Era uma casa antiga, com linhas retas, janelas grandes, bem iluminada, paredes com azulejos lembrando Athos Bulcão, dois andares, com quartos e salas amplas, moderna para a época em que foi construída, um estilo arquitetônico que lembrava Brasília que estava surgindo na época.
Havia várias sendo construídas no mesmo estilo pelo país afora. Hoje a grande maioria foi derrubada e em seu lugar surgiram edifícios convencionais nada muito ousado, apenas pragmático.
Comprei a casa depois que os familiares entraram num acordo e resolveram colocar a venda o imóvel que pertencera aos pais falecidos há alguns anos.
Praticamente não havia necessidade de uma grande reforma, a não ser renovar a pintura e trocar os pisos de tacos de madeira antigos por um porcelanato mais prático que deixou a casa ainda mais bela e luminosa.
Quando vistei o imóvel a primeira vez me chamou a atenção o enorme espelho que ocupava uma das paredes de uma das salas que havia no primeiro andar. Os quartos ficavam no andar superior.
- Dizem que não é um espelho qualquer, não é vidro comum, mas um cristal importado da Europa. Não sei se polonês ou búlgaro.
- É diferente. Tem um brilho estranho, parece meio envelhecido.
- Verdade. Eu gosto, mas se você preferir retirar acho que não haverá problema. Só vai custar mais caro Samantha. Se eu pudesse comprava de você. Algo nele me atrai, não sei o que é.
- Bom se eu decidir pela casa, quem sabe a gente não negocia?
- Quem dera, além de provavelmente acabar se quebrando, ainda por cima não tenho uma parede tão comprida no meu apartamento. Eu sou apenas uma vendedora de imóveis Sam, não ganho tanto assim.
- Porque alguém colocaria uma parede inteira com um espelho assim? Não sei como não se quebrou durante esses anos todos.
- Dizem que ele é mágico.
- Como mágico? Que estória é essa Morgana?
- É o que me disseram. É claro que é só uma lenda. Sabe como são as pessoas, vão inventando estórias para o que não entendem.
- Mas mágico como? Se eu pedir ele me deixa rica? Me ajuda a encontrar o grande amor da minha vida? Ando precisando de alguém para ajudar a pagar as contas. Ainda mais se eu fechar negócio com você.
- Não, disseram que ele realiza os seus desejos mais pessoais. Os mais profundos, aqueles que você nem sabe que existem.
- O espelho tem o poder de ler a mente da gente?
- Algo assim, mas desde que você sabia falar as palavras mágicas.
- Que palavras mágicas?
- O problema é esse ninguém sabe. E os que sabiam já não estão mais entre nós.
Acabei comprando, apesar de muito maior do que eu precisava, afinal eu moro sozinha. A casa era a realização de um sonho antigo, da adolescência, de morar num lugar que parecesse um palácio. E esse era um palácio moderno e que tinha um espelho mágico! Que garota não sonha com isso? Eu confesso que me fascina ficar me admirando num espelho, qual de nós não gosta de se admirar na frente de um?
Depois de mais de quatro meses acabei me mudando, finalmente, foi um alívio me livrar da arquiteta e as suas ideias mirabolantes. Principalmente para os armários e os móveis, ficou mais caro do que eu esperava.
- E então Samantha gostou?
- Lindo Serena, olha, melhor do que eu imaginava. Só demorou um bocado, já não aguentava mais morar naquele flat.
- Espaço é o que não vai faltar aqui. Também não sei pra que uma casa tão grande, só vai morar você!
- Desejo antigo, coisa antiga. Morar num palácio de cristal, você não?
- Tem muito vidro, mas cristal mesmo, é só nessa sala. Olha o tamanho desse espelho, que loucura! Não sei como até hoje está inteiro.
- Nem seu pessoal conseguiu trincar o vidro?
- Não, e é um cristal puríssimo, uma coisa muito bem feita. Como será que transportaram da Europa naquela época?
- Me contaram que ele é mágico. Que é capaz de ler os desejos das pessoas. Você acredita?
- Era só o que faltava num palácio de princesa. Então cuidado com o que você pensa, ele pode te transformar numa outra Samantha que nem você conhece.
- É mais pra isso tem que falar umas palavras mágicas que ninguém conhece.
- Eu gosto dele. Quando a gente passa a mão...
- O que?
- Passa a mão pra você ver. Parece líquido, como se fosse a superfície de um lago. Tem um som, ouve. Um som de copos de cristais sendo tocados. Está sentindo? Muito de leve...
- Ai Serena, que isso! Que loucura! Tem mesmo, tô ouvindo.
- Parece que a gente, mais um pouco, entra do outro lado. Escorrega num outro mundo.
- Bem que eu gostaria. Você não? Hummm... gostoso de tocar, e esse som. De onde será que vem? Que estranho!
- Não faço a menor ideia. Nunca vi nada parecido. Bom, é isso. Você tem um brinquedinho ai para te relaxar quando precisar. Aliás, onde está? Um dos rapazes encontrou... achei! Pega, estava incrustado na borda de gesso do espelho que você pediu pra substituir.
- Que isso?
- Sei lá. Um tipo diferente de papel, parece uma seda. Tem umas palavras escritas nele. Pra mim é grego.
Bom, grego não era. Eu tinha um amigo, um desses estudiosos de línguas antigas. Deixei o papelucho com ele e um tempo depois de muito estudar ele descobriu que se tratava de um eslavo antigo.
- Seculo X, bem lá do começo. Quando os padres ortodoxos começaram a levar o cristianismo para aquela região. Vê essa palavra aqui, uma forma bem rudimentar para dizer que alguém tem o poder de conhecer ou transmutar algo ou alguém, dependendo do contexto. Línguas antigas tem essa característica, são menos elaboradas e as palavras tem mais de um significado.
- Mas o que significa afinal?
- Ė uma estrofe. Tem uma rima, na língua deles, mas em tradução livre seria algo como:
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"O prazer da alma principia na carne
Se queres conhecer os teus segredos
Diga ao reflexo as palavras mágicas"
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- As tais palavras mágicas de que me falaram, mas que palavras são essas? Elas estão aí?
- Demorei para encontrar. Elas não são visíveis.
- Não entendi.
- Olhando para o papel assim, não se vê nada, tenta. Mas olhando na contra luz. Aparece algo escrito. Está vendo as palavras se formando. Descobri sem querer.
- Nossa, é mesmo. Cada vez mais misterioso, não acha? Tá, mas o que significa? Você me deixou curiosa.
- É outro verso, que diz algo assim:
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"O meu querer é o seu poder
O meu reflexo é quem eu sou
O meu desejo é o que a imagem quer."
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- Enigmático. Uma charada ou basta dizer essas palavras na frente do espelho?
- Provavelmente. Mas não em português, imagino que funciona, 'se' funcionar. Se for em eslavo, e bem falado.
- E o que é que vai acontecer?
Mervin, aquele sacana, deu um sorrisinho cínico, coçou o cavanhaque, e me devolveu o papel acetinado entre os dedos.
- Acho que você é que vai nos contar minha querida. O que será que vai acontecer?
***
Eu estava há mais de uma hora olhando para aquele espelho feito uma idiota e falando algo que eu nem tinha certeza se era pronúncia certa:
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"Moja vôľa je tvoja moc
Môj odraz je to, kar sem
Mojou túžbou je to, čo chce obraz."
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E nada, nada!
- Merda!! Isso não funciona.
Eu já tinha perdido a paciência, falava alto para os meus ouvidos. Mas não adiantava nada, no final eu só olhava para uma imagem descabelada rindo pra mim e que nem se parecia comigo.
- Cínica! Tira esse sorriso idiota do rosto sua burra!
Eu xingava a mim mesma. Me encarei no reflexo, sempre tive uma certa dificuldade de aceitar que aquela que me olhava do outro lado de um espelho era eu mesma. Nunca consegui me olhar nos olhos por muito tempo. Eu gostava de me exibir, de admirar os cabelos, os ombros, seios, as pernas. Mas os olhos sempre foram um limite pra mim.
Parecia que eu ia ser tragada por aquele olhar. Como se ela fosse eu e eu não fosse nada, apenas um reflexo de alguém que eu não sabia quem realmente era. Minha contradição, o sonho de viver dentro de um espelho, protegida, cristalina e bela. E esse medo do que o olhar no reflexo podia fazer comigo.
- Ai, deixe de filosofias Samantha, chega, tô cansada!
Ouvi o rugido de um trovão e o barulho da ventania, olhei as horas eram quase onze da noite. Nem tinha percebido que uma chuva se aproximava. Chuva nada, uma baita tempestade.
Sai correndo fechando portas e janelas antes que a tempestade desabasse. Acabei esquecendo do mantra que o meu amigo me ensinara e que pelo jeito não funcionava. Fui tomar um banho quente, relaxante. Nossa, como eu estava cansada, muito mais do que imaginava.
Sai do banho me enxugando, o barulho da chuva descendo forte lá fora, as janelas vibrando com a ventania. Fui vestir a camisola . Não sei por que, resolvi colocar uma nova, de seda, uma azulada de alças que descia até os pés, linda, fazia tempos que não usava. Semi transparente que valorizava as formas, realçava os seios. Elegante e sensual. Simplesmente me deu vontade na hora.
Não coloquei a calcinha e me enfiei debaixo dos cobertores, tiritando de frio, mas o barulho da chuva e a cama quente, eu não demorei para me sentir confortável e adormeci.
***
Eram umas gargalhadas estridentes ao longe, as vozes estranhas grunhindo nos meus ouvidos. Eu tinha consciência que sonhava e, no entanto, o sonho continuava e continuava, às vezes mais nublado, às vezes em imagens vivas. Eu mais sentia do que via alguma coisa.
Uma mão estranha e grande de dedos longos e unhas pontudas. Uma pele oleosa e fria lembrando escamas desceu a alça da camisola. Revelou um seio cheio, o tamanho ideal para ser apreciado e acariciado. A mão fria me excitava a pele e a mente. Me arrepiava o corpo inteiro.
Vi o sorriso da criatura escamosa mostrando os dentes triangulares, de pontas finas serrilhadas. A surpresa se misturou com excitação quando senti uma mordida me arranhando a pele do pescoço e o ombro. Os dois seios acariciados pelas mãos geladas e a mordida me rasgando a pele.
Os gemidos ficaram mais nítidos. Comecei a ouvir risadas femininas, gritos agudos e lascivos. Suspiros e rangidos, lamúrias de mulheres sendo bolinadas. Excitadas ao extremo, as vozes obcenas, abusadas.
O ser estranho me apertando os seios, me beliscando os biquinhos, a saliva a escorrer pelo meu ombro. As marcas vermelhas na minha pele, a dor e o espanto se somando ao desejo e a perversão.
Só então eu percebi o rosto do homem, a criatura escamosa, refletido num espelho. A pele lembrando um couro brilhante, verde azulado, sem pelos ou cabelos. O nariz reduzido a duas entradas mínimas, uma boca sem lábios. Haviam guelras nas laterais do pescoço, onde deveriam estar as orelhas. Mas o que chamava a atenção eram os enormes olhos enviesados, negros e brilhantes. Um olhar envolvente, hipnótico a me domar o medo. Ainda mais quando ele me lambia a pele com uma língua bifurcada e longa. Áspera, que me provocou nojo, mas aos poucos me fez arrepiar o corpo inteiro.
Senti mesmo minha bucetinha pulsar, o suor e um muco a escorrer dos meus lábios íntimos. Fechei as pernas apertando, esfregando, movendo as coxas a me incendiar de desejo e isso se misturando com o espanto. Me fazendo vivenciar sensações tão diferentes, ao mesmo tempo.
Ainda mais ouvindo as vozes, os gritos das mulheres se beijando, se amando. Elas se esfregando, se movendo. Os chiados, os rangidos das duas se tocando e no final gozando e gritando como duas vagabundas.
Empinei a bucetinha, a testa dura acariciada na seda da camisola, meus pentelhos ficando úmidos. O monstro peixe me mordeu com força o pescoço. A dor da mordida, senti as gotas do sangue quente escorrendo até o seio. As mãos fortes me esmagando os peitos.
Veio a descarga elétrica de um raio, a luz azulada, refletida no espelho. Ouvi o estrondo de um trovão fazendo estremecer as janelas. Vi no reflexo o desenho de um crânio. Minhas sensações no ponto máximo, e o crânio foi ganhando forma, carne. Foi surgindo um rosto sorrindo pra mim.
A tal imagem moveu os lábios e eu ouvi a minha voz cantando os versos naquela língua estranha:
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"Moja vôľa je tvoja moc
Môj odraz je to, kar sem
Mojou túžbou je to, čo chce obraz.
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Moja vôľa je tvoja moc
Môj odraz je to, kar sem
Mojou túžbou je to, čo chce obraz."
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O medo e o susto foram diminuindo. Só o tesão sem razão tomando conta de mim. Senti a camisola cair ao chão, admirei a forma nua no espelho, linda, bela e um jeito de safada que eu desconhecia. Meus dedos me tocaram a vagina. AMEI, amei fazer isso pra mim, bem vagabunda me tocando desavergonhada, exibindo os lábios, abrindo e me furando com os dedos. Feito uma PUTA. Me possuindo na frente daquela da mulher refletida no espelho, mostrando a ela como gosto, como eu posso ser quem eu quero!
- Aaaahhh!! Putinha, goza! Goza pra ela, pra mim!
Os dedos agitados e molhados me me excitando o grelo, me abrindo a xana, aaaa!! Ooooo!!! Me fodendo, só pra ela, por ela, pra mim. Me olhei nos olhos e mostrei quem eu sou de verdade. Goza pra mim, putinha!! O orgasmo saiu como um jorro, um mijo longo molhando o espelho e o piso. Um grito acompanhado de um coral de vozes cantando os versos na língua estranha:
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"Moja vôľa je tvoja moc
Môj odraz je to, kar sem
Mojou túžbou je to, čo chce obraz."
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Um novo raio rasgou o espelho. O tiro forte de um trovão machucando meus ouvidos. A ventania soprando aguda pelas frestas da casa. Custei a entender que eu estava na sala do espelho, nem faço ideia de como cheguei ali.
O frio me deixando arrepiada, a camisola sobre os meus pés, a ardência da mordida, o sangue quente manchando o mamilo, pingando no piso. As marcas do meu orgasmo escorrendo pelo espelho. Não sei onde foi parar a criatura e muito menos as vozes. Só se ouvia o uivo do vendaval e barulho da chuva nas janelas.
Eu ainda sem entender, se era u pesadelo ou realidade. Eu ali parada e nua na frente do espelho. A dor da mordida a me incomodar e a mulher no espelho me sorrindo, um riso obsceno me admirando o corpo.
Não era eu a figura que me comia com os olhos e ao mesmo tempo eram os meus traços. Fui sendo hipnotizada pelo olhar penetrante, fui sendo dominada, conduzida até encostar a mão no espelho.
A mão umidecida no prazer. Ouvi um som surdo, um rimbobar que fez o espelho se mover, como se uma onda o percorresse de um lado ao outro, lenta e gelatinosa. Não como um cristal, mas um líquido denso e vítreo.
O espelho vibrava e rangia. O barulho da chuva vindo da rua. O olhar apaixonante da mulher que me encarava do espelho. Os nossos olhares fixos, uma troca intensa de energia, como se fôssemos um só corpo, um espírito. Fui ficando fascinada pela imagem, fui me apaixonando.
Minha mão furou o espaço, o limite do cristal líquido, senti o toque da outra me apertando os dedos entre os seus. Não sabia mais onde estava, se fora ou dentro espelho. O espaço se esticou, o tempo parou, o real e o virtual se misturaram, se tornaram uma coisa só.
Beijei a boca, abracei as costas, arranhei as nadegas enquanto ela introduzia a língua cristalina em minha boca. Os nossos peitos amassados, os meus biquinhos arranhados nos mamilos dela.
A sensação de fusão, o mais puro tesão, me possuir a mim mesma, me foder como eu mais queria. Nossas mãos nos arranhando as costas, nossas bocas coladas num beijo a vácuo. E as línguas se lamber como víboras, foi surgindo uma saliva pegajosa molhando as nossas faces. O suor grudando os nossos corpos. E as bucetinhas nos queimando juntas, enlouquecendo as nossas almas.
- Aaaah!! Aaaa!! Aaaaiiiii!
Eu me beijei o peito, arranhei o bico, suguei do jeito que eu mais queria. Mamei com fome, mordi a teta carnuda e linda.
- Me fode, me fode...
Uma voz sussurrada, uma súplica profunda. Eu fui deitada, e me abracei com as pernas e as mãos. Risquei as costas com as unhas finas. Os seios apertados e as vaginas finalmente se tocando, raspando e se beijando, se fodendo e nos transformando em duas vagabundas.
- Me come! Me come Samantha!!
Era ela, era eu, não importa, a masturbação perfeita, quase divina. Eu me possuindo e sendo possuída ao mesmo tempo. Sentindo os dois lados do prazer. E muito, muito bem fodida, sem limites e sem culpa. O suor escorrendo dos nossos corpos, os movimentos cada vez mais frenéticos. Me olhei nos olhos no último instante, o desejo explodindo no olhar brilhante, na boca aberta.
- Oooohh! Aaaaahhhh!! Aaaaaa...Aaaaaaa!!
Esguichei, me molhei com um sumo quente, o cheiro de um orgasmo forte. Veio um beijo delicioso, um encontro único, minha língua se enrolando na dela, sugando bebendo as sensações de um amor profundo.
- Eu quero você. Eu quero você, Samanthaaaa!!! Aaaaaa!!
Quem falava pouco importa. Interessa é que ela riu e subiu. Sentou por cima do meu rosto, mostrando a rachinha linda, molhada, os lábios se abrindo, pedindo querendo. Apontei a língua e fui lambendo suave as dobras macias daquela carne. O cheiro de fêmea, o gosto forte de um orgasmo. Me fiz gemer, um gemer profundo, saindo da alma. Lambi o grelo, lambi girando tocando como eu mais gosto, até chegar a um beijo de língua no fundo da bucetinha
Tudo aquilo me provocando, atiçando, até me oferecer a testa suada com as pernas dobradas nos joelhos. Os dedos dos unidos, juntinhos apontados do mais puro desejo. Minha vagina palpitava, implorava, a ponto de explodir.
Ouvi a minha risada, a mão delicada desceu me alisando a testa, os pelos, até me siriricar o grelo e me abrir os lábios.
- Aaaahhh! É assim que você gosta, eu sei.
- Não, não, eu quero mais, mais. Eu quero tudo!!
- Putinha, putinha eu sei quem é você. Do que você precisa.
As falas se misturando aos gemidos. Senti a boca me dando um beijo de língua, me fez arrepiar inteira, vibrei como uma virgem sendo penetrada por mim mesmo. Os dedos firmes me abrindo os lábios, me expondo inteira e a língua safada me beijando o interior da buceta.
- Aaaaaahhh!!
Gememos juntas nos beijando as vaginas. Senti a língua me penetrar o útero. Nos beijamos como duas tontas, taradas, os nossos dedos nos provocando o grelo, nos abrindo as dobras e finalmente nos possuindo a xana. As mãos inteiras sumidas até os pulsos no fundo das nossas xanas.
- Aaaaahhh!! Aaaaiiiii!!
- Mmmmm!! Que delícia, quer mais um pouco é? É pra entrar tudo?
Nos fodemos como se fôssemos uma só. Os gemidos se tornando gritos, berros ensandecidos. Até chegar ao climax, duas mulheres em pleno gozo. Os orgasmos vindo como ondas, sem controle, sem limites.
Pisquei a buceta, pisquei sem medo, sem travas. Lancei em jatos fortes todo o meu amor por mim mesma. Todo prazer de me sentir fodida. Molhei o meu rosto no meu gozo. Um gozo quente e adocicado. Nem sabia que eu podia isso.
Ficamos ali abraçadas nos recuperando do esforço. Sentindo os nossos cheiros, os gostos do nosso prazer. Íntimo e pessoal. Nem sei por quanto tempo, só sei que num certo momento ela ficou sentada de novo por cima do meu rosto. Eu sabia o que ela queria, sabia que eu também queria. Vi sua bucetinha se desabrochar, a carne rosa e brilhante se mostrar. Ouvi uma voz estranha falando em minha cabeça.
- Abre a boca Samantha. Abre que agora eu vou tomar posse de você. Agora você é minha.
Fiz o que ela pediu. Abri meus lábios e mostrei a língua. Um jato vigoroso me encheu a boca, o gosto forte me enchendo a boca e a garganta. O sabor de me saber submissa, dominada pela imagem dessa outra.
- Bebe Sam, Aaaaa!! bebe tudo mulher. Sim, sim, engole tudo, tudo! Sente o sabor. Você é minha, minha Samantha!!
Ela falando e eu bebendo o líquido quente. Tudo aquilo me deixando tensa, tesa, louca. Dobrei as pernas nos joelhos, levantei e ergui a bucetinha, veio quente, me machucando a vagina, arranhando e me aliviando. Num esguicho longo, me deixando com as pernas bambas.
Os ecos ainda em meus ouvidos, ouvi de novo o barulho do vento. A chuva caindo lá fora, a tempestade terminando. Senti um cansaço profundo, desses que vem depois de uma foda. Virei de lado no piso frio e duro adormeci num sono profundo.
Vieram vários sonhos, sonhei com diferentes pessoas, momentos agitados. Sorrisos, gritos, risos. Tudo muito nublado, sem muito sentido. Às vezes um seio, uma boca, um beijo, um pênis espargindo longos jatos de um sêmen branco. Até rever a criatura me fodendo em minha cama.
Acordei com o celular vibrando. Eu nem sabia onde estava. Custei a perceber que era na cama. Sentei depois de um tempo e depois tomei um susto quando abri a cortina e me deparei com um dia ensolarado. Um beija flor parou um instante enquanto eu abria a janela. Nem parecia que o céu tinha desabado naquela noite, ainda que as marcas da chuva estivessem pela calçada, galhos partidos, um monte de folhas retorcidas esparramadas pela rua.
Sai correndo apertada na direção do banheiro. Doida pra me aliviar, foi então que eu me dei conta de que estava vestida com a camisola azulada.
Um sonho! Eu pensei só podia ser, também o que aconteceu não podia ser verdade, jamais! Era insano demais. Me limpei e fui lavar as mãos, o rosto e escovar os dentes. Me olhei no espelho um instante...
- AAAIIII! Que susto!!
O coração quase na garganta. A boca seca! A figura, a criatura aquática refletida no espelho do banheiro. Um instante apenas, a boca aberta, os dentes serrilhados, corpo azul esverdeado. Olhei para traz apavorada, mas não havia nada, ninguém. E a imagem no espelho sumira.
Fiquei trêmula, sem entender aquilo. Tentando me recuperar, examinei o pescoço, havia uma ardência leve, a marca de uma mordida, só não havia marca de sangue, nem no pescoço, nem no seio. Mas como era possível, como!?
Quando coloquei a mão sobre a boca e o nariz me dei conta de que havia uma fragrância de mulher nos meus dedos. Senti um sabor de orgasmo e urina na boca. As imagens passaram como um filme na frente dos meus olhos. Revi as cenas depravadas, os detalhes tão reais do amor entre nós duas, o tesão de chupar uma vagina, de fazer a outra gozar em minha boca.
Parecia tão real, tão verdadeiro, todas aquelas sensações e lembranças.
- Calma Samantha, calma! Respira, respira.
Comecei a andar de um lado para outro do quarto pra me acalmar, falando comigo mesma, tentando achar uma explicação para a noite estranha.
- Respira, respira. Isso não aconteceu, é só um sonho, a sua imaginação.
Comecei a achar que eu estava ficando louca. Que eu ia perder o controle. Foi até eu me cansar e sentar na beirada da cama, lembrei do espelho na sala, lembrei das palavras estranhas.
- Pra quê você foi falar aquilo Samantha? Pra quê foi inventar moda!!
Me espalhei na cama olhando teto. Ainda ofegante e assustada, fui ficando aos poucos menos ansiosa, mesmo sem achar uma explicação.
- Isso não aconteceu, não aconteceu. É só uma invenção, um sonho ruim, um pesadelo. Só pode... Droga!
Nem eu me convencia, transei comigo mesma, não dava para acreditar. Entre todas as coisas absurdas que eu já passei isso ia muito além de tudo.
- Chega, eu vou tomar um banho e comer alguma coisa.
Foi o que eu fiz, fui ao banheiro e liguei o chuveiro, um banho de descarrego. Deixei as águas me lavarem o corpo, me limparam a mente. Perdi a noção do tempo e isso me acalmou.
Troquei de roupa e desci até cozinha, nem passei pela sala, fui direto fazer meu café. Uma leve dor de cabeça, mas nada fora do normal. Fui aos meus afazeres do dia, fui arrumando a casa, limpando os moveis, vendo as notícias no celular, liguei TV e me distrai revendo Friends. Acabei dormindo no sofá com a TV ligada, nem sei por quantas horas.
Acordei no final da tarde, um vento forte, um cheiro de terra molhada, um jeito de chuva. Fui verificar as janelas, as portas, nem me dei conta de que entrei na sala. As cortinas agitadas como fantasmas, os vidros vibrando. Fechei tudo, e foi então eu ouvi. Ouvi as risadas, as gargalhadas, as mesmas da madrugada de ontem. Gemidos se transformando em ganidos, em gritos.
Olhei para traz na direção dos gemidos, olhei direto para o espelho encantado. Os reflexos se movendo lentos, densos, imagens distorcidas se misturando, os móveis da sala, as janelas, as cortinas... eu.
O espelho tinha vida, formas, vozes. As garotas em imagens distorcidas se tocando, beijando. O mais estranho eram as vozes, as falas indecentes, depravadas. O gozo desbocado, mais que desavergonhado.
Do fundo escuro foi formando uma imagem, um rosto, um corpo. Vestida como eu, mas com um riso estranho, os olhos me encarando de um jeito meio constrangedor. Tão real, como se ela estivesse viva, como se saísse de dentro do cristal.
Veio o estrondo de um trovão, um tiro de canhão, as janelas vibraram como se fossem estilhaçar, senti o piso sobre os meus pés esquentar. Que loucura!! Os reflexos no espelho ficaram ainda mais agitados, menos o meu reflexo, era como se ela saisse do cristal, quase tridimensional. Os cabelos agitados, o riso cínico, o olhar bizarro. E ela me comendo com os olhos.
Comecei a ouvir um coral de vozes, num canto sublime e assustador. A imagem falou algo naquela língua estranha, e pior é que eu entendia o que ela falava:
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"Potešenie je začiatkom všetkého.
Teraz viete, kto ste.
To, čím sme vždy boli."
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- Como assim o prazer é tudo? O que é tudo isso, o que é que nós somos?
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"Uctievači tela.
Otroci sexu a nadržanosti."
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- Não, não! Eu não sou isso. Nunca me rendi a carne, muito menos sou uma escrava do prazer! Você vai me deixar louca! Que feitiçaria é essa? Quem é você, o que é tudo isso?
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"Som vaše svedomie, vaša duša.
To vy ste ma privolali.
Odrážam len vaše najvnútornejšie túžby."
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- Eu juro que não sabia. Não queria invocar nenhum encantamento. Você não sou eu, não pode ser! Você não é minha consciência, os meus desejos. Quem é você?
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"Odraz teba. Obraz toho, čo máte najradšej."
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- Como você pode saber? Como pode saber o que eu mais gosto?
O tal coro de vozes cantou ainda mais forte, o vento agitou os meus cabelos, o frio me arrepiou dos pés a cabeça. Vi seu rosto abrir um sorriso, ela me fez desabotoar a blusa e exibir um seio, lambi minha teta e ela me mordeu o bico. Senti a buceta pulsar, o calor esquentando as minhas coxas.
Nós falamos com uma só voz:
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"Chupei a sua buceta.
Bebi o seu orgasmo.
Enchi a sua boca com o meu prazer.
Eu sou você, a sua dona."
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- E o que você quer de mim?
Ela me ajeitou os cabelos e apoiou meu queixo com seus dedos dobrados. Parecia tão segura, tão imponente.
.
"Ver você foder até a alma Samantha."
...