Durante anos, lutei contra o desejo de minha mãe de frequentar a igreja local. Meu pai, agnóstico, nunca se meteu nisso. O fato dele não crer nas mesmas coisas que minha mãe não o impediam de garantir que eu tomasse minhas próprias escolhas. Ele até se divertia com minhas tentativas de escapar da promessa de salvação, uma vez que não era mais assediado pela esposa.
Contudo, em uma noite de quinta, aceitei acompanhá-la para deixar feliz Parecia que a banda gospel juvenil ia se apresentar e minha mãe acreditava que um pouco de rock cristão bem comportado seria o empurrão que eu precisava para tirar da cabeça que as atividades da igreja eram todas dignas de meu bocejo.
Mas o que ela não esperava, e nem eu, é que de fato iria me interessar por àquele lugar. Não, obviamente, pelos motivos certos. A primeira hora foi bastante monótona, a banda, bastante sem sal, não me empolgou. Embora eu tentasse fingir apenas para não deixar minha mãe triste. Pelo menos o vocalista era bonitinho. Depois da apresentação, veio o sermão de nosso pastor, Felipe, cuja oratória, eu tinha de admitir, era boa. Me peguei quase sendo inspirado por suas palavras em um momento. E de cara, me dei conta que ele era um homem perigoso.
Após a missa, minha mãe me arrastou de um lado a outro me apresentando para suas amigas e seus filhos de minha idade. E foi então que meu faro aguçado detectou anomalias.
Aparentemente, o sangue novo no templo chamava atenção. E eu chamei muita, tanto das meninas quanto dos meninos. Só então me dei conta de quantos ali se escondiam.
Várias mães vieram perguntar a minha se eu estava solteiro, pois eu parecia um excelente partido para suas filhas. Os garotos vieram falar comigo e me olhavam de cima a baixo. Eram melhores em disfarçar que Breno, mas eu já tinha bastante experiência para farejar caça em todos os lugares.
Ali, o banquete era farto, homens ou mulheres, bastava apenas a destreza que eu tinha de sobra.
- Então, amor. O que acha? - minha mãe me perguntou.
- Acho que posso vir com a senhora outras vezes. Não prometo nada, mas não parece ser tão ruim
Tal promessa a fez ganhar o dia.
Lembro de no café da manhã da manhã seguinte, minha mãe animada contando sobre o show da banda e como eu havia gostado.
- Fábio até pensou em frequentar mais. Aposto que logo se batiza.
Meu pai, descrente, olhava com carinho a animação de minha mãe, sem ânimo para lhe levar ao chão. Seu olhar só mudou quando eu realmente declarei que tinha intenções de voltar lá. Na hora meu pai me olhou desconfiado, mas continuou mudo.
- Não disse? - animada, ela se levantou e foi tirando a mesa.
- O que você está aprontando? - perguntou sem pestanejar, quando ela se afastou. Meu pai, como bom policial, sabia separar o joio do trigo.
- Nada - dei de ombros - quero dar uma chance para o lugar e para as pessoas
Meu comentário sonso arrancou uma risada seca dele
- Sua mãe não tem ideia do lobo que jogou naquele rebanho.
Minha irmã, que apesar de estar na mesa o tempo todo, parecia desconectada da realidade lendo sua revista pré adolescente, riu e não sabemos se do comentário do meu pai ou de algo que ocorria apenas em sua mente.
*
Durante umas semanas eu apenas observei o lugar. Fui algumas vezes com Breno, que já frequentava desde que sua mãe percebeu os primeiros sinais, e fui comparando com ele minhas impressões.
- Incrível como tem enrustido nesse lugar - comentei.
- Sério? Não notei - Breno se surpreendeu.
- Ainda lhe falta o dom da caça, amiguinho - e bati em sua cabeça como quem acaricia um cachorrinho.
Depois de pensar muito, refleti que aquele era de fato o lugar perfeito para qualquer gay naquela cidade se esconder. Isso porque, naquele lugar era muito mais fácil se camuflar, tudo ali teria uma desculpa plausível: todos os seus comportamentos consideráveis suspeitos, eram mascarados pela vida de austeridade das pessoas dali. Um jeito mais delicado poderia ser confundido com uma educação exemplar. Pouco ímpeto em cortejar o sexo oposto seria visto como respeito. E namorar sem fazer sexo era se guardar. Ali você sequer precisaria brigar par arranjar uma namorada, pois o próprio pastor Felipe trabalhava em juntar os casais que ele considerava feitos um para o outro
Assim, para uma menina daquelas, que jamais havia conhecido um homem na vida, era fácil acreditar que aquele garoto com quem andava de mãos dadas era um varão.
Embora, justos sejamos, as meninas ali não fossem tão bobas. Mas se faziam dê. Também notava os olhares delas, e a forma como dissimulavam rapidamente quando alguém o percebia. Eram boas. Mas eu era melhor. Fiquei imaginando um mundo de aventuras e possibilidades entre aquelas quatro paredes e o estrago que o lobo em pele de cordeiro aqui poderia fazer. Seria divertido.
Eu só tinha que tomar cuidado com Felipe. Não sabia o que era, mas algo nele me inspirava cautela. Ele era o cão de guarda ali, e me expulsaria se tivesse a chance. Embora tivesse convicção que, de santo aquele ali não tinha nada.
Lembro de uma vez que ele tentou me empurrar uma menina para namorar. Eu disse que tinha acabado de chegar e ainda não estava pensando nisso.
- Nunca é cedo para se comprometer, Fábio. - falou, em seu tom didático. - Seria ótimo, para alguém como você.
- E o que seria alguém como eu, pastor? - senti a maldade em seu comentário, mesmo velada.
- Alguém que não é do rebanho. - respondeu rapidamente - Bem Fábio... Nós sabemos que você tem uma fama, não é? Muitas meninas, e até algumas mulheres de idade já se perderam em você. - e me deu um olhar de cumplicidade - não se sinta mal por isso. Você é um garoto bonito e na sua idade eu também não tinha juízo e queria aproveitar. Mas acho que vai descobrir que, uma relação bem nutrida, é melhor que qualquer aventura.
- Obrigado pelo conselho, pastor. Prometo que vou pensar no assunto.
Ele se afastou, mas desde então fiquei cauteloso em sua presença. Isso porque eu tinha minhas suspeitas de que Felipe conseguia enxergar mais do que demonstrava poder. E que talvez visse muito além da minha pele de cordeiro e enxergava até o que eu tentava esconder.
Todavia, meus contatos direto com Felipe não foram muitos, tendo vista que era um homem bem atarefado e eu não muito interessado nos trabalhos da ordem.
Pois a verdade era que eu não precisava me envolver muito para chamar atenção ali. Parecia que a minha "fama", como o pastor havia atentado, me tornou uma espécie de atração aquele lugar. Talvez até um troféu. Todos ansiosos na minha conversão em um rapaz direito.
E minha mãe não ajudava muito em me deixar oculto, me apresentando a todos que podia, em especial a suas filhas solteiras.
- Seria tão bom você namorar uma menina direita, filho. Se aquietar. Quando conheci seu pai, ele era igualzinho a você. E eu sei bem o que uma boa mulher pode fazer a um homem.
- Mais humildade, Dona Maria - brinquei com ela, que ficou corada.
- Mas ora, não é pecado se gabar de algo que é verdade - e me deu um carinhoso beliscão no braço, sorrindo.
E foi nesse momento que um certo casal se aproximou de mim. Reconheci o garoto da banda, era o vocalista. A menina já tinha visto também, liderando um grupo de outras garotas da congregação. Vinham de mãos dadas. Eu os percebi de longe, mas fingi distração.
- Oi. Fábio, né? - a menina falou primeiro. Era loura, tinha um rosto redondo e uma pele bonita. Olhos castanhos. Tinha um belo sorriso e transbordava simpatia. Seu corpo era bonito. Longe das meninas magérrimas da escola. Ela tinha carne e gordura, que lhe proporcionavam belas curvas.
O garoto, já bem magro, cabelos pretos e lisos, tinha olhos claros, em tom cinza, pele morena, sem pelos. Vestia uma roupa social impecável e era mais introvertido. Mas sua natural timidez lhe conferiam um ar bastante atraente.
- Sim. Tudo bem? - perguntei, com um sorriso.
- Tudo ótimo. - ela continuou. O namorado ainda quieto, me olhava com um sorriso tímido - estávamos ali e percebemos que você nunca se enturma com o pessoal. Por que não vem conosco? Te apresentamos. Me chamo Bianca e esse é meu namorado, Oscar.
- Muito prazer - e apertei suas mãos - Ah, sim. Obrigado. Na verdade estava ajudando minha mãe a...
- Não precisa. - ela me cortou - vai lá com seus novos amigos.
Sem ter com o que discutir, os segui. Fui apresentado aos jovens de minha idade, atraindo olhares de aprovação de meninas e meninos, todos bem comportados e dissimulados.
Eu, que também sabia jogar, continuei com meu jeito quieto e observador, afinal, era um lobo em pele de cordeiro e podia, sem querer, revelar minha verdadeira identidade. Então era melhor eu ir com calma.
Bianca e Oscar caíram rapidamente em minhas graças. Ele, inclusive, se tornou bem mais falante ao longo daquela noite e me convidou para o churrasco de seu aniversário, que ocorreria naquele fim de semana. Aceitei de bom grado, fingindo não perceber os olhares interessados que sua namorada me lançava quando ele não via.
Na verdade, esse jogo era partilhado pelos dois, pois Oscar parecia sempre bem mais saidinho quando a namorada estava longe. Decidi estudar bem aqueles dois, sentindo a emoção da caça se aflorar na perspectiva de abater aquele casal.
No domingo em questão, fez bastante sol e fui até a casa de Oscar. Um belo casarão com piscina. Não haviam muitas pessoas. Apenas amigos mais íntimos e familiares. Bianca vestia um maiô verde esmeralda, que realçava suas curvas sem ser vulgar, e ele vestia bermuda. Pude então ver que haviam alguns músculos e gomos naquele corpo magro.
Oscar e eu conversávamos muito. Onde ele aproveitou para me convencer insistentemente a ficar a vontade e tirar a roupa. Percebi de imediato que eu era o único ali de sunga. O pessoal, bem mais comportado, usava ou bermuda ou short de banho
- Me sinto pelado - comentei tranquilamente.
- Relaxa - e olhou para minhas pernas - Pessoal curte esconder as pernas - e riu quando enfim percebeu que era hora de parar de olhar. Ainda mais quando sua namorada chegou .
- Amor, temos um problema, o churrasqueiro teve um imprevisto e não poderá vir - revelou ao namorado.
- Que droga. Eu confirmei com ele ontem.
- Se quiserem, eu posso ficar - ofereci.
- Não, cara. Seria vacilo - Oscar descartou- Você é meu convidado.
- Não vejo problema. Posso ficar até encontrarem outra pessoa. Eu gosto e vocês vão ver que minha carne é bem gostosa - brinquei com as palavras e percebi o olhar de Bianca faiscar. Ela tinha a mente mais maliciosa que seu namorado.
Acabei ficando. Meu pai havia me ensinado a manusear uma churrasqueira. E minha mãe era a principal responsável pelas comidas nas festas da igreja e eu havia aprendido muitos temperos e molhos observando.
- Caramba. Você é bom - Bianca veio falar. - Não para de sair carne.
- Prova isso aqui - e dei um pedaço de bife com pasta de alho que tinha acabado de sair. Ela pegou com a boca, dando uma leve chupada em meu dedo.
- Minha nossa - regozijou.
Percebi pelo canto do olho que Oscar nos observava meio enciumado. Mas disfarçou quando me viu olhar em sua direção. Bianca, bem a vontade, deixou as amigas e o namorado, alegando ser injusto me deixar sem companhia enquanto trabalhava como escravo. Aproveitei para bater um bom papo com ela. Bianca era uma garota bem viva, cujos sonhos, assim como os meus, envolviam sair daquela cidade, onde pretendia estudar para ser corretora imobiliária.
- Acho ajudar as pessoas a encontrar um lar algo gratificante. - comentou - e por aqui não dá, pois todas as famílias meio que nascem e morrem no mesmo lugar
Por volta das 17h, Oscar veio até mim.
- Fábio, acho que já está bom. Todos estão satisfeitos. Deixa a churrasqueira de lado e vem nadar. Se alguém quiser comer algo depois, que se vire. Você deixou tudo pronto já.
- Tudo bem. Só não tem condições de eu pular na água assim. - e apontei para meu corpo cheio de gordura de carne e fuligem.
- Tem razão. Seria bom tomar um banho. - Bianca me olhou de cima a baixo, fingindo repulsa ao meu estado.
- Eu te levo lá em cima - Oscar logo se ofereceu. Ação que um espectador distraído poderia confundir com zelo pela parceira
- Eu posso levar, amor - Bianca sugeriu.
- Nem pensar. Você já deixou suas amigas de lado tempo demais. Deixa comigo.
E sem esperar mais debates, me guiou até o interior da casa, deixando a namorada com a expressão de quem foi privada de algo que queria.
Entramos na casa e percebi que passamos direto pelo banheiro social. O segui em silêncio, até chegar em seu quarto.
- Aqui. Pode usar meu banheiro. Vou buscar uma toalha pra você.
Tirei a sunga e esperei. Quando se virou para me ver, levou um susto, mas logo sorriu.
- Aqui - e me entregou
- Obrigado. Bela festa - comentei.
- Valeu mesmo. Obrigado por vir. Não só por causa da churrasqueira. Sua companhia é muito agradável.
Ele, assim como a namorada, se tornavam bem mais faltante longe da presença um do outro. Talvez, meu fetiche inicial de brincar com o casal tivesse de ser adiado, pois aquele ciúme e o tesão não confessado entre eles poderia atrapalhar o desenvolvimento. Mais inteligente seria separar as ovelhas e abater uma a uma.
Ficamos em silêncio, onde eu quis testar quanto tempo ele ficaria olhando meu corpo.
Demorou, mas ele se ligou que estava dando bandeira. E sorriu sem graça e disse que me deixaria a vontade.
Tomei banho e voltei pra festa. Fiquei na piscina até a hora do parabéns e logo após ele, os convidados foram se despedindo. Eu ia sair também, mas Oscar me convenceu a ficar, alegando que eu pouco havia aproveitado a festa e que o mais justo seria que eu relaxasse na piscina. Ao final, ficamos apenas eu ele e Bianca, embora eu percebesse que toda hora a mãe do aniversariante viesse no quintal, sob a desculpa de arrumar alguma coisa
Conversamos e rimos um pouco. Os dois me encheram de perguntas sobre meus gostos e tal. Então, contei das caças e das trilhas que fazia na floresta. Oscar logo se animou.
- Cara, sou doido pra fazer uma trilha. Mas meus amigos são todos sedentários.
- Fábio podia nos levar um dia desses - Bianca ofereceu.
- No próximo fim de semana, o dia promete sol - lembrei.
Bianca ficou animada, mas Oscar a frustrou.
- Você está esquecendo que tem o ensaio do teatro no sábado, né?
Na hora, seu rosto murchou.
- E também - acrescentou - você mal quer andar até o colégio. Seu pai tem que te levar de carro pra qualquer lugar. Aonde você vai querer ficar andando pela mata?
- Sempre tem uma primeira vez - e deu língua para Oscar. - E você tem ensaio da banda na sexta, lembra? Tanto que falou que não poderia passar o texto comigo na véspera.
- Bem, podemos ir então eu e você no sábado de manhã, enquanto Bianca está no ensaio do teatro - sugeri e logo acrescentei - Eu já vou mesmo, então se você quiser conhecer. - E me voltei pra namorada - E enquanto ele ensaia com a banda na sexta, eu posso te ajudar com o texto
- Acho justo - Bianca ponderou.
- E você vai gostar de passar texto de teatro? - Oscar duvidou e não percebeu o olhar mortal que recebeu da namorada.
- Não vejo problema - dei de ombros - sexta eu normalmente saía, mas como estou tentando andar na linha, seria bom ter algo pra me distrair.
Bianca, com triunfo, se antecipou
- Então está combinado. Fábio te leva pra aquela mata horrorosa no sábado e em troca, me ajuda a passar o texto na sexta.
Oscar não foi capaz de contra-argumentar e eu segurei o sorriso malicioso.
- Perfeito então. Já que estamos bem - eu então, sem aviso, afundei Bianca na água.
Ao se levantar, com as cabelos cobrindo o rosto, ela me olhava atônita enquanto eu e Oscar riamos pra valer
- Seu idiota. Deveria me defender - e arremessou água no namorado.
Eu aproveitei sua distração e o peguei pelos pés e o fiz virar de ponta cabeça. Bianca gargalhava quando o namorado voltava pra pegar fôlego.
- Amor, ele está tentando nos dividir. Temos de unir forças - levantou
Eu então, fingindo fugir, fui nadando para me afastar, mas os deixei se aproximar e brigar para tentarem me afundar.
Pela primeira vez os vi agir em cumplicidade e me animei com a expectativa de um dia brincar com os dois ao mesmo tempo.
Naquele momento na piscina, ainda aproveitei para, "sem querer", acariciar um seio de Bianca, e dar uma apertada de leve na bunda de Oscar. Senti que alguém acariciou meu volume, mas no meio da batalha não identifiquei quem. Ninguém comentou nada, tampouco pareceram trocar olhares entre si, o que me deixou deduzir que a informação da minha mão boba estaria em segredo e que não seria naquela noite que eu teria meu banquete.
Além daquilo, tinha o inconveniente das visitas quase de 10 em 10 minutos da mãe de Oscar, oferecendo bebidas e comidas só para poder ir lá xeretar. Ao fim, desisti por aquela noite e me retirei estrategicamente para me preservar para o próximo fim de semana
Na sexta a tarde, eu estava na porta da casa de Bianca. Ao tocar a campainha, me surpreendi ao ver Oscar.
- Oi, cara. Pensei que estivesse no ensaio da banda.
- Estou de saída - informou, me olhando de cima a baixo. Só não sabia se estava me avaliando como uma ameaça ou um modelo.
Eu me vestia com uma camisa polo e uma bermuda jeans. Meu pai, ao me ver me arrumando naquela tarde, questionou onde eu iria. Quando soube, teve de segurar o riso e me alertou, antes de me deixar terminar:
- Por favor, Fábio. Juízo.
- Mas o que você pensa de mim afinal, pai? - me defendi, fazendo de ofendido.
- Eu simplesmente te conheço, só isso.
Apesar de não gostar de me vestir tão formalmente - sim, para alguém como eu, uma polo é o equivalente a um terno. - tinha de admitir que fiquei bem naquela fantasia de bom moço.
- Bianca veio se despedir do namorado e lhe deu um selinho. Depois, sem chances dele se alongar mais, me levou para dentro, onde sua mãe assistia novelas.
- Vou ficar no meu quarto para evitar ruídos. Vou fechar a porta - alertou e a mãe apenas concordou sem sequer olhar, alheia a tudo a sua volta
Entrei em um quarto muito arrumado e ela fechou a porta atrás da gente. Pude jurar que ouvi sendo trancada.
- Tem certeza que sua mãe não vai se importar? - perguntei
- É apenas para abafar a televisão. Ela sabe disso.
Dei de ombros e esperei. Bianca vestia um vestido branco simples, com um decote comportado, mas pelo tamanho dos seios, ainda sim deixavam a imaginação desenhar o restante.
- Então, o que tem para nós? - perguntei, animado.
- Nada demais, apenas "Romeu e Julieta". A nossa igreja vai apresentar na escola primária.
- Pensei que passariam algum texto bíblico.
- Era a ideia original - admitiu - mas fazemos isso todos os anos e dessa vez, convencemos o pastor a variar.
Ela me passou o texto que mostrou a cena final dos amantes desafortunados. Romeu, acreditando que Julieta estivesse morta, declama seu amor e lamenta sua sorte para, logo depois, cair morto.
Recitei, tendo ela deitada no chão ao meu colo. Quando terminei de falar, ela me interrompe:
- Agora é a parte que você me beija, não? - quis saber
Eu olhei o roteiro e de fato havia essa informação. Mas estava riscada.
- Está riscada - observei.
- Ah sim - e pareceu recordar - Felipe pediu para tirar. Não quer beijo numa peça para crianças. Um exagero, se quer minha opinião.
- Concordo - defendi - uma pena violar um clássico assim - e sorri para ela, em cumplicidade - Então, por Shakespeare - e lhe dei um beijo estalado no rosto.
Rimos juntos.
- Embora, sempre achei a ideia de beijar um cadáver meio mórbida - comentei ao final.
- Não é mórbida, é romântica. E eu não estou morta, só dormindo.
- Pior ainda. É uma violação, não acha? Digo, qual seria a diferença se eu te beijasse ou... Sei lá, fizesse outras coisas contigo enquanto dorme?
Seus olhos faiscaram e ela pôs as mãos no colo em forma de proteção.
- O que se passa por sua mente suja, Fábio. Mendes?
- Nada demais. - apoiei minha mão em sua barriga, para descansar - só... Bem... Tem um monte de coisas que um cara pode fazer e que seriam erradas com alguém desacordado.
- Coisas que você já fez?
Eu sorri amarelo e desviei o olhar.
- Sim... Mas em minha defesa, todas estavam acordadas.
Ela riu.
- Bem, minha vez agora. Você está morto - e se sentou e trocamos de posição.
Então, eu entrei no personagem Romeu que toma do veneno para se unir ao seu amor
Bianca, acima de mim agora, começa a fazer suas declarações de arrependimento. Vendo seu plano de se fingir de morta para convencer as nossas famílias da veracidade de nosso amor sair pela culatra. Assim, quando termina, sinto seus lábios tocarem os meus. Não fiz reação, ainda dentro do meu personagem. Sua mão, sob meu peito, acariciava de leve, quase inocente, e seu seio, próximo de mim, tocava meu braço, onde eu pude sentir a saliência do mamilo rígido.
Bianca inflamava em suas declarações, de corpo e alma ao personagem. Sua mão, as vezes alisava meu corpo, sem deixar claro se aquilo seria atuação ou não. Era boa em dissimular. Sob o pretexto de um ensaio inocente, aquela menina estava dando asas a seus desejos. Se era dissimulação que ela queria, era o que ela teria.
- Desculpe - Falei, de repente e ela não entendeu.
- O que foi?
Eu fingi vergonha e fiquei em silêncio, antes de respirar fundo e falar:
- É que... Faz tempo que não estou com uma mulher tão perto e... Acho que não serei uma boa companhia essa noite.
Então, olhei para minha bermuda e ela seguiu meu olhar. Se assustando quando viu o volume forçar o tecido.
- Desculpe - repeti.
- Ah... Não... Só... Eu não esperava.
- É difícil pra mim, eu tento, sabe, melhorar, mas ... Nada - desisti de tentar explicar, fingindo vergonha
- Não Fábio., tudo bem. A gente sabe que deve ser difícil. Digo... Pra nós, é mais fácil pois nunca fizemos mas, pra você, que já experimentou, é como uma droga. Difícil a abstinência.
- Desculpa perguntar, mas... Você e Oscar estão mesmo... Digo... Se guardando um para o outro?
- Claro. - e sorriu.
- Nossa!
- O que foi? Vai zoar a gente? - e riu com malicia, se fazendo de rogada.
- Não, só... Estou com inveja. Queria eu poder oferecer algo assim para minha futura esposa, mas... Não da mais, né?
- Mas aposto que você tem muitas outras coisas a oferecer.
Ela desviou o rosto, passando rapidamente pelo meu corpo e meu volume, segurando o olhar ao longe.
- Posso fazer uma pergunta? Pessoal? - quis saber.
- Claro, Fábio.
- Vocês nunca... Sentem essa vontade de... Essa coisa que, consome a gente?
Ela riu. Ainda estava deitada ao meu lado, apoiada pelo cotovelo, eu deitado no chão olhando seus cabelos escorrendo em cascata até o chão.
- Claro que sim... Somos humanos. Só... Decidimos nos preservar.
- Entendo. Mas...- então pus a mão na boca e comecei a rir. Me interrompendo.
- O que?
- Nada
- Fala.
- Era besteira da minha cabeça.
- Pode falar, eu não vou rir - prometeu.
Eu então respirei fundo:
- É que... Bem... Vocês poderiam fazer algumas coisas e ainda assim, você continuar biologicamente virgem para o casamento.
Seu rosto corou
- Eu disse que era besteira - lembrei, em defesa.
Ela riu, tentando articular as palavras:
- Nossa! Realmente... Você é uma ovelha negra - e riu - só o famoso Fábio pra mandar uma coisa dessas na cara de uma menina de igreja.
Eu ri.
- Só estou dizendo - me defendi - que eu mesmo já preservei a virgindade de muitas meninas e... Bem... Mesmo assim elas saíram felizes.
Nos encaramos e rimos de novo.
Rimos e rimos até as gargalhadas começarem a perder a força. Estávamos bem perto um do outro. Senti ela se aproximar instintivamente e esperei. Aquele era um jogo de pescaria e eu estava bastante atento ao seu rosto para saber quando era a hora de puxar a linha.
Ainda não.
Foi quando percebi um pouco de receio em seus olhos. Ela ainda estava vacilante e eu tinha de jogar rápido Com esperteza, me antecipei a ela. Antes que ela pudesse me rejeitar, eu agi primeiro.
Virei o rosto e saí de perto, fingindo vergonha novamente e me levantando. Bianca me seguiu e ficou ao seu lado.
- Desculpa, desculpa. Eu... Droga, eu não aprendo. - desabafei. O grupo de teatro da minha cidade estava perdendo meu talento nato.
- Não, eu quem peço desculpas. Sem querer, acabei dando a entender alguma coisa - ela segurou meu ombro. - Eu tinha que saber que isso tudo é muito mais difícil pra você.
- Não, para. Você é uma garota boa. O que está acontecendo, na verdade, qualquer coisa que pudesse ter acontecido, nada seria culpa sua. Sou eu quem sou o problema.
- Não fala assim - Me repreendeu com zelo.
- Por favor, não fala nada pra ninguém. - pedi - O pessoal já tem uma opinião sobre mim e, se falar, aí que vão pensar que eu não presto mesmo.
- Não se preocupe. Aqui tudo vai ficar entre nós - garantiu.
- Obrigado.
Depois disso, ficamos em silêncio. Eu preferia manter o rosto voltado contra ela, para que não visse caso meu lábio tremesse ou eu soltasse um riso involuntário. Estava indo bem.
Ela riu.
- O que foi? - me surpreendi.
- Nada - ela levou a mão a boca, ainda achando graça.
- Fala
- É besteira.
- Pode contar - insisti - Ora, eu me abri pra você.
- Tudo bem. É só... - pensou - uma curiosidade que me ocorreu.
- Qual seria? Acho que já somos amigos o bastante para confidenciar essas coisas.
- Bem... Uma amiga uma vez... Me disse que vocês homens, quando estão muito tempo... Você sabe, como você está... Ficam... Doloridos aí em baixo - e apontou - Isso é verdade ou só uma desculpa para fazer a gente sentir pena de vocês?
Achei graça, mas respondi:
- Dói de verdade. Se você visse como estou, veria como está inchado.
- Na verdade eu não saberia, já que nunca vi um - ponderou.
- Sério?
- Aham. Digo. Já vi em livros e... Bem, assisti um filme uma vez - e sorriu travessa, fazendo sinal para eu guardar segredo.
- Caramba. Você é realmente uma raridade. - e pensei. - Mas... Assim... Você já teve curiosidade? Pode ficar sem responder se quiser - me apressei, mas ela levou na esportiva.
- As vezes - e riu.
Mais silêncio, vi em seus olhos que ela esperava uma oferta a qual jamais se atreveria a pedir. Era minha hora de fazer uma jogada arriscada:
- Você... Quer que eu mostre?
Bianca respirou fundo e olhou em volta. O som da televisão ainda era audível, sinal de que sua mãe ainda estava perdida na ficção.
- Com todo respeito, lógico. Só pra satisfazer uma curiosidade científica - avaliei.
- Bem, pensando assim.
- Será uma coisa nossa. Não têm porque ninguém saber.
Mais silêncio e, vendo que ela jamais pediria, mas também não fugiria, eu abri o zíper e arriei a bermuda. Depois a cueca, pegando meu órgão e mostrando. Já duro e meio úmido.
Bianca arregalou os olhos, desviou e então voltou a olhar, parecendo não acreditar. Respirou fundo, parecendo nervosa, como se estivesse diante de algo igualmente belo e perigoso.
- Aqui - e indiquei o saco, levantando meu órgão - normalmente não é inchado assim. Estou com muita coisa acumulada - e sorri sem graça.
Bianca agora não tirava os olhos dele, fascinada.
- Pode tocar - ofereci - Está com coleira. - e ri.
Ela então, com cuidado, como se estivesse pegando em uma cobra, tocou meu órgão, com a ponta dos dedos os dedos e depois, com mais coragem, o envolveu por completo.
- Nossa - apertou, sentindo o calor e a rigidez da carne
Eu esperei em silêncio, deixando-a livre para fazer sua análise. Embora eu estivesse doido de vontade para arrancar aquele vestido e fuder ela no chão mesmo. O lobo segurava ao máximo o rosnado que crescia em seu interior. A presa, tão próxima, aumentava sua fome. Mas ela ainda podia escapar. Ele tinha que segurar sua posição mais um pouco.
- Uma dúvida... - falou sem me olhar - São todos... Tão grandes assim?
- Bem - me fiz de humilde - Digamos que o Senhor me abençoou de muitas formas.
Rimos da minha blasfêmia, aliviando a tensão do momento.
Mas o que mais me deixava satisfeito era ver que ela não o largava, acariciando como se fosse algum tesouro.
Me permiti gemer baixinho, atraindo sua atenção.
- Desculpa. É que... Não liga pra mim.
Mas ela não estava mais tão na defensiva e o apertou com força, puxando a pele e revelando a cabeça. Eu segurei o gemido, sentindo meu pau pulsar entre seus dedos.
- Qual a sensação? - ela me encarava.
Controlei a respiração e respondi:
- Não dá pra explicar. Deixa eu mostrar.
Com cuidado, pus a mão em seu ombro e empurrei uma alça do vestido. Ela me olhou assustada, mas eu nada falei. Descobri um de seus seios e o massageei. Ela, paralisada, me olhava nos olhos ainda massageando meu pau.
Tirei a outra alça e acariciei os dois com carinho. Alisando, com o polegar, os mamilos.
- Nossa. São lindos - elogiei, enquanto ela fechava os olhos e mordia o lábio para não gemer.
Naquela altura, ela apertava meu órgão como se fosse o arrancar e tal força só me enchia mais de prazer.
Desci um pouco e lambi um, beijei, segurando com os lábios o mamilo. Repeti no outro. Tudo com calma e carinho. Senti que suas pernas fraquejavam, então eu a ajudei a se deitar no chão, ficando por cima dela. Abaixei seu vestido até a barriga e continuei a devorar seus seios. Então, passei a mão por suas pernas adentrei a saia, quando segurei sua calcinha, ela agarrou meus braços, assustada.
- Não se preocupa - sibilei - prometo que não vou lhe tomar a virgindade. Ela será preservada pro seu casamento.
Uma mão soltou, mas a outra ficou.
- Confia em mim. Somos amigos, não?
Ela então largou e eu deslizei o tecido por suas pernas e as abri. Me posicionei entre elas. Beijei seu joelho, lambendo a coxa. Fui descendo e, quando cheguei bem próximo da região quente entre suas pernas, troquei de lado, fazendo ela ter um pequeno espasmo.
Repeti aquela brincadeira perversa mais um pouco. Então, deitei por cima dela. A cabeça de meu pau tocou em sua entrada. Estava quente e úmida. Uma leve pressão e eu a penetraria, de tão lubrificada.
- Fica calma - pedi baixinho. - Vou manter minha promessa.
Deixei apenas a glande roçar as paredes, num esforço hercúleo para não meter. Voltei a beijar seus seios, seu pescoço, rosto. Bianca, tão vulnerável, não parecia saber se sentia medo ou tesão. Seus gestos eram confusos. Seu corpo tremia. Quase nua, ela se agarrava ao pedaço amarrotado de tecido, que antes era um vestido comportado, em meio a seu corpo. Só o largava hora ou outra, entre um espasmo e outro. Suas mãos, hora me alisavam, hora me batiam, num espasmo de susto. Seus olhos lacrimejavam e seus gemidos pareciam choros em algumas vezes e ela se assustava cada vez que eu descia o rosto e lhe lambia uma parte do corpo, como num bote.
Aquela garota, sempre tão confiante, estava a minha mercê. Dava para entender porque parecia ter medo. Eu podia fazer o que quisesse com ela e ela deixaria. Não, ela imploraria. Sentir-se vulnerável assim devia ser algo muito novo para ela.
No começo, admito, duvidei de sua declarada virgindade. Mas a vendo assim, tão perdida em meio aos próprios sentimentos, não tive mais dúvidas. Me bateu uma vontade louca de tomar aquilo dela, de ser o primeiro entre suas pernas. Sabia que ela não me negaria, mas lutei contra esse desejo
Primeiro, porque havia prometido, segundo, porque estava divertido demais aquele jogo
O lobo havia feito sua primeira presa naquele rebanho. A ovelha abatida, esperava apenas o momento de ser devorada. Eu não conseguiria fazer ela esperar por muito mais tempo e com as presas cheias d'água, desci mais uma vez o rosto, desta vez entre suas pernas, e lhe dei o último beijo. Um que fez seu corpo sofrer um violento arrebatamento e Bianca teve de levar as mãos correndo até a boca para não gritar.
***
E ai, pessoal. O que estão achando?
Esse é o primeiro capítulo com uma temática mais bissexual, coisa que já quero escrever tem um tempo e arrisquei em contos como “As coisas que faço por amor” e “Os casos da senhora Teles”
Não sei vocês, mas sempre tive fetiches nessa área, embora, admito, não seja um praticante rsrs,
Pois bem, chega de falar de mim, até a próxima semana com mais um capítulo fresquinho. O que será que Fábio vai aprontar nesse passeio com Oscar?
Lembrando que o livro “Diários de caça” está disponível completinho para venda em e-book ou para leitura no Kindle Unilimited, e a quem interessar, basta acessar o link abaixo:
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