei na porta do quarto e abri devagar. Sem que ele notasse, pude vê-lo usando um grosso roupão azul-marinho, sentado na pequena mesa da sala, concentrado em frente ao seu notebook e falando bem baixo no telefone. Nunca achei ruim o fato dele pensar em trabalho, eu também agia da mesma forma e pagamos um preço amargo por isso, que fora não dar a devida atenção que a nossa filha merecia após ela chegar em uma certa idade. E por sorte, Nívea nunca se rebelou. Por inúmeras vezes eu me questionava se merecia uma filha como ela.

Fechei a porta devagar e permaneci no quarto. Achei melhor não o atrapalhar. Fui até a minha bolsa de festa e peguei meu celular. Já passava das sete da manhã ao olhar o relógio na tela. Sabia que a minha melhor amiga já deveria estar acordada e então voltei a me deitar na cama, lhe enviando uma mensagem.

- Acordada?

Esperei alguns minutos lendo rapidamente as mensagens deixadas no dia anterior pelos grupos de esteticistas os quais eu faço parte e logo depois veio a resposta:

- Mulheeerrr! Me conta, como foi a noite???

- O coquetel foi ótimo, rs... Deu pra relaxar, estar entre amigos...

- E eu lá quero saber de coquetel??? Conta como foi a noite entre vcs dois!!!

- Maravilhoso, Mari. Vc estava certa o tempo todo... Estou deitada na cama que está cheia de pétalas de rosas vermelhas.

- Ah Deus, que sonho, Lena!

- Finalmente tudo está voltando a ser como antes... E acordei ainda com vontade, acho que o efeito do champagne ajudou a manter o tesão aceso. Quase não dormimos.

- Então o que vc está fazendo aqui falando comigo ao invés de estar quicando no pau do seu marido? Vai lá e faz ele apagar esse fogo!!!

Quase vinte e cinco anos de amizade e eu ainda não me acostumava com a naturalidade que a Marina falava sobre o assunto.

- Ele está na sala agora, resolvendo assuntos de trabalho.

- Pois vc vai agora e apareça nua na frente dele que rapidinho ele vai deixar o trabalho de lado.

- Tá bom, Mari, prometo que pensarei na sugestão.

- Não é pra pensar não, vai logo! Beijão!

- Um beijo.

Encerramos a conversa e fui até a minha mala onde eu peguei e vesti a minha camisola de seda. Deixei o quarto e no mesmo instante, Jacques notou a minha presença na sala.

- Bonjour, Ma Reine! - ele desviou o olhar da tela na minha direção.

- Bom dia, podia ter me acordado...

- Você dormia tão profundamente que eu fiquei com pena de te acordar.

Me aproximei da mesa e ele afastou a cadeira, me permitindo sentar no seu colo e um beijo lento e colado selou o início da nossa manhã juntos. Sua mão deslizou pela minha coxa até chegar no meu quadril, me causando calafrios.

- Posso pedir o café da manhã? - sussurrou no meu ouvido.

- Por enquanto eu prefiro outra coisa - levantei e o puxei pela mão - Vem comigo!

Voltamos juntos para o quarto e de fato eu precisava ouvir mais vezes os conselhos da Marina. Foi uma perda de tempo vestir uma camisola e ficar com ela por menos de cinco minutos no corpo.

Nos sentamos meio da cama, me livrei da camisola imediatamente e ele fez o mesmo com o roupão. Ainda sentia a paixão de uma noite inteira ferver entre os nossos corpos, ficando sentada por cima. Envolvi o seu pescoço com os braços e a minha cintura foi envolvida em um abraço apertado para próximo do seu corpo.

Cravei minhas unhas na sua pele quando seu pau me invadiu e espichei meu corpo, começando a rebolar de forma descontrolada. Suas mãos afundaram no meu bumbum e tapas estalaram na minha pele, me incentivando a não parar.

- Se eu soubesse que você ainda estava com esse fogo todo, não teria saído da cama - disse em meio aos beijos no meu pescoço, me fazendo delirar.

Me agarrei no seu pescoço em meio aos gemidos no seu ouvido, sentindo meu coração bater acelerado todo o tempo. Minha buceta pulsava tão gostoso e eu sabia que não demoraria muito a gozar da mesma forma como foi durante a noite.

- Jacques... Eu vou gozar... Ui... - segurei em seu rosto, colando sua testa na minha e olhando nos seus olhos. Uma das suas mãos saiu da minha cintura e meu grelo inchado foi provocado com um dos seus dedos junto do seu sorriso de canalha. A onda de prazer varreu todo o meu corpo, fazendo minhas pernas tremerem e o meu ventre formigar. De repente, sua expressão mudou, seu corpo enrijeceu e eu o senti se derramar dentro de mim. Ainda que o quarto estivesse frio, nossos corpos ferviam. O amor, a paixão e o tesão vibrando pela nossa pele por inteiro.

- Eu já te disse que sou um homem de sorte? - me perguntou respirando devagar e com dificuldade.

- Disse para mim ontem de noite enquanto dançávamos... - peguei um punhado de pétalas e joguei por cima de nós dois.

- Ótimo, sendo assim eu digo hoje pela manhã. Sou um homem de sorte por ter você comigo todos os dias... - e me beijou lento, abraçando a minha cintura, encaixando melhor sua boca na minha a fim de tornar o beijo ainda mais quente e perfeito.

Jacques não era o único. Meu coração me dizia o mesmo todos os dias.

Após esse momento tão especial entre nós dois, fomos para o chuveiro para aproveitar o máximo de tempo juntos.

Depois do banho, enquanto eu trocava de roupa, Jacques finalizou o que estava fazendo no notebook e também se arrumou rapidamente. Levamos nossas malas e antes de fazer o check-out na recepção do hotel, tomamos o café da manhã no restaurante.

Infelizmente nossa lua-de-mel de apenas uma noite chegara ao fim. No entanto, a distância entre nós dois que durou boa parte daquele início de ano ficara para trás.

***

Almoçar fora e voltar para casa de mãos dadas com o homem que você ama, apreciando os lugares do bairro onde mora...

Foi assim o meu sábado. Algo tão simples mas que precisava passar a dar valor com mais frequência, após decidir não realizar atendimentos naquele dia da semana.

Observar as pessoas, as casas, sentir o clima ameno de Sol, o céu azul... Há muito tempo eu não parava para prestar atenção em coisas que estavam ali todo o tempo ao nosso redor e eu posso dizer que foi uma experiência incrível.

Uma vez que eu mergulhava no trabalho, acabava não desfrutando de tempo para mim e isso incluia em não estar atenta às coisas simples do cotidiano. E isso seria algo que eu me esforçaria para colocar em prática a partir daquele início de ano.

Ainda era início da tarde quando eu e o Jacques voltamos para casa, após almoçarmos em um restaurante no bairro. Fomos para o quarto, tirei os meus sapatos de salto baixo, deixando a minha bolsa na poltrona e prendi os meus cabelos em um coque no alto usando os próprios fios em um nó frouxo.

- Um e-mail da companhia aérea... - ouvi o Jacques comentando, sentado na beira da cama enquanto observava a tela do seu celular.

- Recebeu agora? - me sentei do seu lado, também olhando o aparelho - É o vôo da Nívea de volta. - afirmei.

- Oui... - ele continuava a ler a mensagem, com a expressão do rosto pensativa.

- Alguma coisa errada, meu amor?

- Mais ou menos... Aqui tá dizendo que o vôo dela está marcado para chegar no dia cinco às três e dez da tarde.

- Dia cinco? Mas isso cai em um sábado e é depois do aniversário dela! - falei demonstrando certa surpresa - Será que Jérome não conseguiu marcar a passagem pra antes?

- É provável que não...

No mesmo instante, o celular dele vibra com uma notificação de vídeo-chamada da Nívea. Meu coração ficou do tamanho da cabeça de um alfinete de tanta saudade.

- Será que ela não pode ir pro Skype? Eu não tenho paciência pra conversar por vídeo no celular - bufou.

- Ela ainda está em Chamonix e não deve acessar computador no Hotel, meu querido... - e lhe dei um beijo no rosto.

- Verdade - ele deslizou o dedo na tela para aceitar e logo em seguida a imagem dela apareceu tendo a cabeceira de uma cama junto da parede branca ao fundo.

- Oieee! - ela nos cumprimentou sorridente.

- Oi, minha vida! Como você tá? - perguntei, abraçando o Jacques de lado por cima do ombro.

- Salut, ma chère!

- Tô bem, obrigada! Amanhã de manhã estamos voltando para Lyon. Já é início de noite aqui.

- Se divertiu, món ange?

- Muito, pai. Esses dias aqui foram incríveis. Posso até dizer que foram inesquecíveis.

- Nossa! Você já foi tantas vezes esquiar nos Alpes... O que aconteceu aí de tão especial? - questionei curiosa.

- Ah mãe... - mesmo com a resolução da imagem não sendo das melhores, percebi ela sorrindo sem jeito - A companhia do Felipe foi bacana já que os meus primos estão em aula nessa época do ano... Mas ele já foi para a outra cidade próxima encontrar os amigos dele.

- Eu imagino. Deve ter sido bem mais divertido.

- Foi sim. Mas eu fiz essa chamada pra falar com vocês sobre outra coisa.

- Já estamos sabendo. Recebi o e-mail agora. O que houve pra você voltar depois do seu aniversário?

- Então pai, eu conversei com o meu tio e pedi pra ele ver se tinha um vôo pra depois do dia dois porque eu decidi passar o meu aniversário aqui como forma de retribuir o presente que os meus avós me deram que foi essa viagem pra cá. Vocês vão ficar chateados?

- Claro que não, filha! A gente aqui sufoca mais um pouquinho a saudade e fica tudo bem!

- Tem certeza?

- Oui, mon amour! Fique tranquila e comemore o seu aniversário com todos aí. Quando você voltar, faremos algo nós três juntos!

- Merci, papa! De verdade. A vovó ainda nem sabe, vai ficar feliz em saber.

- Com toda certeza, vai.

- E... Vocês vão hoje né? O aniversário do Frederik?

- Vamos sim, mas vai começar de noite e ainda temos tempo pra descansar um pouco.

- Eu enviei um áudio pra ele de aniversário mas não falei nada sobre o meu.

- Você ficou sem coragem de contar? - questionei.

- Fiquei. Nem pra Meli eu contei.

- A gente conversa com ele e explicamos os seus motivos.

- Eu espero que ele não fique mais triste do que já está.

- Vamos levar a Melissa e conversamos com ela também.

- Obrigada, mãe. Era isso que eu queria falar com vocês.

- Sem problemas, meu anjo.

- Quando chegarem em Lyon, nos manda uma mensagem tá bom? A hora que for.

- Mando sim. Vou desligar agora, tenho que terminar de fazer a minha mala. Beijos.

- Mil beijos, minha vida. Te amamos.

- Também amo vocês.

E encerramos a chamada.

- Frederik vai ficar muito triste - Jacques suspirou com o aparelho na mão - Ele já está por não ter a Nívea com ele na festa e agora essa novidade...

- O bom coração dele vai fazê-lo entender, não tenho dúvidas disso.

Por mais que eu torcesse para que um dia eu vivesse a alegria em ver a Nívea namorando o Frederik, as decisões pontuais que ela tomava estavam em primeiro lugar e eu no papel de mãe precisava apoiá-la.

***

Saímos de casa e no corredor, vimos Melissa e Cecília vindo em nossa direção. A filha segurava uma sacola de presente e usava suas típicas roupas que eram uma saia jeans com cinto preto de tachinhas e uma blusa também na cor preta e os seus inseparáveis tênis modelo all star na cor lilás. Para a temática da festa, achei bastante apropriado mesmo ela nunca ter sido a vaidade em pessoa.

- Vocês vão voltar muito tarde? - Cecília questionou abraçada à filha pelo ombro.

- Acredito que não. Começando cedo então não deve ir até altas horas.

- Tá certo. Você se comporta, ouviu? - ela advertiu dando um beijo no rosto da filha - E nada de querer ficar por lá. Quando a Helena e o Jacques voltarem, você volta junto com eles.

- Tá bom, mãe! Mesmo sendo legal não é a mesma coisa sem a Nívea... - falou triste, dando de ombros - Não vai ter graça em ficar...

- Acho melhor contar logo pra ela, Helena...

- Sim - olhei para o Jacques e para a Melissa em seguida.

- Contar o quê?

- Nívea só vai voltar no último fim de semana das férias.

- É sério??? Poxa, nos falamos hoje e ela não me disse nada...

- Eu sei minha querida, ela ficou sem jeito de contar pra você. Nem pro Frederik ela contou.

- Mas por que ela vai ficar mais tempo?

- Essa viagem para os Alpes foi um presente dos avós e então ela vai retribuir, comemorando o aniversário dela ao lado deles - Jacques explicou - Mas quando voltar e isso será no sábado, vamos passear com ela no domingo. E você está convidada a vir com a gente.

- Obrigada - ela sorriu e pude ver os brilho nos seus olhos.

- Bom, então vamos! - apertei o botão do elevador e esperamos ele chegar para entrarmos. -Temos que aproveitar o máximo a comemoração de hoje.

***

A primeira vez que viajei para a Itália eu estava casada há pouco mais de dois anos. Eu e o Jacques passeamos uma semana por Veneza e depois mais quatro dias em Milão. Apesar de ser Inverno na época, conseguimos aproveitar bastante e absorvermos bem toda a essência que as duas cidades tinham a oferecer: o romantismo da primeira e o famoso universo da moda da segunda.

No entanto, após deixarmos os presentes na recepção e chegando de fato no salão de festa, o ambiente remetia aos convidados um clima voltado para a famosa gastronomia do país.

Haviam mesas redondas com quatro cadeiras de madeira, forradas com toalhas nas cores vermelha e branca de modelo quadriculado. E no centro de cada uma delas, miniaturas dos pontos turísticos mais famosos do país estavam ao lado de uma pequena cesta de pães.

Em um lado do salão, pizzaiolos que montavam a massa e faziam pequenos shows ao jogá-las para o alto, abrindo de imediato em formato redondo e com isso, ela estava pronta para que fossem recheadas com os sabores. Isso chamava atenção de alguns convidados que faziam questão de registrar a técnica dos profissionais que estavam protegidos por uma parede de vidro, devido ao uso de muita farinha para a montagem e assim os espectadores não iriam se sujar enquanto filmavam.

O aniversário era um verdadeiro restaurante com dois ambientes.

- Nossa, sente só esse cheiro de queijo... - Melissa inspirou fundo - É hoje que eu passo mal de tanto comer.

Algumas pessoas ocupavam as mesas na parte interna de onde estávamos mas boa parte delas deveriam estar do lado de fora. Foi quando vimos o aniversariante vindo na nossa direção, muito bem vestido de calça preta e blusa social cinza e com o seu lindo sorriso, no instante que nos viu.

- Agora não falta mais ninguém! - Frederik me abraçou - Que bom que vieram.

- Seria uma ofensa se não viéssemos, meu querido - correspondi ao abraço - Parabéns por mais um ano de vida.

- Obrigado!

- Joyeux Anniversaire, meu rapaz! - o abraço do Jacques era como se um pai abraçasse o próprio filho. Eu e Melissa nos entreolhamos e com certeza pensamos o mesmo: as esperanças em vê-lo um dia namorar nossa filha ainda estavam bem vivas dentro dele.

- Parabéns, Frederik! - Melissa o cumprimentou do seu jeito espontâneo de ser - Você falou com a Nívea hoje não foi?

- Sim, recebi o áudio dela logo de manhã.

- Ainda sentimos muito por ela não estar aqui - tentei consolá-lo enquanto que ele recebia um leve afago no ombro do meu marido.

- Não, tudo bem. Fico feliz que vocês estejam. - ele se virou para Melissa - O Felipe ainda está viajando?

- Está. Ele volta na semana que vem.

- Ah, legal. Mas então, vamos lá fora. A Gabi e o Patrick já chegaram, até o professor Schneider veio também!

- Jura? É ótimo saber que ele estendeu os laços de amizade não apenas com a Nívea mas também com os outros alunos.

Do lado de fora, pude sentir o clima mais ameno em comparação ao abafado de dentro do salão por causa das fornalhas montadas. Eram muitos os jovens presentes que se divertiam de todo o jeito e com isso pude perceber que o Frederik era um rapaz querido por todos.

Denise e Simon vieram nos cumprimentar e nos levaram até o professor Schneider. Ele estava sentado ao lado de duas senhoras e junto dos seus dois alunos.

- AE, MELISSAAAAAAA - o grito histérico seguido de uma gargalhada da Gabriele chamou a atenção das pessoas próximas. A ruiva apenas acenou com a mão sem graça por causa da histeria da amiga.

- Então Vó, você não queria conhecer os pais da Nívea? - Patrick apontou na nossa direção - São eles.

- É um prazer finalmente conhecê-los! - ela se levantou e veio gentilmente falar conosco - Os pais da menina Nívea!

- O prazer é todo nosso - Jacques a cumprimentou com um gentil aperto de mão.

Após cumprimentamos todos na mesa, e também conhecermos a Norma, a responsável por cuidar do Frederik desde bebê, Gabriele tomou a iniciativa:

- Vem, senta aqui com a gente! - a jovem, cujos cabelos estavam repletos de cachos bem definidos, pediu o que acabou por todos nós ocuparmos duas mesas. Frederik se afastou para dar atenção aos outros convidados - Meus pais vão chegar um pouco mais tarde e vou apresentá-los a vocês.

- Vai ser maravilhoso vê-los. - sorri. Conhecer pessoalmente o casal mais famoso do jornalismo nacional seria algo para poucos.

- Sim mas agora Helena, já que a Nívea não está aqui, tenta convencer o professor a continuar no colégio com a gente! Fizemos abaixo-assinado e tudo para ele ficar com a nossa turma.

- Como assim? - eu não esperava ouvir aquela notícia - Vai deixar o Lycée Saint Vincent?

- O que houve, professeur?

- Eu estava explicando para eles antes de vocês chegarem que eu e a Jacqueline ainda estamos definindo alguns termos do contrato. Por isso eu ainda não posso dizer se continuarei no Lycée este ano.

- Seria uma pena se não continuasse... Os alunos parecem gostar bastante de você.

- Eu também quero muito mas... O contrato precisa ser vantajoso tanto para mim como para o colégio.

- Bom, eu arrisco um palpite de que você vai continuar! - Melissa, sentada do meu lado, afirmou e logo em seguida deu uma mordida em uma fatia de pizza repleta de queijo.

Haviam garçons servindo fatias exatamente como nos rodízios então não foi difícil para ela começar a comer imediatamente.

- Eu também acho! - Patrick concordou com os olhos na tela do celular.

- Até a primeira semana de Fevereiro todos ficarão sabendo. Também quero continuar o meu trabalho com vocês. Estamos juntos desde o primeiro ano e vê-los se formarem será como o fim de uma missão. - ele sorriu.

- Aliás, é bom que todos saibam logo. É sobre a Nívea... Cadê o Frederik? - Jacques perguntou olhando para os lados - Precisamos falar com vocês sobre ela.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não professor, não é nada demais.

Patrick levantou a mão, chamando o aniversariante que estava dando atenção a outro pequeno grupo e no que ele viu, veio imediatamente até nós.

- O que foi?

- Então crianças, falamos com a Nívea hoje de tarde por vídeo chamada e ela disse que só vai voltar no último sábado das férias.

- Exactement! Ela vai comemorar o aniversário com a minha família em Lyon.

- Poxa, é sério?

- Ah, que pena!

Os irmãos gêmeos ficaram tristes com a notícia. Mas o mais desolador foi ver a expressão impassível no rosto do Frederik.

- Eu sinto muito, meu querido - me levantei ficando ao seu lado, fazendo um leve carinho no seu ombro. - Mas não podíamos negar isso à ela. Nívea decidiu porque seria justo após a viagem para Chamonix.

- Eu imagino que a viagem tenha sido um presente dos avós... - Eric comentou.

- Foi sim, professor! Então ela quis retribuir.

- Acho justo.

- Eu tive uma ideia... - Frederik até então estava calado com a notícia - Que horas será o desembarque dela?

- Acho que por volta das três da tarde. Está aqui no meu e-mail. Por quê?

- E se fizéssemos uma festa surpresa pra ela?? - ele disse não conseguindo disfarçar a euforia e o sorriso no rosto - A Nívea merece!

- Boa! - Patrick começou a bater palmas - Estou dentro!

- Ameei. Podemos fazer na casa de vocês, Helena?

- Claro, Gabi! Vocês preparam tudo e quando voltarmos com ela do aeroporto, a surpresa! Excelente ideia, Frederik!

- Vai ser muito divertido, ela nem vai acreditar!

- Você tem um coração de ouro, rapaz! - meu marido afagou o seu ombro o olhando com ternura - É uma pena a nossa filha não perceber isso como se deve - lamentou.

- Jacques!

- É a verdade, Helena! - ele se voltou para o Eric - Você tem excelentes alunos, professor! Não acha?

- Acho - concordou com o elogio - São tão excelentes da mesma forma que são grudentos. Nem nas férias eu fico livre deles! - ele brincou fazendo todos rirem.

- No fundo, eu sei que você adora a nossa companhia! - Gabriele prosseguiu com a brincadeira - Ou vai dizer que não?

- Posso dizer que... Aprendi a lidar com adolescentes e está sendo uma boa experiência.

- Nem preciso dizer que está convidado para a festa!

- Irei sim, Helena. Sem falta.

- Bom... E se quiser convidar alguém... - foi quando enfim eu percebi que ele estava desacompanhado - A Luciana...

- Posso falar com ela. Sendo a minha chefe, estará muito ocupada nesse início de ano mas vou tentar fazer com que ela vá comigo.

- Entendo.

O que a princípio eu pensava ser uma relação amorosa, vê-lo ali sem ninguém me fez repensar a situação sob um novo ângulo. Imaginar que Eric e a sua chefe teriam algo a mais do que uma convivência profissional foi algo que começou a se dissipar na minha mente. Do contrário, ela estaria junto dele na festa.

- Ela não é sua namorada, professor? - sabia que adolescentes em sua maioria não possuíam filtro mas não a tal ponto como o Patrick.

- Eu não sei de onde vocês tiraram isso - ele deu de ombros, cruzando os braços - Já que aprenderam a gostar de Literatura poderiam ser ótimos contadores de histórias uma vez que são donos de imaginações tão férteis.

O senso de humor dele, apesar de demonstrar uma personalidade tão séria, era incrível. E sendo um homem bonito chegava a ser engraçado saber que estava solteiro.

***

Tudo corria incrivelmente bem para uma noite de comemoração. Além das pizzas, os típicos pratos italianos eram servidos em porções pequenas e assim, eu tive a oportunidade em experimentar de tudo um pouco. Melissa com o passar do tempo, e ao lado dos irmãos, se dispersou pela festa conversando com outras meninas, com quem já havia feito amizade junto da Nívea, durante os finais de semana que a duas passavam na casa dos amigos. E claro, sempre comendo algo. Tive absoluta certeza que ela aproveitaria ao máximo tudo que a festa ali tinha para oferecer.

Dona Norma e a Dona Raquel haviam saído da mesa ficando apenas eu Jacques e o Eric. Após terminar de experimentar nhoque com molho ao sugo junto de uma pequena taça de vinho tinto, pedi licença para ir ao banheiro do salão.

O local estava impecável de tão limpo. Ninguém diria que estava acontecendo uma festa ali repleta de jovens. Deixei uma das cabines e enquanto lavava as minhas mãos, Gabriele, Melissa e outra jovem entraram no banheiro dando de cara comigo.

- Ah Helena, que bom que está aqui. Assim você participa da fofoca também!

- Que fofoca?

- Sobre o carinha com quem eu saía no ano passado!

- É mesmo? Você estava namorando?

- Nossa, nem pra mim e pra Ni você nunca falou nada... - Melissa cruzou os braços, prestando atenção no que ela acabara de revelar.

- Ah, não era namoro sério, sabem? A gente se encontrava escondido dos meus pais. Mas aí sabe quando você cansa? Foi o que aconteceu comigo.

- Mas teve alguma briga entre vocês?

- Não! De jeito nenhum, nós conversamos e ele aceitou super bem. Como ele é um pouco mais velho e maduro, acabou entendendo.

- Isso é bom. E agora que vocês entrarão no último ano no colégio, as prioridades serão outras - analisei em forma de um aconselhamento.

- Verdade, tem isso também.

- Mas não se preocupe, Gabi. Quando eu tinha a sua idade, também me foquei no meu último ano na escola e beijar na boca se tornou algo irrelevante.

Terminei de secar as mãos usando uma folha de papel e Melissa saiu junto comigo, deixando as duas amigas continuarem a conversa. Chegando no salão, nos encontramos com aquele que era o responsável por fazer uma gentileza diária à minha filha após o fim das aulas.

- Evandro! - ele desviou os olhos da tela do seu celular e sorriu ao nos ver.

- Como vai, senhora Toledo? - ele guardou o aparelho no bolso e me cumprimentou usando as duas mãos sobre a minha - Eu estava lá fora e falei com o seu marido. Agradeci a cesta de Natal que vocês me enviaram. Minha mãe e a minha irmã ficaram muito contentes. Realmente não precisavam se incomodar.

- Imagina, era o mínimo que poderíamos fazer já que você deixa a nossa filha em casa todos os dias em segurança. E por favor me chame apenas pelo nome.

- Como quiser e pra mim não é trabalho nenhum, não se preocupe.

- Eu pensei de você nem vir pra festa! - Melissa comentou - Você chegou agora?

- Sim, como o Frederik e o Patrick viajaram e voltaram ontem, o Senhor Bertrand me liberou por esses dias e é claro, eu não podia deixar de estar aqui hoje.

- Certeza que não!

Seguimos conversando nós três para o lado de fora até a nossa mesa quando, ainda um pouco distantes, presenciamos uma cena que nos deixou paralisados. Jacques que estava sentado na mesa também observava calado. Frederik, muito sorridente, estava apresentando Carina ao Eric e ele, muito educado, se levantou para cumprimentá-la. Ela usava vestido azul marinho de cetim com um profundo decote nas costas acentuando suas curvas, que ia até o meio das coxas e um par de sandálias altas na cor preta. Os dois iniciaram uma conversa e o aniversariante se afastou como se não quisesse atrapalhar.

- Meu Deus...

- O quê que o Frederik tá fazendo?!?!?! - Melissa disparou, se afastando de nós e indo para algum lugar da festa.

- Bom... - Evandro suspirou - Acho que o trabalho me chama. Com licença...

A reação da Melissa deixou claro que ela, além da Nívea, também sabia o que aquela cena significava de fato. Mas isso era algo que eu iria esclarecer depois e com calma.

Respirei fundo e quando cheguei à mesa, a troca de olhares entre eu e o meu marido foi o suficiente para que uma situação tensa poderia aumentar a qualquer momento.

- Carina...

- Helena! - Segurando uma taça com água, ela me cumprimentou com dois beijos no rosto. Seu perfume era suave e ela era dona de um rosto tão bonito que qualquer maquiagem seria dispensável - Que bom vê-la!

- Eu digo o mesmo - sorri e nos sentamos.

- Mas então, além de professor, você se tornou amigo dos seus alunos? - ela se voltou na direção dele e a cruzada de pernas que deu no estilo Sharon Stone o fez ficar sem reação, mas Eric parecia conduzir bem a gritante investida da parte dela.

- Sim, na verdade não de todos eles, apenas alguns.

- Que bom. Eu trabalho como secretária do Simon há pouco mais de dois anos e com isso, acabei me tornando amiga da família Bertrand também.

- Isso é ótimo.

Eu pedia a Deus para que eles dois não acabassem a noite juntos em qualquer motel barato da cidade. Eric não fazia ideia do terreno pantanoso em que iria se afogar caso iniciasse um relacionamento com aquela mulher. Ele era um homem bom demais para se meter em um problema tão grande como aquele.

Os lindos olhos verdes que Carina possuía pareciam que iriam devorar a presa que estava na sua frente devido ao nítido interesse.

- E você sempre quis ser secretária executiva? - ele perguntou, fazendo um esforço incrível para se manter educado.

- Ah sim, sempre! - ela sorria - É uma carreira bastante promissora e com ela, conquistei minha independência bem cedo.

- Isso eu também conquistei quando fui morar fora assim que terminei o Ensino Médio.

- É mesmo? Então temos mais uma coisa em comum, além de estarmos desacompanhados essa noite.

Eu sentia uma corrente fria de ar passando ou era um calafrio de nervoso que fez minha pele se arrepiar?

Jacques deslizou sua mão pela mesa e pegou na minha dando um meio sorriso. Era certo que ele também percebeu o quanto aquela situação não poderia acabar bem.

- Com licença - Evandro se aproximou da nossa mesa - Carina, o senhor Bertrand quer falar com você. Na verdade, te apresentar a um casal de amigos dele que acabou de chegar e a esposa também é secretária executiva.

- Pode dizer ao Simon que eu vou daqui a pouco - sua voz era de deboche - Acabei de conhecer o professor dos meninos e a companhia dele está sendo muito agradável. Ele é o meu chefe apenas em dias de semana.

Claramente aquilo era uma desculpa para fazer com que ela deixasse a mesa. Simon deveria ter flagrado o mesmo que nós três, minutos atrás, e não gostou nada do que viu. Nada havia mudado. A relação extraconjugal continuava.

- Como quiser. - e saiu, deixando-a livre para continuar o seu jogo de sedução.

- Fique à vontade - Eric sugeriu - Pode ser importante pro seu chefe.

- Imagina! São apenas caprichos dele. Aqui está muito mais interessante pra mim.

E pensar que a Marina era a maior predadora de homens que eu poderia conhecer até aquele momento. A diferença entre elas duas é que a minha amiga não se envolvia com homens casados.

- Professooor! - desta vez, foram Patrick e Melissa que se aproximaram. Ele segurava dois pequenos pratos - Eu vi que você não comeu quase nada desde que chegou e então eu trouxe esses raviólis de carne ao molho de gorgonzola. Estão muito bons!

- Obrigado, realmente eu não experimentei muito do que está sendo servido.

- Legal - ele e Melissa se sentaram entre os dois - Desculpa, Carina. Se soubesse que você estava aqui eu te trazia um prato também.

- Não, tudo bem. Eu como alguma coisa depois.

- Carina é o seu nome? - Melissa perguntou curiosa.

- Isso.

- Então Carina, sabia que o professor Schneider tem uma melhor aluna e que também é a minha melhor amiga?

- Ah é? E onde ela está?

- É a minha filha, a Nívea - Felizmente consegui entrar na conversa. Que os anjos abençoassem Patrick e Melissa por também interferirem - Mas ela não veio pois está de férias na casa dos avós.

- Ah sim, eu me lembro de ter visto ela no dia das apresentações na Universidade.

- Exato.

- Mas eu acredito que você, professor, tenha várias melhores alunas, acertei?

- Sendo professor universitário, alunos disciplinados é o que não me faltam. É sinal de que faço bem o meu trabalho.

- Tenho certeza que faz - ela piscou e pegou um guardanapo que estava na mesa, seguido de uma caneta em sua bolsa, começando a anotar o seu número de telefone.

- Me liga - ela lhe entregou o papel e se levantou - Vamos combinar de fazer alguma coisa, que tal?

- Claro.

- Vocês me dão licença? Não quero que o Simon pense que eu sou a indelicadeza em pessoa. - e saiu, para o alívio de todos nós.

Com um semblante sério, Eric observou ela se afastar e, quando viu que estava longe, imediatamente rasgou o guardanapo, guardando os pedaços picados no bolso na calça.

- Fez muito bem, professor! - elogiei o que ele havia feito.

- Inegavelmente é uma mulher bonita mas... Não.

- Olhando ela de perto, não achei ela isso tudo!

- Fala sério, Melissa! - Patrick retrucou - A Carina é uma tremenda gata sim.

- Eu não achei - e revirou os olhos.

- Tudo bem, crianças. - Jacques amenizou a pequena discussão - O importante é que o nosso amigo aqui - disse se referindo ao Eric - fez o que é certo.

***

Um dos casais mais famosos da televisão brasileira estava ali, diante de nós. Chegaram alguns minutos antes de cantarem o Parabéns e isso evidenciava que eles eram discretos no que se dizia a respeito de aparições sociais.

- Espero que não fiquem enciumados mas a Nívea já é praticamente lá de casa - Natália Fernandes brincou gentilmente - Nunca pensei que fosse conhecer uma menina tão doce.

- Um elogio vindo de você, nos faz se sentir honrados - cruzei o meu braço com o do Jacques.

- É verdade! Tanto ela como a Melissa serão sempre bem vindas. Minha mãe adora quando elas passam o dia com ela e as crianças. - William acrescentou.

- Ficamos felizes em saber. Nívea é o nosso maior orgulho.

- Estão convidados para um dia almoçarem com a Nívea lá em casa, combinado?

- Combinado!

Após o momento de cantarmos Parabéns e cortar o bolo, como geralmente acontece, alguns convidados foram embora da festa e também as pizzas doces começaram a ser servidas. Àquela altura de quase fim de comemoração eu não conseguia comer mais nada.

Eu e o Jacques nos distraímos observando um dos pizzaiolos preparando a massa e não vimos quando alguém se aproximava.

- Helena? Jacques?

- Oi, professor!

- Eu já me despedi do Frederik e dos pais dele e enfim, vim me despedir de vocês.

- Também vamos embora daqui a pouco, professeur! E de novo esperamos você para comemorar ao lado da nossa filha no dia que ela chegar!

- Contem comigo. E... Mais uma coisa...

- O quê?

- Sobre aquela questão em continuar ou não no Saint Vincent, as crianças aqui não sabem mas estarei com eles este ano.

- Mesmo? Foi um lindo gesto, o abaixo-assinado. Estranho que a Nívea não comentou nada comigo...

- Provavelmente ela deve ter esquecido. E eles só vão saber na semana em que receberem os seus horários de aula. Vocês guardam esse segredo comigo? - pediu gentilmente.

- Mas é claro que sim!

- Não vamos falar nada. Soyez rassuré !

- Merci. - ele agradeceu e vimos Patrick e a Dona Raquel se aproximarem.

- Vou deixar a minha avó em casa... Você já vai embora, professor?

- Vou mas posso acompanhar vocês até a entrada do prédio onde moram.

- Eu agradeço - a avó estava com o semblante cansado talvez por não estar mais acostumada com festas que durem muitas horas - Presenciei coisas aqui em que preferia ser cega - ela suspirou como se estivesse inconformada.

Será que mais pessoas sabiam?

- Não estressa, vó. O seu carinho pelo Frederik é maior que isso.

- Disso você pode ter certeza. Vamos pra casa?

- Vamos sim.

Nos despedimos deles e pela hora, a comemoração para nós também chegava ao fim. Jacques me deu um carinhoso beijo na testa junto de um abraço. Seguimos até a nossa mesa e não vi a Melissa por perto. Como ela não desgrudava do celular enviei uma mensagem avisando que estávamos indo embora.

***

- Obrigada mais uma vez por terem vindo - Denise estava feliz pela nossa presença.

- Foi um prazer estarmos aqui. O Frederik merece - sorri e dei um beijo no topo da sua cabeça que o deixou sem jeito.

- Você aparece pouco lá em casa, rapaz - Jacques cobrou em tom de brincadeira - Temos que mudar isso.

- A Nívea gosta de vir pra cá, então...

- Bom, isso é verdade. Lá onde moramos não tem a mesma diversão igual aqui.

- A gente vai se falando, Frederik. Sobre o que podemos preparar para a festa surpresa da Nívea.

- Isso mesmo, Melissa! Dá uma ajuda a ele. Nada de deixar para a última hora.

- Vou encomendar o bolo de chocolate com morangos. É o que ela mais gosta.

- Nos vemos segunda-feira, Martin! - o Simon o abraçou após um aperto de mão.

Fiquei na expectativa sobre como ela iria reagir ao chegar em casa e dar de cara com uma festa de aniversário preparada pelos amigos. Saber que era tão querida enchia meu coração de alegria.

***

Saímos do elevador finalmente chegando em casa. Não parecia mas eu estava exausta. Contudo, precisava esclarecer um assunto e a Melissa seria a pessoa que me ajudaria com isso.

- Melissa, antes de você ir pra casa, podemos ter uma conversa?

- Claro! Sobre o quê?

- Pode vir até a nossa casa? - olhei para o Jacques e em seguida para ela.

- Tá bom - ela deu de ombros e nos acompanhou.

Entramos na sala e deixei a minha bolsa no sofá. Ela me olhava com um ar curioso esperando pelo o que eu iria falar.

- Você e a Nivea sabem não é?

- Sabemos... O quê? - ela hesitou na pergunta.

- Sobre a Carina.

- Ah... - ela ficou pálida e com os olhos arregalados - Bom... É que...

- Não precisa esconder de nós, Melissa - meu marido a tranquilizou - Eu e a Helena sabemos.

- Ah, sabem?

- Sim.

- E desde quando vocês sabem? - perguntei.

- Desde o ano passado... - ela confessou e eu suspirei pondo a mão na testa - Quem contou pra gente foi a Gabi e o Patrick.

- Então isso não é segredo pra ninguém?

- Não - ela parou e pensou - Quero dizer, sim. O que rola é tipo um pacto de silêncio, entendem? Entre a família toda dos irmãos, o Evandro... Mas isso é para poupar o Frederik. Não podemos contar pra ele. Não sabemos como ele iria reagir.

- Não, claro que não...

- Ainda bem o professor Eric se livrou de uma verdadeira furada.

- Aham... Foi sim. Eu saí correndo atrás da Gabi depois do flagra mas acabei encontrando o Patrick, contei pra ele e chegamos na mesa de propósito.

- Imaginei isso - sorri.

- Vocês não viram mas a Dona Raquel flagrou eles dois discutindo do lado de fora do salão, na porta da entrada. O Simon e a Carina. Por isso que ela quis ir embora. Mas então? Vocês vão conversar com a Nívea também?

- Agora que tudo está em pratos limpos vamos conversar sim, mas sem pressa.

- Entendi.

- Era só isso, minha querida - lhe dei um beijo no rosto - Deve estar cansada não é?

- Bastante. Se era só isso, eu já vou... Boa noite.

- Boa noite e descanse.

Melissa saiu e encostei na parte de trás de um dos sofás, abaixando o rosto, cobrindo-o com as duas mãos. Jacques me envolveu com os braços e cheirou o perfume dos meus cabelos seguido de um beijo nos fios.

- Sinto tanta pena do Frederik... - ergui a cabeça e o encarei.

- Também sinto.

- Ele é um menino tão bom. Tomar a iniciativa em fazer uma festa para a nossa filha e ainda lembrou do bolo favorito dela!

- O que você acha de conversarmos abertamente com a Nívea sobre ele, Helena? Para que ela dê uma chance aos sentimentos do rapaz?

- Não, meu amor, isso não! Nunca pressionamos a Nívea em absolutamente nada e não vai ser agora que vamos fazer isso.

- Mas não será pressão e sim, uma conversa.

- É o coração dela, lembra do que eu te disse? Não podemos desrespeitar.

Ele suspirou e ficou em silêncio abraçado a mim por alguns instantes.

- Meu sonho é vê-los entrar aqui, juntos de mãos dadas.

- Eu sei... Você sonha com esse namoro.

- Todo o tempo.

- Eu já sonho com outra coisa. E isso podemos realizar. - me aproximei, sentindo meu baixo ventre esquentar e o abracei no pescoço, lhe dando vários selinhos

- Com o quê?

- Com uma hidromassagem bem relaxante, que tal? - sugeri e ele sorriu.

- Bonne idée !

O puxei pela mão e fomos para o nosso quarto, nos despindo de nossas roupas e deixando pelo chão. Repetir a mini lua de mel dentro da banheira seria perfeito!

***

Depois de um mês de Janeiro que eu diria ter sido um bocado turbulento, Fevereiro começou repleto de alegrias. Ao mesmo tempo em que eu e o Jacques vimos através da tela do celular nossa filha comemorar mais um ano de vida, os preparativos para a festa dela em casa começaram alguns dias antes. O único suporte que eu dei foi entrar em contato com uma empresa de mesas e cadeiras para locação, que seriam poucas, e com o buffet que já tinha nos atendido em outras ocasiões e prontamente eles confirmaram presença no sábado em que a Nívea chegaria. O restante, Frederik, Melissa, os dois irmãos e até mesmo o Felipe que retornara de viagem, foram os responsáveis por prepararem tudo.

Na sexta-feira à noite, alguns funcionários estiveram na nossa casa e tomaram conta da cozinha, deixando boa parte do que seria servido adiantado e preparado para o dia seguinte.

Eram vários os anos que a Nívea passava as férias fora e eu já estava acostumada com isso, mesmo assim quando faltavam poucas horas para a sua volta a minha ansiedade em estar com ela aumentava pouco a pouco.

Enfim, o grande dia. E para ver a minha filha surpreendida e feliz, eu fiz questão de me levantar da cama bem cedo, deixando o Jacques dormindo. Sua dedicação em trabalhar era tanta que ele merecia umas horas a mais de sono nos fins de semana. Tomei meu café e um tempo depois, Melissa e Felipe chegaram trazendo pacotes com balões de festa nas cores rosa e branco para serem enchidos e espalhados pela sala.

- Vocês vão começar a encher agora?

- Acho melhor, não é? - Felipe sugeriu - Assim, quando todos chegarem já dão de cara com os balões decorando o chão.

- Por mim, tudo bem, fiquem à vontade - assenti e eles foram pro meio da sala, abrindo os pacotes e começando a encher usando as bombas de ar manuais.

A mesa para o bolo estava pronta, no entanto Frederik o havia encomendado para que ele fosse entregue na hora do almoço, faltando pouco tempo até a Nívea chegar. Os doces de festa ficaram a cargo do buffet e seriam colocados junto do bolo quando ele chegasse.

- Você separou as fotos, Dona Helena? - Melissa perguntou enquanto enchia um balão.

- Separei sim. A sua ideia do mural com fotos dela desde a infância até hoje foi linda.

- Show! Quando eu terminar aqui, podemos montar na parede de frente pra mesa do bolo perto da varanda.

Deixei os irmãos continuarem a encher os balões e fui até o meu quarto pegar as fotos que eu havia separado e deixá-las em um móvel da sala. Ao todo foram dezessete registros, o que correspondia a idade dela. Uma foto em especial eu amava e a Nívea morria de vergonha. Ela tinha um ano e estava com a boca toda suja de chocolate, sorrindo, usando uma blusa azul e os cabelos presos em duas maria-chiquinhas. Era a sua primeira Páscoa. As outras fotos eram dela na praia, sua primeira vez esquiando na neve aos quatro anos... Vários momentos especiais em sua vida.

***

Durante aquela manhã, foram várias flores que ela recebeu e precisei espalhar os arranjos e buquês por todos os cômodos da casa. Já os presentes da família Amorim, foram colocados na sua cama e então decidi que ali seria o lugar dos outros presentes que ela receberia. Além disso, Cecília e Henrique gentilmente ofereceram um rápido almoço para o Jacques e eu na casa deles.

Com o bolo favorito dela entregue e colocado na mesa, as bolas espalhadas pela sala, não faltava muita coisa para ser finalizada. Apenas as duas cadeiras da sala-de-estar e a mesa de centro foram tiradas obtendo mais espaço.

- Queria apenas confirmar o número de convidados, Dona Helena.

Era quase a hora do almoço e a Catarina já tinha chegado, começando a coordenar tudo na cozinha.

- Bom, além dos nossos amigos e vizinhos que já são conhecidos, tem um casal de amigos com o filho, o casal de irmãos e amigos da Nívea junto do guarda-costas e o professor dela, o ídolo de vocês aqui, não é meninas? - ironizei. O burburinho de vozes eufóricas entre as funcionárias começou e eu não contive o riso.

- Nossa, ele é lindo demais... - Catarina suspirou - Difícil manter a compostura com um homem daqueles.

- Ele é muito bonito, sim.

- Certo... Ela saiu dos devaneios - Voltando ao convidados, teremos onze pessoas. Só achei um pouco de exagero você confirmar o buffet para mais de cinquenta.

- Bom, como a festa pode ir até de noite, eu preferi pecar pelo exagero. E se sobrar comida, fiquem à vontade para comer o que seria servido.

- Está certo. Como quiser. - ela concordou e a equipe deu uma pausa na organização para também ir almoçar.

***

Arranjo de flores do campo, buquês de rosas cor-de-rosa, amarelas e brancas tomaram conta do quarto da Nívea. E os presentes dos convidados ocuparam toda a sua cama.

Escolhi vestir uma regata branca bem elegante junto de uma calça jeans clara e um scarpin rosa. Fiz apenas uma maquiagem nos olhos e dei uma última olhada no espelho do quarto da minha filha após inspecionar se tudo estava em ordem.

Era perto de duas da tarde e quase todos já estavam presentes. Faltava apenas uma pessoa mas que já deveria estar a caminho.

Voltando para a sala, seus amigos tão queridos estavam sentados no sofá, jogando conversa fora em meio às bolas da festa enquanto que Simon, Denise e Evandro estavam na varanda.

Gabriele e seus lindos cabelos cacheados e definidos era a mais extravagante no visual. Usando uma blusa preta com estampa de uma banda de rock, calça de couro marrom e sandália preta, ela era a mais falante do grupo, segurando os números um e sete em formato de balão acetinado na cor rosa que fazia parte da decoração da mesa. Os lábios pintados de batom vermelho eram um destaque à parte.

- Não quer mesmo que eu vá buscá-la? - Jacques no meio da sala se aproximou, pegando nas minhas mãos, entrelaçando nossos dedos e me pediu.

- Me deixa ir dessa vez! - pedi com um olhar de súplica - Não aguento mais de saudade.

- Tá bom. - e me deu um beijo carinhoso na testa.

- Pode ir tranquila, Helena - Cecília me disse ao lado do marido - Eu tomo conta de tudo aqui junto da Catarina até vocês duas voltarem. Já está indo para o aeroporto?

- Eu deveria mas... Ainda falta um convidado e por mais que seja conhecido, eu o considero muito especial.

No mesmo minuto, o interfone perto da entrada da cozinha começa a tocar.

- Aí - apontei com o dedo para o alto ao ouvir - Agora não falta mais! - Fui atender e o porteiro anunciou que ele havia chegado. - Ele pode subir sim, obrigada.

Foi apenas o tempo de ir até o quarto e deixar pronta uma pequena bolsa, colocando dentro dela alguns objetos pessoais necessários que faltavam e voltar para a sala que então ele, usando roupas formais que era uma blusa azul marinho e calça jeans escura, segurando uma caixa de presente com um laço na tampa e de tamanho médio, apareceu na porta já aberta desde que todos começaram a chegar.

- PROFESSOOOORRRR! - o grito estridente e histérico da Gabriele permanecendo sentada no sofá ecoou por toda a sala, chamando a atenção das pessoas e imediatamente ela começou a rir do que tinha feito.

- Dá licença, eu não conheço essa daí não - Patrick saiu de perto morrendo de vergonha da irmã, indo para a varanda.

- Depois eu que sou a escandalosa - Melissa revirou os olhos.

- Boa tarde. - sempre demonstrando seriedade no sorriso e no entanto, educado - Acho que me atrasei um pouco - Eric parecia estar constrangido.

- Se atrasaria se chegasse depois de duas e meia. - fui cumprimentá-lo e a elegância do presente chamou minha atenção - O que temos aqui para o meu anjo?

- Acredito que a senhorita Martin vá gostar...

Apesar do tamanho, o que continha dentro da caixa era leve. Aquilo aguçou a minha curiosidade mas apenas a Nívea era quem tinha o direito de abrir primeiro.

- Professor Schneider, eu estou muito chateada! - a irmã gêmea se levantou do sofá e se aproximou de nós dois - Você mentiu pra gente dizendo que não sabia se ia continuar no colégio!

- Se eu contasse, perderia a graça - ele sorriu dando de ombros - Vocês receberam os horários não é?

- Recebemos sim e agora os dois últimos horários de aula na segunda-feira serão os melhores.

- Bom, eu já sabia desde a festa do Frederik - revelei - Mas era segredo para vocês - e pisquei para ela.

Depois que Eric cumprimentou rapidamente a todos afinal já eram conhecidos, ele me entregou a caixa.

- Venha comigo, professor! Vamos até o quarto da Nívea deixar o seu presente na cama dela.

- Não Helena, tudo bem! Você pode ir. É o quarto dela e eu não me sinto à vontade.

- Ah mas que bobagem, pode vir! Ou ainda não se considera amigo da família além de ser professor dela?

- Sim, mas...

- Então não precisa ficar envergonhado! Por favor - e o chamei com a mão e fomos os dois corredor adentro até o quarto.

Deixei a caixa no alto da cama e ajeitei os outros que estavam próximos. Ao me afastar, vejo Eric observando as fotos do pequeno mural que ficava na parede em frente à mesa de estudos daquela que era a sua melhor aluna.

- São lindas estas fotos... - ele elogiou, se virando para mim e tornando a olhá-las.

- Precisa ver as que estão na parede da mesa do bolo. É a Nívea desde bebê até os dias de hoje.

- Mesmo? - tornou a me olhar - Vi a mesa rapidamente quando cheguei. E aliás, todo o quarto é muito bonito.

- Obrigada... A decoração ficou por conta dela. Você se importa em sairmos? Tô em cima da hora para ir buscá-la e eu não sei se o vôo vai atrasar.

- Claro, não se prenda por mim. Eu aproveito e vejo as fotos que vocês montaram perto do bolo.

Deixamos o quarto, peguei a minha bolsa e finalmente eu iria buscá-la. Avisei que quando estivesse chegando com ela na garagem do prédio, enviaria uma mensagem para o Jacques e assim todos se aprontariam em alguns minutos para surpreendê-la.

***

Estava praticamente em cima da hora quando cheguei à passos ligeiros na área de desembarque. Havia um número considerável de pessoas que esperavam seus parentes e amigos queridos e cada vez que a porta automática do saguão abria e fechava, meu coração saltava quase chegando até a boca.

Sorrisos, abraços apertados, lágrimas. Era o que eu presenciava ao meu redor e já começava a ficar nervosa. Nada da Nívea aparecer.

Um nervosismo desnecessário porque minutos após mais um grupo de passageiros sair pela porta, vejo uma aeromoça muito elegante e simpática e ao lado dela, a razão que finalmente colocava um fim na saudade. Com a sua mochila rosa, vestindo jaqueta, blusa e calça jeans e empurrando um carrinho com uma bagagem a mais além da sua, Nívea e a funcionária da companhia aérea caminhavam em direção aonde eu estava, conversando sorridentes.

O sorriso da minha filha se iluminou ainda mais ao me ver e, empurrando o carrinho com mais velocidade, ela veio ao meu encontro e um abraço apertado entre nós duas acelerou o meu coração.

- Anjo da minha vida!

- Mãaaae, senti tanta saudade!

- Eu também meu amor, me deixa olhar pra você - me afastei e pude ver pessoalmente a mudança que ela havia feito nos cabelos - Eu vi a foto que você me enviou no dia e custei a acreditar.

- Você gostou? Quando eu me olho no espelho ainda é estranho...

- Ficou linda! - o corte de cabelo não era o principal e sim a franja reta que se tornou uma nova moldura no seu rosto perfeito.

- Foram um dos presentes que eu ganhei. Acordei cedo no meu aniversário e a vovó fez questão de me dar de presente uma manhã no salão de beleza.

- Que bom!

- E o meu pai? Não quis vir?

- Então... - eu precisava pensar rápido - Ele está nos esperando para sairmos e preferiu ficar em casa se arrumando e se adiantar - começamos a caminhar rumo ao estacionamento - O que você acha de nós três começarmos a comemorar hoje?

- Por mim, tudo bem. Só vou precisar de um banho.

Chegando lá, colocamos as duas bagagens no porta-malas e entramos no carro, onde dei a partida, manobrando rumo à saída e deixando o aeroporto.

- Agora me conta tudo, como foi o seu dia - pedi à ela com olhos na direção do trânsito - Mesmo você me enviando fotos e vídeos, quero saber os detalhes.

- Bom, acordei com um lindo café da manhã que a vovó preparou e os presentes dela e do meu avô.

- Aham.

- E aí depois, eu e ela saímos, fomos ao salão onde eu arrisquei um corte novo com essa franja. E também fiz as unhas - ela posicionou as mãos ao lado do volante, para facilitar o meu campo de visão. As unhas estavam pintadas de rosa, como sempre.

- Você nega mas é tão chique igual a mim.

- Não somos tão iguais, mas me orgulho de ter uma mãe Jenna Rink e o closet perfeito.

- A diferença é que não tenho mais 30 - e rimos.

O trânsito estava naturalmente tranquilo para uma tarde de sábado e então não dirigi com tanta pressa. Assim ela não desconfiaria de nada.

- Mas continua contando mais! Quero saber cada momento.

- Comecei a receber as mensagens de aniversário, eu, ela e o vovô saímos para almoçar, de tarde passeamos pela cidade e a noite a família toda se reuniu para cantar o Parabéns comigo. E no meio de tudo isso, presentes e mais presentes.

- Isso explica o motivo de uma segunda mala com você? Conseguiu despachá-la sem maiores problemas?

- Sim, porque meu tio comprou a passagem de classe executiva e ela está cheia de presentes. Minha tia me emprestou e disse que eu podia ficar com ela já que quase não usa mais.

- Sua madrinha foi doida em fazer o que fez com você e o seus primos...

- Mãe, por favor, o meu pai não pode sonhar com o que aconteceu! A dinda Sophie falou que era a ocasião perfeita para o início da comemoração do meu aniversário e que eu tinha que aproveitar!

- Claro que não vou falar nada, tanto que eu vi as fotos e os vídeos que você me enviou quando ele não estava por perto.

- Eu enviei apenas pra você e pra Meli. É segredo. - ela recostou no assento e suspirou.

- Conseguiu dormir no vôo?

- Aham, o embarque foi as oito da manhã. Mas o meu tio Jérome e os meus avós acharam melhor irmos para Paris na véspera, e então pegamos o trem para lá no fim da tarde de ontem - ela explicou - Acordamos de madrugada pra ir pro aeroporto, aproveitei e dormi mais algumas horinhas. Só fui acordar com a aeromoça servindo o almoço.

- Que bom, está bem descansada então. O hábito de dormir no avião nunca te abandonou.

Mesmo não acompanhando muito, apesar de conhecer os famosos memes da Internet, eu precisava fazer jus a um deles que era agir naturalmente. Mantive a calma quando chegamos no prédio e entramos na garagem. Soltamos juntas do carro mas precisava enviar a mensagem que havia dito ao Jacques. Guardei as chaves do carro na bolsa e tirei o aparelho, andando devagar até o porta-malas.

Estamos na garagem! - digitei rapidamente.

Enviei e fiquei observando se ele iria visualizar. O visto por último e o azul de mensagens lidas no whatsapp estava ativado apenas entre eu e ele quando trocávamos mensagens.

Felizmente e para o meu alívio, ele visualizou.

- Mãe? Tá tudo bem?

- Oi? - olhei para a Nívea que me encarava curiosa - Tá sim, meu anjo... É... É uma mensagem da clínica. A gerente da filial da Barra me disse que fechou um pouco depois das duas horas porque chegou uma cliente de última hora pedindo pra fazer um tratamento de pele. - Apenas um aviso dela e eu dei um ok.

- Ah tá - suas mãos seguravam as duas alças da mochila - Que bom que a clínica está indo bem.

- Muito. Início de ano e nada muda.

A desculpa colou.

- Vamos subir - sorri para ela, tranquei as portas do carro e tiramos as malas atrás. Ativei o alarme e começamos a empurrar, eu e ela, cada mala até o elevador.

Meu coração batia acelerado pois eu não parava de pensar em como ela iria reagir ao presenciar o que estava à sua espera.

- Tô morrendo de saudades da minha cama - ela comentou enquanto subíamos até o nosso andar.

- Eu sei - lhe dei um beijo no topo da sua cabeça - Seu quarto está lá todo arrumado te esperando.

Chegamos e abri a porta do elevador o bastante para que saíssemos com as duas malas. De mãos dadas, eram poucos os passos para que ela vislumbrasse o que a aguardava. Percebi que a porta estava trancada, propositalmente. Peguei a chave de casa na bolsa, girei na maçaneta, entrando primeiro e trazendo a mala para dentro. Nívea fez o mesmo.

- SURPRESAAAAAAA!!!!!!!

Início da terceira temporada em breve...

***

Eu prometi a vocês que estaria de volta e eis me aqui cumprindo a promessa, após quatro meses de hiato devido aos problemas particulares que tive nesse período e também ao trabalho de pesquisa o qual me dediquei para começar a construir elementos para a próxima temporada. E o trabalho continua! Devido a isso, como falei anteriormente no Instagram, não tenho um dia de estreia para lançar o primeiro capítulo.

(Fora o fato de não estar preparada para o fim kkkkrying)

No entanto, quero dizer que está sendo uma delícia retornar a escrever esse romance maravilhoso o qual eu não esperava absolutamente nenhum retorno da parte os leitores.

Obrigada, muito obrigada mesmo por vocês ainda estarem aqui comigo. Vou me esforçar para escrever uma temporada que aqueçam ao máximo o coração de vocês.

***

Fait Chier ! = Merda! (no sentido de irritação)

Ma femme parfaite ! = Minha esposa perfeita

Bonne idée ! = Boa ideia

Soyez rassuré = Fique tranquilo.

***

Contato: a_escritora@outlook.com

Instagram: /aescritora_

(Perfil trancado mas eu aceito quase todo mundo)

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Foto de perfil de Ana_EscritoraAna_EscritoraContos: 63Seguidores: 173Seguindo: 34Mensagem "Se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda, então você deve escrevê-lo." Toni Morrison

Comentários

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Muito bom seus contos. Você tem um estilo de escrita elegante, parabéns

Se tiver interesse em ler, escrevi alguns poucos contos

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Obrigada pelos elogios e indicações. Assim que eu tiver um tempinho, lerei sim. 😊

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O Especial todo foi maravilhoso mas os momentos da mini lua de mel eu simplesmente amei. Uma pena que muitos casamentos após um tempo esfriam e com isso, o romantismo e paixão são deixados de lado. Os pais da nossa protagonista nos fazem sonhar com esses momentos entre eles.

Destaco também para a parte final entre mãe e filha. Perfeita a surpresa sem que Nívea não desconfiasse de nada.

Mais uma vez parabéns!

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Você escreve divinamente, parabéns!

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