Desejo Fluido

Um conto erótico de J. R. King
Categoria: Trans
Contém 4830 palavras
Data: 18/10/2022 15:12:50

Eu a conheci no último ano da escola. No primeiro momento em que eu a vi, sentada atrás de mim com a franja do cabelo cobrindo os seus olhos, eu já notei que ela era diferente de todos os outros alunos daquela sala. Ela era tão quieta que parecia um fantasma que apenas eu era capaz de vê-la. Ela se vestia toda de preto e tinha um piercing no nariz, seus lábios eram finos, mas com o batom vermelho que ela usava pareciam mais grossos. Sua pele era pálida, clara como a luz do dia, mas ela amenizava com um pouco de base rosada nas maçãs do rosto e em cima do seu nariz arrebitado.

– Oi, eu sou o Felipe. – Me apresentei, acenando com a mão para ela.

Ela olhou para mim com um olhar de indiferença e se apresentou de forma sucinta:

– Cris.

Em seguida, voltou a olhar para o seu celular, onde jogava. No primeiro momento, não achei que ela havia se interessado pela minha pessoa. Seu jeito frio e indiferente afastava qualquer um que falava com ela, parecia uma espécie de mecanismo social para evitar maiores desavenças. Mas o que poderia fazer as outras pessoas se afastarem, só me fez ficar ainda mais curioso. Seu jeito misterioso, como se ela escondesse um segredo, só me deixava ainda mais interessado.

Na hora do Recreio, me sentei ao lado dela. Ela não comeu nada, apenas sentou em um canto no pátio, com seus pés em cima do banco e continuava a jogar o seu jogo.

– O que está jogando? – Perguntei, tentando puxar algum assunto.

– Call Of Duty.

– Você parece gostar bastante desse jogo.

– Sim, matar terroristas virtuais é algo bem viciante.

– Quer um pedaço do meu salgado? Você não comeu nada.

– Você é a minha mãe, agora?

– O quê? Não! Eu só achei que você estivesse com fome. Você parece tão magra.

– Não, obrigado. Eu tenho bulimia, colocaria para fora de qualquer jeito.

– Bem, isso explica muita coisa.

Cris continuava a falar sem tirar os olhos do seu celular.

– Me diz, porque você tá falando comigo hein? Eu fiz alguma coisa pra você?

– Não! Bem, eu espero que não. Eu só queria ser amigável. Você não parece ter muitos amigos.

– A maioria das pessoas não traz nada de interessante pra minha vida.

– Nossa, você é assim sempre ou só está querendo me enxotar?

– Oi dois, talvez.

– Bem, isso explica porque você não tem amigos.

O sinal tocou e logo me levantei para subir para a sala, quase desistindo de Cris.

– Aí, Felipe. – Ela me chamou.

– O que foi?

– Por que você veio falar comigo?

– Seila, eu só acho que… ninguém merece ficar sozinho.

Mesmo com Cris sendo tão rude, ainda não conseguia lhe tirar da cabeça. Pensei nela o dia inteiro. Em casa, já antes de dormir, decidi baixar o jogo que ela jogava, para ver o que ela achava tão legal. Grave erro meu. Praticamente virei a noite jogando, e quando fui para o colégio no outro dia, estava mais morto do que todos que eu havia matado a madrugada inteira.

– Nossa, você está um caco. – Disse Cris ao me ver, quase dormindo sentado na minha cadeira.

– Bem, eu baixei o Call of Duty no meu celular. Digamos que foi uma noite bem longa.

– Eu te falei que matar pessoas virtuais era bem viciante.

– Seila, eu só queria entender o que havia de tão legal nesse jogo idiota para te fazer me ignorar.

– E descobriu?

– Mas é claro, não está vendo as minhas olheiras?

Cris deu uma risada, uma risada gostosa, que lhe fez abrir um sorriso que eu nem podia imaginar que ela tinha. Seus dentes brilharam com os fios metalizados de seu aparelho, e pela primeira vez senti que Cris não estava incomodada com a minha presença.

Durante o Recreio, nos sentamos juntos e ficamos jogando, e depois da aula também. Cada um em sua casa, e falando ao telefone. Começamos a conversar, nos conhecermos um pouco mais, mas nada muito além do que envolvia o jogo. Quando foi por volta das 11, eu decidi dormir, para evitar que virasse a noite novamente.

No dia seguinte, acordei e já esperava encontrar Cris no colégio para jogarmos um pouco mais. Mas uma surpresa chamou mais a atenção naquela manhã. Quando Cris sentou na minha frente, eu quase não a reconheci. Seu cabelo estava curto, cortado de forma tão irregular que parecia ter sido feito por conta própria. Ela não usava maquiagem, e sua postura era diferente. Quando reparei que era Cris, meus olhos se arregalaram, e eu fiquei tão surpreso que mal tive reação quando ela me cumprimentou.

– O que foi? – Ela perguntou, até mesmo sua voz estava diferente, estava mais grossa.

– Nada, é só que… você tá diferente. Está parecendo um garoto.

– É, bom… em alguns dias talvez eu seja.

– O que você quer dizer?

– É que eu… – Ela hesitou em falar por um segundo, até que finalmente se decidiu. – Eu sou gênero-fluido.

– Gênero o que?

– Fluido.

– O que isso significa?

– Significa que nem sempre eu me identifico como uma garota. Às vezes, como hoje, eu posso me identificar como um garoto, ou qualquer outro gênero.

Minha mente entrou em parafuso, tentando processar o que ele dizia.

– Como assim outros gêneros?

– É que… – Ele hesitou novamente, percebendo que talvez fosse muita informação para eu entender de primeira. – olha, esquece. Eu te explico melhor depois. Agora, só tente entender que eu não sou mais "A" Cris, e sim "O" Cris. Tá bom?

Minha mente foi inundada de diversas perguntas que eu queria fazer, mas antes que eu fizesse qualquer uma delas, a professora já chamou a atenção da turma para começar a aula. Foi impossível eu me concentrar, pois na minha frente estava uma pessoa que mesmo eu conhecendo, parecia tão diferente quanto a que eu de fato conhecia. Mas ainda era a mesma, ou será que não era?

Apesar de tudo, Cris parecia o mesmo viciado em Call of Duty de sempre, e assim ele ficou com a cara enfiada no telefone durante o Recreio.

– Que foi, não vai jogar não? – Ele perguntou, notando que eu não estava com o celular na mão, apenas o observava.

– Então hoje você acordou de manhã e decidiu que era um garoto?

– Ah, droga. Você vai começar a fazer perguntas, é? Sabe, é por isso que eu tenho preguiça de fazer amigos. Eles nunca entendem esse lance. Não sou eu quem decido transitar de gênero.

– Quem é, então?

– Os meus sentimentos.

– Os seus sentimentos?

– É. Quero dizer, é como eu me sinto, entende? Eu nunca me identifiquei exatamente com um gênero específico, eu gosto de viver um pouco de cada. Eu não sei exatamente quais são os motivos que me fazem transitar de gênero, mas às vezes eu me sinto mais como uma garota, às vezes mais como um garoto, e às vezes com nenhum dos dois.

– Mas então… você nasceu um garoto, ou uma garota?

– Isso realmente importa? Você quer transar comigo, por acaso?

– O quê? Não!

Meu rosto ficou vermelho, de raiva pela presunção e de vergonha. Cris deu uma risada, e até mesmo a forma como ele ria parecia diferente. Se antes eu achava Cris uma pessoa curiosa, agora meu interesse por ele aumentou ainda mais.

Durante a tarde, passei horas no computador procurando a respeito. Li artigos e fóruns sobre pessoas genderfluid, mas quanto eu mais lia, parecia ter mais perguntas do que respostas.

Na manhã seguinte, perguntei ao Cris:

– Você sofre disforia de gênero?

Ele me olhou surpreso e respondeu.

– Às vezes. Onde aprendeu essa palavra?

– Na internet

– Por que estava procurando sobre disforia de gênero na internet? Oh, não, vai dizer que você se descobriu trans? – Disse Cris, em tom jocoso e deu uma risada.

– Não é isso! É que eu fiquei curioso sobre essa coisa aí de gênero fluido.

– É, é assim que começa.

– Deixa de graça, Cris! Enfim, quando você sente disforia de gênero.

– Minha nossa, 'cê tá me tratando como sua paciente. Eu não preciso de psicólogo, ok? Eu já tenho um.

– Eu só quero saber mais.

– Então vai pesquisar mais.

– Como que eu sei em qual gênero você está? Eu tenho que te perguntar todo dia?

– Você por acaso pergunta para os seus amigos todo dia qual é o gênero deles!? – Cris levantou a voz, e pela primeira vez notei que minhas perguntas poderiam estar lhe ofendendo. Ela suspirou e continuou. – Olha, eu acho legal que você se interessou sobre a fluidez de gênero, eu aprecio isso. Mas é que eu estou cansado de ter que responder as mesmas perguntas pra milhares de pessoas sempre. Então, se você quer ser uma pessoa agradável para mim, você pode só me tratar como uma pessoa normal.

O sinal tocou, anunciando a hora de subir. Cris desligou o celular e se levantou para subir as escadas, me deixando lá sozinho. Ele estava certo. Talvez eu tenha me precipitado, pressionado ele demais. Daquele dia em dia eu prometi que tentaria tratá-lo normalmente.

No dia seguinte, no entanto, Cris já estava completamente diferente de novo. Usava uma peruca metade morena, metade vermelha, coberta por um gorro. A maquiagem havia voltado, um batom preto e um delineado bem fino em volta dos olhos. Por um segundo, quase pensei em lhe perguntar se havia transitado novamente, mas como ela disse que queria ser tratada normalmente, acabei me hesitando.

– Gostei do cabelo. – Elogiei quando a encontrei na sala.

– Valeu, gostei da sua camisa.

– É só o uniforme.

– É, eu sei, idiota. – Cris deu um sorriso de novo.

Era um tanto estranho notar essa mudança tão repentina. Quando Cris era um garoto, ele era ríspido, quando era uma garota, era minimamente meiga. Ela transitava entre os gêneros quase toda semana, às vezes até duas vezes. Mesmo assim, isso não impediu que a gente criasse uma amizade bem forte. Em alguns momentos, parecia que éramos apenas nós dois naquele colégio. Eu também não tinha muitos amigos, e quando eu estava perto de Cris, parecia que emanava uma aura repulsiva de seu corpo, que fazia com que ninguém se aproximasse de nós. De certa forma, era até bom que ninguém se aproximasse, assim eu podia ficar mais tempo com ela sem ser incomodado.

– Escuta, eu comprei o novo Call of Duty. Quer ir lá em casa jogar? – Perguntei a ela.

– Quando?

– Hoje.

– Hoje? – Ela perguntou, surpresa.

– É, hoje. Algum problema?

– Eu acho que não. Os seus pais vão estar em casa?

– A minha mãe trabalha. E meu pai mora em outro estado.

– Ah, tudo bem, então. Eu vou.

Chegando lá, fomos direto ao meu quarto e ligamos o videogame para jogar. Ficamos a tarde inteira lá jogando. Foi um momento divertido, até que o telefone de Cris tocou, era o seu alarme.

– Ai, droga. Está na hora dos meus hormônios. Nem vi a hora passar.

– Dos seus o quê?

– Eu faço tratamento hormonal, para aumentar os níveis de estrogênio e diminuir os de testosterona.

– Mas isso não vai te deixar mais feminina?

– Bem, sim. Faz meus seios crescerem e meu pau diminuir. – Cris deu uma risada.

Ela tirou da sua mochila uma caixa com um frasco e uma seringa, assim que encheu a seringa ela perguntou:

– Quer me ajudar a aplicar?

– Como?

– Bem, preciso que você aplique na minha bunda. Eu posso fazer sozinha, mas é muito complicado. Eu tenho braços muito curtos. Me ajuda, vai.

– Hm, tudo bem.

Cris se deitou de bruços na cama e empinou um pouco a sua bunda, foi então que ela tirou de leve sua calça, deixando exposta apenas as bandas de sua bunda. Eu fiquei bastante embaraçado com a situação. Sua bunda era mais clara que a sua pele já bastante pálida, mas não lembrava em nada uma bunda masculina, era macia e até um pouco grande. Meu rosto queimou de tão rubro que ficou.

– Só espetar aqui. – Disse Cris, apontando para uma região logo abaixo do seu glúteo direito.

– Hm, tá bom.

Meio nervoso, respirei fundo e finalmente lhe espetei com a seringa. O que eu não esperava, no entanto, é que Cris deu um baita gemido alto. Pareceu um gemido de dor, mas também de prazer. Sua voz alcançou um tom bem agudo e ela mesmo tapou a boca quando notou o que havia feito.

– D-desculpa, você me pegou de surpresa. – ela disse enquanto levantava a calça e se ajeitava na cama.

– Você não tava esperando a agulha?

– É que você fez tão rápido que eu não tava preparada.

– Bem, tanto faz. Você tem uma bunda bem bonita.

Cris abriu um sorriso metálico ao ouvir eu dizer isso.

– Obrigada. Você tem olhos bem bonitos.

Meu rosto corou ainda mais, como o de Cris, que ficou tão tímida que até desviou o olhar.

– Não precisa me elogiar só porque eu te elogiei.

– E-é, eu sei… eu só queria dizer que eu reparei que você tem olhos bonitos.

De repente, ficamos em um silêncio constrangedor, com Cris abraçada em seus joelhos sem sequer fazer contato visual. Quando eu ameacei quebrar o silêncio, convidando-a a voltar ao jogo, ela falou.

– Eu preciso ir. Já tá tarde.

– Tudo bem.

– Valeu por hoje. E valeu por me ajudar a tomar meu hormônio.

Ela então me abraçou, pegou sua mochila e foi embora. À noite, eu não parei de pensar naquele momento, em como tudo ocorreu. A pele macia da bunda de Cris e o jeito fofo que ela gemeu despertaram em mim um sentimento estranho. Um sentimento que eu nunca havia sentido antes. Pela primeira vez, me questionei se eu a achava atraente. "Bem, ela é bem bonita quando é uma garota, mas eu não acho ela tanto assim quando é um garoto." Este foi o meu primeiro pensamento, mas logo em seguida veio: "Se bem que ele até é bem fofo quando é um garoto. Espera, eu estou achando um garoto fofo? Que porra é essa? Mas ele… ela… ahh, isso é tão confuso."

Em meio a esse maremoto de pensamentos, acabei pegando no sono. No dia seguinte, Cris já havia transitado de gênero novamente, o que me fez passar a aula inteira só reparando nele à minha frente. O seu cabelo era bonito, de tamanho médio, com suas pontas cortadas caoticamente que lhe davam uma estética um tanto punk. Sem maquiagem, ele até não parecia tão charmoso, mas quando eu olhei para todos os outros garotos da sala, percebi que não havia ninguém tão bonito quanto ele.

Todos os garotos eram brutos, muitas vezes nojentos, cheios de pelos no rosto, espinhas, e muito mais. Já Cris tinha uma beleza um tanto andrógina. Havia feminilidade em seu lado masculindo, e também masculinidade em seu lado femino. Ele não tinha nenhum pelo no rosto, deveria se raspar todos os dias. Sua pele também era perfeita, sem nenhuma espinha ou cravos. Eu olhei para os seus lábios por um instante quando ele se virou para me pedir uma borracha emprestado e o meu primeiro pensamento que veio à cabeça foi de beijá-lo. Alí, na frente de todo mundo, sem me importar com ninguém à nossa volta.

– Cris, você é hétero? – Perguntei para ele no recreio.

– Acho que isso é meio impossível, né? Como seria isso? Eu só gostaria de garotas quando fosse um garoto e vice-versa?

– Então você é bi?

– Aí, 'cê tem uma mente tão cartesiana, hein? Tão quadrada. Não há só dois gêneros. Há pessoas que se identificam com nenhum dos dois, ou com os dois ao mesmo tempo, ou como eu, que me identifico com um ou outro de tempos em tempos.

– Então o que você seria?

Ela parou de jogar e olhou para o vazio, pensando por um instante antes de responder.

– Eu não sei.

– Como assim você não sabe?

– Eu só… não sei. Acho que eu vivo tanto nessa mudança constante de gêneros que eu nunca prestei atenção no gênero das pessoas que eu gosto. Eu só gosto da pessoa, independente do seu gênero.

– Mas o gênero da pessoa é importante para uma relação.

– Não necessariamente.

– Uma pessoa não é obrigada a gostar de pinto ou boceta, às vezes a pessoa só gosta de um.

– Você está tratando as relações apenas como algo sexual, mas não é isso. O sentimento vale muito mais que o tesão. E é por isso que o que a pessoa tem no meio das pernas não importa pra mim.

Cris voltou a jogar, mas suas palavras ainda ecoavam dentro de mim naquele dia e até o fim daquela semana. Talvez ele estivesse certo e o que importava para se gostar de uma pessoa ia muito além de suas genitálias. Eu nunca havia me questionado quanto a isso, mas Cris foi a primeira centelha que me fez pensar sobre.

Mas às vezes, quando estamos confusos, tudo o que precisamos é de um momento de irracionalidade, um simples ato guiado por um desejo emocional para finalmente esclarecer tudo. E foi isso o que aconteceu entre nós.

Fomos para a minha casa um outro dia, novamente para jogarmos. Cris detonava tudo e todos, inclusive a mim, que estava sendo distraído pelos meus pensamentos. Passava mais tempo olhando para ela do que para o jogo, reparando no seu cabelo, que já crescia até encostar nos seus ombros, nos seus lábios e na forma fofa como ela os mordia enquanto se concentrava, torcendo o nariz e fazendo uma careta quase infantil enquanto se divertia matando terroristas aos montes com sua AR-15.

– Cara, você é horrível nesse jogo, não matou ninguém até agora. – Disse Cris e então se virou. Me notando completamente em transe olhando para ela, ela respondeu: – O que houve? Tem algo sujo no meu rosto?

Foi então que o corpo agiu mais rápido que a mente. O sistema nervoso estava se movimentando mais rápido que o córtex pré-frontal, e quando eu segurei o rosto de Cris e lhe beijei, já não havia mais nenhuma dúvida. Ela se surpreendeu, pude perceber na forma como ela ficou estática por alguns segundos enquanto eu a beijava, mas depois se rendeu. Senti sua boca abrindo levemente, me convidando a ir mais fundo naquele beijo.

Cris soltou o controle de sua mão, que caiu no chão, mas eu nem liguei, e envolveu os seus braços em meu pescoço. Aos poucos ela foi se encostando mais e mais, até que estivesse deitada na minha cama. Mas quando eu coloquei a mão por dentro do seu suéter, veio a primeira barreira.

– Espera. – Ela falou, enquanto tirava a minha mão. – Não é que eu não queira isso, mas preciso saber se você me aceita por completo.

– O que quer dizer com isso?

– Quero dizer que eu não quero que você só goste de mim quando eu for uma garota. Quero que você goste de mim todos os dias.

– Foi você quem disse que não importava o que a pessoa tinha no meio das pernas, e sim o sentimento que você tinha por ela.

– Exato. E eu quero saber se você concorda com isso, mais com as suas atitudes do que com as suas palavras.

– Bem, há um jeito de descobrir: tire a sua roupa, sua maquiagem, tudo o que te faz externalizar o seu gênero. Deixa eu ver quem você é, totalmente pura, e então eu posso dizer se sim ou não.

Cris deu um cansado suspiro e então respondeu:

– Bem, isso até pode funcionar.

Ela então se levantou, um pouco tímida. Então, começou a tirar. Primeiro o gorro, em seguida o seu suéter, e então a camisa do colégio. Ela usava um sutiã rosa por debaixo, que ela também tirou. Seus seios eram pequenos, mas já cresciam em uma certa protuberância, sua barriga era lisa, ela era bastante magra, suas costelas ficavam à mostra, fruto de sua bulimia. Mesmo assim, ainda era difícil discernir se aquele era um corpo feminino ou masculino. Talvez fosse ambos ou nenhum ao mesmo tempo.

Ela então começou a tirar a parte de baixo. Os seus all-star, suas meias brancas e sua calça jeans, até que não sobrou mais nenhuma peça além de uma calcinha rendada rosa, que escondia um pequeno volume dentro, que parecia lhe dar uma certa vergonha. Quando a coragem lhe tocou e ela finalmente tirou, foi então que eu pude ver Cris como era de fato.

Parecia um amálgama de tudo de belo que havia tanto na masculinidade, como na feminilidade. Seus seios eram pequenos, mas delineados como se fossem desenhados a nanquim. sua bunda era grande e suculenta, e no meio das pernas, um pequeno e flácido pênis se prostrava. Sua pele branca era agraciada com pequenas pintas negras, como se fosse o respingo da tinta que a desenhou, duas perto do seu seio esquerdo e uma em sua coxa direita eram as que mais chamavam a atenção.

Era impossível distinguir o seu gênero quando seu corpo estava completamente nu. Tinha as curvas de uma mulher, mas os músculos de um homem, era tudo o que eu achava lindo misturado em uma pessoa só.

– Então, dá pra dizer logo que odiou para eu me vestir e ir embora? – Disse Cris, um pouco desconfortável com a situação, tampando os seus seios com as mãos.

– Odiar? Eu amei! Seu corpo é perfeito.

– Tá bom. Não precisa ser gentil só para eu não me sentir mal. Eu já vou me vestir.

Cris se abaixou para pegar suas roupas, mas eu impedi segurando seu braço.

– Não precisa se vestir, vamos terminar o que começamos.

– Você tem certeza disso?

– Mais do que você imagina.

Eu lhe puxei em minha direção, seu corpo nu se encostou no meu, segurei em sua cintura, sentindo a maciez de sua pele. Cris olhou para mim com seus grandes olhos amendoados e eu consegui ver através deles que ela finalmente havia entendido o quanto eu gostava dela.

Nos beijamos apaixonadamente por alguns segundos, minhas mãos deslizaram pelo seu corpo, primeiro subindo até os seus seios, mas quando eu os apertei, ela soltou um gemido que mais pareceu um ganido de dor de um animal indefeso.

– Desculpa, eles são muito sensíveis. – Disse Cris.

– Tudo bem.

– Por que você não toca aqui embaixo? Eu gosto mais.

– É que eu nunca t-toquei em um… – Falei com o gaguejo de nervosismo em minha voz – …q-que não fosse o meu.

– Tudo bem, pode tocar. Não tem problema.

Cris pegou a minha mão direita e a levou de encontro ao seu pênis. Senti-lo em minha mão era estranho no primeiro momento, mas logo eu já não ligava mais, pois nos voltamos a nos beijar intensamente. Comecei a punhetar de leve seu membro, sentindo sua pele esticando e se contraindo e logo após alguns momentos começar a se enrijecer. Cris me empurrou, me fazendo cair na cama comigo por debaixo e continuou a me beijar enquanto tirava minha roupa com suas mãos.

Primeiro tirou a minha camisa e começou a beijar o meu corpo. Do pescoço, foi descendo até o peito, e então a barriga até chegar na virilha. Cris tirou minha calça, me deixando apenas de cueca. Sentiu o volume que havia dentro dela com suas mãos e lambeu o tecido bem acima de onde ficava minha glande, apenas para me provocar. Em seguida, tirou a cueca e começou a brincar com o meu pau. Segurou em sua mão e punhetou um pouco antes de colocar em sua boca. O jeito como Cris parecia estar em transe enquanto me chupava, com os olhos fechados e seu cabelo caindo sobre o rosto, aproveitando cada centímetro de meu membro em sua boca, me obrigou a controlar meus impulsos para que eu não gozasse não rápido.

Quando meu pênis já estava rígido, Cris se deitou na cama junto comigo e voltou a me beijar. Nossos membros se tocavam, esfregavam um no outro em meio a nossos amassos e o que eu mais queria era ir mais fundo nesse momento.

– O que você quer fazer? – Perguntei.

– Eu quero que você me coma. – Respondeu Cris enquanto se virava e deitava de bruços.

Ela empinou sua bunda, como se me chamasse para realizar tal ato, suas nádegas eram redondas e macias, como duas almofadas nas quais eu queria deitar o meu rosto e só relaxar. Apertei elas com vontade enquanto me estimulava, como se esperasse o momento certo para me enfiar entre elas.

– Espera. Não está achando que vai me comer assim no seco, né? – Disse Cris.

Ela se levantou e pegou dentro da sua mochila um pequeno frasco com lubrificante, espalhou um pouco em suas mãos e esfregou no meu pau enquanto me punhetava um pouco mais. Depois, ela voltou para sua posição, passando um pouco em volta do seu cú.

– Pronto, agora pode.

Ela se agarrou ao travesseiro, me esperando. Comecei a enfiar devagar, sentindo o seu cú se contraindo a cada centímetro que ia entrando. Cris soltou um outro ganido de dor que me assustou por um segundo e me fez tirar lá de dentro.

– O que houve? Está doendo? A gente pode parar se você quiser. – Falei, preocupado.

– Não! Pode continuar. Sempre dói no começo.

– Tem certeza?

– Mais do que você imagina.

Cris me deu um sorriso e voltou a abraçar o travesseiro. Novamente fui enfiando, entrando bem devagar dentro dela, sentindo que quanto mais eu entrava, mais apertado ficava. Ela gemeu novamente de dor, mas pediu para que eu continuasse. Quando entrei por completo, Cris já estava mordendo o travesseiro tentando não gritar.

Mas quando eu comecei finalmente a lhe foder, a dor pareceu ter cessado. Os gemidos de dor se transformaram rapidamente em prazer. O aperto que o seu reto fazia em meu pau se movendo para trás e para frente, o som alto que meu corpo fazia ao bater em sua bunda, até o cheiro agridoce do suor de Cris tornavam aquele momento mais do que especial.

Levantei Cris pelos seus braços e comecei a fodê-la enquanto nós dois estávamos ajoelhados em cima da cama. A envolvi em meus braços enquanto ela virou o rosto para me beijar, um beijo intenso e babado que mais parecia uma válvula de escape para o tesão em nossos corpos.

Passei minhas mãos por todo o seu corpo, sentindo cada centímetro daquela pele sedosa, até elas finalmente se encontrarem no meio das pernas de Cris. Então, passei a punhetá-la enquanto lhe comia, lhe dando prazer por trás e pela frente. Os gemidos se intensificaram até não haver mais, pois tudo o que Cris fazia era tentar recuperar o fôlego.

– Ah… Felipe… Eu vou… Eu vou gozar! – Disse Cris em meio a seus suspiros.

De repente, senti seu pau latejando em minha mão, até que 3 jatos espessos e longos de leite saíram dele, indo direto ao meu travesseiro e um pouco na minha cama.

– Haha, me desculpa, sujei todo o seu travesseiro de porra. Agora você vai ter que dormir sentindo o meu leite. – Disse Cris, em um tom jocoso após se recuperar do orgasmo.

Senti algumas gotas de esperma que escorreram de seu pau sujando meus dedos, levei eles até a boca de Cris para que ela o limpasse, mas ela afastou o rosto.

– Não! Eu quero que você lamba. – Afirmou Cris.

– É sério?

– Sim, por quê? Tá com nojinho? Haha!

Cris pegou na minha mão e levou meus dedos até a minha boca. Os lambi, sentindo o gosto daquele cremoso esperma em minha língua. Nunca havia antes provado tal néctar, era amargo e um pouco salgado no começo, mas vindo de Cris eu tomaria direto da fonte.

– Isso, bom garoto. Agora pode continuar a me comer.

Cris ficou de quatro, empinando a bunda novamente para que eu continuasse. Segurei em sua cintura e então guiei o ritmo da nossa foda pelos próximos minutos, intensificando as estocadas até finalmente ser minha vez.

– Cris… eu vou gozar!

– Goza dentro! Eu quero sentir seu leite me preenchendo.

Novamente, fiz o que ela ordenou. Dei mais sete estocadas até finalmente me enfiar por inteiro dentro dela, com meu pau latejando a cada jato que eu soltava dentro dela, um prazer intenso e sublime que jamais havia experienciado.

Quando tirei, o leite escorreu pela sua bunda, sujando as suas bolas e respingando na cama. Quando a tempestade passou, nos deitamos nus na cama, abraçados de conchinha, nos curtindo um pouco enquanto nos recuperávamos.

Quando finalmente o ofurô do prazer acabou, nos entreolhamos e então percebemos que não importava mais nada além de nós naquele momento. Começamos a rir desconcertantemente, mesmo que ninguém tivesse contado uma piada.

– Bem, acho que terei que colocar o lençol e a fronha para lavar.

Me levantei e tirei a roupa de cama e coloquei no lava-roupas. Cris foi embora um pouco depois, já estava ficando tarde e ela precisava ir para casa, porém aquela tarde não foi a última de nosso relacionamento. Cris foi talvez a pessoa mais interessante com quem eu me relacionei, a mais intensa e também a mais divertida. Um relacionamento que me fez aprender muito sobre mim e minha própria sexualidade. Depois daquela tarde, vivemos várias outras histórias que também valem a pena serem contadas, mas que sabe uma outra hora.

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