***CAPÍTULO DEZESSEIS ***
Almoçamos juntos, e descobri, mediante os nossos assuntos, que Gabriel está desde cedo trancado no escritório de Elza, e não quer ser incomodado. Não veio comer, pelo contrário, Elza que levou um prato de comida para ele.
Depois do almoço, trouxe o prato, e mal me olhou.
O que está acontecendo? Nenhum bom-dia...
Começo a sentir uma ponta de arrependimento. Não por nada, tanto que ontem me entreguei a ele porque quis, mas não estava esperando essa reação.
O que esperava, Samuel? Esperava que ele se derretesse por você?
É, subconsciente de merda, é isso mesmo, eu esperava que agora as coisas pudessem melhorar para nós dois, que ele fosse mudar e talvez me deixasse ver os meus pais.
— Samuel, arrume suas coisas, iremos para minha casa hoje à tarde.
A sua grosseria me tira do meu devaneio. Qual é o problema dele? O seu andar superior e seu alter ego autoritário faz meu sangue ferver de raiva.
De novo não.
Ele está agindo como se o que fizemos ontem nunca tivesse acontecido. — Ok — digo sem expressão, mas por dentro completamente chocado.
É o mesmo homem que me tirou da casa dos meus pais, nem sinal do homem gentil e atencioso de ontem.
— Vai hoje mesmo, filho? Fique mais um dia. — Elza percebe a tensão entre nós.
— Não, mãe, mas se tudo der certo, voltaremos no fim de semana — diz ele, com um tom grave, apesar de mostrar gentileza.
— Tomara que dê certo. — Elza sorri e volta a recolher os pratos da mesa.
— Samuel, à tarde eu quero tudo pronto — argumenta, sendo grosseiro de novo.
Por que está com raiva de mim? O que eu fiz?
— O que deu nele? — Isabel questiona assim que ele entra no escritório.
— Está assim desde que acordou, vai saber que bicho o mordeu — Elza afirma, olhando pra porta fechada do escritório.
Ele só pode ser bipolar.
Será que fiz algo de errado? Mas ele pareceu gostar ontem.
Preciso afastar todos esses pensamentos para longe, antes que eu desabe na frente delas.
— Samuel, está tudo bem? — Elza pergunta. — Você está um pouco pálido.
Me sinto frio, gelado como cubos de gelo.
— Gabriel é um escroto, deixe isso pra lá. — Isabel me cutuca. — O que acha de irmos fazer umas comprinhas? Aproveitamos o ensejo para pegar Laurinha na escola.
Sair, isso, precisava sair.
Ele não vai gostar, meu subconsciente avisa. Quero que se dane!
Mas e aqueles homens lá fora? Será que Isabel sabe? Acho que se soubesse nem tinha levado a Laurinha para escola.
Não é bom sair, mas, se eu me recusar, ela vai querer saber o motivo e não sei se posso falar. No fim das contas, temos que pegar a Laurinha de qualquer jeito.
— Vamos. — Termino de colocar a louça na pia e subo para me arrumar.
Quando saímos na garagem, Isabel entra no carro dela e logo sai.
— Não acredito. Estou sem combustível. — Choraminga. — Já sei, vou dar o troco pela grosseria do meu irmão. Tudo bem, eu sei que você me ama.
— Ela abre um belo sorriso.
— O que vai fazer?
Pela expressão em seu rosto, nem queria saber muito. Ela volta chacoalhando as chaves do carro do Gabriel. Oh, merda! Ele vai nos matar.
— Respire, Samuel, ele nem vai perceber, ou até vai, mas não me importo. E não é todo dia que podemos dirigir um M6 G-Power Hurricane CS. — Não entendo nada do que diz. — É um dos carros mais velozes do planeta, da marca BMW, é um sonho.
Veloz? Mais veloz do planeta? E Isabel iria dirigir?
— Eu não vou entrar em um carro desses com você, deixe que eu mesmo dirijo. Me passe as chaves aqui.
Ela faz biquinho e me entrega.
Ligo o carro com um pouco de dificuldade, e saímos da garagem. Sou um bom motoristo, sigo a sinalização e respeito às leis de trânsito. Esse carro é supermacio, confortável e letal.
— Nossa, Samuel, você parece uma tartaruga! Onde está a diversão?
— Está em nossas vidas intactas — respondo, prestando atenção no movimento, que é terrível.
— Alguém vai bater em você se continuar assim. — Ela cruza os braços com uma cara de tédio.
Sinto medo, quase parando o carro. Ai, Deus! E se eu bater o carro dele?
Estarei morto.
— Cale a boca, Isabel, está me deixando nervoso.
Chegamos ao shopping que indicou, sem nenhum arranhão. Como não tenho dinheiro, não compro nada, mas Isabel fica insistindo que eu pegue o que quiser, pois ela paga. Não aceito.
Isabel comprou em todas as lojas que entramos.
Na porta, ouço uma voz que faz todo o sangue do meu corpo se evaporar, quase tenho uma parada cardíaca. Nunca esqueceria aquela voz em lugar nenhum, o homem de ontem à noite está de costas para mim e no telefone.
— Claro que é ele, eu o vi... Juro que sim... Estava acompanhado por uma amiga... Não sei de quem se trata... Não, nunca vi... Eu o perdi de vista, mas vou encontrá-la... Sim, pode deixar.
Isabel vem saindo quando a empurro para dentro da loja de novo.
— Olha essa camisa, não tinha visto. — Seguro uma camisa azul na mão, no alto do meu rosto.
— Mas, Samuel, essa é a que você provou.
— Sério, é magnifica, vamos ver se tem o meu número.
— Mas... — Ela me segue para os fundos da loja.
Resumindo: levo uma camisa.
Só saímos da loja quando averiguei tudo cuidadosamente e não o encontrei em nenhum outro lugar. Arrasto Isabel para fora do shopping.
— Calma, Samuel, ainda nem olhamos o outro lado.
Vou puxando Isabel, do contrário ela voltará para dentro.
— Depois a gente vem aqui. A essa hora seu irmão já sabe que pegamos o carro dele, deve estar uma fera, e ainda tem a Laurinha...
— Ai, droga! Esqueci dela, estou atrasada. Vou ter que dirigir, senão chegaremos de noite.
— Claro! — Dou a chave para ela, nem protesto.
Me sento calado, implorando que pise fundo no acelerador e nos tire logo daqui. Não conseguiria dirigir mesmo, estou tremendo igual a uma folha no vento.
— Vem, bebê, agora uma profissional vai dirigir. — Isabel cantarola.
Ai, Deus!
Assim que pegamos a Laurinha, a velocidade dela diminui, então agradeço. Pelo menos ela é cautelosa com a garota.
Quando entramos pela garagem, Gabriel está lá em pé nos esperando, de braços cruzados, com um olhar cheio de ódio.
Oh, pelos anjos! Estamos fritos.
Saímos do carro, e Laurinha corre para abraçá-lo. Ele a recebe de bom grado e muda a carranca para um sorriso.
— Acho que trazer minha filha foi uma boa ideia — Isabel comenta.
Ele coloca a sobrinha no chão.
— Vai com a vovó, amor, tenho que falar com a mamãe e o titio. — Noto o seu tom de desprezo quando fala as últimas palavras.
Ela corre para dentro e minha maior vontade é correr atrás dela só para não receber o olhar gélido de Gabriel.
— O que pensam que estão fazendo? — Ele grita. — Ficaram loucos?
— Nossa, seu carro está inteiro! — Isabel joga a chave no peito dele, que segura, apertando-a em sua mão. — Venha, Samuel, vamos para dentro.
Sim, com certeza, já estou indo...
— O Samuel fica.
Droga! A ideia nem foi minha.
— Por quê? — Isabel interrompe os passos, a fim de me defender.
Gabriel me olha, como se dissesse para eu me livrar dela de alguma forma.
— Pode ir, Isabel, eu já vou.
Levanto o queixo, não iria abaixar a cabeça para ele de jeito nenhum.
— Não seja tão duro, Gabriel, só demos uma volta. — Isabel continua ali.
Gabriel bufa de raiva.
— Tinha que ser com a porra do meu carro? — vocifera, me assustando.
— Já sabe onde pode enfiar a merda do seu carro! — Isabel o desafia, e ele fecha os olhos. Quando os abre, parecem duas bolas de fogo prestes a explodir. Ele está perdendo o controle.
— Gabriel? — Me aproximo dele, nem sei por quê, mas me sinto compelido a acalmá-lo.
— Não toque em mim, Samuel — alerta.
Dou um passo para trás.
— Você é um imbecil, Gabriel! — Isabel grita com ele.
— Suma daqui!
Ela entra sem olhar de volta para nós, percebo como ficou decepcionada.
— Sabe o risco que correram saindo daqui sem a minha permissão? Sem nenhum segurança?
Sua voz é dura, não há sinal de gentileza nem compreensão.
— Estamos inteiros. — Melhor nem contar que foi por pouco que não fomos pegos.
Ele passa as mãos pelos cabelos, parecendo lutar para se acalmar.
— Por algum milagre. Não sei o que faria se algo tivesse acontecido com a minha irmã, ou... Caramba, Samuel! — Suas palavras parecem adagas me ferindo.
Claro que ele está preocupado com a irmã dele, eu a coloquei em risco aceitando o convite. Como pude ser tão cego a ponto de não perceber que não sou nada para ele? Sou apenas um brinquedo descartável.
Ele usa as pessoas dessa forma como me usou. A única coisa que sentia por mim era desejo e, depois que conseguiu o que queria, agora não se importa mais. Minha garganta se aperta com o choro, mas não deixo nenhuma lágrima escorrer, não nesse instante, não na frente dele.
— Desculpe, não queria colocá-la em perigo, é que...
Ele não me deixa terminar.
— Colocá-la em perigo? Ela poderia ter morrido, e você, sei lá, sequestrado. Eu escondo essa vida da minha família por um motivo: para protegê-las. Daí você leva a minha irmã bem na mira deles?
Não chore, imploro a mim mesmo.
— Eles não sabem que ela é sua irmã, acham que é uma amiga minha.
Depois que as palavras saíram, percebo a merda que eu fiz.
— E como sabe disso? — Não consigo responder, estou com os olhos arregalados e com medo da sua reação. — Me explique, Samuel! — Ele grita, me tirando do transe.
— Ouvi um deles falando no telefone. — Gabriel fecha os olhos, solta um monte de palavrões enquanto anda de um lado para o outro. — Mas não deixei que me vissem, eu...
— Se acha mais esperto que eles? Acha que sabe de alguma coisa só porque ouviu um deles falando no telefone? Você não sabe de nada, Samuel , você não é nada.
Suas palavras são como punhaladas em meu peito. Apesar disso, seguro o choro. Meu corpo treme de raiva, ele não tinha necessidade de me ofender.
— Olha aqui... — Começo, mas Gabriel me corta.
— Olha aqui, você. — Sua voz é calma e afiada, me dilacerando. — Acho que ainda não entendeu a sua posição. Eu estou no comando, e você apenas me obedece. Acha que uma noite de sexo quente pode me dominar? Você me proporcionou prazer, e eu só retribui. Não somos nada, não temos um relacionamento, então não espere nada de mim.
Estou no chão, me arrastando às minguas, com meu orgulho completamente ferido. Lembrarei de cada palavra e o arrancarei da minha cabeça, da minha alma e do meu coração.
— Como quiser, senhor — debocho, com a mesma frieza que ele.
Me esforço a não tremer a voz. Ergo a cabeça, deixando claro que suas palavras cruéis não me atingem, mesmo que, na realidade, eu esteja sangrando por dentro.
Junto os meus pedaços, viro as costas e saio.
— Maldição! — Ele pragueja.
Entro na casa pisando duro, passo direto por Elza e a Isabel.
Laurinha deve estar em outro lugar, já que não a vejo aqui. Ou talvez não tenha nem prestado atenção.
— Samuel, você está bem? — Isabel vem atrás de mim, me seguindo escada acima.
— Agora não, Isabel.
Não quero ouvir alguém defendê-lo ou falar mal além do que eu mesmo já faço. Quero ficar sozinho.
— Olha, me desculpe, a culpa foi toda minha por ter pegado o carro dele sem autorização, mesmo sabendo que ele ficaria furioso.
Mal ela sabe que nem é tanto pelo carro. Não posso deixá-la se culpar. Paro e olho para Isabel no alto da escada.
— A culpa não é sua, pois também sabia que ele não iria gostar, e mesmo assim eu fui. — Ela está com os olhos cheios de lágrimas, mas infelizmente não posso curar a sua dor agora, ainda mais quando a minha é mais destrutiva. — Preciso ficar sozinho, Isabel.
— Ele ficou muito bravo com você? — Limpa uma lágrima que escorre por seu delicado rosto.
— Acho que posso superar, logo o estresse dele passa. — Minto.
— Não sei como você aguenta.
Dou de ombros. Queria dizer que não tenho escolha, mas do que adiantaria, a não ser deixá-lo mais irritado?
— Só preciso de um tempo para me acalmar.
— Tudo bem.
Viro as costas e saio. Isabel não vem mais atrás de mim.
Entro no quarto e fecho a porta com a chave, escorregando pela madeira bem pintada. Os soluços chegam descontrolados, chacoalhando o meu corpo.
As lágrimas me cegam, não aguento mais o peso da minha própria culpa.
Como pude deixar isso chegar tão longe?
O que Lucas diria se me visse agora? Nem me olharia na cara, ou talvez me consolasse. Ele era mesmo um amor e eu, por desejo, o traí.
A dor vai me consumindo, é como se meu coração tivesse sido arrancado do peito. Fico aqui sentado na porta por horas, agradecendo por ele não ter aparecido, por ter me dado um pouco de privacidade — coisa que ele desconhece.
“Você não sabe de nada, Samuel, você não é nada.”
Essa frase circula pela minha cabeça, me matando aos poucos, sendo jogada na minha cara repetidas vezes.
Sei como ele era e, mesmo assim me iludi por suas palavras doces e quentes. Meu maldito corpo se acende com as lembranças, me traindo pela centésima vez.
***
Quando estou mais calmo, levanto e vou arrumar as malas. Depois tomo um banho, coloco uma calça jeans, uma camiseta regata.
Prendo o cabelo em um rabo de cavalo. Não vou dar o prazer de ele saber o quanto me destruiu, muito menos quero que saiba que chorei.
Gosto do resultado.
— Vá se foder, Gabriel Miller! — falo alto para me convencer de que é isso mesmo que quero, e gosto da forma como sai de dentro de mim.
Ouço a porta ser aberta, então suspiro fundo.
— Samuel — Gabriel me chama.
Saio do banheiro de cabeça erguida. Ele me olha de cima a baixo, erguendo uma sobrancelha, provavelmente tentando entender o que aconteceu comigo. Sua carranca se dissolve em um sorriso sombrio.
— Está lindo.
Ignoro o elogio.
— Já vamos? — pergunto, com a mesma frieza que usa comigo, sem demonstrar sentimentos. Pelo menos rezo para que ele me veja justamente dessa forma.
— Sim. — Seu sorriso aumenta. — Já está pronto?
Assinto e, sem aviso, passo por ele e saio do quarto. Não conseguiria ficar por mais tempo nesse ambiente impregnado com o cheiro dele, sem fraquejar.
Droga, Samuel! É tão difícil assim odiá-lo? Não. Então por que não consigo?
Me despedir foi mais difícil, porque agora sei que ficarei sozinho. Acabei me acostumando com a Isabel. Vou sentir falta dela, da Laurinha e da Elza.
— Faça um esforço de vir me visitar. — Elza me abraça e dá um beijo no meu rosto.
Até poderia imaginar ter uma vida normal, mas não posso.
— Com certeza — digo sem saber realmente se poderia voltar.
Abraço a Laurinha e depois a Isabel.
— Vou lá essa semana, assim que conseguir um tempo — avisa.
Balanço a cabeça, concordando.
Estou com a garganta apertada a ponto de chorar, meus olhos ardem.
— Vê se me liga. — Isabel me solta.
De que jeito eu ligaria se nem celular tenho? Na verdade, nunca dei muita importância, mas hoje vejo o quanto isso me faz falta. Acho que, mesmo se tivesse, não seria autorizado a usar.
Aceno antes de entrar no carro, completamente sufocado. Gabriel senta do lado do motorista enquanto eu me embaraço com o cinto.
Minhas mãos estão tremendo.
— Quer ajuda? Parece estar perdendo a batalha.
Olha, ainda é capaz de fazer piada... Tenho vontade de gritar com ele, mas respiro fundo.
— Não, senhor.
Ele fecha os olhos e, quando os abre, percebo que são tão negros, tão profundos, cheios de dor, escuridão e raiva.
— Pronto? — Seu tom afiado faz arrepios correrem pelo meu corpo.
— Mudaria alguma coisa se dissesse que não? — provoco.
Parece o mesmo dia que ele me levou embora da minha casa, é a mesma dor de perda e solidão.
— Não.
Espero seu sorriso presunçoso, mas ele não aparece.
Gabriel respira fundo e sai com o carro, agarrando firme no volante.
O caminho todo foi silencioso, desconfortável, um clima palpável. Ele parece nervoso, mas, que bom, porque eu também estou. Na verdade, estou mais devastado do que bravo, só que ele não precisa saber.
Quando penso que estamos saindo da cidade, ele faz uma curva, entrando por um portão branco, elétrico e gigante.
Estou apaixonado pelas árvores, eu amo verde. Pegamos um caminho maravilhoso de eucaliptos amarelos; eles formam um túnel comprido, como uma passarela, até a entrada da casa.
Gabriel dá a volta em uma fonte grande, com a estátua de uma mulher, ou um anjo, bem no centro. É perfeito. Sem contar a mansão que paramos em frente, com uma escadaria branca que leva até uma porta de vidro. Ela tem dois andares de paredes de pedras brancas e vidros. Nunca tinha visto nada assim, não fora das revistas. Ela é digna de um cartão postal.
O jardim bem-cuidado me chama a atenção, fico encantada e de boca aberta. É tudo muito estruturado e de valor.
— Chegamos. — Me assusto com a voz grossa de Gabriel. Acabei me esquecendo que ele está ao meu lado.
Olho em sua direção, e seus olhos brilham, como na noite em que fizemos amor.
Esqueça isso, Samuel! Foi apenas sexo para ele.
— É a... Aqui que você mora? — Perco até o raciocínio, mas forço a me esquecer de qualquer coisa que tenha acontecido entre nós.
Me recomponho rapidamente.
— Sim, tem algum problema? — Ele desce do carro, dá a volta para abrir a minha porta, mas abro sozinho e desço.
— Não, é linda. Você gosta de ostentar, eu que devia ter me preparado para o melhor. — Ainda estou em êxtase pela visão da casa.
— Sim, gosto de coisas bonitas e grandes. Prefiro ter espaço. — Ele pega a minha mão e me conduz pelas escadas. Estou tão maravilhado que não consigo parar de admirar, é surreal demais.
Nunca fui de ligar para o luxo, minha vida normalmente se baseava naquela casinha confortável, vivendo cheio de sonhos e desejando um futuro feliz.
Em toda a minha vida acreditei apenas no amor, até aparecer Gabriel com seu jeito arrogante e prepotente, destruindo as coisas em que eu acreditava, abalando toda a minha estrutura.
A minha realidade não é um conto de fadas. Não existe final feliz, não há um príncipe encantado nem amor incondicional. Sei disso porque achei que amava o Lucas com todo meu coração; porém, depois de me entregar a um homem sombrio e perverso, para satisfazer meu próprio desejo carnal e um sentimento enlouquecedor de prazer quase insuportável, me dou conta de que não o amava tanto assim, e isso dói.
Dói muito.