Ana Clara acordou no domingo e levou um susto quando olhou no relógio. Já era dez horas da manhã. Fazia muito tempo que ela não acordava nesse horário. Estava acostumada a acordar sempre antes das sete. Já que ela dormia cedo, era acostumada a acordar cedo. Mas na noite passada dormiu um pouco mais tarde. Ficou por horas com Dani na cabeça. Sua amiga tinha passado por uma situação muito difícil. Pensou também em tudo que conversaram aquela tarde. Apesar de serem assuntos tristes no início da conversa logo o papo foi ficando legal. Ela dormiu com um sorriso no rosto e pelo jeito dormiu bastante. 🤭
Logo depois de fazer sua higiene pessoal, Ana desceu para comer alguma coisa e dar um beijo na sua mãe.
Mais uma vez a mãe estava no escritório, ela raramente ia lá. Quem usava muito era seu falecido pai e depois que ele se foi a sua mãe evitava o máximo entrar ali. Mas pelo segundo dia seguido Ana encontrou sua mãe ali.
Júlia estava com um monte de livros em cima da mesa. Ela estava concentrada em um deles. Nem percebeu sua filha ali. Logo foi tirada da sua leitura sentindo aquele abraço e o beijo gostoso que recebia todos os dias da sua filha. Júlia adorava aquilo. Além de ser uma garota exemplar que nunca lhe deu trabalho, ainda era muito carinhosa.
Ana: Bom dia mãe. O que está fazendo com esse monte de livros aí?
Júlia: Bom dia filha! Estou lendo alguns livros que eu e seu pai lia muito durante o tempo de faculdade. Já que vou mesmo seguir seu conselho, tenho que me dar bem na entrevista. Esses livros de direito podem me ajudar a ficar melhor preparada.
Ana: Mãe você é a pessoa mais esforçada que eu conheço. Vai dar tudo certo. Você merece uma chance e vai conseguir. Eu confio em você!
Júlia: Obrigado meu amor. Espero que esteja certa. Pode ser a primeira e a última chance de eu conseguir realizar esse sonho. Mas mesmo que de errado eu estou feliz de pelo menos ter uma chance. E principalmente de ter seu apoio, amo você!
Ana: Sempre vou te apoiar em tudo mãe. Também amo você!
Ana deu mais um abraço apertado na mãe e foi pra cozinha.
Júlia passou o dia todo e parte da noite entre aqueles livros. Nem se alimentou direito. Quando olhou no relógio já era mais de meia noite. Foi para seu quarto, tomou um banho e foi no quarto da filha. Abriu a porta bem devagar e viu que Ana já dormia. Voltou para seu quarto e deitou pra dormir também. A segunda feira seria um grande dia para ela.
Na segunda Júlia deixou Ana no colégio e foi pro trabalho como fazia todos os dias. Antes de ir deu um dinheiro para sua filha voltar de taxi. Dessa vez não ia ter como buscá-la na hora do almoço para deixá-la em casa porque tinha quer ir para a entrevista. Recebeu um abraço, um beijo e um boa sorte da filha. Logo após a filha entrar, ela se foi para o trabalho.
Na hora do almoço foi falar para seu chefe que talvez iria se atrasar um pouco a voltar. Também explicou o motivo, O Sr° André gostava muito dela. Júlia sempre foi uma funcionária dedicada. Não tinha uma queixa sequer sobre ela. Além de não se importar, desejou boa sorte e liberou ela o resto do dia, já que ela iria para uma reunião do outro lado da cidade. Júlia agradeceu seu chefe e foi se retirar mas seu chefe a chamou. Disse que ia ficar triste se ela fosse trabalhar em outro lugar, mas que a felicidade de ver ela conseguir algo melhor o deixaria mais feliz. Ele disse que ela merecia. Julia o agradeceu com um sorriso no rosto e saiu.
Ela chegou no endereço que havia recebido no e-mail. Era um prédio enorme com vários escritórios. Foi até a recepção e se apresentou. Ali ela foi informada em qual andar e sala seria recebida. Assim que recebeu a informação ela foi para elevador e seguiu para sua entrevista.
Julia chegou no andar e foi procurar a sala. Logo que encontrou foi falar com a secretária. Novamente ela se apresentou, explicou o motivo de estar ali. A secretária fez uma ligação e logo após levou ela até a porta e falou para entrar. Julia entrou e viu uma mulher sentada atrás de uma mesa. A mulher se levantou e veio até Julia que ficou um pouco assustada com a aparência da mulher.
Ela era uma morena alta com o cabelo bem curto, um piercing no nariz, dois na sobrancelha. Todos os três bem pequenos. Quando a mulher estendeu a mão para Júlia deu pra notar que ela tinha uma tatoo que saia do braço e cobria parte da mão. Julia estendeu a mão e disse;
Júlia: Muito prazer. Sou a Júlia Moraes. Estou aqui para uma entrevista.
Mulher: Muito prazer. Meu nome é Helen. Por favor sente-se.
Julia: Obrigada Helen. O prazer é todo meu!
Helen: Você parece um pouco nervosa. É pela entrevista ou pela minha aparência?
Helen disse aquilo e se sentou novamente em sua cadeira.
Júlia: Acho que pelas duas coisas. Nada contra sua aparências. Na verdade achei bonito. Só que eu esperava outro tipo de pessoa. Me desculpe.
Helen: Tudo bem. Já estou acostumada com essa reação e gostei bastante da sua sinceridade. Então vou ser bem sincera com você, tudo bem?
Julia: Claro. Na verdade até prefiro que seja.
Helen: Você não deveria estar aqui. Tem muitas pessoas muito mais qualificadas para essa vaga. Porém alguém da diretoria quer você aqui. Pra ser sincera não acho certo mas ordem é ordem. Espero que você prove que eu estou enganada.
Você vai receber um salário de xxx por mês. Mais todos os benefícios possíveis que pode receber trabalhando nesse escritório. Como você não tem nenhuma experiência, vou te colocar com a melhor advogada do escritório para você ir aprendendo como as coisas funcionam aqui.
Você tem uma semana para decidir se aceita o trabalho. Se a resposta for sim você começa na próxima segunda, ok?
Julia: Você tem razão em tudo que disse sobre mim, mas tenho alguma experiência. Eu ajudava meu marido em alguns casos porém era em casa. E eu quero sim o trabalho. Não preciso de tempo para pensar. E eu vou sim te provar que você está enganada Helen, mas te entendo.
Helen: Muito bem. Mande seus documentos por fax para minha secretária. Ela vai preparar todos os papéis e na segunda você vem. Assim você já assina o contrato e começa a trabalhar. No mais bem vinda e boa sorte.
Julia agradeceu. Se despediu de Helen e depois de pegar o número do fax com a secretária foi pra casa.
Durante o caminho Júlia estava nervosa. Helen pareceu não gostar dela, mas também estava feliz por ter conseguido o trabalho. Nem foi uma entrevista como ela pensou.
Quem será que me indicou?
Júlia perguntou a se mesma. Ela imaginou que poderia ser algum amigo do seu falecido marido, mas não tinha certeza.
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Continua.
