E aí pessoal, tudo certo? Me chamo Marcos, sou branco, 1,82 de altura, 90kg, cabelo castanho escuro curto, e olhos castanhos claro. Sou do tipo urso, e me considero um cara boa pinta. O que passo a relatar aqui são acontecimentos da minha experiência vivendo na república de estudantes Viracopos. O capítulo vai ser longo, mas gosto de explicar as coisas bem detalhadas.
No ano de 2016 minha vida tava um caos completo. Tinha 22 anos na época, sempre morei numa cidadezinha do interior de Minas, 20 mil habitantes, predominante de zona rural, estava em um emprego de merda no setor fiscal de um supermercado (que pelo menos pagava bem) cujos donos eram evangélicos daquele tipo insuportável, os típicos crentes chatos. Passei minha vida toda escondendo minha sexualidade, me forçando a ficar com meninas para manter as aparências e o emprego, até então. Há um ano havia perdido minha melhor amiga, uma irmã e a única com quem já havia me aberto sobre ser gay, o que me fez entrar em conflito com um luto mal resolvido, e consequentemente numa depressão severa, agravada pelas crises de ansiedade devido ao trabalho. Após um surto grave e quase desistir de tudo, com a ajuda de um ótimo terapeuta que me ajudou, decidi dar uma mudada radical na minha vida.
Eu já era formado em Administração, mas todos os anos eu realizava a prova do ENEM, sempre fui meio CDF e gostava de testar meus conhecimentos e me manter atualizado. Eu também tinha o costume de me inscrever no Sisu para comparar minhas notas com outros estudantes, e me descadastrava nos últimos dias de inscrição pra não acabar tirando a vaga de alguém que realmente queria e precisava estudar, já que eu não pretendia fazer outra faculdade.
Acontece que em 2016 na inscrição do segundo semestre acabei esquecendo de cancelar minha inscrição devido a todos os problemas que estava passando, e acabei passando para um curso que sempre tive vontade de fazer na federal do Espírito Santo. Um amigo do trabalho brincando de jogar nossos nomes no Google pra ver o que aparecia sobre a gente acabou achando meu nome na lista de aprovados e veio me contar, todo animado e me incentivando a ir fazer uma nova graduação.
Como disse eu estava em um surto total devido a depressão, e achei alí a chance de dar uma virada geral, indo para outra cidade e saindo da casa dos meus pais pela primeira vez na vida. Conversei com minha família sobre isso, e como eu já tinha uma boa grana guardada do trabalho (sempre economizei muito em tudo que dava), disse aos meus pais que a decisão estava tomada, apenas estava comunicando a eles, achando que seriam contra, mas pelo contrário, me perguntaram se eu estava certo da decisão e me deram total apoio.
Então lá fui eu em cima da hora resolver tudo, matrícula, aviso prévio do atual emprego e procurar um local pra morar em uma cidade que sequer eu conhecia no interior do Espírito Santo. Eu havia me formado na universidade estadual do meu estado num campus próximo da minha casa, não tinha nem ideia de como funcionava um campus maior doque o que eu conhecia de uma federal. No dia da matrícula um colega me levou ao campus da universidade na nova cidade (nunca consegui tirar habilitação, entro em pânico quando tento dirigir kkkk), fomos bem cedo chegamos umas 06:30h lá, e a matrícula era a partir das 07h kkkkkk, mas como eu sou muito ansioso prefiro chegar cedo do que atrasado. Fiquei embasbacado com o campus, pra mim, menino de interior, parecia coisa de outro mundo (hoje eu penso em como eu era ingênuo kkkk).
Matrícula feita, eu e meu colega fomos dar uma volta na cidade a fim de conhecer e procurar uma moradia pra mim. Uma coisa era certa, eu não tinha a menor condição de arcar com aluguel sozinho, além de mobilhar uma casa nova. Como eu era bicho do mato nem sabia o que procurar ao certo, nem me toquei da existência de repúblicas. Conversando com uma moça que abordei numa feira na cidade próximo da universidade ela me indicou alguns grupos do Facebook com anúncios de vagas e outras coisas relacionadas a universidade.
Assim que voltamos pra casa corri para o Facebook procurar os tais grupos, e como estava em cima da hora todas os anúncios de vagas que encontrava já haviam sido preenchidos, até que apareceu a notificação de uma nova publicação de uma vaga que abriu numa república por desistência. Corri conversar com o cara do anúncio, Rafael seu nome, e implorei pra ele me reservar a vaga por tudo que era mais sagrado hahahaha. Conversamos um pouco e combinei de voltar lá no fim de semana pra conhecer a república. Detalhe que a cidade não era longe, eu morava na divisa dos estados, dava pra ir de carro ou ônibus de boa, mais ou menos 01:30h de viagem. Tudo acertado, Rafael disse que não estava na cidade, também era calouro e novato na república, apenas tinha divulgado a vaga, então me passou o contado do Carlos, veterano da república que iria me apresentar a casa.
No fim de semana meu irmão me levou até lá, e puta que pariu, dei uma sorte danada. A casa era foda, tinha tudo que precisava, era enorme, bem localizada e o quarto que estava vago tava num preço massa pra mim naquele momento. Nesse dia conheci o Carlos e o Mário, dois veteranos que me mostraram a república, explicaram um pouco da rotina, as regras básicas e tal.
Foi alí que as coisas começaram a mudar um pouco pra mim. Aqueles dois caras exalavam virilidade. Carlos era um pouco mais baixo que eu, branco, cabelo castanho claro curto e arrepiado, olhos claros, uma barba bem feita e um corpo bacana, não era definido, mas era meio fortinho. Mário tinha a minha altura mais ou menos, olhos verdes, cabelo curto, tinha uma vibe meio mauricinho, corpo do tipo falso magro, com alguns músculos se destacando no peitoral e bíceps, e um cavanhaque ralo. Ambos tinham a minha idade, mas eu era mais velho alguns meses. Porra, pensa nuns homi bonito. Mas fiquei na minha, tava mais embasbacado com a casa naquela hora hahaha. Acertamos tudo, isso era domingo, e na quinta já iria me mudar pra lá. Voltei com meu irmão pra casa e já comecei a arrumar as coisas pra mudança, tudo em cima da hora.
Na segunda, meu último dia de trabalho, meus colegas mais próximos organizaram até uma festa surpresa de despedida, fizeram uma vaquinha e me deram um relógio que tenho até hoje, eles sabiam que eu adorava relógios na época. Todos brincaram que eu era o primeiro do nosso grupinho a conseguir a alforria daquele emprego e daquela cidade hahahahaha. Renata, uma manina do trabalho que eu pegava pra manter as aparências queria uma transa de despedida, mas enrolei e caí fora hehe.
Carlos me adicionou no grupo da república no Whatsapp, só alí que fui ver o nome Viracopos, nem tinha me atentado a perguntar antes. Além do Carlos, Mário e o Rafael, havia Paulo e Yuri que além de veteranos da república eram meus veteranos de curso também e já tavam tramando meu trote duplo, e tinha também o Ramon que também era calouro.Ou seja, moraríamos em 07. Eu sempre fui (e sou até hoje) extremamente tímido e calado, mas o pessoal começou a trocar ideia no grupo, me apresentaram e fui bem aceito por eles. Olhando a foto do pessoal nos contatos eu só pensava em que merda eu tava me metendo, todos eles eram bonitos pra caralho, mas tudo com cara de hétero top. Eu sempre fui muito discreto, passo por hétero de boa, um pouco porque é meu jeito mesmo, mas também porque sempre tive que esconder minha sexualidade (até hoje, que já sou assumido tem gente que acha que tô de brincadeira quando falo que sou gay), mas nunca tive problema com ninguém por conta do jeito de ser, falar ou se vestir, pelo contrário, sempre admirei os gays mais afeminados pela coragem de aguentar tudo o que passam, se não fosse por eles botarem a cara a tapa a gente não tinha conquistado o que conseguimos até hoje. Mas de qualquer modo não queria que o pessoal da república soubesse da minha sexualidade, eu tinha medo, não sabia qual seria a reação deles, e como disse, tudo hétero top. Uma coisa era certa, eu prometi pra mim mesmo que como tudo isso era um recomeço eu ia aproveitar tudo, experimentar o que me desse vontade e botar a cara a tapa, eu tinha um mantra na cidade nova: não sou daqui, ninguém me conhece e não vim pra ficar. O que rolar rolou, se não der certo meus pais estavam de portas abertas pra mim, mas isso não era uma possibilidade, não queria voltar atrás.
Até aqui não aconteceu nada demais, mas prometo que a partir do próximo conto as coisas vão começar a se animar, se é que me entendem.