CAPÍTULO 2
**Connor**
Acordo sentindo um corpo quente em meus braços, abro os olhos e vejo Matthew entrelaçado em mim, seu rosto é de um anjo, tão calmo, seu cabelo é lindo, ontem à noite não dava para reparar por causa do rabo de cavalo, mas agora estava solto e espalhado no travesseiro. Deve ser porque não tinha onde corta o cabelo. Fico uns vinte minutos só olhando-o. Ele é lindo na tranquilidade da minha cama e em meus braços. Saio desses pensamentos e levanto fazendo o possível para não acordá-lo. Vou até o banheiro tomo banho, escovo os dentes e desço para a cozinha, Oliver está sentado com um envelope nas mãos.
- Estão aqui as informações que pediu. Tudo sobre o Sr. Black está neste envelope. Tambémas roupas acabaram de chegar. - ele fala me entregando o envelope.
- Ótimo, as roupas pode colocar no antigo quarto em que a Laura vivia, já que ela se aposentou e o quarto está vazio, coloquem tudo lá. - tomo o meu café lendo todas as informações do Matthew. O que não é muita coisa.
Matthew Black, filho de Angelina Black que era uma excelente cozinheira, tinha um restaurante que fazia muito sucesso, eu mesmo já fui lá várias vezes, seu pai era Jonathan Black, ele era arquiteto. Sem nenhum irmão ou irmã, Matthew era filho único e estava no seu primeiro ano na faculdade de publicidade e marketing, e tinha acabado de fazer um curso profissional de fotografia, quando perdeu seus pais em um acidente de avião. Seus pais deixaram tantas dívidas que ele teve que vender tudo o que tinha. Isso quando tinha vinte e um anos, passou a morar nas ruas, pedindo emprego em vários lugares, mas sendo rejeitado. Agora aos seus vinte e quatro anos de idade, ainda encontra-se sem nada. Isso é toda a sua vida.
Levanto-me e preparo uma bandeja de café para Matthew e levo para o quarto. Ao abrir a porta eu ouço um gemido de dor, entro na mesma hora e vejo Matthew se contorcendo. Coloco a bandeja na mesa ao lado da cama e vou até ela. Pego Matt no meu colo e o acordo devagar.
- Mathew querido acorde. Está tudo bem é só um sonho. - falo devagar, ele para de se mexer e abre seus lindos olhos castanhos para mim.
************************
**Matthew**
Eu já estava começando a estranhar, não tive nenhum sonho em uma boa parte da noite, mas como eu não tenho sorte os pesadelos vieram, estava começando a sonhar sobre o meu primeiro estupro, quando senti alguém me abraçar e uma voz dizendo que estava tudo bem, é quando eu abro os olhos e aquele azul impressionante me saúda. Dou um pulo quando percebo que estou nos braços do Connor.
- Você e essa sua mania de me tocar sem ser convidado. - falo na defensiva. Olho em volta e vejo que estou em um quarto, olho para mim mesmo e vejo que meus machucados foram limpos e estou em uma grande camisa branca, olho para Connor que está me olhando seriamente.
- Você me limpou e ainda tirou minha roupa! - digo acusadoramente. - Você me viu nu!
- Relaxa, não tem muita coisa para me impressionar, já vi coisas bem melhores. - nossa essa doeu, eu sei que não sou lá essas coisas, mas não precisava jogar na cara. Respiro fundo e coloco a minha cara de jogo.
- Ótimo, então só assim eu sei que você não vai dar em cima de mim. - Ele tem a cara de pau de rir da minha cara.
- Bem, não vou agradecer pelo que você fez, já que não gosta de agradecimento, então se você me devolver minhas roupas e mochila eu já vou indo. - falo procurando minhas coisas e nessa hora me bate algo. - Espera ai, como eu vim parar aqui? - pergunto olhando para ele.
- Bem agora que você calou a boca, eu irei falar... Primeiro, depois que você saiu do restaurante eu li o que você me deixou e saí para te procurar, sorte a sua, que meu segurança estava do outro lado da rua e me avisou onde você estava. Segundo, te encontrei, peguei você no colo e te trouxe para minha casa, te limpei, troquei sua roupa e fui dormi. Terceiro e último, você não vai a lugar nenhum criança. - ele diz cheio de autoridade, reviro os olhos. Ninguém merece, ganhei um pai agora.
- Está maluco? Pirou na batatinha. Eu vou aonde me der vontade, quem é você para mandarem mim? - pergunto irritado.
- Eu sou aquele que te deu comida, um teto para dormir e morar. - eu paro ao ouvir a palavramorar.
- Morar? - pergunto rindo.
- Sim, tome o seu café da manhã, tome um banho e se vista. Eu trago roupas para você vestir enquanto come e depois desça. Nós vamos conversar. - Connor não me deu tempo para argumentar, sai e bate a porta atrás de si. Olho para o quarto e caramba seu quarto é enorme, uma parte é de vidro do chão ao teto e a vista é de frente para o mar, o quarto tem uma televisão que sai do teto, tem um closet e uma porta que acho que é o banheiro, o quarto também tem uma pequena mesa com duas cadeiras acolchoadas. Isso é imenso. Sento na cama e pego a bandeja com o meu café da manhã e como desfrutando de cada coisa, fazia tempo que eu não comia desse jeito, a saudade me bate e lágrimas começam a cair pelos meus olhos. Mas eu não as seco eu as deixo cair, isso significa que estou vivo e que ainda tenho forças para lutar. Termino de comer e vou ao banheiro, não me preocupo em fechar a porta, o banheiro é surpreendente, ele é tão grande quanto o quarto, aproveito e tomo banho em sua enorme banheira que cabe umas quatro pessoas dentro, encho a banheira e entro, oh Deus, que delícia, fecho os olhos e me perco dentro dela lavando cada parte do meu corpo, esqueço a dor e limpo cada machucado.
**************************
***Connor***
Saio do quarto sem deixar nenhuma chance para ele falar, já estava me irritando aquela voz doce, aquele jeito todo meigo, ele devia é me agradecer, não tenho mania de ser bom com ninguém, não sinto pena e nem compaixão. Não sei o que está dando em mim, mas não consigo ficar longe desse garoto. Vou direto para o quarto onde minha antiga governanta morava, lá tem de tudo; uma grande sala, uma mini cozinha e uma suíte, vejo que Oliver colocou as roupas dentro do pequeno closet, escolho uma camisa e bermuda simples e um par de chinelos para ele calçar, pego cueca, e volto para o meu quarto.
Entro no quarto e percebo que Matthew já está no banho, coloco a roupa em cima da cama, quando me viro para sair vejo que ele deixou a porta do banheiro entre aberta, vou até lá para fechá-la. Oh meu doce senhor, Matthew está sentado na banheira com o peito para fora. Ele o limpa, percebo que ele treme de dor quando passa por cada ferida e mancha roxa. Ele afunda na banheira e levanta uma das pernas, nessa hora saio correndo do quarto. Meu Deus o que é que este menino está fazendo comigo? Eu sou um homem frio, não sinto pena nem compaixão, seja lá o que vocês chamam. E aqui estou eu, ajudando um homem que não tem onde cair morto.
Vou direto para o meu escritório e resolvo ligar para o Henry pedindo explicação do sumiço dele ontem. Ele atende no segundo toque.
- Bom dia defensor dos sem teto. - ele atende rindo.
- Não me faça piada essa hora da manhã Henry, o que deu em você para me deixar ontem? -pergunto.
- Eu achei que você devia ao menino. Você tem mania de julgar as pessoas antes de conhecê-las, Connor, então resolvi te dar um tempo a sós com ele. - Ele diz sério. Não posso acreditar no que estou ouvindo.
- Você achou que eu devia a ele, é simples assim? Bem por culpa sua ele está no meu banheiro tomando banho e irá ocupar o lugar da minha governanta. - digo irritado.
- Por culpa minha? Não Connor, ele está na sua casa porque você permitiu, eu não tenho nada a ver com isso. - ele diz sorrindo. - E você o colocou para ser logo seu mordomo? Por favor, Connor poderia colocar ele em uma das suas empresas!
- Ele devia me agradecer, eu não devo nada a ele, e ainda estou deixando que fique na minha casa. Vou pagar a ele dinheiro suficiente para conseguir seu próprio lugar depois. Então, eu que decido com o que ele irá trabalhar. - digo perdendo a paciência, eu quero ele na minha casa e é aqui que ele irá ficar. - Tenho que desligar. A gente se vê mais tarde. - e com isso termino a chamada. Saio do escritório e vou para a sala esperar Matthew.
Assim que eu chego o ouço na escada, me viro para olhá-la, uau ele está lindo com a roupa que eu escolhi, seguro o sorriso e coloco a minha cara de negócios, eu sei que ele vai protestar.
****************************
***Matthew***
Aproveito o meu banho o máximo que posso, mas quando a água começa a esfriar resolvo sair, me enrolo em uma enorme toalha branca e vou para o quarto, vejo que em cima da cama uma roupa que Connor deixou para eu vestir. Pego as roupas e sorrio para mim mesmo, Connor colocou uma simples camisa azul claro e uma bermuda bege, um chinelo simples, cueca branca da Calvin Klein para eu usar. Queria ter visto a cara dele escolhendo isso. Visto-me, penteio o cabelo e escovo os dentes. Saio do quarto e fico perdido não faço ideia de onde estou, depois de um tempo eu encontro as escadas e desço, vejo as costas do Connor, ele vira quando estou na metade das escadas. Ele fica sério e me espera descer. Chego ao final das escadas e olho para Connor.
- Siga-me, por favor. - ele pede se virando e indo em direção a um corredor. Connor abre uma porta e pede para eu entrar, ele entra logo em seguida e fecha a porta.
- Vou direto ao assunto, pois não tenho tempo a perder. Você irá ficar calado e me ouvir. Entendeu? - pergunta e aceno com a cabeça. - Ótimo, pois bem você irá morar aqui. - eu nem espero ele terminar.
- De jeito nenhum, eu não vou morar aqui. Eu não posso. Não tenho nem como lhe pagar. - falo rápido de mais, percebo que Connor fecha a cara, na hora e me encolho.
- Eu lhe dei permissão para falar? - eu nego com a cabeça. - Olha para mim criança. Você realmente acha que eu dou algo de graça? Eu sei que você não tem dinheiro nenhum, mas querido você tem que ao menos ter educação o suficiente para esperar os mais velhos falarem para depois se pronunciar. - nossa, se ele pensa que vai me fazer ficar aqui para me humilhar está muito enganado. Dou um passo à frente. Olhando bem nos olhos dele.
- Olha aqui Connor, você me alimentou ontem e me deu um teto para dormir, mas não vai achando que só por causa disso eu irei deixar você me tratar mal. Eu. Não. Fiz. Nada. Para. Você. Então pode parando de me tratar assim. Se quiser falar, por mim tudo bem, mas me humilhar não querido. Posso ser morador de rua, mas não sou capacho de ninguém. - falo, minha voz transporta raiva. Ele fecha o único espaço que há entre nós.
- Escuta aqui criança. Como eu estava falando e você me interrompeu. - diz me olhando, Connor não se importou com nada do que falei. O que me deixa com mais raiva ainda. - A partir de agora você irá me chamar de senhor. Minha governanta acabou de se aposentar e você irá tomar o seu lugar. Você será meu mordomo, você irá atender as ligações quando eu não estiver em casa, irá fazer minhas refeições, e limpará o meu quarto, o seu, e o meu escritório. O restante da casa quem irá limpar será o serviço de limpeza. Você jamais irá se intrometer na minha vida pessoal, só irá se dirigir a mim quando eu permitir. - ele continua falando e eu vou ouvindo. Ele está louco? Agora vou ser seu escravo é isso? Nem morto. - Irei te pagar o suficiente para você ter suas coisas e futuramente um lugar para você mesmo. E não me agradeça estou fazendo isso por mim e não por você, preciso de um empregado e você de um teto e dinheiro, então estou te dando isso, mesmo que você não seja qualificado para o trabalho. Se não souber cozinhar aprenda. E de jeito nenhum se apaixone por mim, pois se eu ver que você está criando qualquer sentimento em relação à mim, você será mandado embora sem nada em suas mãos. Somente com a mochila que chegou. - ele diz.
Minha nossa, o que é tudo isso, eu me apaixonar por ele. Ele nem ao menos sabe se eu sou gay. Só rindo mesmo.
- Pode ficar tranquilo senhor, eu não irei me apaixonar por você. O problema é você se apaixonar por mim. - Digo sorrindo, Connor joga a cabeça para trás e cai na gargalhada. Minha mãe do céu. É a primeira vez que o vejo rir e é uma visão gloriosa. Depois do ataque de riso inesperado Connor me olha de cima a baixo.
- Não tem nada em você que me desperta o interesse criança, então fique tranquilo. - ele diz rindo, mas é um sorriso malicioso e não do jeito bom. - Agora irei pedir para o Oliver te acompanhar até o quarto em que irá ficar. Ao contrário de você tenho coisas para fazer. Você começa o seu serviço amanhã de manhã já que não irei jantar em casa. Quando eu chegar mais tarde eu dou o contrato para você ler e assinar. - ele caminha até a porta e para. - Aliás você trabalhará para mim durante um ano. - Com isso ele sai não me dando chance nenhuma de argumentar.