Por causa do homem misterioso, Noslen mal aproveitou o restante do fim de semana. Ele só queria resolver essa pendência. Os seus amigos fizeram de tudo para distraí-lo desses pensamentos flutuantes. Até durante a disputa de karaokê, o jovem venezuelano se viu preso ao mistério do tal homem.
— E nessa loucura de dizer que não te quero! — Enzo exclamou a primeira frase do refrão de uma maneira muito animada, culpa do álcool. — Vou negando as aparências e disfarçando as evidências. Mas pra que viver fingindo Se eu não posso enganar meu coração? Eu sei que te amo! — os amigos cantavam e gritavam junto ao jovem empresário.
Depois de muita bebida e comida, os casais foram para os seus respectivos quartos. Noslen precisou carregar Enzo para a cabana e o ajudou a tirar a roupa.
— O que o meu venezuelano favorito tem? — questionou Enzo, visivelmente embriagado.
— Ah, eu sou o seu venezuelano favorito? Espero que seja o único. — desconversou Noslen, que deu um beijo na bochecha de Enzo.
— Você não tem noção do quanto eu gosto de você. — soltou Enzo, deixando Noslen vermelho e bobão, tanto que ele tropeçou no tapete ao ir trancar a porta.
Enquanto o grupo se divertia no sítio, o empresário Ian D'ávila conversava com um detetive. Sim, ele contratou um detetive particular para saber os podres dos seus desafetos. O seu foco principal foi Diana, que estava lhe tirando do sério.
De acordo com o detetive, a moça morava com sua família e, aparentemente, não despertava nenhuma suspeita, porém, a sua certidão de nascimento ainda era um mistério. O investigador não encontrou nenhum traço do nascimento da jovem, ou seja, Diana provavelmente era adotada.
— Mas no que isso vai me servir? — questionou Ian, cruzando as pernas e tomando uma xícara de chá.
— Bem, acho que você vai me agradecer de joelhos. — garantiu o detetive entregando um documento para Ian. — Esse é um teste de confidencialidade. Olha de quem é a assinatura?
— Não me fode. — soltou Ian ao ler a assinatura do documento.
Uma pessoa possui diversas virtudes. Alguns são bons em trabalhos manuais, outros são mais estrategistas. Para Enzo, o esporte não é uma opção. Ele até tentava, ainda mais com o apoio do irmão, só que Enzo e esporte não falavam a mesma língua.
Durante um jogo de vôlei, o jovem empresário parecia uma barata tonta no meio do campo. Ele recebia dicas do Noslen e Erick, mas não conseguia pontuar ou 'salvar' a bola. Nem precisa dizer que o time deles perdeu de lavada.
Depois do frustrante jogo, o grupo decidiu relaxar na piscina. Até que os rapazes começaram a se animar para jogar futebol. Os únicos que ficaram na piscina foram Enzo, Santino e Ned, o namorado do irmão de Santino.
— A Giovanna e a Celina estão demorando, né? — questionou Enzo.
— E nem vão voltar tão cedo. Elas estão pintando os cabelos da perna. — contou Ned, um rapaz bonito e magro, que trabalhava como ator e modelo. — Mas me conta, Enzo. O Noslen ainda está com problema de memória?
— Sim. Ele tem uns lapsos, mas ainda não lembra de nada. — Enzo explicou sobre os sonhos de Noslen e impressionou os amigos.
— Isso parece coisa de novela. — salientou Ned, que destacou a presença do homem misterioso.
— Eu sei que o Noslen está fingindo estar de boa. Ele se preocupa muito, principalmente, devido a falta de memória. — disse Enzo, antes de beber um gole de cerveja.
— Espero que esse homem sirva para alguma coisa. O Noslen é um cara legal. Ele precisa lembrar da vida dele para seguir em frente. — afirmou Santino. O namorado de Kleber acreditava no potencial artístico do venezuelano.
— Você acha que é um artista? — perguntou Ned. O jovem acreditava que o talento de Noslen é uma espécie de memória escondida. — Existem certas coisas que já estão dentro de nós.
— Pode ser. Eu, realmente, espero que tudo dê certo. — Enzo desejou.
Driblar e passar. Essa era a especialidade de Noslen no futebol. O venezuelano fez uma ótima dobradinha com Kleber. Os dois conseguiram marcar vários gols para o desespero do time adversário.
O coitado do Erick até tentava, mas não conseguia se sair tão bem. O irmão de Enzo corria de um lado para o outro, dando trabalho para os seus colegas de equipe.
— Ei, Erick. — Richard, o irmão de Giovanna, chamou a atenção do policial. — Tem certeza que você é policial? Pensei que vocês tivessem um físico melhor.
— É culpa do campo. — desconversou o policial ofegante e todo suado.
— Claro. — resmungou Sérgio, o melhor amigo de Santino. — Desculpa esfarrapada de quem é ruim.
— Tempo! — gritou Kleber com uma dor no joelho. — Para mim já deu, galera. O joelho está horrível.
— Como sempre o primeiro a desistir, né? — alfinetou Sérgio, pegando a bola e rolando no dedo.
— Claro, lembra quando eu me quebrei todo por sua causa, que se uniu ao meu ex-namorado maluco? — Kleber conseguiu calar a boca de Sérgio e seguiu para o chuveiro para lavar o corpo.
— Ele tentou te matar mesmo? — questionou Noslen, esperando a sua vez para lavar o corpo. — O Enzo que me contou.
— O cara é doido. Sempre pegou no pé do Santino, mas o meu namorado é um anjo e o perdoou. E, sim, ele se uniu ao meu ex-namorado para me separar do Santino, só que hoje estamos de "boas". — Kleber contou, fazendo aspas com as mãos. — Ele é inofensivo. — saindo e dando lugar para Noslen.
— Ele me lembra muito o Ian. — comentou Noslen ligando o chuveiro. — O cara também é sinistro.
Realmente, o Ian é um cara que pode meter medo em muitas pessoas, ainda mais quando ele se sente ameaçado. Naquele sábado, Diana chegou para pegar alguns documentos na empresa e não contava com uma surpresa desagradável.
— Olha só, a secretária cadela. — soltou Ian, assustando Diana, que reagiu com um grito.
— Seu filho da puta. — esbravejou Diana, deixando a bolsa sobre a mesa e se aproximando de Ian. — Você perdeu a noção do perigo?
— Talvez sim, talvez não, irmã. — disse o empresário, que deixou a secretária boquiaberta. — Quando você ia me contar que é filha do meu pai? É por isso que você aguentou todos esses meses de humilhação?
— Eu...
— É por isso que você armou esse plano sórdido contra o Enzo? O que você ganha com isso?! — gritou Ian deixando algumas lágrimas descerem pelo seu rosto. — Diana, eu confiei em você. Eu não acredito que tramou pelas minhas costas e tentou prejudicar a empresa.
— Eu...
Diana estava paralisada. O seu segredo mais profundo acabou vindo à tona e Ian aproveitou a oportunidade para derrubar dois coelhos com uma cajadada. O empresário fez a atuação de sua vida e virou o jogo contra a secretária, que apenas chorava ao ser confrontada.
— Conta, Diana! — gritou Ian, assustando a moça. — Você sabia que era filho do Oswaldo? Porque ele sabia sobre você. Tanto que te deu para adoção. Isso tudo foi um plano para se vingar de mim?
— Eu descobri através dos meus pais adotivos. Eu procurei o teu pai e ele me expulsou. Pensei em te procurar para pedir ajuda, mas você é pior do que ele. — Diana tentou justificar os seus atos, mas não percebeu que estava caindo em uma armadilha de Ian.
— Porque você se juntou ao Benjamim? — quis saber Ian, fazendo uma pergunta genuína, porque morria de curiosidade para saber sobre a relação dos dois.
— Vingança. Você lembra muito o teu pai. Eu só queria te causar dor. Você sempre me destratou e julgou. Eu era a tua irmã, você deveria me respeitar. — revelou Diana aos prantos e parecendo descontrolado.
— Diana, — Ian se aproximou e abraçou a irmã. — eu sinto muito. Você deveria ter me contado e evitariamos toda essa história. Eu vou te ajudar, irmã. Vamos procurar os seus direitos.
— Obrigada, irmão. — se entregando ao abraço do irmão acreditando na bondade dentro dele.
— Não se preocupe. — garantiu Ian, dando um sorriso sínico e acariciando os cabeços de Diana. — Vai dar tudo certo.
No fim do sábado, o grupo decidiu fazer uma fogueira no sítio e aproveitaram os talentos musicais de Sérgio. Eles cantaram várias músicas conhecidas. Cansado de tentar uma oportunidade de pedir Enzo em namoro, Noslen pegou na mão do seu crush e o levou para uma área mais afastada.
— O que é isso, Noslen? Tá tudo bem?
— Sim, eu estou bem. É que... é que... eu gosto muito de você. — de repente, o coração de Noslen começou a palpitar mais forte. — Eu sei que não estou aos teus pés. Preciso evoluir muito para alcançar os meus objetivos...
— Não, Noslen. Eu não acho que você é inferior a mim. Eu também gosto muito de você. Na verdade, eu te amo. A gente se conhece há quase quatro meses e não imagino a minha vida sem você. — garantiu Enzo, tocando com carinho no rosto do venezuelano.
— O seu toque é tudo o que eu preciso para viver, Enzo. — disse Noslen retribuindo o carinho. — Você, você quer namorar comigo?
— Sim! — gritou Enzo, chamando a atenção dos amigos, que logo entenderam o motivo da euforia do jovem.
— Estão namorando! — falou Giovanna, que já estava alta devido ao álcool.
— Parabéns! — Celina e Erick parabenizaram o casal.
— Isso é tão romântico. — comentou Santino, abraçando e beijando Kleber.
— O meu pedido de namoro foi na parada do ônibus. — lamentou Ned, puxando a orelha de Richard.
— Ei, eu não tenho culpa. Você que estava apressado para namorar. — o irmão de Santino se defendeu e abraçou o namorado. — Mas você curtiu o que aconteceu depois do pedido de namoro. A melhor transa dentro de um carro.
— Idiota. — repreendeu Ned ficando vermelho.
— Somos namorados? — quis saber Enzo, quase chorando.
— Sim. Ah, Enzo, antes que eu esqueça, eu também te amo. — beijando o namorado.