Me chamo Verônica, e o que vou relatar me transformou profundamente. O ano era 2006, eu tinha 25 anos e estava casada a seis com César, que tinha 31 nessa época.
Nosso relacionamento começou como a maioria dos relacionamentos adolescentes. Já namorávamos havia alguns meses até que engravidei e ele teve a maturidade de ir até meus pais pedir minha mão em casamento. Nunca tive do que reclamar. César sempre foi um homem maravilhoso e me supria em tudo, além de ser um excelente pai para nossa filha, Érica.
Após o nascimento da nossa princesa, ingressamos na faculdade de Direito e após nos formarmos, abrimos juntos um escritório, a Petroni Advocacia, na cidade de Vila Verde, oferecendo nossos serviços na área de Direito Civil e Direito Empresarial.
Sempre fomos bem sucedidos e tínhamos uma vida confortável. Mas a vida não é um morango. O Natal de 2006 iria colocar nossas vidas fora dos trilhos.
— Já estamos chegando? — perguntou Érica, em seu assento de elevação no banco traseiro, demonstrando seu total desinteresse pela boneca com a qual brincava a horas.
— Já sim, meu amor — respondi — Daqui a pouco chegamos na casa da vovó.
Iríamos passar o Natal daquele ano na casa dos meus pais. Faziam anos que não reunimos toda a família. Portanto, fomos para lá na sexta-feira, sendo o Natal na segunda-feira, aproveitaríamos o feriado prolongado.
Em minha família somos três irmãs. Todas altas, magras, ruivas e olhos verdes como esmeralda, herança dos genes irlandeses da família paterna. Vanessa era a irmã do meio, de 23 anos, casada com Márcio, e já tinha um casal gêmeos, e as últimas notícias que tinha era que estava grávida novamente. Enquanto a caçula Viviane, de 20, ainda solteira e era a única que morava com meus pais.
Viviam numa chácara no interior do estado, cuja propriedade foi herdada do vovô, porém, conforme a família crescia, as terras iam sendo repartidas e vendidas até sobrar apenas a chácara do papai.
Depois de horas na rodovia, pegamos uma estrada de chão e logo chegamos à casa dos meus pais.
César desceu do carro e começou a tirar as malas, enquanto eu ia cumprimentar o papai que saía na varanda.
— Verônica, minha menina! — cumprimentou meu velho, vindo me abraçar e à minha filha — E você, anjinho, cresceu rápido. Já está com quantos anos?
— Seis — respondeu Érica.
César, chegava com as malas.
— Bom dia, Seu Fernando — cumprimentou meu marido.
— Bom dia, César. Deixe as malas aí no canto, depois as levamos pra dentro.
A mamãe logo saiu para a varanda com o avental de cozinha, enquanto enxugava nele as mãos.
— Filha! Que bom que vieram — disse, se lançando em torno da minha cintura e me abraçando. Ela era baixinha, deixando claro que na altura, todas as filhas puxaram o papai.
— Eu não deixaria de vir, mamãe.
— César, meu querido — ela também o abraçou. Sempre o amou como o filho homem que nunca teve.
— Como vai, Dona Vera?
Após a recepção, fomos nos acomodando. Érica acompanhou a avó na cozinha para se empanturrar de biscoitos enquanto César e eu trazíamos as malas para dentro de casa.
— Venham, a Vera já separou os quartos — disse papai — a Vanessa vai ficar com o marido no quarto que era dela, mesmo. As crianças irão dormir no quarto da Viviane e ela irá dormir com vocês no seu antigo quarto. Tudo bem pra vocês?
Entramos no quarto e ao invés da cama havia apenas dois colchões no chão.
— O que houve com a cama? — perguntei.
— Tive que me livrar dela depois que deu broca, mas vamos comprar outra em breve.
— Não tem problema, Seu Fernando, a gente pode dormir tranquilo aqui — adiantou César.
Começamos a desfazer as malas. César nunca foi muito fresco com relação ao conforto, enquanto eu poderia reviver minha infância quando tinha que dividir o mesmo quarto com minhas irmãs. Não poderia dizer que seria agradável, mas o que mais me incomodava era o fato de Viviane dormir com a gente. Não poderíamos nem dar uma namorada no meio da noite, a depender, claro, do tamanho da vontade.
Érica chegou correndo no quarto onde estávamos, segurando um pote de vidro cheio de papel dobrado e o estendeu para mim.
— O que é isso?
— Vovó disse que amanhã vocês vão jogar Amigo Secreto e que é pra pegarmos um papel.
Enfiei a mão no pote e tirei um papel. César fez o mesmo.
Ao ler o nome, César arqueou a sobrancelha fazendo cara de surpresa e mistério, mas não tanto quanto a minha cara de surpresa e mistério que fiz ao ver o nome que tirei.
“EDSON”
Com o coração acelerado e as mãos trêmulas, dobrei o papel novamente e Érica voltou para a cozinha com o pote. Eu estava paralisada.
Saí deixando César no quarto e corri para a cozinha.
— Mamãe — chamei, mas Érica estava por perto, então me aproximei da do fogão onde mamãe mexia o feijão para o almoço — Mamãe... — sussurrei — O Edson que vem passar o Natal com a gente não é o meu ex, é?
— Oh, querida. Eu não te contei. Sua irmã começou a namorar o rapaz logo que ele voltou do estrangeiro. Ele ficou arrasado quando soube que você estava casada e a Vivi estava aqui e eles meio que ficaram próximos.
— A Viviane e o Edson?
— Sim, eles virão passar o Natal com a gente. Acha melhor desconvidá-lo? Pode ficar um clima estranho.
— Não, mamãe. Está tudo bem. Eu… eu preciso lidar com isso. Enterrar de vez o meu passado.
Senti meu coração ficar do tamanho de nada. Eu nunca havia falado do Edson para o César. Foi uma fase da minha vida que eu preferia esquecer, mas que agora voltava como um vulcão emergindo das profundezas do oceano.
Edson foi meu primeiro grande amor e foi com ele que perdi minha virgindade.
Ele era um cara que sempre arrancava suspiros da mulherada na escola, mas eu fui a sortuda com quem ele se relacionou primeiro. Foram seis meses de uma paixão intensa difícil de descrever. Nos amávamos tão intensamente a ponto de nos entregarmos por inteiro. Mas quis o destino nos separar. Seus pais se mudaram para os Estados Unidos e tivemos que terminar. Era a década de 1990 e computadores e celulares eram algo muito distante da realidade da maioria das pessoas, especialmente a nossa.
Meu coração se dilacerou no dia da nossa despedida. Nos amamos como se fosse nosso último dia de vida na Terra. No dia eu quis fazer sem qualquer proteção torcendo para que uma parte dele ficasse dentro de mim. Torci para estar grávida, mas não aconteceu.
Agora ele estava de volta e… namorando minha irmã caçula.
***
À tarde, César tinha saído para dar uma volta com o papai pela propriedade e levou Érica junto. Eu e a mamãe permanecemos em casa colocando o papo em dia quando ouvimos um veículo se aproximando, era um Jetta branco pérola. Viviane desceu do lado do carona e veio correndo me abraçar.
— Verônica!!! — veio ela saltitante lançando-se ao meu pescoço e me beijando o rosto — Como você está? E cadê a minha sobrinha linda?
— Eu estou bem, maninha. A Érica está passeando com o César e o papai em algum lugar na propriedade.
Ela se voltou para o carro. Eu estava apreensiva. A porta do motorista se abriu e Edson saiu de lá, um homem lindo de morrer, grande e forte, vestindo uma camisa polo branca e calça jeans. Ele tirou os óculos de sol espelhados e olhou diretamente para mim. Minhas pernas ficaram bambas e meu coração disparou. Minha boca ficou seca e minhas mãos trêmulas.
— Oi, Verônica — disse com uma voz grave que não tinha na adolescência.
Eu não conseguia responder. Minha voz estava presa da garganta onde já se criava um nó. Meus olhos se enchiam de lágrimas prestes a entornar. Meus lábios tremiam.
— Sei que vocês têm muito que conversar — disse finalmente minha irmã, nos deixando a sós e entrando com a mamãe para dentro de casa.
Edson se aproximou e eu desabei em seus braços em um choro copioso de dor e saudades.
Seus braços fortes me envolviam e todo nosso passado me voltou à mente. O cheiro do seu perfume, o som da sua voz, seu abraço aconchegante. Tudo era o mesmo só que diferente e isso era o que mais me doía.
Ficamos naquele abraço por alguns minutos até que ele me segurou pelos ombros e olhou nos meus olhos, lançando um sorriso que só aumentou a centelha que se acendia novamente.
— Você não mudou nada.
— Você… mudou bastante — balbuciava tentando conter as lágrimas.
— De um jeito bom eu espero.
— Claro, claro… você cresceu... É um homem lindo… digo,...
— Eu entendi — disse ele dando uma leve risada que me fez derreter.
— Desculpa, eu… não consigo parar de chorar, eu… estou feliz que esteja aqui, eu… senti tanto sua falta.
— Também senti a sua, moranguinho.
Desatei a chorar mais uma vez. Era o apelido carinhoso pelo qual ele me chamava. Novamente ele precisou me amparar em seus braços.
— Acho melhor a gente entrar e colocar a conversa em dia.
— Tá bom — concordei enxugando as lágrimas.
Precisei ir ao banheiro lavar o rosto e refazer a maquiagem para disfarçar a cara de choro. Fui à cozinha e encontrei Edson, Viviane e a mamãe sentados à mesa tomando café e comendo bolo de fubá.
— Como você está, Ve? — perguntou Viviane.
— Estou bem, maninha. Vou ficar bem.
— Eu entendo que no passado você e o Edson tiveram uma história — continuou ela — Mas isso tem que ficar no passado. Eu não queria que ficasse um clima estranho durante esse final de semana, ainda mais que o César e a Érica estão aqui.
— Pode deixar, não vai ter um clima estranho. Na terça-feira, vamos embora e cada um seguirá com sua vida.
— Assim espero, minha filha — manifestou-se a mamãe — Todos vocês são muito queridos aqui. Eu não quero ver essa família se destruindo por causa disso.
— Fique sossegada, Dona Vera. Tudo que havia entre mim e a Verônica ficou no passado.
A fala de Edson foi um balde de água gelada no meu coração. Tudo ficou ainda pior quando Viviane entrelaçou suas mãos às mãos dele e recostou sua cabeça nos ombros dele. Foi como um punhal penetrando lentamente o meu peito.
Ao que parecia, ele realmente tinha me superado e agora estava em outra, com a minha irmã. O desgraçado estava transando com minha irmã.
Me contive para não sair correndo dali. Um vazio tomou conta de mim, me senti completamente sem alma, morta por dentro.
***
Ao final da tarde a família de Vanessa chegou. Minha irmã do meio, junto com Márcio, e os filhos, Douglas e Helena. Foi uma festa entre os primos. Todos ruivinhos correndo pela sala e quase esbarrando na árvore de Natal montada no canto.
Vanessa e sua barriga de 7 meses eram o centro das atenções, o que me favorecia desviando os olhares todos de forma que não prestavam a atenção no quanto eu olhava para Edson a não ser ele próprio.
Era uma incógnita o que se passava na cabeça dele, mas eu queria acreditar que nada daquilo era verdade, que ele ainda me amava tão intensamente quanto eu o amava. Ora parecia ter me esquecido, quando trocava carícias com Viviane, ora seus olhos não se desviavam de mim. Era um misto de ciúmes e paixão, mas as amarras do bom senso me prendiam de todas as formas possíveis. Eu não tinha o direito de estragar a vida da minha irmã reclamando um homem que não era meu.
***
Após o jantar, César veio sentar comigo no banco de carvalho da varanda. Eu estava com o olhar perdido em direção à escuridão noturna que havia longe da casa.
— Você está bem? — perguntou — Te achei estranha desde antes do jantar. O que houve?
— Oh, meu amor — segurei sua mão e entrelacei meus dedos aos seus — Vou ficar bem, é apenas um mal estar.
— Alguma coisa que possa ter comido?
— Talvez.
— Se até amanhã você não melhorar vamos ao médico.
Esbocei um sorriso. César, sempre preocupado.
— Tudo bem, mas garanto que até amanhã estarei melhor — pelo menos era o que eu esperava.
César me aninhou em seus braços e beijou meu rosto.
— Eu te amo, Verônica — sussurrou enquanto esfregava seu rosto ao meu — amo você, nossa filhinha,... vocês são tudo pra mim, sabia?
Aquelas palavras apertaram meu coração. Minha família estava bem ali, mas a tarde toda meus pensamentos sempre estiveram em Edson. Meu coração estava batendo por ele. Isso não estava certo. Eu estava sendo uma vadia pensando em outro homem que eu já devia ter esquecido a anos.
— Eu também te amo, querido.
O sentimento de culpa me consumia. Eu deveria abrir o jogo com meu marido, botar pra fora tudo que estava sentindo e pedir ajuda para esquecer aquele homem, mas parecia ter uma pedra na minha garganta me impedindo de falar. Me faltava coragem.
— Vem, vamos dormir mais cedo. Também precisamos ir às compras amanhã — disse César.
A droga do Amigo Secreto. Eu ainda tinha que presentear o homem responsável por deixar minhas emoções uma completa bagunça.
***
Nem preciso dizer que não consegui dormir direito. Eu tive alguns momentos de cochilo antes de acordar e me revirar no colchão, mas me levantei. No colchão ao lado dormia minha irmã com uma camisola que lhe deixava as pernas de fora ocupando mais da metade do espaço e Edson voltado para a parede ocupando o pouco espaço que lhe sobrava apesar de grande que era.
Saí do quarto, vestindo apenas minha camisola de seda e um shortinho por baixo. A casa estava um silêncio total além da completa escuridão. Abri a porta da sala e fui abraçada pelo vento gélido da noite. Eu precisava pensar em como sobreviver àquele final de semana. Passei alguns minutos sentada no banco olhando para a distante escuridão, que já não parecia tão escura. Era possível distinguir ao longe os limites entre o céu estrelado e o horizonte. A sinfonia de grilos e zumbidos de insetos, o mugir do gado no distante curral, faziam eu me sentir menos sozinha.
— Verônica? — chamou-me uma voz masculina. Olhei para a porta.
— Ei, Márcio.
— O que faz acordada a essa hora e… aqui fora, nesse frio?
— Não consegui dormir. Muita coisa na cabeça e… eu precisava pegar um ar.
— Vai pegar uma pneumonia ficando aqui fora. Vem, entra. Te sirvo um leite quente. Deve ter sobrado do bolo de fubá.
— Você acordou pra assaltar a geladeira da mamãe? — perguntei sorrindo. Uma piadinha para aliviar as perturbações da mente. Talvez conversar com meu cunhado me faria bem e me distrairia.
Entramos e fomos para a cozinha. Nos servimos de leite e ainda havia bolo.
Apesar de ele não falar nada, não tirava os olhos dos meus seios. Os biquinhos estavam destacados sob a camisola de forma quase obsena.
— Desculpa, é o frio — disse, cruzando os braços para encobri-los.
Passamos mais alguns minutos em silêncio até que decidi fazer um questionamento.
— Márcio, posso te fazer uma pergunta bem íntima? — perguntei e ele quase engasgou.
— Que tipo de pergunta?
— Se um belo dia você estivesse em um lugar com a Vanessa e as crianças e de repente você se reencontrasse com uma ex?
— Ah, sim, bem… eu não tenho muitas ex e as que tenho, a última coisa que desejaria é vê-las novamente.
— Nossa! E por quê?
— Uma, só queria curtir e eu era o otário da vez. A outra, me abandonou pra ir atrás de um ex namorado…
Comecei a achar que Márcio não seria a melhor pessoa com quem eu poderia extrair alguma orientação. Ou talvez seria, e o que me impedia era a vontade de estar com Edson que era maior que qualquer outra coisa.
— … mas por quê está perguntando das minhas ex?
— Não é nada — falei desviando o olhar desafiador do meu cunhado.
— Você quer saber se eu me sentiria tentado a ficar com alguma delas?
— Se sentiria?
— De forma alguma. Conhecer Vanessa foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Ela é a mulher perfeita, que me deu um casamento perfeito e filhos perfeitos. Eu não os trocaria por uma aventura.
Aquelas palavras foram um sacode na minha consciência e no meu juízo. Eu tinha o marido perfeito, um casamento perfeito e a filha perfeita. Eu não poderia trocar isso por uma aventura com um ex-namorado que eu já devia ter esquecido.
Voltamos para cama, e eu abracei César, que dormia profundamente.
***
As trocas de carinho entre Viviane e Edson durante o café da manhã não me afetaram tanto. Eu ainda refletia no que Márcio havia falado. Era o que eu precisava ouvir. E naquele momento eu passaria um tempo a sós com meu marido comprando presentes para a família. Saímos cedo aquela manhã e fomos para a cidade. Vasculhando as lojas de presentes até encontrar alguma coisa tanto para as crianças quanto para o jogo do Amigo Secreto, mas o que daria ao Edson? Não poderia ser nada que transmitisse sentimentos, mas não queria parecer que estava fazendo por má vontade.
— Acha que o Edson iria gostar de uma camisa? — perguntei ao César.
— Talvez. Mas…
— Mas…?
— Não acha que é algo muito simples? Por exemplo, eu darei à sua mãe uma Orquídea que eu vi na floricultura do outro lado da rua. Não é algo tão comum, mas é algo que eu sei que ela vai adorar.
— Então…?
— Se pelo menos soubéssemos do que ele gosta.
Lá estava eu revirando novamente meu passado com Edson.
Minha mente me levou ao nosso primeiro e último dia dos namorados. Nos falávamos por telefone fixo, quando ele me convidou para ir à casa dele naquela noite. Chegando lá, fui recebida com um abraço forte, ele me ergueu do chão e nos beijamos. Fomos para seu quarto, onde ele havia armado tudo. Velas, música e pétalas de rosa espalhadas pelo chão, e em uma mesa de centro no meio do quarto havia uma pizza portuguesa e duas taças a serem enchidas. Ao lado havia também uma garrafa de Cabernet Sauvignon que ele havia surrupiado da adega do pai dele. Nos sentamos frente a frente e curtimos nosso jantar romântico. Eu queria que aquela noite não terminasse nunca.
Após o jantar ele me conduziu até sua cama, me pôs deitada e me encheu de beijos pelo rosto, pelo pescoço, e aos poucos ia me despindo. Suas mãos quentes percorriam meu corpo com maestria e seu perfume inebriante me deixava rendida. Meu seios, pequenos ainda, desapareciam entre seus lábios e sua língua circulava minha aréola rosada. Meus dedos entre seu cabelo espetado pressionava sua cabeça, mantendo sua boca trabalhando, mas suas mãos estavam ocupadas puxando para baixo minha calcinha e abrindo caminho entre meus lábios úmidos de tesão. Fui penetrada por dois dedos cujas pontas tocavam meu interior enquanto seu polegar esfregava meu grelinho. Eu gemia, me contorcia e gozava vigorosamente até ele se dar por satisfeito com meu “sofrimento”. Supliquei por senti-lo e ele, sacando seu membro e o cobrindo com o preservativo, me penetrou. Senti minhas paredes vaginais se abrindo enquanto era preenchida por sua carne. Ainda éramos inexperientes no sexo, mas foi inesquecível.
— Vinho — comentei despertando-me da minha viagem no tempo.
— Seria um ótimo presente, um kit de vinho — concordou César.
Após as compras, eu ainda me pegava pensando naquele dia dos namorados, em como Edson me dominava. O tesão e a consciência se digladiavam na minha cabeça. Eu estava extremamente úmida e não poderia simplesmente pedir ao meu marido para parar o carro e me saciar de uma hora pra outra. Ele me perguntaria o que me fez ficar com tesão, já que não teria sido ele a me provocar.
Que se foda. Comecei a acariciar a perna de César e a lançar olhares provocadores para ele.
— O que é isso? — perguntou com um sorriso sacana estampado no rosto.
— Nada — disse, puxando para baixo o meu decote, deixando meus seios médios mais acentuados.
Algo em sua calça começou a despertar e eu o agarrei com força. César respirou fundo sem perder a atenção na estrada.
Lentamente fui abrindo seu zíper e tirando para fora seu membro duro e ladeado de veias azuis. Comecei uma punheta de leve focando na glande, que logo começava a escorrer. Subi minha saia e comecei a me tocar com a outra mão. De olhos fechados eu poderia imaginar o que quisesse, minha mente estava livre e nas minhas mãos eu imaginava o membro duro e vigoroso de Edson. Meu coração estava acelerado e meu corpo queimava de desejo.
Me inclinei e abocanhei aquele pau maravilhoso, chupando e babando, serpenteando minha língua em torno dele. Ele não resistiu e preferiu parar o carro no acostamento. Afastei minha calcinha e penetrei dois dedos dentro do meu sexo molhado. César gemia e contorcia até que eu senti seu corpo enrijecer. Acelerei meu toque até meu corpo descarregar em um orgasmo alucinante. Logo senti o gozo encheu minha boca.
Suguei tudo com cuidado para não desperdiçar nem uma gota e engoli. César, estava satisfeito. Eu estava satisfeita.
— O que foi isso? — indagou ofegante.
— Eu não conseguiria passar o final de semana todo sem isso.
Voltei a me acomodar no banco do carona e seguimos de volta para a chácara.
***
Ao chegarmos em casa, o papai já nos esperava na varanda.
— Ei, César — chamou ele — Vi que está chegando da cidade agora, mas preciso de um favor seu.
— Será um prazer, Seu Fernando. Em que posso ajudar?
— Preciso que me leve à cidade. A bomba do poço parou de vez e se não trocarmos hoje ainda corremos o risco de ficar sem água até o Natal.
— Isso seria um bocado desagradável.
— Como vocês foram os primeiros a chegarem da cidade, podemos ir antes que a loja feche.
Tirei as sacolas de presentes do porta-malas e as levei para dentro.
Mal entrei e as crianças começaram a me cercar querendo os presentes.
— Calminha, crianças. Presentes só no Natal. Vou deixar eles aqui debaixo da árvore, mas vou ficar de olho em cada um de vocês.
Mamãe apareceu na porta da sala e fez sinal às crianças de que iria ficar de olho.
— Se eu ver algum de vocês abrindo os presentes antes do Natal, vou mandar a Verônica voltar e devolver pra loja. Entendido?
— Sim, vovó — responderam em coro e resignados.
Não demorou para que Edson e Viviane chegassem com mais uma leva de presentes que reacenderam a empolgação das crianças, mas o aviso de não abrí-los foi reforçado.
Mamãe voltou para a cozinha, onde preparava o almoço e Viviane foi tomar banho, deixando Edson e eu sozinhos novamente.
Sentado no sofá da sala, ele me encarava sem dizer uma palavra, mas por certo em sua cabeça se passavam mil pensamentos. Seu olhar me desconcertava, era o mesmo olhar apaixonante de anos atrás. Da minha poltrona eu relembrava que pouco tempo antes eu estava me imaginando com a boca em seu membro. Meus olhos pousaram na região da sua virilha e inconscientemente umedeci meus lábios.
— Quer dar uma volta? — sugeriu ele de repente, despertando-me do meu transe.
— Claro — respondi tentando não demonstrar o que eu sentia naquele momento.
Saímos da casa e tomamos um caminho de terra que levava até o pomar à beira da represa. Com árvores de tudo que é espécie garantindo sombra a qualquer hora do dia, era um lugar perfeito para se relaxar e era onde o papai organizava festas com um número maior de pessoas, por isso havia uma mesa grande com bancos, tudo feito de madeira bruta que ele mesmo aplainou.
Eu estava trêmula, pensando em tudo que estava acontecendo naquele momento, no fato de estarmos sozinhos, e com uma paixão que me doía o peito, e na dúvida se ele sentia o mesmo que eu.
— Edson — chamei quase como um sussurro — Quando você foi embora, como foi pra você?
Ele se aproximou e me fitou com o semblante triste.
— Foi horrível — ele fez uma pausa, talvez para buscar os fatos na memória, ou pensar nas palavras que melhor transmitiriam seus sentimentos — Senti como se uma parte de mim tivesse sido arrancada. Mergulhei na depressão, tentei convencer meus pais a voltar para o Brasil, mas foi inútil. Eu não tinha dúvidas quanto ao que sentia por você, moranguinho.
Meus olhos começaram a se encher e o nó na garganta me afligia.
— Eu tentei te esquecer, juro que tentei — continuou — Terminei os estudos e fiz faculdade de Administração. Consegui um emprego numa empresa de exportação em Boston e juntei uma boa grana para voltar para o Brasil… Tudo com um objetivo em mente: ter você de volta.
As lágrimas correram pelo meu rosto.
— Edson, eu…
— Não tinha como você saber. Nem eu mesmo tinha certeza se conseguiria voltar. E se não, não poderia privar você de viver sua vida te atrelando a uma promessa que poderia nunca ser cumprida.
— E aqui está você.
— Com seis anos de atraso.
Edson pegou minhas mãos e as beijou. Colocou-as junto a seu peito e se inclinou deixando seu rosto perigosamente próximo ao meu. Só Deus sabe o quanto eu queria beijá-lo naquele momento. Meus lábios desejavam os dele. Minha respiração cada vez mais irregular e pesada. Parecia que eu ia ter um piripaque ali mesmo.
— Eu te amo, Verônica — sussurrou.
Senti seu hálito quente próximo aos meus lábios trêmulos. Nossas testas e a ponta de nossos narizes se tocaram, meu coração disparou e o ar me faltava.
— Não, não, não, não — falei repetidamente me afastando e chorando. Tentei retomar o fôlego — Não… não…
— Me perdoa, Verônica, eu não…
— Não… não… — eu não consegui olhá-lo nos olhos — Eu não posso, eu não posso… me desculpa.
Voltei imediatamente para casa sem olhar para trás, enxugando as lágrimas pelo caminho. Me recompus e fui ver as crianças que brincavam com seus brinquedos e discutiam como gente grande o que seriam os presentes debaixo da árvore. Me ajoelhei atrás de Érica e a abracei, beijando seu rostinho.
Edson chegou logo depois, mas não me dirigiu o olhar. Era compreensível. Eu o havia rejeitado no último momento por causa de uma crise de consciência. Pensei em César e na Érica. Por mais que eu o desejasse, por mais que eu o amasse, eu deveria pensar na minha família.
Viviane saiu do banheiro envolvida na toalha e entrou no quarto, sendo seguida por Edson que fechou a porta atrás de si. Tive raiva de mim por sentir ciúmes. Certamente os dois iriam se pegar dentro do quarto. Edson daria a ela seus beijos cálidos e suas mãos grandes passeando por todo seu corpo. Talvez ele a deitasse sobre o colchão e os dois transassem ali mesmo, naquele instante.
***
Durante o resto daquele dia, Edson mal olhou para mim e fazia questão de exibir suas demonstrações de afeto com Viviane, principalmente durante o jantar. Porém, o estopim foi durante à noite.
Já havíamos nos deitado há algum tempo, e César já havia pegado no sono. Edson e Viviane entraram no quarto na ponta dos pés e se deitaram. Ela rolou para cima dele, o beijando enquanto ele a acariciava. Passando sua mão pelas coxas e subindo até sua cintura. Conversavam através de sussurros, mas como eu não estava dormindo, pude ouvi-los.
— Eu não estou aguentando mais, eu preciso de você — disse ela.
— Eu sei, mas não podemos fazer isso aqui. Sua irmã e seu cunhado estão dormindo logo ali.
Ele olhou para nossa direção e percebeu que meus olhos estavam entreabertos e meu cenho franzido de reprovação.
— Por favor — suplicava a vadia.
— Tudo bem.
Ela engatinhou de ré beijando o peito e a barriga de Edson até sua virilha. Puxou o calção para baixo junto com a cueca e tirou o membro para fora. Começou beijando-o e passando a língua por toda sua extensão, desde o saco até a ponta da cabeça, onde o envolvia com os lábios e descia o engolindo até a metade. Era o máximo que conseguia. Salivando totalmente o membro Viviane o chupava enquanto Edson a segurava pela cabeça acompanhando o movimento. O miserável gemia gostoso e seu peito subia e descia a cada arfada.
A sucção molhada daquele pau me deixou excitada, louca para levar a mão até minha vagina e me tocar.
Depois de alguns minutos, Viviane engatinhou de volta para o colo de Edson e posicionou seu membro à entrada da sua boceta e pude ver ele a erguendo com o quadril enfiando tudo dentro dela. Ela soltou um gritinho e imediatamente tampou a boca com as mãos. Começou o movimento de vai-e-vem, dançando, rebolando, cavalgando e quicando em cima dele. Seu corpinho magro e pálido se movia com agilidade. Com as mãos, acariciava seu corpo, subindo até os seios pequenos, passando pelo pescoço até enterrar os dedos entre os cabelos ruivos. De olhos fechados e mordendo os lábios, gemia silenciosamente.
Seus movimentos ficavam mais frenéticos até ficar totalmente rígida e tampando mais uma vez a boca com uma das mãos.
Edson a colocou de bruços, subiu sobre ela e passou o braço pelo seu pescoço, beijou sua nuca e começou a penetrá-la por trás. Eu não poderia dizer ao certo em qual buraco, mas pela facilidade com que ele meteu, tenho quase certeza que foi no tradicional.
Com uma desenvoltura hipnótica ele movimentava seu quadril, dando as estocadas e projetando o corpo de Viviane para frente. Ela revirava os olhos e urrava baixinho, sua pele tomava um tom rosado enquanto Edson metia sem parar e cada vez mais rápido. O som do choque de sua virilha na bunda da minha irmã alimentava ainda mais o meu tesão. Não resisti e levei a mão à minha boceta e comecei a me tocar sutilmente. Me imaginei no lugar de Viviane, sendo penetrada por ele como antigamente.
Edson urrou e deu mais algumas estocadas. Eu não lembro de tê-los visto usando qualquer tipo de proteção. Ele teria então a enchido com seu gozo. Os mesmos jatos de gozo que senti em meu ventre e que torci para que sua semente germinasse dentro de mim.
Os dois ficaram por um tempo abraçados antes de se descolarem. Eu senti raiva do Edson, ciúmes dele com minha irmã, tesão por aquele corpo másculo, e culpa por sentir tudo isso.
Viviane levantou-se com dificuldade, com esperma escorrendo pelas suas pernas.
— Você fez uma bagunça aqui — sussurrou
Edson se levantou depois, com o pau a meia bomba, mais ainda provocante.
— Vem, vou te dar um banho, meu amor — disse ele.
Ouvir aquilo foi uma facada no peito. Assim que saíram, rolei pelo colchão para o lado onde César dormia, alheio a tudo o que estava acontecendo. “Me perdoa, querido”, pensei, “Me perdoa por estar com meu coração dividido. Você não merece isso”. Adormeci lhe pedindo perdão.
***
Domingo era o dia da Ceia de Natal e desde cedo todos estavam atarefados, arrumando a casa, decorando o que faltava, vigiando as crianças e preparando a comida. Os homens realizavam as tarefas de rotina do campo. Vanessa e eu ajudávamos a mamãe na cozinha e Viviane decorava a casa com ajuda das crianças.
Apesar de não termos muito tempo para ficarmos próximos naquele dia, Edson parecia menos frio comigo. Ele não me evitava, mas também continuava a demonstrar todo seu carinho para com minha irmã, me causando ciúmes.
À tarde, arrumamos tudo, lavamos a varanda que contornava toda a casa, onde as crianças se divertiram deslizando pelo chão ensaboado, e colocamos lá a enorme mesa de jantar.
No início da noite, os últimos retoques na iluminação, velas decorativas, enfeites, pratos sobre a mesa, taças, vinho e refrigerante. A mesa quase não foi suficiente para caber tanta comida. Travessas de arroz (com uvas passas), salpicão (com uva passas), costela suína, peru, alcatra, vinagrete, feijão tropeiro, em calda, saladas de tudo que é tipo…
Uma coisa posso afirmar: nunca ninguém passou fome na casa dos meus pais, sempre teve algo para se comer e quando se tratava de reunir a família, mamãe dominava a cozinha como ninguém. Me admira que ninguém sofria com sobrepeso. Deve ser a genética.
***
As crianças empanzinadas, tombavam a cabeça de sono. Não tinham ânimo nem para brincar.
— Vou levá-las pra cama — ofereceu-se a mamãe.
Vanessa começou a tirar a mesa, enquanto o restante de nós íamos para a sala. Era o hora de jogar Amigo Secreto. Nos sentamos em volta da mesa de centro sobre a qual amontoavam-se as sacolas de presentes e após a chegada de todos, Viviane foi a primeira a se levantar e ir para o centro pegar o presente que havia comprado.
— Bem, a pessoa que eu tirei… como posso dizer?… é uma inspiração pra mim desde que me entendo por gente. A sua dedicação em amar e cuidar da família só faz aumentar o respeito e a admiração que tenho por essa pessoa — ela fez uma pausa e olhou para cada um de nós — Essa pessoa me acobertou quando quebrei o vaso da vovó.
A mamãe deu um sobressalto da poltrona.
— Verônica?! — berrou ela não acreditando.
— Ah, mamãe. A Vivi era só uma criança.
— Mas eu acabei dando uma surra em você, minha filha.
— Você é minha heroína — disse Viviane me estendendo o presente.
Todos vibraram.
Me levantei constrangida. A pobrezinha mal tinha ideia de que eu secretamente amava seu namorado. Amar e cuidar da família era algo que não fiz nas últimas 34h. Eu me sentia uma fraude como irmã, como mãe e como esposa.
Peguei o presente e o tirei do pacote lindamente decorado. Era um kit de bolsa com três peças de couro vermelho, uma bolsa média, uma de corrente e uma carteira.
— Se é vermelho combina com a gente.
— São lindas, Vivi. Eu amei.
Eu a beijei no rosto e ela voltou a se sentar ao lado do namorado.
Havia chegado a hora. Peguei o presente do meio dos outros e fiquei olhando para o embrulho pensando no que iria dizer sem me denunciar.
— A pessoa que eu tirei… Já é parte da família desde muito tempo. E por mais que estivesse longe, sempre teve um lugar pra ele nos nossos corações — especialmente no meu.
— O único que esteve longe aqui é o Edson — disse Vanessa.
Todo mundo vibrou.
Edson se levantou e me abraçou forte, pude sentir seu perfume inebriante bagunçando meus sentidos. Ele beijou meu rosto roçando levemente seus lábios sobre minha pele.
Voltei a me sentar depressa enquanto ele abria o presente. Tirou a caixa de madeira onde dentro havia o kit de vinho.
— Um Cabernet Sauvignon! — ele comprimiu os lábios e olhou para mim — Ótimas lembranças. É perfeito, mor… Verônica.
Tive um princípio de infarto, mas fiquei bem.
O jogo se seguiu, com Edson presenteando Vanessa, Vanessa a César, César à mamãe, mamãe a Márcio e Márcio ao papai, que presenteou por fim a Viviane.
A noite avançou e as horas passaram rápido. Quando dei por mim o relógio da parede já marcava 1h45 da manhã. Meus pais já haviam se recolhido. Vanessa e Márcio manifestaram a vontade de se recolherem também e decidimos todos que já estava ficando tarde.
Na escuridão do quarto, após algum tempo, eu não saberia precisar quanto, mas já estava pegando no sono quando senti uma mão sobre meu braço e um sussurro inconfundível que me despertava.
— Está acordada?
Me sentei esfregando os olhos e olhei para o lado de César, que dormia. Do outro lado, Viviane estava esparramada sobre o colchão, e Edson ajoelhado na minha frente, pegava a minha mão para me ajudar a levantar. Pensei por alguns segundos antes de aceitar, acreditando que a situação daquela tarde no dia anterior já teria definido tudo.
Ainda de mãos dadas fomos para a varanda e tive a ideia de fechar a porta atrás de nós para caso alguém acordasse, não despertasse suspeitas.
Sobre a mesa estavam suas taças e a garrafa com a qual havia presenteado.
— O que é isso? — perguntei.
— Eu pensei que nossa conversa tinha acabado quando você saiu daquele jeito ontem.
— E acabamos, Edson. É isso — falei tentando transmitir convicção, mas a verdade é que eu não tinha nenhuma.
Ele levou as mãos ao rosto e caminhou até a mesa. Pegou a garrafa e a ergueu na minha direção.
— Cabernet Sauvignon? De todos os vinhos que você poderia comprar você escolhe justamente esse e espera que eu acredite que foi por acaso?
— … — eu não sabia o que responder. A escolha do vinho me denunciou.
— Eu queria que aquela noite fosse especial. Eu pedi pizza porque sabia que era sua comida favorita, à portuguesa, seu sabor preferido. Acendi velas, coloquei uma música, espalhei pétalas de rosa pelo quarto todo e peguei a garrafa de vinho da adega do meu pai.
— Foi o primeiro e melhor dia dos namorados de toda minha vida.
— Foi? — ele sorriu e abriu a garrafa — Me lembro de cada detalhe. Me lembro que… meu coração batia tão forte que eu nem precisava colocar a mão no peito para senti-lo nitidamente. Eu tinha plena certeza que você era a pessoa com quem eu queria passar o resto da minha vida.
Ele encheu as taças e me entregou uma delas. Nossas mãos se tocaram, e foi como se nós compartilhássemos a mesma energia daquela noite, no dia dos namorados. Nossos olhares se cruzaram e meu coração disparou mais uma vez por ele. Meu corpo ficou quente e minha garganta seca. Talvez fosse as taças de vinho que já havia tomado no jantar, ou simplesmente o sentimento que sempre havia, mas que eu me negava a ceder.
Edson bebericou o vinho, depois tomou um generoso gole. Eu o acompanhei até esvaziarmos nossas taças.
— Sabe? — continuou ele — É a primeira vez que tomo esse vinho desde a nossa noite.
— Encorpado, com um aroma de nostalgia.
— Doce como o amor — sussurrou.
— E ácido, como a mais avassaladora paixão — completei.
Ele tomou a taça das minhas mãos e colocou ambas sobre a mesa. Pegou-me pela mão direita e me puxou pela cintura, deixando nossos corpos colados e nossos rostos próximos. Minha mente me levou novamente àquela noite, quando dançamos abraçados ao som da música de fundo. Sentir aquele corpo novamente me deixou úmida. Minha respiração ficava pesada e sentia leves espasmos em meu ventre.
— “Se hoje for meu último dia de vida nessa terra…” — disse ele.
— “… Quero gastar minhas últimas energias beijando sua boca”.
Seu hálito quente me entorpeceu e sua boca próxima era irresistível. Seus lábios finalmente tocaram os meus iniciando uma luta frenética entre nossas línguas. Suas mãos desceram contornando meu corpo até minha bunda, onde ele segurou com vigor.
Minhas mãos subiram pelo seu peito, enlaçando seu pescoço e o puxando para mim. Meu corpo estava em chamas e meu sangue em ebulição. Nos agarramos tão intensamente que nossos corpos pareciam se fundir.
Edson direcionou seus beijos para o meu pescoço, me deixando arrepiada e elevando meu tesão a níveis inimagináveis. Seus beijos alcançaram meu ombro e fizeram descer a alça da camisola, expondo parte do meu seio.
— Eu te amo — falei com a voz embargada, os lábios trêmulos e o corpo inteiro ardendo de desejo.
Suas mãos grandes e quentes subiram pela minha cintura, uma delas deslizou pelas minhas costas enquanto a outra serpenteava entre meus seios e colo até seus dedos envolveram meu pescoço. Meus olhos reviraram e o gemido saiu lânguido e involuntário.
Quando voltei meus olhos para Edson, ele me observava com um olhar que me devorava. Sua boca entreaberta pedia por mais, então o puxei e o beijei novamente, esfregando meus lábios nos dele e acariciando a base do seu crânio entre seus cabelos com a ponta de meus dedos.
Nossas bocas novamente se separaram e olhamos nos fundo dos olhos um do outro. O que estávamos fazendo não havia mais volta. Não havia como fingir que não sentíamos aquilo que nossos corpos suplicavam. Não havia César, não havia Viviane, apenas nós e nosso amor.
Edson ergueu minha camisola e a retirou por cima da minha cabeça. Meu corpo pálido estava exposto e rendido ao deslizar de suas mãos. Ele tirou sua camisa e eu acariciei seu peito, o beijei e fui descendo até seu abdômen ficando de joelhos. Meus dedos puxaram para baixo seu calção deixando seu membro livre diante de mim. Maior e mais grosso do que eu me lembrava de modo que eu não conseguia unir meu polegar aos outros dedos quando eu o envolvi em minha mão.
Passei a língua pelos meus lábios e coloquei sua cabeça dentro da minha boca. Comecei a fazer movimentos de vai-e-vem com minha mão em torno de seu pau e serpentear a língua molhando sua cabeça com minha saliva. Olhei para cima. Ele me observava. Suas mãos acariciaram meu rosto antes de seus dedos entrelaçarem-se entre meus cabelos, acompanhando o movimento que fazia com a cabeça. Aumentei a velocidade de ambos os movimentos arrancando dele os mais intensos gemidos. Minha saliva escorria pelo meu queixo e pelo seu membro duro como uma rocha lubrificava toda sua extensão.
Quando estava chegando ao ápice e seu pau parecia ainda mais rígido, Edson me deteve. Me segurou pelo queixo e me levantou. Erguendo-me com facilidade, me colocou deitada sobre a mesa e se ajoelhou, pondo minhas pernas sobre seus ombros. Senti seu hálito em minha boceta, que a essa altura já devia estar escorrendo de tão molhada. Ele me abocanhou por inteira, passando a ponta da língua na entrada e subindo até o grelo. Meu corpo arqueou involuntariamente e meus pulmões se encheram de ar de repente. Agarrei sua cabeça, segurando-o seu rosto no meu sexo. Senti como se minha alma quisesse sair do meu corpo, era prazer demais para meu pobre sistema nervoso.
Edson me chupava com maestria, sugando meu grelo rosado e prestigiando meus lábios com a maciez da sua língua que se agitava, me fazendo ver estrelas.
Todo o medo e toda culpa se esvaíram como fumaça se dissipando no ar. Eu estava com o homem que eu amava. Minha consciência e meu juízo estavam devidamente enjaulados para que não me impedissem de gozar daquele momento arrebatador. Eu queria mais e mais. Sentindo novamente aquela paixão juvenil ardendo dentro de mim.
Edson se ergueu imponente diante de mim. Meus olhos percorreram seu corpo de cima a abaixo até onde sua virilha encontrava o horizonte da minha. Suas mãos seguraram firmemente minhas coxas e senti seu membro roçando toda sua virilidade entre meus lábios.
Minha respiração ficava mais descompassada e meu ventre sofria espasmos incontroláveis e mais intensos. Meu corpo inteiro estremecia e suplicava por sua masculinidade.
Um urro preso em minha garganta ressoou quando senti minha vagina ser alargada e preenchida por aquele músculo rígido e grosso que me invadia até a entrada do meu útero. Senti seu calor dentro de mim, sua pele roçando as paredes da minha vagina, sua glande forçando ainda mais o caminho.
Em movimentos cadenciados, Edson me levava à uma viagem pelos meus próprios sentidos. Suas estocadas vigorosas me faziam querer gritar. Se antes eu via estrelas, naquele momento minha mente acompanhava o movimento das galáxias. Suas mãos passeando pelo meu corpo em êxtase provocavam o arrepio em minha pele como um rastro de pólvora que terminou por encontrar meus seios. Sem diminuir o ritmo, ele os chupou afagando e massageando, lambendo os bicos rosados enrijecidos.
Minhas mãos deslizaram por sua nuca até suas costas, por onde expressei com minhas unhas a intensidade do prazer que ele me dava. Seu ritmo aumentava e minhas paredes vaginais comprimiam seu músculo que entrava e saia freneticamente. Eu não suportaria por muito mais tempo. Suas estocadas intensas me levaram a ter um orgasmo arrebatador, com uma descarga passando por todo o meu corpo. Tua teimosia em não parar, pelo contrário, intensificar o ritmo, me levaram a outros seguidos e incontroláveis. Abracei sua cintura com minhas pernas mantendo-o dentro de mim. Foi quando senti o jato forte quente me inundar, seguido de outros até que sobrasse apenas seu músculo pulsando dentro de mim.
Me sentei sobre a mesa e voltamos a nos beijar apaixonadamente, esfregando nossos lábios e entrelaçando nossas línguas. Nossos corpos unidos aqueciam um ao outro enquanto o suor de nossos corpos se misturavam.
— Eu te amo, minha moranguinho. Te amo com todas as minhas forças.
— Eu também te amo, Edson. Sempre amei e sempre irei amar até o fim da minha vida.
Fomos abraçados pela brisa noturna que nos refrescou. Mas a mesma brisa encheu de pavor o meu coração quando vi que ela balançava a porta entreaberta.