Antes das 18h daquele sábado de muitas vendas eu já estava pronto para bater o ponto e ir para casa descansar. Como de costume, bati o ponto, me despedi dos meus colegas de trabalho e fui ao banheiro antes de ir para a parada de ônibus.
Eu sempre olho quem está no banheiro do shopping por que sei da pegação que rola ali dentro. Como nesse dia o shopping estava muito cheio, acreditei que não teria nada rolando. Até que avistei um cara lindo (mesmo de máscara a beleza era avidente) saindo dos mictórios e que manteve o olhar fixado em mim.
Eu fui fazer até o mictório e pude perceber que ele me encarava enquanto lavava suas mãos. Quando eu fui para a pia ele saiu do banheiro, ainda me encarando.
Assim que saí do banheiro eu o avistei andando devagar na saída do corredor e olhando para três como se esperasse alguém. Somente quando ele sorriu timidamente com os olhos que eu notei que eu era esse alguém.
Andei na direção dele e seu olhar me convidava a seguí-lo, enquanto ele andava até o estacionamento externo. Ele então amdou mais devagar e eu pude alcancá-lo.
- E aí. Tudo bem? - perguntei de forma simpática.
- Opa! Tudo sim. E com você? - a voz grave e suave respondeu.
- Estou bem. Você vem sempre aqui? - sim, eu fui clichê a esse ponto.
- Estou começando a vir mais. Faz uns anos que não venho. Trabalha aqui?
Ele começou andar devagar para dentro do estacionamento e eu o acompanhei. Nos apresentamos emos fomos conversando amenidades até que chegamos em um carro popular preto. Descobri que seu nome é Fernando (fictício) e que ele é de Cotia.
- Então, a chuva está aumentando. Quer entrar no carro para conversarmos um pouco mais?
- Claro! É melhor mesmo.
Entrei no carro e ele me ajudou a colocar a mochila e o guarda-chuva na parte de trás.
- Então, na verdade eu vim aqui para comer alguma coisa e comprar uma roupa e um perfume para mim. Mas aí eu vi você e... não sei, algo me disse para falar com você.
- Poxa, que legal! - fiquei meio sem assunto na hora por que esperei uma atitude dele. E a atitude veio.
- Você quer ir lá pra casa? Eu estou no apartamento da minha família no Bairro de Rico da cidade (nome do bairro inventado para preservar o sigilo da história e dos envolvidos).
- Depende.
- Do quê? - ele parecia muito nervoso.
- Não sei. O que você curte? - Geralmente a resposta esperada é se o cara é ativo, passivo ou versátil. As vezes é só uma brotheragem ou um oral.
- Então... - teve uma pausa demorada e eu quase perguntei se ele estava ali ainda. - Eu não sei. Como asism o que eu curto?,
- O que você gosta em outros caras ou o que você gosta de fazer.
- Eu não sei. Nunca fiquei com outro cara.
E então eu gelei por um instante. De novo eu tendo a responsabilidade de ser o primeiro cara na vida de outro cara. Não foram poucas as vezes que isso me ocorreu.
- É sério isso? - eu ainda não estava acreditando.
- Sim. Eu acabei de terminar meu noivado e resolvi que iria tentar me descobrir. Sempre tive uma curiosidade, mas o medo sempre falou mais alto.
- E por que eu estou tendo essa chance de ser o primeiro?
- É como eu disse. Algo disse para eu falar com você.
- Olha, então deixa eu te explicar detalhe. Eu namoro e moro junto. Temos uma relação aberta.
- Eu não sei ainda se quero experimentar. Mas nesse momento estou com vontade.
- Nós podemos só conversar, se quiser. Não vou te pressionar.
- Então podemos ir lá pro apartamento?