As minhas lembranças datam de anos atrás, quando a empresa na qual trabalhei foi contratada para uma empreitada em Singapura. Tempos das vacas gordas numa construtora imensa, pena que a empresa depois se enrolou na tal da Lava-Jato.
Eu sou engenheiro e a princípio deveria ficar lá somente por 2 ou 3 meses, já que a equipe seria rotativa e não é fácil manter funcionários tão longe de casa e por tanto tempo. Bem, realmente é difícil especialmente quando a família não vai junto, e de fato eu consegui retornar após 2 meses e meio.
Porém, não esquentei o sofá de casa nem por algumas semanas, pois logo o diretor me convocou com uma oferta, que mais pareceu uma ordem. Eu deveria retomar a supervisão presencialmente e voltaria para lá, ficando em Singapura pelo próximo ano na segunda ida, talvez até um pouco mais. Ok, em troca eu receberia um aumento e provável promoção.
Não tinha inúmeros impedimentos familiares, quero dizer, mas tinha o caso da Maitê minha esposa que não poderia ir junto comigo. Um baita caso a se pensar. Eu não irei adentrar enfadonhos detalhes burocráticos, mas apesar de ter pensado sim em levava comigo, e tentando um bocado, a ida se mostrou inviável. Impossibilitada, quase.
Rolou sim estresse, preocupação e ciúmes. E dos dois lados. Eu além de ressentir deixar uma esposa jovem de 26 anos, que eu considerava atraente, e desfrutando ao lado dela o auge da sexualidade, sabia que iria ficar encucado até mesmo com sua rotina. Um exemplo, durante a primeira ida cheguei a pedir (praticamente mandar) que ela parasse de ir até o parque para se exercitar e correr, pois não me agradava saber que ela frequentaria aquele espaço sozinha, dando sopa vestidinha de calça de ginástica para os fitness boys.
Maitê disse que cumpriu o meu pedido, mas na prática não pareceu, pois ao regressar a encontrei com uma aparência mais saudável (e bonita) de quando saí. Quero exemplificar com isso que a distância seria um prato cheio até para as pequenas desavenças ou desconfianças.
Porém, quem mais surtou inicialmente com o prognóstico de ciúmes foi ela. Maitê dizia que nosso amor poderia suportar o período de distância e ausência, mas temia que eu fizesse alguma bobagem e me envolvesse com outra mulher por lá.
-- Eu conheço você, Diogo. Sei que tenho um homem fogoso e que demanda sexo, pele e contato!
-- Eu estou voltado para Singapura, e não Las Vegas, amor.
-- Tá...mas tem prostituta lá, tem solteirona lá, e tem as brasileirinhas que você mesmo contou que constam, da sua empresa e outras.
-- (Risos) Sim, tem tudo isso. Mas, e daí? Não vou aprontar nada.
Devo admitir que àquela altura eu já tinha aprontado. Durante a primeira ida eu conheci clínicas de massagem que são verdadeiros puteiros classe A da cidade, e transei algumas vezes com uma brasileira chamada Suzana que nos provia os serviços de transporte e assistência turística ao lado do seu marido, um imigrante indiano.
Suzana era uma paraibana foguenta de corpo moreno e grande, e que adora se enturmar com os conterrâneos do país. O seu marido parecia um homem feliz, certamente por medir a sorte de imigrante franzino ao ter encontrado e se unido a uma estrangeira tão safada e que sabe bem malhar uma rola. O que ele não imaginava é que Suzana sentia falta do sexo anal e outras cositas que ele não lhe fazia direito, e então, sempre portava um amante brasileiro a tiracolo pelos hotéis que atendia.
Eu fui um de seus amantes, principalmente no meu retorno à ilha asiática. E durante parte dos longos meses da minha estadia nos víamos com bastante frequência, as vezes até em 2 ocasiões por semana. Suzana dava com maestria e cara de pau os seus perdidos e chegou a passar noites inteiras comigo, e dias de fim de semana.
Posso dizer que Suzana chegou a constituir um caso, um affair pra valer, pois trocávamos presentes, mensagens picantes e carinhosas, quando a sós nos chamávamos de amor pra cá, amor pra lá, e tivemos até conversas bem íntimas, com ela revelando que não teve filhos em grande parte porque não sentia vontade de engravidar do Kabir (indiano), mas se fosse outro, talvez sim.
Lembro bem dessa conversa que se iniciou essencialmente emotiva, e terminou em metida feroz. Eu metia dentro bem forte, querendo impressioná-la gozando muito, enquanto ela pedia mais e mais, pedindo por porra de um homem de verdade que a fizesse engravidar, e gritando que não queria ter filhos daquele corno. Ela o chamava degradantemente de homem minúsculo, e no momento, admito, aquilo era puro tesão.
Não era correto, mas esse não é um relato sobre virtudes.
Com o tempo fui enxergando Kabir com um misto de dó e desprezo. Mas no fundo, parecia ser um homem bem inocente, ingênuo. Talvez a sua cultura seja muito ingênua em relação a nossa. E Suzana parecia tê-lo mais como um funcionário, um secretário fiel, do que marido em tempo integral. Ela chegou a me confessar que intercalava períodos nos quais se mostrava carinhosa e disponível sexualmente para ele, com outros em que se fechava completamente, o tratando à mingua:
-- É assim que eu mantenho o Kabirzinho amestrado. E não preciso dar explicação se lá embaixo estou ardida e cansada pelo trabalho bem realizado de outro homem.
E a relação com ela foi se extremando, teve certa ocasião que eu tomei um chá com os dois, após terem feito a comutação dos nossos funcionários para o hotel. E durante o chá, ela me manda um sms dizendo que estava menstruada. Não entendi e a interroguei, isso tudo com o Kabir exatamente do seu lado. Ela sorrindo escreveu que nós daríamos um perdido nele, inventando que nós dois (eu e ela) precisaríamos falar com o gerente do hotel, e que bastaria ao seu marido aguardar no saguão ou na van.
Ainda sem entender completamente a trama, eu embasbaquei acompanhando como ela grasnava maliciosamente qualquer desculpa para o coitado, que apesar de todo o absurdo da situação e dos flagrantes sorrisos da esposa, apenas consentia e ainda mantinha bom-humor.
Subimos ela e eu para o meu quarto e quando chegamos, Suzana foi se despindo como louca e se atirou na cama.
-- Olha pra mim, e olha bem pra ela aqui embaixo amor! Toda sujinha de sangue e melecadinha...aí como eu fico tarada!
-- Suzi, você driblou o seu marido e veio até aqui só para me mostrar sua xana...ela está, bem...
-- Menstruada! Sangrando, né! Aí eu fico tarada, eu sou tarada e adoro levar pau duro durante esses dias!
--Ah é? (risos)
-- É sim, seu filho da puta tesudo! E eu sei que você é cabra hômi de verdade e vai me preencher inteira com esse seu pau desgraçado de quente, que eu amo de paixão! Vem, venha aqui!
-- Hmm, mas é? E por que você acha que eu vou meter em você assim?
-- Porque você já falou hômi, e me deixou mordida de tesão! Você me temperou, seu cafajeste! Pois contou que fica frustrado quando a Maitê nega a florzinha dela pra você durante esses dias, mas que você não se importaria, e nunca se importou em meter numa buceta suja de sangue!
-- E isso te deixou com tesão, né sua putona?
-- Muito, muito meu amor! Tu me deixou maluquinha porque eu morro de vontade de levar pau assim, besuntada. Eu gosto de macho sem frescura, que nem você minha paixão! Nós somos feitos pra trepar um com o outro, hômi!
Confesso que Suzana conseguia me por louco e enfurecido na luxúria. Martelei sem parar aquela bucetona de mulher matreira e metedeira, a pegando pelos cabelos quando a botei de quatro, podendo assim visualizar o pau entrando e saindo de dentro daquela caverna rubra, banhando os lábios da sua vagina e todo meu pau com o viscoso creme, uma mistura dos seus sucos de mulher e da prova menstrual. Enquanto metia fui sordidamente narrando o que vi e Suzi gamou, só faltou latir a safada!
Eu realmente curtia meter em mulher menstruada, nunca fui afrescalhado, nojento, e com a primeira namorada que tive era a maior das delícias durante os seus períodos, pois eu a convencia para transarmos sem camisinha (ela não tomava pílula) e fatalmente aproveitava para gozar lá dentro, no quentinho de tudo.
Berramos palavrões de todos os tipos, nos xingando mutuamente, até que eu gozei nela transformando o seu bucetaço numa piscina de caldo rosê. Suzana ria de rolar na cama, satisfeita pela brincadeira, e com um olhar de pecado. Ficou tão satisfeita que na noite seguinte subiu até meu quarto novamente, com mais tempo, para repetirmos a dose vermelha.
A convivência sexual e quase romântica com a Suzana aplacava em muito a falta que eu sentia da companhia de uma esposa, e minimizava qualquer lamento sexual da minha parte. Bom, isso durante certo tempo. Pois havia o outro lado ou emenda do caso, que era a manutenção do meu casamento com a Maitê.
Vou ser sincero, de início eu não sentia remorso, vergonha, e talvez só um pouco de peso na consciência quando mentia para a minha esposa, primeiramente dizendo que não aprontava nada e não havia com o que se preocupar em Singapura, mentiras mais do que óbvias, e eu sentia que Maitê nunca ficou segura de todo.
A parte de não a deixar inteiramente segura até me envaidecia. Já era experiente o suficiente e sabia que mulher costuma valorizar o homem (ou até mesmo o canalha) que não consegue controlar, ou que teme perder. Mas estaria mentindo se por minha vez, e minhas preocupações de marido, eu afirmasse que não sentia uma insegurança aqui, outra acolá.
Algumas conversas que tive com a Maitê antes da segunda partida, influenciaram as pulgas atrás da orelha, bem como o meu enrosco com a Suzana. Sim, caso o nosso ciúmes e a apreensão não tivessem se traduzido em alguns papos cabeças e quentes demais, talvez eu não tivesse caído tão de cabeça (e pau) nas safadezas da morena, e nem tomando coragem para varrer a sujeira mental debaixo do tapete sempre que precisava dar alguma satisfação à Maitê, à quilômetros de distância.
Depois que ficou evidente que eu não conseguiria evitar a nova viagem, e muito menos viabilizar a sua ida, tivemos algumas trocações francas, tensas e até esquisitas, porém compreensíveis pensando na situação de um casal que ficará apartado por coisa de 1 ano ou mais. Lembro particularmente de uma ocasião antes da viagem derradeira, quando saímos para um jantar romântico e depois passamos no motel, porém, a madrugada se transformou em uma longa masturbação mental de dúvidas, situações, e outras juras:
-- Você acha melhor eu parar de tomar anticoncepcionais enquanto tu estiver fora...ou continuo tomando?
-- Ora, meu amor, isso é uma questão de saúde também, não é? Acho que deveria consultar a sua ginecologista antes de qualquer mudança.
-- É...
-- Mas, peraí. Por que essa pergunta, e por que faz diferença o anticoncepcional agora?
Maitê hesitou, levou as mãos ao rosto e fez uma careta de constrangimento:
-- Porque eu não quero engravidar!
Os meus neurônios levaram certo tempo para acionar todos os transistores e então eu me dei conta que esse medo, esse risco, incluiria o tempo que eu ficaria longe dela:
-- Maitê...peraí...você anda toda atacada nos ciúmes e vem com essa agora, é? Vamos lá, se precisa de anticoncepcional é porque tem medo de engravidar, correto. E para engravidar precisa de um certo líquido banhando a terra fértil, correto. Mas eu estarei longe...então...qual será a fonte?
-- Então...
-- Ué, me diga você, mulher.
-- Eu...aí...tá bom! Eu tenho medo de não aguentar e dar pra alguém! Pronto, falei!
Fiquei mirando o seu rosto, um pouco surpreso. Aquele tipo de fala e abordagem não combinava com a minha mulher. Não a minha esposa que sempre foi partidária da monogamia etc. Eu ri sarcasticamente, julguei a fala como mais um artifício para me fazer desistir da ida.
-- Diogo! Você não tem medo, receio de me deixar sozinha aqui? Não tem nenhum? Eu sou um traste, uma bruaca, um lixo de se jogar fora?
Respondi que eu me preocupava sim, e tinha ciúmes, lembrei e mencionei das corridas dela no parque, e de um episódio passado onde eu briguei com um desconhecido no estacionamento do shopping, porque o cara ficou comendo ela com os olhos. Maitê se desesperou:
-- Mas parece que sou só eu quem lembra desse fato, Diogo! Você já parece resignado com a ida para Singapura...e eu...eu prometi que vou me manter fiel e esperado por ti...mas não entende o quanto será difícil para mim?
- Claro que será difícil, eu sei...
- Ah, sabe? Mas não se liga que eu terei vontades e desejos, também? Quando ficamos 3 ou 4 dias sem nos tocar, nos amar, eu já começo a sentir falta, aos poucos vou me tornando inquieta, ansiando por você!
- Maitê, será um sacrifício para a nossa intimidade, e...
- Ansiando por um homem, Diogo! Pau! Eu não gosto de falar disso, mas eu já sabia o que era um pau, um homem antes de te conhecer...aí, desculpa amor.
Eu a abracei e naquele momento entendi que sua preocupação, incertezas, ciúmes, a levaram ao limite de me indagar seu eu sequer me preocupava com nós, e com a vulnerabilidade dela. Como mencionei, pensei que Maitê queria até causar ou disparar maior ciúmes em mim, como um recurso reverso. Mas a conversa seguiu dali para mais de hora.
- Eu nunca...nunca...
- Nunca o que, meu bem?
-- Eu nunca fiquei tanto tempo assim...1 ano, sei lá, sem experimentar sexo desde que comecei a...a você sabe, Diogo.
-- Desde que abriu as pernas (risos).
Ela bateu no meu braço e emburrou-se.
-- Para, estou falando e sério! Eu peço desculpas se não fui totalmente clara com você antes, mas não passei desde o término do namoro com o Gabriel, até te conhecer, aqueles meses todos sem a companhia de um homem...desculpa ter escondido isso.
Franzi a testa, mas na verdade e intimamente eu nunca acreditei naquela hipótese, eu sempre imaginei que entre o ex dela e eu, Maitê teria experimentado algumas coisas. E mais ainda, eu nem botaria a mão no fogo na nova versão que ela me deu:
-- Você teve outros namoricos, romances, é?
-- Não! Não assim...não intenso como nós dois.
-- Mas teve sexo, e você deu. É isso?
-- Eu...eu admito agora que sim, eu tive a companhia de um homem.
-- Que bom que foi um! Eu o conheci, conheço, como era o sortudo?
-- Não me recrimine! E me leve à sério, meu!
-- (risos) Eu não estou te recriminando, cacete! Olha, Maitê, eu sei o quanto nós dois gostamos de sexo. Você pensa mesmo que eu nunca supus a possibilidade de você ter curtido umas farras por aí antes de me conhecer, e depois ter optado por não me contar?
-- Mas não foi assim né, não foram farras!
-- Dane-se o nome, meu bem! Importa que fez! Vai, me diga aí como foi! Eu sou o seu homem agora e devo saber tudo sobre você.
Minha esposa respirava fundo, e bebia o vinho do motel.
-- Tá, mas depois você vai me contar algo que eu não sei sobre Singapura...
Eu ri, porque com certeza não contaria nem 2,5% do que fiz e intencionava fazer por lá, mas dei-lhe um ok de faz de conta.
-- Eu saía...eu...
-- Dava.
-- Eu ficava, eu tive relações do tipo com esse homem...só.
-- Defina o tipo, e qual era o nome desse homem?
- Sexuais, aí que tipo seria? Aí meu Deus, por que fui abrir a boca?
-- Vai Maitê, abre o bico, eu não estou puto da vida!
-- Sexuais, carnais...ele não foi meu namorado, nunca vi ele dessa maneira. Era só...
-- Sexo.
-- Estou envergonhada, desculpe.
-- Corta essa, Maitê. Se quiser o meu respeito e que eu entenda você, seja ao menos franca.
- Eu nunca saí, nunca fiz nada com ele durante o tempo que estive com o Gabriel, e depois com você, amor. Apenas enquanto estive livre de compromissos.
-- Olha só! Que interessante!
-- O...o quê?
-- Então esse sortudo não foi coisa de umas poucas noites de verão, ele carcou você pra cacete!
-- Pará!!!
Maitê rondou pelo quarto do motel, aflita, esfregando as mãos pelo corpo enquanto bebia mais do vinho.
-- Tá, então tá e seja o que Deus quiser! A primeira vez que eu fiquei com ele tinha 19 anos, foi logo depois de terminar o meu primeiro namoro...com o Caio.
-- Hmm, e aí.
-- Olha, se você quer a verdade...detalhes...ele é um homem mais velho, bem mais velho.
-- Ué, eu próprio sou um homem mais velho que tu.
-- Você é 5 anos mais velho, amor. O Gilvan tinha 43...
Eu engasguei de rir, surpreendido. Mas não achei tão engraçado assim, Maitê realmente me havia surpreendido nessa revelação. No entanto, segui mantendo a linha do bom humor:
-- Gilvan, grande Gilvan! Nome de goleiro das antigas! Mas ele tinha, ou tem 43?
-- Tinha! Eu estava com 19 e ele com 43.
Eu ria, mas impressionado. Estávamos falando de um cara que na época da conversa já adentrava a casa dos cinquenta. Realmente, eu não teria apostado que esse seria o perfil do gajo.
-- Bom, se tu foi namorar o Gabriel com 20 anos, então foi esse o velho tarado que te ensinou os truques que exibe até hoje?
-- Aí, Diogo...não sei te explicar...e olha os termos que usa, truques! Eu sou do circo, é?
- Apenas fale, use as suas palavras.
-- Amor, eu sempre fui bem carinhosa e bem dadinha, admito, mas com os meus homens!
-- E com o Gilvan! Surprise, surprise!
Minha esposa parecia um pimentão de vermelha.
-- Quero dizer que eu sempre topei fazer tudo que meus namorados pediam, mesmo lá atrás com o Caio.
Passou pela minha mente perguntar se o “lá atrás” era do buraquinho de trás, ou se referia ao tempo pretérito. Deixei quieto:
-- Que foi o seu primeiro, mas também foi o que mais te deu desgosto e encheu o saco.
-- Sim, mesmo com ele! Porque eu era apaixonada na época e sempre me entreguei por inteira e...
-- É porque gosta de sexo, meu amor. E gosta de agradar e ser agradada na cama.
-- É...é isso.
-- Mas qual era a desse Gilvan, como o conheceu?
Maitê teve um pico de choro. Fosse o conflito emocional, talvez o vinho, e em muito as preocupações com a gente, ou e até mesmo um recurso barato para dissimular, a minha esposa repousou em meus braços e chorou, e foi se abrindo devagarinho.
Não vou reproduzir todas as falas entrecortadas, balbuciadas, e as assoadas de nariz que ela deu usando as fronhas do motel como lencinho de papel. Mas Maitê conseguiu me deixar ao mesmo tempo assustado, e um pouco excitado com o restante do depoimento.
Gilvan não era bem o seu chefe, mas era o coordenador de outra área da empresa na qual trabalhou quando mais jovem. Gilvan tinha entradas no cabelo. Gilvan tinha uma Parati 2.0 (pressuponho que seja a de modelo Mi Crossover). Gilvan gostava de dirigir até um depósito vazio da firma, estacionar, e comê-la com o amplo porta-malas bem aberto.
Ah, e Gilvan era casado.
Eu devo ter feito a cara de mais embasbacado que minha esposa já viu, pois ela se assustou ao ponto de correr para o banheiro e continuar chorando de lá, quando isso me revelou.
-- É...logo você, facilitando para um homem casado.
-- Eu...desculpa...o que está pensando de mim agora?
-- Olha, o seu catecismo não é esse, né Maitê? Você brada aos quatro ventos que abomina mulheres que tentam roubar os maridos de outras.
-- Mas eu não roubei o Gilvan! Eu nunca nem quis isso...eu...
-- Tá, era só sexo. Mas e aí? Enquanto o velho careca te comia, não estava ele deixando de olhar para a esposa? Não é isso que você argumenta comigo, quando invoca que estou olhando para outras?
Ela fugia para o banheiro e voltava, indo e vindo, atormentada:
-- É difícil de explicar, meu!
-- E errado...né.
-- Desculpa, eu sei...mas...mas eu era nova e queria experimentar!
-- Os truques? Os truques de circo?
-- Não! Não! Eu queria experimentar ser mais cobiçada por homens...e não os meninos de sempre.
-- Tá, vá lá, que seja meu bem.
-- Mas é verdade! Depois que eu terminei com o Caio, fiquei bem abalada...e meio perdida.
-- Triste, meio deprê, ok, você já me contou antes.
-- Sim, mas não só foi isso...eu percebi que sentia falta do toque, do contato com um homem.
-- Ah...do sexo!
-- E meio que desesperei porque terminei com o Caio, e aí...
-- Diga.
-- Fiquei com uns garotos e acabei...deixando que eles me usassem. Não foi legal.
Maitê olhou para mim, como se quisesse ler mais essa reação da minha parte. Conforme comentei, eu já supunha que minha esposa havia aprontado mais do que havia contado. Mantive o semblante, apesar de começar a ficar incomodado, contrariado, pois foi sem dúvida um caminhão cheio de informações para mim
-- Tá. E o Gilvan entrou nessa como? Como ele entrou literalmente, na sua vida?
-- Como estava meio fora de mim, longe do normal, naquela época eu aparecia no trabalho com umas roupinhas bem...bem...
-- De vadiazinha.
Ela voltou a olhar para mim, aquela expressão acabrunhada. A qual, porém, então me fez enraivecido. Porra! Se ela decidiu por quaisquer motivos que fossem, abrir a caixa preta da sua putisse pregressa, então que despejasse tudo logo diante de mim, eu que já era o seu homem de fato há um bom tempo. E que me deixasse digerir e julgar depois como eu entendesse melhor!
Eu dei um safanão nela. Maitê grunhiu em choque, arregalou os olhos e puxou o ar. Eu então a tomei pelos cabelos, como se desse um nó formando um laço em minha mão direita. Maitê gosta de insinuar, se fazer de sexy, mas é submissa por vocação.
-- Escuta aqui ô sua puta! Você é minha mulher, minha fêmea, é minha esposa! Eu não vou pedir o divórcio só porque você experimentou um outro comedor mais ou menos qualificado lá no passado. Ah, e mesmo que você tenha dado o rabo pra ele semanas antes de me conhecer, não teria me surpreendido!
-- Ahn...ah...não? Ni...
- Não, não sua putinha besta, não mesmo sua engolidora de caralhos! Você acha que casou com algum verme inexperiente, você acha que são mentirosas as histórias que te conto, da época que eu frequentava casas de swing pra comer mulher de corno, hã? Acha que já não testemunhei um quinhão de baixarias, hein?
-- Nã-não meu bem...não duvido, Diogo. Diogo, por favor, eu peço desculp(!)
Eu a segurei ainda mais firme pelos cabelos.
-- Cala a boca, pois ainda não terminei! Quer saber? Você é uma santinha perto daquelas mulheres! Ah...aquelas sim, putas de grau mais elevado, vadias das mil porras que jorram como cascatas em cada orifício arrombado de seus corpos!
-- Di-Dio...eu tô assustada...pá-pára...
-- Shiuu! Quieta! Eu já peguei muitas delas, mas não me casei com nenhuma. Ah...mas então eu teria me enganado justamente com você, porque no final das contas você deu umas trepadas loucas com um cara de meia-idade e semi-careca, e agora está fazendo doce para responder minhas perguntas, então é essa a nossa pauta no motel? Vamos, me diga!
Eu a estava sacudindo, havia tomado pelos cabelos e pelos ombros. Porém, quando pensei que me fiz ouvir e que havia bem deixado claro o meu ponto, Maitê se desvencilhou de mim, e ainda com os fios de cabelos desgrenhados cobrindo-lhe a maior parte do rosto transtornado, conseguiu gritar ainda mais alto:
-- Eu voltei a falar com ele! Tá bom! Tá? E tô quase pedindo pra ele voltar a me ver e me comer! É isso o que você quer lá em Singapura?
Ouvi espantado, Maitê berrou:
-- Ahhhhh!!
Ela passou a puxar os cabelos e se arranhar, e eu precisei agir rápido montando sobre seu corpo para envolvê-la e conter-lhe os braços, quase em posição fetal. Baixei a bola, percebi que ali precisava acalmá-la, e toda aquela conversa no motel só estava servindo como lenha numa fogueira.
(continua...)