Era como se eu dissesse que havia aprendido a lidar com ela ao mesmo tempo em que ela se admirava por isso e se preparava para o que estava por vir. Nesta hora, me ocorreu se aquilo não seria a definição que todos procuram.
Afinal, o que é o amor? Pensei e encontrei a resposta?! Primeiro a entrega recíproca, eu dela e ela minha. A ternura de ambos se dando e obtendo cada um a recompensa pela entrega. Agora o momento era meu, pois eu seria o dono, o dominador, o caçador. Bruna era apenas a caça, o objeto preparado para a entrega total.
Isso é o amor! – Pensei antes de ir para cima daquela cama.
Continua ...
Capítulo 08 – Uma Pegada Diferente
Ajoelhado na cama, peguei Bruna pelos cabelos, aproveitando por ser tão longo, dei uma volta com ele na minha mão para segurar mais firme, assim como os peões fazem com as cordas ao montar os touros nos rodeios. Puxei-a, sem dó, pelos cabelos fazendo com que ela girasse noventa graus em cima da cama. Ignorei sua expressão de dor e fiz pior ainda, puxei para cima para que ela ficasse de quatro e depois direcionei meu pau para sua boca.
Ela foi engolindo meu cacete e eu socava forte ao mesmo tempo em que empurrava sua cabeça de encontro a mim. Ela engasgou e deve ter se descontrolado, por isso deixou que seus dentes tocassem o pau que tinha na boca. Imediatamente, puxei seus cabelos para trás fazendo com que ela tirasse o pau da boca e se obrigasse a voltar o rosto para mim e, numa rápida sucessão, dei mais dois tapas em sua cara, um com a palma da mão e o outro com as costas.
Lágrimas rolaram pelo seu rosto, mas eu já estava empurrando de novo o cacete em sua boquinha e obrigando-a a chupar. Ela chupava e olhava para mim. Seu rosto era um complexo de emoções. Dor, medo, surpresa, desejo e muito tesão, tudo se misturando e banhando pelas lágrimas que não paravam e iam se juntar a baba que ela deixava escapar pela boca e, não demorou, pela porra que jorrei dentro de sua boquinha, tanta porra que parte dela escapava pelo canto da boca. Tirei o pau da boca dela e fui ordenando:
–(Renato) Mostre sua boca para mim.
Ela abriu a boca olhando para cima e vi uma quantidade muito grande de porra na sua boca.
–(Renato) Agora engole, sua vadia! - Cheguei a sentir o arrepio que seu corpo deu quando ela ouviu aquilo. Ela então engoliu e abriu novamente a boca para eu conferir. – Agora o que está no seu queixo.
Sem desviar os olhos dos meus, ela passava o dedo pelo seu rosto colhendo a porra que escorria e depois o levava a boca e chupava. Sem que precisasse mandar, ela encontrou uma gota de porra que caíra em seu seio e repetiu a operação.
Aquela demonstração de obediência me excitou e meu pau, que não amolecera totalmente ao gozar, já ficou novamente em posição de luta. Empurrei Bruna para que ela caísse sobre a cama, virei-a pelas pernas para que ficasse de costas e fui enfiando o pau na buceta dela. Mas não era minha intenção gozar ali, apenas dei algumas bombadas encharcando meu cacete em sua xaninha melada, tirei e direcionei novamente a boca dela, enfiando e falando:
–(Renato) Agora chupa e sente o gosto de sua bucetinha vadia.
Parecia que, quanto mais rude e brusco eu agia, mais ia aumentando o tesão daquela linda mulher e, ao sentir o tesão dela, o meu também aumentava na mesma intensidade. Então cheguei à conclusão que deveria partir para o gran finale, pois não conseguiria ficar mais muito mais tempo sem gozar e demorar um pouco para isso era uma coisa que fazia parte dos meus planos.
Virei bruscamente Bruna de bruços, coloquei um travesseiro sobre a barriga dela e comecei a lamber suas costas, descendo até a bundinha que eu mordi. Passei a língua no seu reguinho e atingi o seu botãozinho que imediatamente começou a piscar. Como eu não estava muito para preliminares, puxei seu bumbum para cima para que ela ficasse de quatro.
Fiz com que abrisse bem as pernas e olhei pra a sua buceta exposta. Com a mão aberta, dei um tapa forte naquela xoxota e vi algo inusitado. Ao bater, um líquido saiu em um esguicho da buceta dela, manchando o lençol. Impressionado, dei outro tapa e saiu mais, porém, desta vez não foi um esguicho forte e foi escorrendo por sua cocha. Passei a mão naquele líquido viscoso e espesso, untando meus dedos e enfiando no cuzinho dela. Então, enfiei e tirei o pau na buceta dela que saiu todo molhado, posicionei na entrada do cuzinho e forcei de uma vez.
–(Bruna) Deva ... Aí meu cuzinhoooooo.
Não houve tempo para ela pedir para eu ir devagar, não houve preparação e tampouco me preocupei em ver se o cu de Bruna estava lubrificado ou não. Acho que eu queria que doesse mesmo.
Pensei em dar uns tapas na cara dela e para isso tinha que puxar sua cabeça para trás e fazer com que ela se virasse para mim, porém, quando consegui isso, vi que as marcas de minha mão em sua cara eram muito fortes e, em alguns pontos, começavam a arroxear.
Não sei como nem porque, em uma hora como aquela, lembrei dos guardas costas lá fora e o que eles fariam comigo se a vissem naquele estado. Desisti, mas só desisti da cara, porque continuando a manter sua cabeça erguida e um pouco inclinada para trás, passei a dar tapas na sua bunda sem parar, ao mesmo tempo em que socava o pau no seu cuzinho sem pena.
Então veio o gozo dela. Se é que dá para chamar aquilo de gozo. Eram espasmos contínuos e frequentes que, nem mesmo eu tendo seus cabelos com duas voltas em minha mão, a impedia de abaixar a cabeça até o travesseiro e, nem mesmo eu puxando de volta com toda força adiantou, uma vez que não consegui fazer com que retornasse à posição anterior.
Ela mordia o travesseiro, o que não impedia que seus urros ecoassem por todo o apartamento. Vendo aquela cena toda e sentindo meu pau sendo mastigado por um cuzinho que não parava de se contrair, meu desejo de não gozar cedo foi vencido e despejei muita porra que ia deixando a penetração mais rápida, face a lubrificação.
Vencido, deixei meu corpo cair sobre o dela. Ambos estávamos molhados de suor e nossa respiração era irregular e ruidosa. Acho que nos apagamos, porque eu só me lembro de uma ideia me vir à cabeça: “Quando o desejo suplanta a moral que nos limita e a dor que tememos, não existe mais caça e caçador, não existe domínio, não existe servir ou ser servido. Existe apenas o prazer infinito que nos transforma em animais.”
Despertei, não sei se depois de cinco, dez ou quinze minutos, só acredito que não foram muitos pelo fato de meu pau ainda estar amolecendo dentro do cuzinho de Bruna que ressonava ao meu lado. Como se houvesse algo que nos ligasse mais intimamente, ela abriu os olhos na mesma hora, olhou para mim, se espreguiçou e sorriu. Então falou num sussurro.
–(Bruna) Você quer me matar, quer!
Não era uma pergunta, então não exigia resposta e eu apenas sorri.
–(Renato) Vamos tomar banho? – Sugeri após um minuto.
–(Bruna) Não posso, estou de bota! Está lembrado?
Autorizei a ela a tirar a bota e fui ajudá-la a fazer isso, dando beijinhos em sua perna e seus pezinhos. Ela falou para eu parar senão teríamos que começar tudo de novo. Fui para cima dela que riu alto enquanto dizia:
–(Bruna) Não, para com isso, estou só brincando.
Fiz cara de que ia ficar triste e ela riu mais. Depois me beijou e falou. Ainda teremos muito tempo para fazer mais. Vamos ao banho que estou toda suja.
–(Renato) Isso não é sujeira! – Exclamei. – O que temos aqui nada mais é que a essência do amor.
–(Bruna) Que lindo isso, meu amor. – E se atirou para cima de mim, me beijando.
–(Renato) Não, para com isso, estou só brincando. – Disse imitando o mesmo tom de voz que ela usara na frase.
–(Bruna) Seu bobo! – Disse ela me dando um tapinha no ombro.
Fomos para o chuveiro e tomamos uma ducha, com cada um se encarregando de lavar ao outro. Voltamos para a cama. Beijamo-nos, dessa vez calmamente e trocamos carinhos suaves, ela na minha barriga e no meu pau e eu no rosto e nos seios dela.
–(Renato) Nossa, se seu segurança vir você agora eu é que vou estar fodido.
–(Bruna) Verdade, – disse ela sorrindo, – e se você não me tratar direitinho eu vou lá mostrar pra eles.
–(Renato) Tudo bem, faço o que você quiser. – Ela franziu a testa perguntando se era verdade mesmo e eu arrisquei: – E o que é que você quer?
–(Bruna) Eu quero você. Todo você, sempre você. Eu te amo e quero saber se você pode dizer a mesma coisa. – Abri a boca para falar e ela cobriu minha boca com a mão, – mas espere, só diga se for verdade, não quero viver de falsas ilusões. Sou sua e você me terá sempre que quiser, me amando ou não. Só não quero mentiras.
–(Renato) Eu te amo. – Disse olhando-a nos olhos.
Então nos beijamos, trocamos carinhos e começamos a conversar. Evitávamos falar do que acontecera no passado, sabia que um dia teríamos que conversar sobre isso e que, quando o fizéssemos, o assunto viagem com Aline também seria ventilado. Mas isso podia ficar para depois porque, da forma que nos sentíamos felizes em estar um com o outro, não seria inteligente de nossa parte tentar por justamente esse assunto em pauta.
Então contei a ela o que se tinha passado comigo desde o dia anterior. Da conversa com Edna e ela me relatou a sua com Álvaro que havia sido quase do mesmo teor, variando apenas o fato dele ter dito que o amor dela por mim era público e notório e que, o meu por ela, era algo facilmente detectado por pessoas inteligentes que pudessem enxergar um pouco mais além.
Não que todos fossem burros, apenas não estavam interessados nisso e, portanto, não viam, mas que Kleyton, Aline, Edna e Álvaro, que eram os que mais convivemos tinham certeza absoluta disso. Ela disse-lhe que também convivia comigo e não enxergava esse amor, mas sim ódio. Então Álvaro, citando a mesma frase, deu a mesma explicação a ela que Edna tinha me dado. Chegamos à conclusão que devíamos muito àqueles dois e que, se um dia nos casássemos, seriam eles as pessoas mais indicadas para serem nossos padrinhos.
Bruna ficou muito chateada quando lhe contei da minha mãe. Para ela, era difícil aceitar que ela pudesse ter ficado feliz com o afastamento havido entre nós só por ciúme do Arnaldo. O fato de minha mãe e meu tio terem um caso duradouro parece que não a afetou em nada. Ela me contou sobre os seguranças e não tinha como essa explicação ser dada sem falarmos do meu tio. Porém, com muita diplomacia, ela discorreu apenas dos assédios e, posteriormente, das ameaças feitas por ele.
Então surgiu o assunto dinheiro. Expliquei a ela que tinha dinheiro economizado das doações significativas que meu avô oferecia para seus netos, apenas eu e uma prima, filha de um irmão de minha mãe que tinha apenas nove anos de idade.
Todo o início do ano, ao preparar as informações para sua declaração do Imposto de Renda, ele separava uma importância substancial e as depositava, em partes iguais, em uma conta de poupança que ele mesmo havia se incumbido de abrir para nós. Como ele fazia isso há muito tempo e, além disso, era ele que pagava minha faculdade e trocava meu carro a cada dois anos, eu tinha uma quantia que me daria certa tranquilidade por meses.
Bruna disse que tinha um fundo que seu avô destinara a ela ao morrer. Esse fundo poderia ser resgatado no momento em que ela completasse os estudos na faculdade. Porém, diante do relacionamento da família com o banco, ela acreditava que se fosse lá, conseguiria empréstimos com a garantia do investimento. Então, se eu precisasse, ela faria isso para me ajudar.
–(Renato) Depende - Disse eu fazendo pose de importante. - De quanto é esse fundo.
–(Bruna) Não sei, quando eu completei dezoito anos estava em mais ou menos cinco milhões e quinhentos mil.
Assoviei e repeti admirado:
–(Renato) Cinco milhões e quinhentos mil reais. Que micharia?
–(Bruna) Não, de dólares. Meu avô antigamente só investia no exterior. Hoje ele já está acreditando mais um pouco no Brasil.
–(Renato) De dólares? – fiu, fiu. – Quer casar comigo?
–(Bruna) Se bobo. – Novamente ela me deu um tapinha no ombro.
Nesse momento o celular dela tocou. Notei que ela se contraiu enquanto se levantava para atender, mas logo relaxou novamente ao ver que era sua mãe. Conversaram por um breve momento e ela desligou, me informando:
–(Bruna) Se ela ligou para mim desta forma, – explicou Bruna, – é porque já ligou para os seguranças antes e isso quer dizer que ela sabe exatamente onde e com quem estou.
–(Renato) Com quem não, os caras não me viram. Seu carro tem insulfilm.
–(Bruna) E você pensa que eles já não foram na portaria do motel para saber com quem estou? Nessas alturas já devem ter até a xerox de sua identidade e sua capivara puxada em alguma delegacia aqui por perto.
–(Renato) Mas isso é ilegal.
–(Bruna) É sim, mas é aquele tipo de ilegalidade que qualquer dinheiro compra.
–(Renato) Sua corrupta! – acusei brincando.
–(Bruna) Corrupta e tarada. Vem, anda logo, me come de novo.
Não foi possível, porque, ao fazermos um sessenta e nove, gozamos com volúpia, um na boca do outro. Nessa hora que a mãe de Bruna ligava pela segunda vez e ela se assustou quando foi informada, por sua mãe, que já havia se passado das dezenove horas e que estavam esperando por ela para jantar. Então ouvi ela dizer que ia comer um lanche na rua, que não a esperasse para jantar, mas que ela já estava indo.
Tomamos um rápido banho e saímos.
–(Bruna) Vou te levar na faculdade. – disse ela ao sair dirigindo do motel.
Olhei para ela e fiquei preocupado com as manchas, agora azuladas ou vermelhas das marcas que minha mão fizera em seu rosto. Fiz um carinho no local e ela, por instinto, recuou a cabeça, o que demonstrava que estava muito dolorido.
–(Renato) Acho que exagerei.
–(Bruna) É, exagerou sim, mas valeu a pena.
–(Renato) Você gostou?
–(Bruna) Se gostei? Cada momento, cada gesto seu, estará gravado em minha mente para sempre.
Aproveitei que estávamos parados no sinal de trânsito e a beijei. O beijo parou quando o carro de trás deu um leve toque de buzina avisando que o sinal estava aberto.
–(Renato) Malditas buzinas!
–(Bruna) Malditos seguranças! – Disse ela, e rimos às gargalhadas da situação.
Bruna foi até o estacionamento da faculdade, parando seu carro ao lado do meu que ali estava. Beijamo-nos e combinamos para iniciarmos as pesquisas no dia seguinte. Quando ia me afastando, ela me chamou. Voltei-me para ela e a vi perguntar numa voz preocupada:
–(Bruna) Nós estamos namorando?
–(Renato) Hum! Deixe-me ver. – Cruzei os braços e fiz pose de quem estava pensando seriamente em um assunto. Depois respondi: – Depois de uma tarde dessas e de saber que você tem mais que cinco milhões de dólares, acho que não posso dizer que não.
–(Bruna) Seu canalha. – Ela sorriu, me atirou um beijinho e colocou o carro em movimento. Fui até o meu e fui em direção à república, meu novo lar, sentindo-me como um menino católico que acabar de fazer a primeira comunhão, ou seja, em um verdadeiro estado de graça.
Naquela noite, meu avô me ligou querendo marcar uma reunião comigo e meus pais. Descartei definitivamente a ideia de ter qualquer contato com eles. Se havia uma pessoa prática no trato com outras pessoas era meu avô. Não me lembro nunca de tê-lo visto insistir para que alguém mudasse de ideia. Em casos de divergência, ele dava a sua opinião, ouvia a do outro e se calava.
Uma vez ele me explicou que havia vendido sua empresa e passado a viver apenas com o investimento obtido, uma fortuna para os padrões brasileiros, somente para não ver as pessoas errando e perdendo dinheiro, principalmente por que esse dinheiro perdido não era de quem errava, e sim dele. Então me explicou: “A pessoa que não se importa em gastar à toa o dinheiro dos outros, deve procurar trabalhar para o governo. Só lá que essas coisas costumam dar certo.”
Bom, mas o problema é que não poderia me reunir com meu avô no dia seguinte, pois teria aula de manhã e, se pensasse alto em faltar aula para falar com ele já seria motivo para ele me recriminar. Ele compreendeu que a tarde eu estaria ocupado com as pesquisas e resolveu o problema me convidando para ir jantar com ele. Terminou a conversa dizendo que eu sempre poderia levar alguém na casa dele, na hora que desejasse, porém, aquela conversa ele queria que fosse apenas ele e eu.
Isso significava duas coisas. A primeira é que o meu “abandono do lar” não estava sendo bem digerido pelo velho. A segunda, é que, dessa vez, ele estaria disposto a abrir uma exceção e tentar me convencer a voltar para casa.
A entrada de Bruna na sala de aula no dia seguinte foi algo inusitado. Ela chegou atrasada e eu já estava lá, assim como os demais componentes do nosso grupo de trabalho e praticamente toda a classe, inclusive, a professora que era uma mulher miúda e alegre, daquelas que fazem piadas de tudo.
Ela entrou com um lenço na cabeça colocado de uma forma estranha, óculos escuros e uma maquiagem supercarregada. Enquanto todos a olhavam espantados, pois ela sempre primara por demonstrar bom gosto em suas roupas caras e quase nunca usava maquiagem. O normal era usar um batom discreto e pouca coisa mais. Ao passar por mim, não me contive e disse baixinho:
–(Renato) Aonde você vai linda desse jeito?
Foi nesse momento que ela me surpreendeu de vez. Bruna sempre agia com classe e educação, o que era normal, pois devia ter recebido aquele tipo de educação que as pessoas abastadas oferecem aos seus filhos, onde a primeira babá já faz também o papel de educadora. Para minha surpresa, ela me mostrou o dedo médio com os demais fechados.
Enquanto ela se ajeitava na cadeira ao meu lado e a professora dizia que, agora que o circo dos horrores já estava armado, que podíamos continuar a aula. Todos riram, inclusive Bruna que demonstrava bom humor. Mesmo quando uma de nossas colegas disse a outra que ela estava parecendo uma puta, ela ouviu, assim como eu e, olhando para mim, franziu a testa e balançou a cabeça como se estivesse me perguntando se estava mesmo.
Senti alguém me cutucar o ombro e me virei para Edna que, baixinho, perguntou:
–(Edna) Isso tudo significa o que eu estou pensando?
Minha vontade era fazer outra pergunta, sobre o que ela estaria pensando, porém, o rosto tranquilo e sereno de Edna a me encarar me deixou seguro para confirmar com um aceno com a cabeça.
–(Edna) Ufa! Até que enfim! – E sorriu para mim. Álvaro perguntou para ela o que estava acontecendo e ela respondeu simplesmente que nada.
No intervalo entre as aulas, perguntei para Bruna que explicações ela tinha dado a seus pais quanto a sua aparência e ela respondeu simplesmente que nenhum dos dois ainda a tinham visto e completou:
–(Bruna) E nem vão ver até as manchas desaparecerem.
Nesse momento, Edna interferiu na conversa e, pedindo para que Bruna a acompanhasse, saiu da sala. A garota foi atrás e elas simplesmente desapareceram até quando a última aula já estava pela metade. Entraram na sala e uma transformação incrível havia ocorrido. Bruna estava completamente diferente.
A maquiagem estava normal, o lenço havia desaparecido e nada se notava de anormal em suas feições, exceto pelos óculos escuros que ela continuava a usar. Quando aula acabou, perguntei para a Edna que milagre ela havia realizado e ela, com uma expressão, confessou:
–(Edna) Não é da sua conta. Fica na sua. Ou você pensa que é o único que dá uma de machão? O Álvaro também tem lá os seus dias de galo do terreiro.
–(Álvaro) Do que vocês estão falando?
–(Edna) Nada não, fica na sua. – Álvaro já ia protestar quando ela emendou: – Homem é um bicho difícil de cair a ficha mesmo! Meu Deus do céu! – e voltando-se para mim novamente, continuou? – Só tem uma coisinha Renato. Isso é muito bom, muito legal mesmo, desde que não se torne um vício, pois aí a relação se torna doentia.
Não me preocupei com o aviso de Edna, pois não pretendia mesmo agir assim com Bruna. O simples fato de imaginar o que ela estava passando já me deixou mal comigo mesmo.
–(Renato) Por que você não faltou à aula hoje? – Fiz essa pergunta enquanto saia de mãos dadas com ela pelo corredor.
–(Bruna) Porque eu não ia aguentar a ficar longe de você.
Sorri, puxei-a para mim e, abraçando-a forte, beijei seus lábios suavemente, para não machucar sua boca que apresentava ainda um pouco de inchaço. Alguns dos nossos colegas aplaudiram, outros deram tapinhas nas minhas costas e vi Aline nos olhando de longe, com um ar de contrariedade no rosto. Naquela hora, um arrepio percorreu a minha espinha. Era como se eu estivesse prevendo que algo ruim estava para acontecer.
Bruna e eu tivemos problemas para escolher um local para iniciarmos as pesquisas que, a essa altura, já estava atrasada. Ela sugeriu sua casa e eu recusei dizendo que não me sentiria bem em encarar os pais delas ainda. Ela entendeu e sugeriu a república que eu morava:
–(Renato) Deus me livre, aquilo lá é uma bagunça. Um entra e sai de gente que não tem fim.
–(Bruna) A gente fica no seu quarto.
–(Renato) Melhor não. Se eu me fechar em um quarto contigo não vai prestar.
–(Bruna) Seu tarado. – Ela sorria.
Por falta de opção, ficamos na biblioteca mesmo, pois além de termos acesso a qualquer livro que necessitássemos, era onde o sinal de Wireless funcionava melhor entre todas as dependências da faculdade. Fomos para lá depois de uma parada na lanchonete da faculdade e logo percebemos que fora uma boa escolha, pois o trabalho rendeu a ponto de, por volta das seis horas, pouca coisa faltava para concluímos. Mesmo assim, resolvemos deixar para outro dia quando lembrei que me comprometera a jantar com meu avô.
Ao contrário do que imaginava, meu avô não tocou no assunto da minha saída de casa. Na verdade, o que ele desejava era saber como eu iria resolver o problema de dinheiro. Expliquei para ele que por enquanto eu não teria problema e que iria procurar trabalho na semana seguinte, mesmo porque, eu tinha que começar o estágio em algum escritório de advocacia.
Ele se prontificou a ligar para alguns advogados conhecidos dele, informou que me daria uma mesada mensal se eu necessitasse e ainda me deu um cheque de importância substancial quando eu ia saindo. Fiquei imaginando como ele havia se decidido a isso, pois era uma regra básica dele jamais favorecer um neto sem favorecer ao outro.
Depois fiquei sabendo que ele informara ao meu tio, irmão de minha mãe, o que faria e meu tio não colocou nenhum empecilho. Mesmo assim, ele fez questão de depositar na poupança de minha prima valores que eram iguais ao que me disponibilizara. O fato de o meu tio aceitar e ele nem tocar nos nomes de meus pais, indicava que a moral deles não estava lá grande coisas junto ao velho. Tive certeza disso quando, ao me despedir e agradecer, dizendo que ele agia muito diferente dos meus pais, ele disse a contragosto:
–(Avô) Sua mãe e seu pai são dois bananas na mão daquele seu tio.
Fiquei muito surpreso ao descobrir que meu avô estava a par do que se passava na minha antiga casa.
Dormi bem aquela noite, achando que todos os meus problemas estavam resolvidos. Acordei antes da hora, fiquei navegando na internet e me dirigi à faculdade no horário de sempre. Quando as aulas começaram, notei que Bruna ainda não chegara e fiquei imaginando se ela ainda ia precisar gastar tempo extra para se maquiar e disfarçar as marcas que eu deixara nela.
Quando começou a terceira aula e ela não aparecera, liguei para o celular dela e deu mensagem de que estaria desligado ou fora de área. Bruna jamais desligava seu celular. Edna me chamou a atenção para a coincidência de Aline também ter faltado naquele dia. Cinco minutos depois, meu celular vibrou. Olhei o número e, ao perceber que era o número da casa dela, pedi licença ao professor e me ausentei da sala.
A voz tranquila e calma da mãe de Bruna me cumprimentou educadamente e em seguida me perguntou se eu e ela estávamos juntos. Disse que sim, pronto para enfrentar uma recriminação, pois certamente ela não me ligaria se estivesse feliz com termos reatado o nosso namoro. A mãe de Bruna disse, então, que gostaria de falar com ela. Entendi que ela se referia a estarmos juntos naquela hora e então expliquei que Bruna não comparecera na Faculdade ainda.
–(Mãe da Bruna) Como não? – exclamou ela, já meio alarmada, – Acabei de falar com os seguranças dela que me afirmaram que o carro dela está aí na faculdade!
Tremi de preocupação. Como poderia o carro de Bruna estar lá se ela não aparecera? Antes de eu começar a pensar bobagem do tipo que ela poderia estar com outro, a mãe dela pediu se eu poderia ir até a entrada da faculdade para falar com os seguranças. Concordei em ir e desliguei.
Logo ao lado da saída do estacionamento da faculdade, estava o carro preto e, assim que apareci, a porta do passageiro se abriu e de lá saiu um verdadeiro armário ambulante. Uns dois metros de altura, físico avantajado, usando um terno preto e de óculos escuros se dirigiu a mim com uma expressão séria.
Cheguei até imaginar que fosse um personagem de “Homens de Preto”. Ele me cumprimentou com educação e começou a fazer perguntas. Cortei logo a conversa dele e fui dizendo que não vira Bruna e que, até a minutos atrás, achava que ela nem tinha ido à faculdade.
Ele me perguntou se havia algum lugar dentro da faculdade que ela poderia estar e eu disse que achava difícil, mas que não custava verificar. Convidei-o a ir comigo até a biblioteca e, quando ele disse que já havia tentado entrar, mas que fora barrado, disse a ele que eu daria um jeito nisso. Ele me seguiu e simplesmente disse ao porteiro que ele estava comigo.
Procuramos na biblioteca, na lanchonete e em outras áreas comuns. Voltamos então até a lanchonete onde a atendente mais antiga disse que estava arrumando as mesas de manhã quando viu Bruna chegar e se dirigir a outro carro. Perguntei qual carro e ela apontou para o meu.
Corremos até onde eu estacionara o carro e observei que ele realmente era visível para quem estivesse na lanchonete. Chegamos lá, o segurança na minha frente e fiquei pasmo quando ele abriu a porta antes que eu destravasse com controle remoto. Eu não ligava o alarme na faculdade para não ter que correr para o estacionamento se ocorresse de ele disparar, algo comum de acontecer com todos esbarrando nos carros parados a todo instante. Agora lamentava não ter tomado esse cuidado, pois era visível que meu carro havia sido arrombado.
Fizemos uma busca no interior do carro e nada encontramos de anormal. Já me apavorando, fiquei olhando ao redor tentando entender qual seria o motivo de Bruna arrombar o meu carro, quando o segurança chamou minha atenção para um objeto no chão. Era o Pen Drive de Bruna.
No dia anterior eu havia visto com ela e me chamou a atenção o fato de ele ter uma pequena corrente de ouro presa a ele. E lá estava a corrente de ouro. Quando disse isso ao segurança, ele me olhou preocupado e disse que, se a corrente não fora levada, tudo indicava que não se tratava de um simples roubo.
–(Renato) O que pode ser então? – Quis saber.
–(Segurança) Pode ser um monte de coisas, mas a experiência me leva a crer que se trata de um sequestro.
Tremi por inteiro, sentindo as pernas falharem e me apoiando no carro para não cair. Nesse momento, o segurança já falava com alguém em voz baixa ao celular.
Continua ...