Gente, desculpa a demora. Estou tendo dias corridos, mas agora tá ficando tranquilo.
Para esse encerramento vou tentar resumir.
A começar pela minha família.
Eu não tive mais contato com eles.
Há 6 anos fui embora de casa sem olhar pra trás. Eu não sinto mais ódio como eu sentia, mas tenho motivos de sobra pra não querer mais contato com eles. Desejo que sejam felizes, que prosperem, que viviam muito, e que gozem de boa saúde e alegria, mas bem distante de mim. Óbvio que as vezes sinto falta de alguma coisa que nunca tive, isso é natural. Mas, como acabei de dizer.... "nunca tive".
Mas eu tive uma breve e curta notícia deles. Deixa eu explicar...
Há tempos atrás eu resolvi criar meu Face. Todo mundo tinha redes sociais, por que eu não?!
Como vocês sabem - os que tem redes sociais -, lá pede informações sobre nós. Eu nunca havia tido redes sociais e não sabia que através dessas informações a gente era sugerido para amizades que compartilhassem as mesmas informações. Então preenchi quase tudo, entre eles, "cidade natal e colégio onde estudei no Ensino Médio".
No dia seguinte quando abri meu perfil, surpresa: uma chuva de convites de pessoas da minha cidade.
Muitos que eu não conhecia (mas com certeza conheciam o viadinho da cidade); muitos que haviam se desenvolvido fisicamente, mas reconheci (alguns daqueles que me perturbavam na rua, e uns daqueles que me flagraram fazendo oral no marido da vizinha); e a cereja do bolo: meu irmão mais novo. Quando vi o nome do perfil eu nem acreditei...; olhei a foto de perfil pequena ao lado. Era ele sim, desenvolvido, mudado, mas era. Fiquei tão nervoso que pareceu meu cérebro entrar em curto. Nem olhei mais o restante dos convites de amizade. Cliquei no perfil dele, abri logo as fotos. Nós todos somos meios-magros lá em casa, mas ele era o que tinha uma carnezinha a mais, porém as fotos mostraram que ele se desenvolveu magrelo, parece que cresceu mais do que o restante de nós irmãos; e infelizmente estava com cara de marginal, sobrancelha com 2 cortes feitos na gilete, cabelo todo desenhado também, várias fotos fazendo sinal de pivete com as mãos, outras com boné na altura dos olhos, entre outras. Novidade: ele tem uma filha pequena (fiquei boquiaberto); no perfil constava "namorando", tinha fotos dela num álbum. Vi álbuns com fotos dos meus outros irmãos, dos meus pais (a mãe com uma cara de sofrida), e havia fotos de outro casal de meninos, com a legenda embaixo: "o tio ama" - mas não dizia nada se era do meu irmão imediato mais velho que eu, ou se era do mais velho. Mas a curiosidade não demorou muito.
Na parte superior da página do facebook tinha sinalizando "mensagens". Eu ainda não sabia usar, estava aprendendo, cliquei em cima e fui direcionado a instalar o messenger. Fiz todo procedimento e tive acesso à mensagem:
( " )
Irmão, eu nem acredito (realmente me chamou de "irmão")
Por onde tu anda, cara?
Você abandonou a gente mesmo
Quanto tu foi embora, mainha disse que você não ficaria uma semana fora
Sabia que painho teve derrame, mas já tá legal
Eu já sou pai de uma menina, sabia?
E *Fulano (meu irmão mais velho) também tem 2 filhos
Me diz onde tu tá, se você está bem
Manda notícias
Você vem aqui quando, cara?
( " )
O texto não foi com esse português razoável, eu quase tive que decifrar. Ele sempre odiou estudar.
Gente, não tive escolha, eu fiquei muito (mas muito) mexido, principalmente vendo as fotos de meus sobrinhos - que nunca conheci nem sei se conhecerei algum dia. Eu encerrei a leitura e me pus a chorar. Eu tive vontade de responder (acho que qualquer um teria no meu lugar), mas eu não consegui.
Comecei me lembrar, e aquele filmezinho começou rodar na minha mente. Lembrei do meu irmão mais velho que tudo o que tinha na mão jogava em mim quando não conseguia me pegar pra me bater, apenas pra me maltratar por ser viado; lembrei do meu irmão imediatamente mais velho que eu, que sequer me olhava, com nojo, raiva e/ou vergonha de mim; lembrei dele, do meu irmão mais novo, que ficava de olho em mim em todo lugar dentro e fora de casa, e qualquer coisa que ele "imaginava" que eu estava fazendo, corria pra dizer a meu pai, e a surra era certa - até se eu demorasse no banheiro eu apanhava; diziam que eu estava fazendo "estripulia"; e não esqueço principalmente do dia que eu corri pra não apanhar do meu irmão mais velho, e esse mais novo colocou o pé pra eu cair e virar presa fácil; lembrei das surras do meu pai que me cortava a pele, apanhava de pau, cabo de vassoura. E lembrei também do que mais me dói ainda hoje... aquela que me carregou no ventre, sofreu pra me ter, pra me criar... nunca me bateu, mas nunca me defendeu deles, me via apanhar, ser injustiçado, e não estava nem aí. Eu não me importaria se ela não me defendesse nunca dos ataques físicos porque a dor física passa; para mim bastaria ela enxugar meu choro e eu lhe ouvir pelo menos dizer: "meu filho, você não fez nada de errado"... "Você é perfeito!"... "Vou estar sempre a seu lado". Mas eu obtive nenhum consolo dela.
Em meio à lembranças ruins, aquele momento tocante virou uma coisa ruim, e fui cancelar o Face (ou bichinho complicado de cancelar!! Tive que apelar para a internet)
Naquele dia tomei aversão a redes sociais porque percebi que por elas é muito fácil você ser encontrado. Optei em ter apenas whatsapp porque hoje em dia é necessidade.
E nunca mais tive notícia de ninguém, e não penso em voltar naquela cidade nem pra visitar. Também nunca cruzei com ninguém de lá da cidade, aqui em Feira de Santana.
Tenho meu namorado com quem moro a mais de 4 anos (e estamos beirando os 4 anos de namoro), ele me trata muito bem; tenho meu emprego que me dá tudo o que necessito para meu bem-estar e minha sobrevivência, e também para o bem-estar do meu namorado, porque é comum e natural a gente agradar, ajudar e fazer feliz quem a gente ama de verdade. "- Ah, você dá presentes, agrada Janjão, isso é errado porque ele pode estar com você por interesse". Não. Conheci Janjão pouco mas o suficiente pra conhecer seu caráter. Ele "era" enrolado, ruim de pagar as dívidas, mas consertei isso nele (não há ninguém sem defeitos). Lembram da sua dívida que paguei? Eu não cobrei, e ele me pagou como ele prometeu, aos poucos, devagar, 30, 50 por semana, porque ele sempre ganhou pouco, mas pagou. Óbvio que eu não queria, mas aceitei pra ele não se chatear, e também serviu como lição pra deixar de ser mal pagador. E outra coisa, ele não é interesseiro porque ele também ajuda nas contas, numa parte menor, mas ajuda. Sem contar que ele não me pede nada (financeiro, porque pra fazer comida pede que é uma beleza), e tudo que faço, eu que quero fazer, como ajudar seus filhos, comprar um material pra fazer alguma coisa que ele goste, comprar uma coisa que ele tenha vontade de ter, etc. Tanto é gratificante eu agradá-lo; como é gratificante vê-lo feliz, receber beijos no rosto, nos olhos (amo), na cabeça, vê-lo com sorriso lindo na face, aquele semblante de gratidão, quando faço algo pra ele ou quando dou algo que ele goste. Ele também me compra muito... quer dizer... me agrada muito (kkkkk) me trazendo sempre pastéis sabendo que amo, ou qualquer outro salgado que ele saiba ou imagina que vou gostar, ou quando me leva pra pizzaria. Na verdade maior parte das vezes ele me leva pra pizzarias. Uma vez saindo de uma pra irmos pra casa, perturbei ele com isso:
- Aaaf, outros maridos levam suas esposas pra tantos lugares... um jantar num motel, um restaurante japonês, um castelinho na Escócia. Você só me leva pra pizzarias.
Janjão:
- Eu vou pra Presidente Dutra fazer grana e te levo. (Presidente Dutra é uma avenida aqui em Feira de Santana, dá muita garota da programa e alguns rapazes também - rapazes nunca vi, minha amiga biba quem me falou).
Eu:
- Ôu amor, eu amo pizzaria.
Ele deu risada:
- Ah moleque! Falar em outra pessoa cair no colo do seu nego, você cai logo fora, né? - E veio até em casa me perturbando.
Ele sabe que falei brincando porque ele me leva pra casa de amigos, casa dos pais, em muitos bares (não gosto muito, mas eu vou pra acompanhar, mas gosto mais com amigas junto porque não me sinto tão só quando Janjão inventa por exemplo jogar sinuca com amigos). E ele não tem vergonha de mim, já falei a vocês que não sou tão "durinho". Me visto masculino mas sou meio afeminado no falar - por falar meio baixo, com suavidade na voz e compassado - e principalmente afeminado no andar (não consigo andar como homem de jeito nenhum, e já tentei, principalmente quando morava com meus pais).
E vocês podem pensar que eu enfeito Janjão, mas não... ele tem a personalidade exatamente como descrevi. Seus defeitos, fora o de ser "ex" mal pagador, são básicos, ele é um homem espetacular dentro e fora de casa. Em família, eles dizem que Janjão é reclamão, mas comigo ele não é de reclamar. Tudo o que eu fizer ele assina embaixo, gosta de tudo que faço. Ele é assim... se eu salgar a comida por exemplo - isso é normal a gente se perder vez ou outra -, ele diz: "a comida está ótima, mas pesou a mão hoje no sal". Ele nao é de reclamar com aquele jeito rude e negativo que muitas pessoas têm. E nós somos bem obedientes um ao outro. Se ele não gostar de alguma atitude minha (o que é raro), ele fala e eu paro. E se eu pedir pra ele parar de fazer algo que me incomoda, ele pára. Como por exemplo quando pedi pra ele parar de ficar sem camisa quando tem bibas aqui, como também pedi pra ele parar de ir conversar com a ex dele lá adiante, ele agora só conversa aqui. Bem, não obedece tanto porque ele nunca largou a mania de chegar do trabalho, tirar camisa suja e suada e jogar no encosto do sofá, e também não tira o costume de comer muita comida pesada a noite. Já fiz o teste e deu certo... quando ele come coisa leve pra dormir ele não ronca tanto, não se mexe tanto, não vira de um lado pro outro... o sono é bem tranquilo. Mas ele não quer coisa leve, só quer jantar feijão, arroz, macarrão, carne, etc. Eu sei que pra estatura dele é normal comer muito, mas poderia ser coisa de rápida digestão. Maaaaasssss, quero meu parrudo assim mesmo, com todos esses defeitos que amo de paixão😍. "- Ah, um dia você abusa". Eu acredito que nao. Já vai fazer 4 anos que tolero esse homem na minha cama roncando igual um porco, jogando perna pesada em cima de mim. Até que hoje em dia acordo pouco, já me acostumei. E amo ele assim mesmo perturbado a ponto de eu querer estapear ele, marrento algumas vezes, manhoso que só... entre outros. 99% das vezes eu quem acarinho ele. Ele vai por exemplo assistir um filme comigo, coloca logo uma almofada no meu colo, começo acarinhar seu cabelo, e 5 minutos depois tá roncando. Mas amo tudo isso. E ele não é de me fazer muito carinho. Ele é mais de atitudes como... ao sair ou chegar do trabalho me da um beijo na boca ou na cabeça; as vezes eu fazendo comida, lavando roupa, ele me puxa e me dá um abraço de ficar algum tempo grudado e calado; se me ver triste ou choroso ele logo começa me perturbar. Uma vez mesmo comecei chorar do nada (quem tem depressão sabe como é), foi choro forte. Janjão me levantou pelos braços e me deu uma mordida na barriga. Resolveu a situação na hora, mas também doeu. E ele ficou ali enchendo meu saco. E assim por diante. Só uma vez que não resolveu. Ele não me perturbou nesse dia. Eu estava num dia pesaroso e as lágrimas desceram. Janjão disse que tinha um bom remédio pra tristeza. Me levou pro quarto e me deu uma surra de rola. Eu ter feito sexo e ter gozado, me relaxou, mas não diminuiu minha tristeza. Ele me encher o saco acho que resolve mais.
Além do mais Janjão é minha proteção e ele está sempre presente na minha vida. Não fui abençoando com uma família protetora, quando eu precisei ninguém nunca me apoiou ou me defendeu, e quando vim morar aqui não foi diferente. Eu nunca me meti em confusão (até mesmo porque eu evitava as pessoas), nunca passei por problemas com vizinhos, mas se acontecesse algo, eu não tinha defesa nenhuma aqui. Mas o universo foi bondoso comigo colocando esse homem nos meus caminhos, e não me sinto sozinho nem desprotegido. E nisso também sou muito grato a Janjão.
Bem, alguns homens e rapazes aqui da rua, antes de Janjão vim morar aqui em casa, eles mexiam comigo. Não caçando confusão, era mais piadinhas levemente ousadas, me chamavam de menina, morena, me davam psiu pra me perturbar, passavam por mim ou me paravam na rua pra me dizer que se eu desse dinheiro que eles me comeriam (quem mora em "bairro povão" sabe como é, inclusive alguns rapazes aqui se dão bem com algumas amigas minhas. Eu não pago, mas nada contra quem curta). Os rapazes daqui mexiam comigo totalmente diferente dos garotos da minha cidade, eles ficavam gritando " êh... pega viado"; eu ouvia xingamentos como "boiola", "pica doida", "engole-quibe" e vários, vários outros. Hoje em dia eu não ligo pra esses apelidos - uso e ouço com frequência -, mas quando eu era novo eu sentia peso naquilo, até mesmo porque eu morava com família e algumas vezes eles ouviam isso - e diziam que a culpa era minha por eu ser viado.
Gente, eu ia resumir sobre como Janjão me assumiu mas eu acho legal detalhar um pouco esse fato e contar na próxima pra essa não ficar muito grande, também já vai dar 19:00, vim digitando a viagem toda e tá chegando a hora de pegar trabalho (pedi pra ir pro diurno, em janeiro começo pela manhã, assim terei mais tempo de ficar com meu marido🤩🙏)
Obrigado a todos e excelente noite!❤ Ah, e em casa eu respondo os comentários dos outros textos e os e-mails, porque hoje não deu tempo.❤❤