Entrei bruscamente no quarto em que Rick estava internado sem nem me importar em dar o nome na recepção ou algo do tipo.
Quando abri a porta , dei de cara com Rick com os olhos abertos e a cor mais vivida. Ele nem parecia aquele homem que ficou meses internado.
-Você achou que ia se livrar de mim? - ele disse de forma baixa, fazendo um esforço para conseguir fazer com que eu o entendesse.
Corri em direção ao leito que ele estava e o abracei.
-Nunca mais faça isso comigo - falei sentindo minhas lágrimas escorrer pelo meu rosto.
Após alguns minutos o médico chegou na sala e me passou algumas informações sobre o caso de Rick.
Ele ainda ficaria alguns dias no hospital em observação e utilizando novos medicamentos, ao que tudo indicava o que aconteceu com Rick foi um caso de extrema sorte, ou para alguns, um verdadeiro milagre.
-Não precisa ter medo de falar comigo, eu não mordo. - disse Rick se dirigindo a Daniel.
-Não pensei que gostaria de falar comigo nesse momento - Daniel respondeu
-Daniel - disse Rick suspirando - você sabe que eu não sou seu fã, até porque você está com o cara que eu amo.
-E que você você desperdiçou a chance sendo um mero babaca - completou Daniel
-Mas - disse Rick com um tom um pouco mais alto - quando eu acordei os médicos me disseram que vocês dois sempre vieram aqui me ver, mesmo que ninguém mais tivesse esperanças na minha situação.
-Ainda que você tenha sido um babaca, e isso é importante frisar sempre, você também ajudou muito no andamento do caso do meu pai, se não fosse por você eu jamais teria conseguido nenhuma pista. Ainda que não tenha dado em nada no final - disse Daniel de maneira triste.
-Sabe Daniel, eu posso até ter sido um babaca em abandonar Lucas para trabalhar pra FBI, mas se vocês tivessem a mesma oportunidade, será que fariam diferente do que eu fiz?
Parei de prestar atenção na conversa dos dois e fiquei pensativo. Será que eu teria feito diferente? Será que eu colocaria o amor frente a minha carreira?
-E o que aconteceu com os filhos da puta que fizeram isso comigo? -perguntou Rick a mim, me tirando do devaneio em que eu estava - conseguiram avançar no caso do pai dele?
-Eles estão mortos, parece que a morte era melhor que aguentar as consequências. Seja lá o que aconteceu com o pai dele, alguém muito grande estava metido nisso tudo.
-O caso do pai dele era muito grande mesmo...
-Tem alguma coisa que você saiba e nos ainda não sabemos? - perguntou Daniel a Rick.
-Eu tinha uma informação que eu ia passar pessoalmente a vocês antes de ter sido sequestrado, eu ia investigar mais a funda primeiro, mas acabou que não deu tempo.
-Que informação? Essa informação pode nos dar alguma pista. - disse Daniel.
-Eu não quero fazer alarde sem ter certeza.
-Rick - falei chegando mais perto dele - já se passaram meses desde que você ficou internado. Se existe um momento para continuar as investigações sem levantar suspeitas, o momento é esse, é agora. Nós precisamos fechar essa caixa de Pandora que abrimos.
-Ok, encosta a porta do quarto - disse Rick tentando levantar um pouco seu corpo na cama.
-Quando eu peguei os casos do pai de Daniel, dois casos me chamaram atenção. Um dos casos eu tirei do envelope que eu mandei para sua casa, pois eu queria ler primeiro.
-Então quer dizer que o outro caso que você mandou pra gente pode não ter nada a ver com a morte do meu pai? - perguntou Daniel.
-Não, não é bem assim. O caso que vocês leram foi sobre o parque em que seu pai defendia, correto? - perguntou Rick
-Isso - respondi - o pai dele defendia essa caso contra o Estado.
-Ai que tudo começa a ficar estranho - continuo Rick - em outro caso, o pai dele defendia uma vítima de abuso sexual. Só que ao que tudo indicava, o abusador era traficante de uma das maiores facções de NY. Só que ele não foi acusado.
-Como assim? Tinham provas? -perguntei
-O caso foi arquivado pela prefeitura de Nova York.
-Então quer dizer que os dois casos tem a prefeitura em comum? - perguntou Daniel.
-Não somente a prefeitura, o policial encarregado dos dois casos era o mesmo.
-Mas como o mesmo policial pode ficar encarregado por questões ambientais e por tráfico de drogas? A não ser que ele fosse da homicídios e tivesse um assassinato em um dos casos...
-Exatamente, ele não era da homicufios. Quando eu li a ficha desses dois casos e percebi tudo isso eu ia encontrar o detetive Willians para esclarecer...
-Você disse Willian? - perguntou Daniel - Willian Bayers?
-Sim, porque? -perguntou Rick
-Pois você não vai conseguir esclarecer nada com ele, ele foi assassinato essa semana. Nós estamos investigando o caso dele.
-Precisamos desse caso - falei para Rick - nao pode ter sido coincidência William morrer alguns meses depois que desenterrando toda essa história. Seja lá quem for o responsável por tudo isso está tentando apagar seus rastros.
Peguei meu telefone imediatamente e liguei para Kate pedindo que ela reunisse o arquivos dos dois casos e levasse tudo diretamente pra minha casa que eu a encontraria lá.
-Nós temos que ir, ok? - disse olhando para Rick
-Se cuidem - ele falou estendendo sua mão e encostando na minha, me entregando uma chave - o arquivo está na minha casa, dentro do cofre. A senha é nossa data.
Fiquei o encarando por alguns segundos e peguei a chave da mão dele. Quando olhei para Daniel pude perceber que ele estava um pouco desconfortável, mas tentava não transparecer.
Saímos do hospital e entramos em meu carro em direção a casa de Rick no mais puro e absoluto silêncio.
Daniel, na cabeça dele deveria pensar apenas no pai dele, já em minha cabeça, eu não parava de pensar em Rick e em Daniel ao mesmo tempo. O que seria de mim depois que tudo isso acabasse? Eu teria que escolher?
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Então galera, desculpa a demora, estou trabalhando nos 3 turnos agora (a vida tá complicada) e tá péssimo de arruma tempo. Essa semana vou tentar fazer umas atualizações do conto pra vocês. Aliás, o conto já está se encaminhando pra reta final.