Essa parte é uma sequência direta da parte 7. Devolvendo a narração da história para o Fernando.
Enquanto Clara foi para o quarto, fiz uma última ronda na casa, conferindo se estava tudo bem trancado. Senti o celular vibrar e conferi a mensagem que chegava:
"Oi, Fernando! Sou eu, Savana. Seis meses já, acho que devo algumas explicações. Se quiser conversar, estarei nesse número."
Senti uma onda de revolta me invadir. A coincidência era enorme. No dia que eu descobri a invasão na minha rede e cortei o acesso, Savana reapareceu. Isso não era apenas coincidência. Não era possível.
Para ser honesto, eu só queria seguir a minha vida em paz. Savana, Olivia, Hilley… não me importava mais quem era aquela mulher, eu só queria que ela mantivesse distância da minha família. Não era o momento de enfrentá-la ou mostrar a ela que eu já não estava mais no escuro, eu precisava ser inteligente, deixar que ela pensasse que eu ainda ignorava sua vida paralela. Em vez de digitar, mandei uma mensagem de voz. Achei que seria mais pessoal, traria mais conexão:
"Savana, nem imagino qual seja o motivo para você tentar entrar em contato depois de ter sumido por mais de seis meses. Eu estou seguindo em frente, refazendo a minha vida. Eu estou feliz. Por favor, por tudo o que a gente viveu, me deixe em paz. Se você alguma vez me amou, não me procure mais. Adeus, Savana!"
Achei melhor tentar afastá-la de mim de forma pacífica, sem cobrar explicações ou revelar o que Glauco tinha me contado. No fundo, eu passei a ter medo dela. Uma pessoa procurada pela Interpol deveria ser perigosa. Eu não duvidava que ela sentisse alguma coisa por mim, pois quando estava ao meu lado, ela se entregava de verdade. É difícil fingir esse tipo de sentimento por três anos. Eu não tinha nada a oferecer na época e mesmo me enganando, sumindo, ela sempre voltava para mim.
Me assustei ao ver Clara me olhando com os olhos marejados na porta de acesso ao corredor. Até deixei o celular cair:
- Meu Deus, mulher! Assim você me mata do coração.
Segurando o choro, ela tentava esboçar um sorriso. Me lembrei da mensagem:
- Eu posso explicar, amor!
Clara veio até mim e me abraçou:
- Não precisa. Eu ouvi tudo. Eu te amo! Foi praticamente uma declaração.
Retribui o seu abraço e dei um beijo apaixonado em sua boca:
- Eu também amo você. Tudo que eu disse é verdade. Você me faz muito feliz. Só a nossa família importa.
Seguimos abraçados para o quarto e namoramos um pouco, mas por causa do dia cansativo, não demoramos a pegar no sono.
Por quase duas semanas, as coisas pareciam tranquilas. Instalei um novo sistema de segurança, com sensores de movimento e duas câmeras em pontos chaves, a porta social e a de serviço. Pensei que minha mensagem havia tocado o coração de Savana, que ela tinha desistido e resolveu se afastar. Acabei relaxando e confiando nos contatos do Glauco, que me informaram que a minha família estava sendo vigiada de perto pelas autoridades.
Minha tranquilidade evaporou quando recebi um e-mail diferente, com alguns links de vídeos anexados e um texto curto:
"Eu errei em abrir mão de você, mas vou respeitar a sua vontade. Tenha cuidado, esse mundo está cheio de pessoas falsas. Para sempre sua Savana."
Eu estava no meio do expediente e ali não era o momento para colocar assuntos da minha vida pessoal em primeiro lugar. Mesmo tentado a assistir os vídeos, decidi esperar. Meu dia estava cheio e eu não tinha tempo a perder. Foi difícil me concentrar no trabalho. A curiosidade estava me deixando estressado. O dia se arrastou, nada rendeu. Savana estava prestes a detonar uma bomba nuclear na minha vida.
Assistir em casa seria difícil e eu não queria que nada afetasse a gravidez de Clara. Deixá-la nervosa entrando no último trimestre da gravidez seria perigoso. Eu só tinha uma opção segura e enviei uma mensagem à Clara informando que eu atrasaria um pouco, dizendo que precisava passar nos meus pais. Ela me respondeu normalmente, perguntando o que eu queria para o jantar. Trocamos mais algumas mensagens e desligamos sem que ela tenha percebido nada de diferente.
Peguei o ônibus da empresa, o de antes da mudança de bairro e desci na avenida principal do bairro antigo. A primeira pessoa que vi foi a dona Isaura, mãe da Clara. Orgulhosa, ela fingiu não me ver e acelerou os passos, se distanciando rapidamente de mim. Como o caminho era o mesmo e ela estava com uma sacola pesada, também acelerei a minha caminhada e ofereci ajuda. Ofereci não, praticamente tomei a sacola de suas mãos, não dando chance para que ela recusasse. Seguimos calados, caminhando juntos. Antes de entrar em sua casa, ela não resistiu:
- Como está o Miguelzinho?
Achei justo responder, pois na pior fase de Clara, ela cuidou do meu filho:
- Ele está bem. Crianças se adaptam rapidamente.
Percebi uma saudade muito grande dela pelo neto e aquilo não me fez sentir bem. Miguel nunca deixou de perguntar da avó. Ofereci:
- Vou trazê-lo para a senhora ver. Pode ser no fim de semana?
Os olhos dela até brilharam:
- Pode! Claro que pode.
Nem notei que minha mãe nos observava do portão:
- Aproveita e vai fazer as pazes com a sua filha também. Deixa de ser idiota. Peça perdão, ainda dá tempo.
Dona Isaura me agradeceu e lançou um sorriso amarelo para minha mãe, que não se segurou:
- Vai ficar fazendo drama e vai acabar perdendo de vez a sua filha. Ah, e a nossa netinha que está quase chegando. Toma jeito, mulher!
Dona Isaura acabou entrando em casa sem responder, sendo acompanhada pelo olhar cínico da minha mãe. Curiosa, ela não entendeu o que eu estava fazendo ali em plena terça-feira. Dei minha desculpa:
- Preciso analisar alguns documentos para o trabalho e não estou conseguindo fazer isso em casa. Clara está necessitando de atenção constante e Miguel não para. Acho que aqui consigo umas duas horas de paz.
Entramos em casa e enquanto eu fui para o meu antigo quarto, minha mãe começou a preparar algumas guloseimas para que eu levasse para Clara e Miguel. Tranquei a porta e me sentei na minha antiga companheira, a velha escrivaninha de estudos. Meu quarto ainda estava intocado. "Se ela manteve o quarto assim por oito anos, enquanto eu estava fora, era de se imaginar que nada mudaria em seis meses." Pensei e sorri sozinho.
Era a primeira vez que eu entrava ali desde que me mudei. Comecei a lembrar de Clara e a minha primeira vez. Naquela cama à minha frente, tive um dos momentos mais especiais da minha vida. "E se aqueles vídeos fossem algo contra Clara? Ela havia sido tão honesta, não acho que ela deixou nada de fora." Meus pensamentos ficaram confusos, medrosos e covardes. Eu não sabia se queria assistir o que tinha ali.
Coloquei o notebook para carregar e fui à cozinha buscar um café. Conversei alguns minutos com minha mãe, tentando me preparar psicologicamente e não reagir de forma emocional ao que estava prestes a descobrir. Eu não sabia o que esperar, mas o medo e a ansiedade começavam a tomar o lugar da curiosidade. Não adiantava ficar enrolando, seria melhor terminar logo com a tortura. Deixei minha mãe fazendo seus quitutes e voltei ao quarto.
Liguei o notebook, acessei o e-mail e fiz o download dos vídeos. Abri o primeiro.
A imagem estava parada, focando em uma cama. Era um quarto simples. Paredes brancas e uma cama de casal com colcha da Hello Kitty. A qualidade do vídeo não era das melhores. Deveria ser uma webcam daquelas comuns. Apesar da nitidez comprometida, era possível ver tranquilamente. Meu coração gelou ao ver Clara sentando na cama e digitando alguma coisa no computador. Dava para ver o teclado na parte de baixo da imagem. Ela vestia um conjunto de shortinho e blusa semi transparentes, estilo baby doll.
Senti a pressão, mas uma coisa me acalmou. Não era a Clara atual. Ela estava mais magra e com o rosto abatido. Era a Clara do tempo das drogas. Definitivamente, naquele momento, ela era uma camgirl. Talvez fosse essa a prostituição que ela assumiu ter feito.
Aquele primeiro foi um vídeo curto. Talvez a intenção de Savana fosse destruir o meu relacionamento com Clara em doses homeopáticas. Ir aos poucos desfazendo a boa imagem que ela imaginava ter sido criada por Clara para me enganar.
Mesmo sendo difícil de ver, eu não tinha motivos para me sentir enganado. Antes de ter feito a minha opção, Clara foi honesta, jogou limpo e revelou o seu passado. Estar com ela foi uma escolha consciente, sabendo o que estava incluso no pacote.
O segundo vídeo tinha uma duração maior. Começava do mesmo jeito que o primeiro, mas dessa vez, na cama, havia vários brinquedos eróticos. Reconheci os vibradores, mas o resto era novidade. E tinha muitos. Pelo menos uns quinze. Logo Clara aparece e começa a teclar. Entendi que ela deveria estar recebendo pedidos dos espectadores.
Ela começou a se tocar de forma muito sensual. De joelhos na cama, ela rebolava e alisava os seios, teclava e voltava a se insinuar. Sua aparência era a mesma do primeiro vídeo. Devem ter sido gravados em dias próximos. Até a roupa minúscula era a mesma.
Ela parou por alguns minutos e ficou respondendo as mensagens, voltando em seguida para a cama e começando um show que me deixou de olhos arregalados, a boca aberta e o pau latejando de tesão.
Clara era muito boa naquilo. O jeito sensual, as passadas de mão no próprio corpo, a alça da blusa caída só de um lado… ela pegou um dos vibradores, o médio, uma rola preta e grossa e começou a brincar com ela. Comecei a suar de nervoso e excitação.
Ela o colocava entre os seios, dava beijos na cabeçorra preta e fingia fazer uma espanhola. Aquilo era extremamente sexy. Depois ela o levava até o meio das pernas e ficava roçando na xoxota, fazendo carinha de safada, fingindo que estava sendo penetrada e chamando o nome de vários homens. Com certeza, a galera que estava pagando para assistir. Entre o tesão e o desespero, acelerei o vídeo para ver se era só aquilo mesmo ou se ficava mais picante.
Basicamente, foram quatorze minutos dessa simulação, sem ela realmente tirar a roupa, só brincando com quem a assistia."
Precisei parar por um momento. A temperatura estava subindo e eu imaginava que o próximo vídeo seria mais forte. Savana disse que o mundo estava cheio de pessoas falsas, para eu tomar cuidado. Agora eu tinha a certeza de que ela se referia a Clara, só não imaginava o quanto eu seria surpreendido. Sua bomba teria um efeito devastador sobre a minha vida e sobre as pessoas que me cercam. Abri o terceiro vídeo.
O mesmo local dos dois vídeos anteriores, o mesmo quarto, a mesma cama, mas uma imagem com muito mais qualidade e um áudio muito superior. Pelo jeito, o empreendimento estava dando certo. Clara tinha investido em melhorias.
Ela logo aparece na imagem, mais corada e menos magra. Não totalmente recuperada, mas visivelmente mais cheia de vida e energia. Ela agora não tecla mais, já conversa com os espectadores:
- Como eu prometi, hoje é um dia especial. Alcancei a meta do mês e trouxe convidados para a nossa comemoração.
A surpresa foi enorme, pois quem entrava em cena era Diana. E segundos depois dela, Alice. Foi difícil entender o que acontecia. Alice e Diana foram as amigas que tiraram Clara daquela vida. Só faltava Bárbara. O que estava acontecendo? Pausei o vídeo.
Me senti invadindo a privacidade delas. Será que tudo que Clara me contou era uma mentira orquestrada entre todos eles? Será que a história sobre Glauco e Mariano a salvarem foi apenas outra mentira?
Savana conseguiu o seu objetivo. Eu estava desestruturado e me sentindo enganado. Voltei a assistir.
Clara e Diana nem falaram mais, apenas se atracaram em um beijo muito safado. Ao lado das duas, Alice aproveitava para alisar seus corpos. Não me senti excitado, pois a frustração e o sentimento de ser feito de trouxa foram mais fortes. Foi um beijo demorado e muito mais sentimental do que eu queria acreditar. Não parecia ser a primeira vez que elas faziam aquilo.
Clara e Diana, Clara e Alice, Alice e Diana… negar que a cena era muito sexy seria mentir, mas eu não conseguia pensar de outra forma. Saber que alguém fez alguma coisa no passado, é uma coisa. Ver, é completamente diferente. Ainda mais sabendo que é uma situação bem mais complexa do que a que me foi contada em forma de confissão. Eu estava confuso e ficando com raiva.
Diana pediu que Clara ficasse de quatro na cama e se posicionou atrás dela. Alice deitou à sua frente. Todas ainda vestidas, se é que aqueles micro shorts podem ser chamados de roupas. Diana beijava cada banda da bunda carinhosamente, alternando com leves tapinhas entre elas. Clara brincava com o grelo de Alice, ainda por cima da roupa. Por um momento, esqueci da minha própria revolta. Era impossível não ficar de pau duro com a cena.
Clara tirou o short de Alice enquanto tinha o seu próprio, tirado por Diana:
- Que bunda é essa amiga? Cada dia mais gostosa e redonda. - Diana brincava com o dedo no cuzinho dela, fazendo Clara arrepiar inteira.
Foi de Clara a primeira ação, enfiando a cara no meio das pernas de Alice e a fazendo gemer alto:
- Puta que pariu! Que língua deliciosa. Assim você me mata. Chupa safada, aproveita.
Como a visão era lateral, com a câmera imóvel, só era possível imaginar o que acontecia. Clara mexia a cabeça cada vez mais rápido, sendo apertada pelas coxas de Alice, entregue ao momento.
Diana não quis ficar atrás, enfiou a cara na bunda de Clara, a fazendo se contorcer inteira, soltando gemidos abafados, sem tirar o rosto do meio das pernas de Alice:
- Hãããã… filha da… ass… cê aca… ba comigo.
Aquele trenzinho era maravilhoso, somente línguas como engate. Uma arrancando gemidos cada vez mais desesperados das outras. Foram vários minutos daquela cena majestosa, digna dos melhores filmes pornôs lésbicos.
Diana era a mais safada entre as três. Mignonzinha, delicada, seios pequenos e pontudos e bundinha carnuda. Falsa magra, pois era cheia de curvas. Sua beleza levemente oriental, em contraste com sua pele morena, completavam o conjunto tão harmonioso e belo aos olhos de qualquer um que admira a variedade e a beleza do feminino.
Alice também era uma mulher tão bonita quanto as duas. Maior que ambas, mais voluptuosa, de presença marcante. Coxas grossas, seios grandes, mas firmes, com a curvatura natural do peso provocada pela gravidade. Quadril largo, fazendo a bunda se destacar ainda mais. A típica cavala. O que o Brasil fabrica de melhor. Com suas marcas na pele, um pouco de celulite, a gostosa que adoramos olhar quando andamos pelas ruas de qualquer canto do Brasil. Tudo nela era comum, mas deliciosamente verdadeiro e agradável de se olhar. Mulher de verdade, seria a definição perfeita.
As três se chupavam com desejo e entrega. Não era a primeira vez, disso eu tinha certeza. Minha revolta começou a se transformar em um pensamento de compreensão. O objetivo de Savana era claro, destruir meu relacionamento. Criar a intriga e a crise. O que não era justificável, pois a escolha foi dela. Suas ações me jogaram nos braços de Clara.
Comecei a entender também, o porquê de Clara ter omitido essa parte em sua confissão. Não foi só sobre a vida dela, foi também, a de seus amigos, ou melhor, nossos amigos. Pessoas que a tiraram do fundo do poço e a trouxeram de volta à vida. Decidi não tirar conclusões precipitadas e nem ser um machista idiota. Tudo que aconteceu ali, aconteceu antes de mim. Eu não tinha o direito de fazer cobranças.
As três gozaram aos berros, levando a galera que assistia ao delírio. Notei que o vídeo mal tinha chegado à metade e o número de pessoas assistindo passava de quinhentos. Quando achei que eu estava tomando a decisão certa, em não julgar Clara e as amigas, três homens apareceram. Nenhum deles era César ou Mariano. Era três homens diferentes. Um negro roludo e dois outros morenos muito bem dotados. Clara se virou para a câmera e disse:
- Como eu prometi, hoje será um dia especial. Quem quiser acompanhar, é só entrar pelo acesso Vip, a assinatura mensal. Espero todos vocês lá.
O vídeo acabou, mas eu ainda tinha mais um para assistir. Será que eu queria mesmo ver o que aconteceu?
Continua.