Antes de mais nada me achem no Instagram @D_schaves
Eu coloquei uma das melhores roupas que tinha, mesmo no avião, Hunter tinha dormido e acordou quando pousamos.
"Fique bem, por favor."
Ele me abraçou, cheirando a colônia.
"Não vou morrer não, preciso voltar e tomar minha vida com Benjamin."
Hunter revirou os olhos e apertou minha bunda.
"O carro vai levar você direto para Xiumin, entre e logo mais comece seu show, você é um brasileiro que veio em busca de trabalho."
Hunter beijou meu pescoço e sorriu.
Entrei no carro e passei meio litro de álcool em gel. O motorista sorriu amistoso e seguiu a viagem, meus olhos contemplava a china e tudo que de bonito ela tinha, as ruas iluminadas, as pessoas nas ruas passando de um lado para o outro, vestindo roupas que no Brasil seriam consideradas estranhas ou extravagantes demais. Prédios tão grandes quanto São Paulo, o carro andava e desviava devagar dos outros, assim podendo ver a beleza da cidade.
Meu inglês ainda estava bom o que me salvaria, se eu fosse para o interior da china eu estaria perdido, os velhos falam mandarim da região e sempre achei difícil falar mandarim, porém eu sabia falar bastantes línguas, pelo menos o motorista não estava me olhando torto por falar uma língua que eles detestavam às vezes.
"A corrida foi paga pelo senhor Hunter. - disse o motorista me encarando, seus olhos puxados eram tão negros e intensos quanto a noite, seus cabelos negros e lisos e seu rosto redondo como a Lua. - Entre no hotel com sua mala e os documentos que lhe foi dado, na recepção vai mostrar o convite forjado e vão lhe levar aonde estão os outros garotos a serem leiloados. Senhor Benjamin conta com você, seu aparelho em seu cérebro funciona como um mini satélite, ele vai saber se acontecer alguma coisa com você. Agora vá e se cuide."
Ele disse fingindo que estava encerrando a corrida, o carro tinha insulfilm, mas não tanto para me esconder lá dentro, ele era um dos homens contratados por Hunter.
Desci do carro e peguei a minha mala e fui adentrando o hotel, não tinha ninguém na recepção a não ser homens de ternos em pontos estratégicos. O chão refletia qualquer reflexo que passa-se por ele, câmeras estavam postas em todos os lugares e três pessoas estavam no balcão, três mulheres de cabelos amarrado em um rabo de cavalo, com vestidos negros e longos, ninguém estava sentado nos sofás ou esperando o elevador, engolir em seco e segui meu caminho como se fosse um turista, girei meu corpo encarando o teto novamente, candelabros de cristais estavam rodeando todo o salão.
"Boa tarde, eu sou Richard Chaves, vim para uma seção de fotos com o senhor Xiumin."
Entreguei o cartão e tirei meus óculos escuros e sorri para elas, a do meio pegou o cartão e começou a conferir se estava tudo ok.
"Minha primeira vez no país, eu tô animado, sempre quis saber como era, ai deus eu tô aqui."
Disse fingindo empolgação.
A do lado esquerdo sorriu gentilmente, mas a do lado direito revirou os olhos e soltou um comentário maldoso em mandarim, o azar delas é que eu sabia o que ela tinha comentando. (O cão sarnento está feliz por pouco tempo).
Fingir que não entendi o que ela disse e voltei minha atenção para a atendente do meio que se levantou e disse em inglês.
"Pode me acompanhar, vou levá-lo ao senhor Xiumin."
Ela estalou os dedos um dos guardas de terno chegou perto e ela entregou a minha mala para ele levar, andei com ela em direção até o elevador e seguimos. Ela colocou a cobertura no último andar.
"Nossa, eu tô muito ansioso."
"Eu sei como é, todos ficamos ansiosos quando talentos novos chegam."
O rapaz de terno nem ao menos virou a cara e ficou encarando as portas metálicas. Eu comecei a fazer um plano, eles não me maltrataram logo agora, não se eu for leiloado, eles me faram acreditar que vai ser mesmo um book.
As portas abriram e andamos, um corredor pequeno se abriu para gente e lá estava uma fila de guardas costas, a cada dez passos dois guardas um na frente de outro estavam. Abriram uma porta.
"Aguarde, chamaremos você quando for sua vez."
"Ei, minha mala, eu…"
Ele fechou a porta e me deixou na pequena sala, que contava com um ar condicionado ligado, sem janela alguma, luzes encaixada no teto de led e um camarim enorme na parede, olhei para o teto e não percebi nenhuma câmera. Acredito que aqui já não deveria ter, então comecei a investigar se tinha alguma coisa ali.
Olhei as maquiagens que estavam em cima do camarim, abrir as portas dele e passei minha mão por fora parte, não tinha nada. Nenhum indício que poderia usar para meu plano, estava limpo.
Peguei meu celular para ver uma luz ultravioleta que tinha colocado nele, ele praticamente tinha resetado todo, ficando um celular normal.
Ouvi passos e rapidamente sentei na poltrona, fingindo me maquiar, a garota estava com uma ficha, deveria ser meu currículo falso que foi mandando.
"Pode me acompanhar por gentileza. - Sempre seria ela olhou meu currículo. - Você vai fazer um número como show de talentos, depois você vai ser avaliado e aí sim vamos ver se vai ficar com você ou não."
Ela abriu a porta e vi que estava mas fudido do que antes, um mini bar com mesas espalhadas estava posto, homens e mulheres sentavam com roupas chiques e Joias tão brilhantes quanto podia ser. O lugar estava meio escuro, mas eu sentia a tensão naquele lugar, eles conversavam em chinês, e eu entendia algumas palavras chaves.
"Nós temos nosso próximo talento, senhor Richard Chaves venha ao palco. - Aquele era Xiumin, seus cabelos dourados e olhos castanhos, ele era baixinho, mas todo trocadinho, tinha uma cicatriz embaixo do olho esquerdo. Xiumin falava em inglês comigo, minhas pernas estavam bambas. - Venha senhor Richard."
Eu engoli em seco e comecei a subir o palco, a luz do refletor chegou em meus olhos o queimando, coloquei uma mão a frente de minha visão e pude ver mas claramente as pessoas que estavam ali, várias etnias, vários rostos perigoso, armas em cima da mesa e bebidas pela metade em seus copos, o ar estava gelado mas tinha cheiro de cigarro, maconha e charuto.
Xiumin começou a falar em chinês, ele estava falando sobre meus atributos.
"Senhor Richard, qual seria seu talento?"
"Talento?"
"Sim, talento? O que vai apresentar para nós?"
"Eu… eu… não sei. Eu, posso cantar."
"Cantar? Acho que teremos um pouco de entretenimento. - Xiumin nem ao menos se importou em falar algo comigo."
"Mas o que está acontecendo? Eu…"
"Acho bom você cantar, ou você vai morrer aqui. - Xiumin soltou as palavras com raiva perto de mim."
"Eu, onde estou? Eu não ia fazer um teste pra ser modelo?"
Xiumin sorriu ao ouvir minha pergunta.
"Senhor, eu quero sair, eu acho que foi um engano. Eu…"
Tentei descer do palco correndo e dois caras apontaram a arma para mim.
"Não batam nele, minha mercadoria tem que está intacta. - Xiumin desceu e pegou meu queixo. - Você foi traficado meu garoto, agora será vendido para uma das pessoas que está aqui, se tiver sorte fará pelo menos serviços sexuais ou braçais, eu não me importo.".
"Não. - eu me debato para sair dos braços dos guardas. - Eu vou ligar para polícia, vocês não podem fazer isso. Eu… - Tentei acerta um murro num dos guardas, mas ele desviou, soquei o outro no estômago, me dando vantagem, pulei por ele e chutei o terceiro que veio com uma barra para me bater, desviou do quarto e sou pego pelo primeiro guarda pelas costas, uso ele como impulso e chuto e terceiro guarda que veio até mim, nós dois caímos no chão e dou um mortal para trás me levantando. Mais guardas foram chegando e golpei dois com dois chutes na cara em estilo capoeira.
A bala passou tão rápida que quase chegava ao meu pé. Por milésimos não fui acertado.
"Agora você vai até lá e vai cantar, ou vou acabar com você aqui mesmo."
Um silêncio se formou.
Xiumin apontou a arma agora em direção a minha cabeça e mandou eu subir, sendo gentil e sem alterar a voz, eu sabia o quão frio ele poderia ser. Encarei todos e não consegui ver se Kris tinha me visto, mas se sim, eu tinha despertado interesse no mesmo.
O microfone estava posto no pedestal, eu voltei andando e tentei lembrar de qualquer música em inglês para eles, até que lembrei de uma música que gostava.
"Vou cantar Paint It, Black da Ciara"
Xiumin pediu alguns segundo até chegar conseguir a música, meus olhos percorriam todas as pessoas, desde do bar lá trás até o segundo andar com pessoas conversando baixinho. Não conseguia ver escapatória ou até mesmo onde Kris estava, eu precisava que o plano estivesse dando certo.
"Pode cantar."
Hmm hmm hmm (eu tinha fechado meus olhos para se concentrar, teria que ser perfeito)
"Eu vejo uma porta vermelha e
Eu a quero pintada de preto
Nenhuma cor mais
Eu quero que elas fiquem pretas
Eu vejo as meninas andarem vestidas com suas roupas de verão
Eu tenho que virar minha cabeça até que minha escuridão se vá"
"Eu vejo uma fila de carros e eles estão todos pintados de preto
Com flores e meu amor, ambos para nunca mais voltar
Eu vejo as pessoas virarem a cabeça e rapidamente desviar o olhar
Como um bebê recém-nascido, isso acontece a cada dia" (Eu tinha aberto meus olhos, me forçando a cantar muito melhor, chegando em vocais que nunca tinha testado.)
"Eu olho para dentro de mim e vejo que o meu coração é preto
Eu vejo minha porta vermelha, e ela foi pintada de preto
Talvez então eu desapareça e não tenha que encarar os fatos
Não é fácil encarar quando o seu mundo inteiro é preto" ( No refrão eu tinha me soltado, meus olhos percorriam discretamente alguém que poderia ser Kris, quem seria ele? Eu não o enxergava.)
"Não mais o meu mar verde vai virar um azul mais profundo
Eu não podia prever esta coisa acontecendo com você
Se eu olhar o suficiente para o sol poente
Meu amor vai rir comigo antes que a manhã chegue"
"(Eu quero vê-lo pintado, pintado de preto
Negros como a noite, preto como o carvão
Eu quero ver o sol apagado do céu
Eu quero vê-lo pintado, pintado, pintado, pintado de preto)" (Dessa vez eu não seguraria mas nada, eu agora estava me divertindo cantando, soltando tudo que estava preso dentro de mim, de ser essa escuridão no coração de Daniel, de não passar de um fragmento de seus desejos, de não ser o verdadeiro dono desse corpo. Eu queria viver, queria ter minha história.)
"Eu vejo uma porta vermelha e eu a quero pintada de preto
Nenhuma cor mais, eu quero que elas fiquem pretas
Eu vejo as meninas andarem vestidas com suas roupas de verão
Eu tenho que virar minha cabeça até que minha escuridão se vá" (
Hmm hmm hmm
Eu acabei a música chorando, chorando por mim, por ser uma válvula de escapatória para o verdadeiro dono do corpo, sou uma persona criada para servir apenas o desejo do mestre, uma forma dele fugir e abandonar tudo e eu ficar resolvendo sua confusão, e quando tudo estiver resolvido eu ser trancafiado de volta ao seu subconsciente sem poder ver o céu, sem poder me apaixonar, sem poder nada. Minhas emoções estava embaralhadas, eu não conseguia mas ouvir ninguém a não ser eu mesmo, meu choro, cai de joelhos no chão e fique ali chorando.
No começo era um plano bom, mas depois de cantar com tudo que eu tinha, não sabia se realmente era ou não. Benjamin tinha me jogado aos leões porque sabia que conseguiriam voltar, mas ele voltaria para Daniel, e no final de tudo, eu voltaria a minha cela, escura e sem ninguém a não ser os demônios de Daniel a me assombrar, a Ele me assombrar quando voltasse para dentro de sua mente.
"Eu dou,00 Remimbi por ele. - disse a voz de uma mulher. Esse valor dar 30 mil dólares."
"Eu dou,00 Remimbi. - Disse outro cara.".
Xiumin começou a aumentar o valor, até eu sentir alguém pegando meu rosto e levantando.
",00 Remimbi. - Isso daria 200 mil dólares que em reais daria,20".
Ele era lindo, seus olhos eram negros como a noite, seus cabelos ondulados e pretos como petróleo, suas maçãs do rosto eram redondas e seu rosto era de um touro furioso, sobrancelhas bem marcadas e olhos bem puxados, lábios tão vermelhos quanto cerejas num bolo. Sua mão era macia e grande, com dedos grossos e redondos, ele exalava cheiro de perfume caro, se colocou na minha frente e pegou meu cabelo puxando minha cabeça para o lado ao ver meu pescoço o chupão de Hunter.
Kris era um deus chinês a minha frente, ele não tinha nenhum defeito.
"Leiloado para o senhor Wu."
Ele sorriu para mim de uma forma que nem pude descrever.
"Vamos brincar um pouco, meu canário."
Os guarda costa pegaram um pano com o boa noite cinderela e colocou em meu rosto, tentei debater mas já era tarde demais, eu tinha desmaiado e voltado a minha cela.