Já era tarde da noite quando Marcelo caminha pela Av. Presidente Antônio Carlos, voltando para casa depois da faculdade. A noite esfriou rápido aquele dia e o vento fazia a sensação térmica ser ainda mais baixa a ponto de deixar doloridas as pontas dos dedos.
A avenida estava deserta, sem uma alma viva transitando por ali. O vento forte, sacudindo as árvores que lançavam na via as folhas mais secas e as arrastavam no asfalto.
Marcelo acelerou a caminha. Queria chegar o quanto antes em casa.
A temperatura parecia cair ainda mais à medida que se aproximava do Paço Imperial.
Enquanto atravessava a praça deserta ouviu sussurros ininteligíveis. Sentiu sua espinha congelar e parou de repente. Olhou de um lado a outro do Largo do Paço, mas não via ninguém. Tudo estava absolutamente quieto, não fossem as rajadas de vento e o farfalhar das folhas nas árvores.
Ele voltou a caminhar e os sussurros voltaram e pareciam mais próximos. Sentia seu coração batendo mais forte. Parou e olhou novamente à sua volta. Nada.
Uma sombra saiu de trás de uma árvore indo em direção ao Arco do Teles. O coração de Marcelo quase saiu pela boca. Seus pés pareciam ter criado raízes no concreto e o ar lhe faltava para respirar.
Com um esforço descomunal ele conseguiu dar os primeiros passos depois daquela visão aterrorizante. A curiosidade e o medo o atraíram. Com um passo mais pesado que o outro, caminhou em direção ao arco, mais longe da luz da iluminação pública e mais próximo da escuridão das sombras.
O vento fez um dos galhos das árvores estalarem. Ele olhou para cima, mas ao voltar a olhar para baixo viu, agora mais próximo, o vulto oculto pelo véu da noite parado diante dele.
— Marcelo — sussurraram as vozes, agora como se estivessem ao pé do seu ouvido.
Ele deu um passo para trás e o vulto deu um passo em sua direção saindo das sombras e estendendo uma das mãos em sua direção
— Marcelo, espere — disse aquela que saia da escuridão.
— Q-quem é você?
Uma mulher se revelou. Vestida com um vestido preto curto e apertado que lhe valorizava as curvas, as pernas torneadas e um decote provocador de um belo e farto par de seios. Cabelos longos e negros, uma pele branca e olhos tão azuis claros que quase se cofundiam com a própria esclera.
— Não precisa ter medo de mim — disse com uma voz serena esboçando um leve sorriso com seus lábios carnudos — Sou eu, a Bárbara.
Ela chegou perto o suficiente para tocar-lhe o rosto. Marcelo sentiu-se enfeitiçado pela doçura de sua voz e seu toque macio, porém gélido como a própria morte.
— Me perdoe — continuou ela — Eu não queria ter feito aquilo.
O rapaz mergulhou em um Déjà Vu. Tinha quase certeza que a conhecia de algum lugar, mas não fazia ideia do que ela estava falando.
Bárbara aproximou seu rosto ao dele, segurando-o pela nuca.
Instintivamente Marcelo levou suas mãos à cintura da mulher e fechou os olhos esperando seus lábios se tocarem.
— Ei, garoto! — alguém gritou.
Nesse instante a lâmpada que havia no arco, que até então estava apagada, se acendeu, fazendo desaparecer a escuridão e a própria mulher.
— O que está fazendo? — era o guarda municipal — está com mais alguém? — perguntou ao se aproximar olhando ao redor.
— Não senhor, eu só estava voltando da faculdade.
— E onde você mora?
— Logo ali na frente.
— Então vá pra casa. Já é tarde e não é seguro ficar andando por aqui a essa hora.
Marcelo obedeceu. Ainda estava em choque com o que acabava de acontecer. Ele não estava certo se o que tinha visto era alucinação ou real, mas era melhor não contar a ninguém.
Ao chegar em casa, fez o que era de rotina. Jogar a mochila num canto e ir para a cozinha fazer um lanche antes de tomar um banho.
Deixou a água correr pelo seu corpo imaginando o toque daquela mulher, que se identificou como Bárbara. “De onde a conheço”, pensava, “se é que realmente a conheço”. Ela claramente tinha completo domínio sobre a mente do rapaz.
O vapor quente havia tomado o banheiro e em certo momento Marcelo sentiu que não estava sozinho ali. Chegou o chuveiro e atentou os ouvidos para qualquer som que viesse do lado do outro lado da porta. Estremeceu ao ouvir novamente os sussurros ininteligíveis.
Pegou o rodo que ficava no canto e abriu a porta pronto para o que viesse. Nada. Apenas o corredor vazio. Como o objeto ainda firme nas mãos, caminhou nu pelo corredor até em direção ao quarto. Os sussurros aumentavam a cada passo.
A luz do corredor se apagou de repente. Marcelo havia se afastado do sensor de presença e por alguns instantes havia se esquecido dele. O quarto também parecia vazio, mas os sussurros não cessavam.
Caminhou até a janela e olhou para a rua. Do alto do sétimo andar pôde ver alguém na calçada, sob a sombra de uma árvore. Então os sussurros pararam e sua espinha gelou novamente.
— Caralho! — imediatamente ele se afastou da janela fechando a cortina.
Correu pelo apartamento verificando todas as portas e janelas. Todas trancadas.
Voltando ao quarto, afastou um pouco a cortina e não havia mais ninguém lá embaixo.
Decidiu que seria melhor dormir e trancou também a porta do quarto. Todo cuidado era pouco.
Ao se deitar, ouviu a porta da frente sendo destrancada. Seu coração disparou. Sua respiração ficou pesada e seu corpo tremia. Sentiu uma presença aproximando-se da porta do quarto. O sussurro novamente.
— Marcelo.
A chave girou e a porta foi destrancada. Bárbara abria a porta.
Deslumbrante e sombria, se aproximou do rapaz, se inclinou deixando seu decote mais provocador e seus seios desejosos de serem apalpados.
— Não precisa ter medo — disse ela.
Marcelo sentiu um misto de medo e tesão. Seu corpo tremia e seu pau ficava duro e ereto.
Bárbara fechou os olhos e encontrou seus lábios com os dele em um beijo macio e úmido.
Com uma das mãos segurava a nuca do rapaz e com a outra buscava seu membro rígido.
Realizando movimentos lentos, massageava seu pau com maestria, alternando entre a punheta e arranhar suas bolas causando arrepios.
Ela riu e sussurrou:
— Senti falta disso.
Suavemente desceu e abocanhou o pau e começou a chupá-lo, enquanto massageava seu saco com uma das mãos e com a outra mantinha a punheta em movimentos constantes.
Marcelo não se conteve e emitiu um gemido de tesão. Segurou a nuca de Bárbara, entrelaçando seus dedos naqueles cabelos negros e lisos, acompanhando os movimentos de sobe e desce se dua cabeça.
Seus lábios envolviam seu membro sugando desde a base até a cabeça, onde dava uma apertada e serpenteava a língua babando todo seu pau.
Depois de alguns minutos ela se levantou e desprendeu o vestido, deixando as alças caírem, deixando mais à mostra seus seios, mas ainda provocadamente ocultos pelo tecido.
Bárbara tomou a mão direita de Marcelo e a levou até seu seio.
Com vigor ele o massageou, apertando, sentindo o biquinho duro por baixo do pano. Logo, levou a outra mão ao outro seio, massageando ambos e aos poucos foi deixando cair o resto do vestido, descobrindo-os completamente.
Sem demora, Marcelo levou a boca a um deles, lambendo o biquinho amarronzado e chupando-o.
Bárbara inclinou a cabeça para trás, gemendo e mordendo o lábio inferior. Logo, ambos os seus seios estavam babados e seus bicos sensíveis ao menor toque da língua do rapaz.
Ela se sentou deixando Marcelo entre suas pernas e levantou seu vestido. Pegou o pau e o passou na entrada molhada de sua boceta de pêlos ralos.
O rapaz sentia seu pau ainda mais duro e louco para sentir aquela boceta o envolver. Ele escorregava na entradinha que pingava de tesão até que ela própria não resistiu e se sentou sobre ele, o engolindo por completo. E com movimentos de vai e vem, sentindo ele sendo massageado por aquela xota quentinha, tocando-lhe o fundo, à entrada do útero.
Seus movimentos ficaram mais rápidos e intensos. Seus corpos suavam e ardiam de desejo. Marcelo a segurou firme pelos quadris e intensificou os movimentos, louco para jorrar uma boa quantidade de esperma dentro dela. Bárbara gemia de forma quase inaudível e enriquecia seu corpo anunciando um orgasmo arrebatador. Um urro, e ela abraçou forte o rapaz, estremecendo de tesão sobre ele.
— Como eu senti sua falta!
Marcelo a segurou pela cintura e rolou sobre a cama, ficando por cima, na posição missionário, e recomeçou as estocadas. Bárbara o abraçou com braços e pernas e gemia sentindo aquele membro duro a invadindo cada vez mais rápido, dilatando as paredes da sua boceta. As bombadas fortes faziam a cama ranger e o suco de Bárbara escorria abundante.
Marcelo sentiu que ela apertava seu pau e gemia mais alto até não conseguir mais emitir som algum. Estava gozando novamente e Marcelo, mergulhado em um tesão incontrolável, socava com mais vigor até despejar dentro dela uma boa carga de porra.
***
O som estridente do despertador tocou às 6h. Marcelo acordou sentindo a porra seca no lençol e no seu pau ainda duro. “Teria sido um sonho?”, pensou, mas logo teve sua dúvida sanada ao ver o rodo ao lado da cama. A porta do quarto estava aberta. A porta da frente estava aberta.
Durante todo o dia, Marcelo mal conseguiu se concentrar no trabalho. Usou a internet para pesquisar sobre o que tinha presenciado. Chegou a um artigo sobre súcubos, dizendo que seriam demônios em forma feminina que invadiam o sonho dos homens para terem relações sexuais e assim roubar-lhes a vitalidade.
Outro site chamou sua atenção ao falar sobre a Bárbara dos Prazeres. Uma portuguesa nascida em 1770 que veio para o Brasil aos 20 anos com o marido Antônio, fugida das autoridades portuguesas após ter matado a própria irmã. Linda e extremamente cobiçada, atraía os olhares dos homens e despertava a inveja das mulheres. Até que se apaixonou por outro homem, um negro nascido livre, chamado Marcelo. Cega de paixão, matou o marido enquanto este dormia para viver com seu grande amor, usando sua beleza para ficar acima de qualquer suspeita. Entretanto, em uma discussão causada por ciúmes, Bárbara acaba matando seu amante, novamente escapando das acusações. Agora duas vezes viúva e sem sustento, mergulha na prostituição, tendo como ponto de prestação dos seus serviços o Arco do Teles. Os anos se passam e o tempo carrega consigo a beleza de Bárbara, que recorre à bruxaria para recuperar a sua juventude, alimentando-se e banhando-se em sangue de bebês. Ficava à espreita na Santa Casa, tarde da noite, raptando crianças colocadas na roda dos enjeitados antes que as freiras pudessem pegá-los, ou capturando crianças de rua, despertando a desconfiança das autoridades. Os desaparecimentos de crianças cessaram por volta de 1830, quando o corpo de uma mulher foi achado no na Baía do Mercado de Peixes, mas nunca foi confirmada sua identidade, podendo Bárbara estar viva até os dias de hoje.
Marcelo ficou estupefato após ler sobre ela. Foi movido por uma vontade avassaladora de reencontrá-la e foi exatamente o que fez. Ao sair da faculdade tomou o mesmo caminho da noite anterior.
Diante do arco, agora iluminado pela iluminação pública, não sentia nenhuma presença sombria, nem ouvia qualquer sussurro. Algumas pessoas ainda transitavam pela praça.
— Bárbara? — sussurrou Marcelo — Está por aí?
Nada aconteceu.
Nas noites seguintes nada aconteceu até a sétima noite.
Sem esperanças de encontrar Bárbara novamente, mas já se habituando à passar pelo Paço Imperial na volta para casa, notou que a lâmpada do arco estava novamente apagada, e, aproveitando que não havia ninguém na praça, se aproximou. Caminhou pela Travessa do Comércio alguns metros. As lâmpadas todas apagadas, nenhuma alma viva no local.
Os sussurros voltaram. Marcelo ficou mais ansioso que amedrontado.
Olhando para trás, por onde havia passado, Bárbara ressurge sob o arco. Linda, sedutora, sombria e misteriosa.
— Marcelo.
— Oi, Bárbara.
Ele deixou sua mochila no chão e foi se perder nos braços de sua ocultista em meio à escuridão na noite, se deixando tomar por uma paixão arrebatadora e uma transa eterna.
Ao amanhecer, um comerciante local encontrou a mochila.