7 - Urros e Gemidos no Jazigo

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 1220 palavras
Data: 04/10/2022 20:11:11
Última revisão: 04/10/2022 20:31:47

Encontrei meu pai na esquina de sempre num meio de semana à noite para visitarmos um futuro cliente.

— Este bacana pagará bem pelos seus serviços de massagista.

No caminho ficou dando instruções:

— Você poderia aproveitar a hora H, quando os hormônios estiverem tirando a razão dos caras, e usar seu jeitinho para conseguir aumentar o cachê. Finja desconhecimento dizendo que você ganha somente para fazer a massagem com finalização, mas sem penetração. Depois negocie com eles.

— Você faz parecer tão fácil, mas na hora "H" é difícil pra porra manter o foco no financeiro — retruquei — mas tenho me esforçado e até consegui um extra no segundo encontro, não foi?

— Mandou bem, anjinho, continue assim e obteremos ainda mais lucro.

"Obteremos" — pensei debochando dele — quem abre as pernas e leva na bunda sou eu.

Somente quando chegamos fui informada de estarmos num velório.

Pouco depois fui apresentada ao seu Tertúlio, um provável cliente do nosso negócio de massagens. Em uma conversa rápida combinei de encontrá-lo em sua loja no início da noite da próxima sexta-feira.

***

No dia combinado escolhi um vestido tubinho preto, um dos meus queridinhos para baladas. A intenção era parecer sensual e provocante, sempre. Completei o figurino com um casaco de couro quentinho devido ao frio de 14 graus.

Cheguei lá de Uber, só então descobri tratar-se de uma loja de jazigos. O seu Tertúlio me aguardava na recepção. Depois dos beijinhos fomos para sua sala. Ele disse ser o proprietário do negócio.

— Aqui tá um quentinho gostoso, lá fora tá um frio danado. — O senhor está sozinho?

— Sim, ninguém irá atrapalhar nosso momento de privacidade.

— Mas nós vamos sair, não é?

— Não, meu anjo, aqui é bem confortável e temos de tudo: bebidas, queijo, sushi, morango. Você vai gostar.

— E sua esposa?

— A patroa talvez chegue mais tarde, precisou ir a um compromisso de última hora. Começaremos sem ela.

Estaria mais segura com a presença da mulher — pensei — bateu um medinho de estar sozinha com o homem naquele lugar com cara de cemitério.

— Fique mais à vontade, Nicole, o aquecedor está ligado.

Tirei o casaco e o homem teceu elogios como se tivesse nua. Talvez fosse pelo fato de não estar usando roupas íntimas. O vestido leve e provocante, assim como a meia calça, eram os únicos tecidos sobre meu corpo naquele instante.

— Saltos altos realçam ainda mais a sua beleza, Nicole.

Sua atenção não se limitou ao meu scarpin, evidente, os saltos altos também levantam o bumbum.

De olhos fixos em mim, despiu-se do paletó, da gravata e abriu dois botões da camisa. O seu olhar de predador causou inquietação, mas as referências erotizadas e vulgares ditas a respeito do meu corpo, era pura sedução. Medo e tesão servidos em pequenas doses.

Fiquei animada quando pegou um champanhe no frigobar, nos serviu e brindamos ao encontro. Com nossos corpos tão próximos, senti a fragrância suave do perfume másculo ao ouvir seus murmúrios de desejo por mim. O clima de erotismo impregnou o ar e rolaram alguns amassos.

Demos mais uma sequência de goles na bebida, e perguntei onde lhe faria a massagem. Não havia nada apropriado no ambiente.

Ele apontou para uma porta.

— Ali dentro. É o meu cantinho preferido. Tenho fetiche por claustrofilia. Já ouviu falar?

Eu confundi com claustrofobia e o coroa explicou a diferença. Claustrofilia é a excitação causada por confinamento em ambientes minúsculos e escondidos, tipo cômodos pequenos.

Quando ele abriu a porta do cômodo, me arrepiei todinha ao ver duas casinhas de colocar defuntos, uma ao lado da outra. Fiquei sabendo que o nome era "jazigo igreja". Fui levada defronte uma delas. No interior havia um balcão de granito que ocupava quase todo o interior da casinha que também era toda construída de granito, inclusive o teto em V invertido. Sobre o balcão havia um colchão inflável.

— É aqui que vamos nos divertir — disse o tiozão com um sorriso mordaz.

— O senhor tá zoando, né? Não é aí que vai o caixão?

— Este é só um modelo para exposição, nunca foi colocado urnas funerárias aí.

— Isso é sinistro. Olha como fiquei arrepiadinha.

— Pensei que fosse gostar, minha linda, seu Flávio disse que você curte novidades.

— Essa é uma parada bem diferente, seu Flávio não havia compartilhado este detalhe comigo. Mas tudo bem, só preciso ter mais uma taça de champanhe, por favor? Assim meu medinho passará logo, espero.

Estava na minha terceira taça do espumante, nua nos seus braços peludos, carregada como uma noiva em noite de núpcias. Adentramos o Jazigo e fui deitada com carinho sobre o colchão. O lugar sinistro me deu calafrios. No entanto, suas mãos deslizando o gel em meu corpo causavam arrepios de puro prazer.

Invertemos a posição, era minha vez de lubrificar seu corpo. Meu plano era excitá-lo ao máximo, reduzir o tempo da massagem e chegar logo aos finalmentes para poder ir embora.

Dei prioridade aos contatos mais eróticos tocando e chupando seu pau, mesmo ele estando de barriga para baixo.

Instantes depois ele virou, eu fiquei de costas pra ele, sentei em seu pênis tombado para cima e deslizei minha boceta indo e vindo no nervo roliço. A sensação de senti-lo esfregando em meus grandes lábios, era tão boa como se ele estivesse dentro.

O incômodo ficou por conta de um espelho escuro e enorme na parede à minha frente que refletia a minha imagem de corpo inteiro, trepada sobre o coroa. Pra que um espelho num túmulo?

O espelho que se foda — pensei —, voltei minha atenção a um membro ousado prestes a possuir-me.

O homem forçou a entrada do meu sexo e consumou a invasão segurando em meus quadris. Eu mesma teria feito isso em mais alguns segundos. O desejo de tê-lo dentro era enorme, assim como a vontade de sair logo daquela espécie de túmulo.

Todavia, ignorei o lado fúnebre da situação quando ele bombou fundo e gostoso motivando meu ronronar como gata no cio.

Ele gozou e me fez gozar, mas o danado do coroa ainda estava cheio de fôlego, pegou-me de quatro, virada para o espelho. Assisti nossos corpos colados e sua expressão de sacana estocando firme e sem pressa de acabar. Banquei a putinha exagerando nos gemidos e rebolado, manipulando o homem para agilizar seu gozo.

Os minutos voaram e eu dei pro tiozão muito além do combinado e do pretendido para aquele encontro. Era minha hora de ir, falei. Só então seu Tertúlio revelou que sua mulher era voyeur e estava o tempo todo nos observando por aquele espelho falso. Era igual às salas de interrogatório em filmes policiais, concluiu.

A dona se excita ao ver o marido fazendo sexo com outras mulheres e chega ao orgasmo tocando seu corpo.

— É brincadeira, né? — perguntei incrédula.

Era fato, a mulher juntou-se a nós e deixou-me ainda mais constrangida.

Fui embora sentindo um puta desconforto com tudo que passei. Nem mesmo o extra generoso que ele me deu mudaria minha decisão de nunca mais aceitar um encontro bizarro com eles.

Na volta pra casa liguei para meu pai:

— Você sabia desse lance do Jazigo, seu Flávio?

— Achei melhor não antecipar nada, Nicole, ou você desistiria. Ele pagou o dobro, é um ótimo cliente da corretora. Perdoa o papai!

— Você me paga, viu?! — falei cheia de ira ao encerrar a ligação.

Por hora é isso.

Meu agradecimento a todos vocês.

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Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 112Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

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