Manaus é uma cidade interessante. Ela está localizada no meio da natureza, mas pense em um lugar que pode ficar caótico. Enzo já deveria saber disso, só que eles ficaram presos em um trânsito horrível.
Um acidente dificultou ainda mais a locomoção pelas ruas da cidade. Ele ligou o rádio para distrair e Noslen observava tudo à sua volta. O jovem venezuelano sentia uma vontade enorme de chegar ao local do evento, quase como um chamado.
Enquanto isso, a Galeria do Largo estava cheia de cores. A exposição de Santino reuniu um número considerável de pessoas. Ele ficou feliz ao receber o carinho de todos os amigos e colegas de profissão.
— Oi, bebê. — Kleber se aproximou e abraçou o namorado.
— O Noslen não veio com você? — questionou Santino parecendo preocupado.
— Nossa, antes ele perguntava como eu estava. — respondeu Kleber fingindo estar chateado.
— Bobo. É que vou fazer um discurso e queria que o Noslen estivesse aqui, afinal, as obras dele estão sendo exibidas aqui. — Santino se justificou e beijou o parceiro.
— Ele está vindo com Enzo. Se acalma, bebê. — pediu Kleber, que pegou dois copos de bebidas e ofereceu um para Santino.
Enquanto Santino ficava na expectativa do amigo, a Popi e Iara se encontravam para curtir juntas. No fundo, Popi ficava com a consciência pesada por estar ficando com a irmã do inimigo.
As duas foram para um motel e a Popi não escondeu o nervosismo. Afinal, nunca em sua cabeça passou a ideia de ficar com outra mulher e, no caso, gostar disso. Entre uma taça de champanhe e outra, o casal trocou carícias e promessas de uma viagem.
A Iara era diferente de Ian. Ela não se interessava pelo mundo corporativo, mas sabia empreender como ninguém. Sua família não sabia, porém, Iara possuía diversos investimentos em negócios de turismo e levaria Popi para um roteiro exclusivo no Nordeste.
— Você não poderia conversar com o Ian e...
— Ah não, princesa. Eu não me meto nos negócios da minha família. Só digo uma coisa, peça para o Enzo tomar cuidado. O Ian não está para brincadeira. — alertou a jovem. — Agora, eu quero saber uma coisa?
— Oi?
— Vamos nadar peladas? Estou louca para te provar dentro da água. — anunciou Iara, deixando a taça de lado e tirando a roupa.
— Só se for agora. — concordou Popi.
A Avenida Constantino Nery é um dos principais redutos de Manaus. É difícil alguém que não tenha se estressado em atravessar o local. A perna de Noslen parecia uma britadeira e os batimentos incomodou Enzo, que decidiu colocar uma seleção de músicas criado pelo venezuelano.
A dupla também conversou sobre um acampamento que os amigos de Enzo fariam no final de semana. De uma forma tímida, Noslen passou a interagir com todos os amigos do seu crush. E, apesar da diferença de línguas, a comunicação acontecia de maneira tranquila. Um dos seus preferidos era Santino, que conseguia falar um espanhol decente.
Ao mesmo tempo, Noslen estava estudando português com um professor no YouTube. As aulas eram cansativas, porém, surtiram um bom efeito na comunicação do jovem. Ele já conseguia escrever e falar diversas frases em português, algo que deixava Enzo orgulhoso.
De repente, um barulho estranho chamou a atenção deles e o carro começou a tremer. Eles se olharem e entenderam na hora o que havia acontecido, um pneu furado. Com muita dificuldade, Enzo conseguiu colocar o carro no encostamento.
Ele saiu do carro e ficou frustrado ao ver o pneu dianteiro furado. Com a ajuda de Noslen, Enzo tirou o estepe e começaram a trocar o pneu. Na galeria, Santino recebeu uma mensagem e soube do ocorrido com os amigos. Ele deu início ao evento e agradeceu a presença de todos.
Ao circular pela galeria e receber diversos elogios, Santino percebeu um senhor que olhava fixamente para os desenhos de Noslen. Ele se aproximou do homem e pegou em seu ombro.
— Olá, está gostando? — perguntou Santino, que fez o homem se assustar.
— Foi, foi você que desenhou essa mulher? — quis saber o homem.
— Não. Foi um amigo meu. Ele se chama Noslen.
— Seu amigo é venezuelano? — questionou o homem.
— Sim. Ele veio da Venezuela e...
— Eu quero comprar todos os quadros dele. — pegando uma grande quantia e entregando para Santino.
— Mas, senhor...
— Estou pagando muito mais do que o aceitável. — disse o homem pegando os quadros e saindo da galeria.
— Que merda. — soltou Santino olhando para o dinheiro. — Deve ter uns três mil reais.
30 minutos para trocar um pneu. Enzo não deixou Noslen meter a mão na massa para não sujar sua roupa, afinal, o venezuelano era uma das estrelas da exposição "Cores de Manaus". Eles seguiram para o Centro da cidade e, graças aos céus, não passaram por nenhuma nova adversidade, quer dizer, demorou um pouco para estacionar, mas nada demais.
Os dois seguiram para o local da exposição e encontraram Santino conversando com Kleber e uma amiga, a Giovanna. Ao olhar as obras, Noslen estranhou a falta de seus desenhos. Ainda confuso, Santino explicou que um homem havia comprado os seus desenhos por um alto valor.
— Você tem certeza? — questionou Noslen, olhando incrédulo para os amigos.
— Sim. Ele passou minutos admirando os seus desenhos e ficou impressionado com eles. Pega, pelo menos, o homem foi generoso. — explicou Santino entregando o dinheiro para Noslen, que olhou para Enzo.
— O dinheiro é seu, moço. — disse Enzo, pegando no ombro de Noslen e apertando.
"Quem era o tal homem?", essa pergunta se manifestou na mente de Noslen durante o resto da noite. Ele ficou agradecido com o dinheiro, porém, a mulher que encantou o desconhecido poderia ser a sua mãe, ou seja, a pessoa poderia conhecê-la.
A dúvida pode ser uma companheira silenciosa. Sabe onde não havia espaço para dúvidas? Na relação de Erick e Celina. Os dois estavam mais ligados do que nunca. O casal aproveitou a ausência de Enzo e Noslen para aumentar a produtividade de suas carícias.
Apesar de bobão, Erick deu para Celina um dos seus melhores orgasmos. Depois de um momento de intimidade, o casal resolveu tomar banho e fizeram planos para o fim de semana.
— Os amigos do meu irmão vão para um sítio no próximo fim de semana. Você topa ir? — Erick convidou a namorada.
— Bem, só se for depois das 18h. Na sexta, eu ainda trabalho. — disse a moça, passando o sabonete no corpo.
— Posso te pegar e vamos, que tal?
— Os amigos do teu irmão são...
— Gays? Sim. Eles são todos gays. — contou o policial.
— Graças a Deus. Hétero em sítio é o erro.
— Ei, — Erick fingiu estar ofendido com o comentário de Celina. — e como fica a minha honra?
— Você é diferenciado, bebê. Por isso, eu gosto tanto de você. — beijando Erick, que estava preparado para um segundo round.
Quatro mil reais. Ao chegar em casa, Noslen passou 20 minutos olhando para a quantia. Ele pensou em depositar o dinheiro para usar no futuro, mas lembrou dos amigos que lutavam para sair do casebre onde moravam. Ao mesmo tempo, a pessoa que comprou os seus quadros continuava a se manter em seus pensamentos.
Um dia depois do trabalho, Noslen procurou Nico e seus dois companheiros de quarto. A ideia era sair daquela área de Manaus e alugar um apartamento em uma parte mais próxima a residência de Enzo. O venezuelano adiantaria alguns meses do aluguel e, dessa forma, eles ganhariam tempo para conseguir mais dinheiro.
Os venezuelanos iniciaram a busca por um apartamento com dois quartos. Através de um contato, os amigos descobriram um local que ficava a menos de 10 minutos da casa de Enzo. A dona da residência era muito simpática e adorou receber uns sete meses de aluguel adiantado.
O apartamento não era tão bonito, mas não ficava em um lugar insólito e não havia áreas de alagação próximas. A mudança aconteceu sem problemas, já que eles não possuíam tantos móveis ou malas.
Neste meio tempo, Ian estava tentando se livrar de Benjamim e Diana. Ele não conseguia acreditar que havia sido ingênuo o suficiente para cair na armação dos dois.
— Como eu pude ser tão idiota? Que droga. — jogando uns papéis no chão. — A Diana precisa ser a primeira a cair. Eu não vou ficar refém desses idiotas. Eu não vou! — se assustando com o telefone que começou a tocar. — Alô, aqui é ele. Como assim? Eu te conheço? Informações sobre o meu pai, entendi. Ótimo. Isso vai ser ótimo para mim. — desligando o celular e dando uma risada. — Que comecem os jogos.